quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fatores a Considerar na Escolha do Corretivo

Na escolha de um corretivo para aplicar no solo devemos levar em conta uma série de fatores pois somente o preço não é o suficiente. A Legislação Brasileira sobre Fertilizantes e Corretivos estabelece padrões mínimos para a comercialização dos corretivos. As vezes, a oferta pelo preço pode nos levar a erros na colocação das necessidades corretas para controlar a acidez do solo.

PRNT - O que é?
PRNT significa Poder Relativo de Neutralização Total é avaliado pelo Poder de Neutralização (PN) e pelo tamanho das partículas (Reatividade).

PRNT (%) = PN x RE / 100

PN - capacidade potencial total de bases neutralizantes contidas em corretivos de acidez, expresso em equivalente de carbonato de cálcio puro ( % ECaCO3). O valor mínimo de PN para comercialização de um produto é de 67%.
RE - reatividade das partículas. Valor que expressa o percentual (%) do corretivo que reage no solo no prazo de 12 a 36 meses.

Quanto à granulometria, as características físicas mínimas são:
· 95% das partículas devem passar em peneira de 2 mm (ABNT – 10);
· 70% das partículas devem passar em peneira de 0,84 mm (ABNT – 20);
· 50% das partículas devem passar em peneira de 0,30 mm (ABNT – 50).

A reatividade das partículas do corretivo é calculada da seguinte maneira:

· reatividade zero (0) para a fração retida na peneira ABNT 10. Estas partículas não têm efeito corretivo no período de 12 a 36 meses;
· reatividade 20% para a fração que passa na peneira ABNT 10 e fica retida na peneira ABNT 20;
· reatividade 60% para a fração que passa na peneira ABNT 20 e fica retida na peneira ABNT 50;
· reatividade 100% para a fração que passa na peneira ABNT 50.

RE = 0 x(ABNT10)+20x(ABNT10-20)+60x(ABNT20-50)+100x(ABNT50) /100

O valor mínimo de PRNT para a comercialização é 45% e o do PN é 67%
CLASSIFICAÇÃO DOS CALCÁRIOS QUANTO AO PRNT

Grupo A – PRNT de 45 – 60%
Grupo B – PRNT de 60,1 – 75%
Grupo C – PRNT de 75,1 – 90%
Grupo D – PRNT acima de 90,1%

QUANTO À CONCENTRAÇÃO DE MAGNÉSIO
· calcítico – menos que 5%
· magnesianos – de 5 a 12%
· dolomítico – maior que 12%
TIPOS DE CORRETIVOS – TEORES MÍNIMOS EXIGIDOS
Calcário agrícola – PN = 67; CaO+MgO = 38%; PRNT= 45%
Cal virgem agrícola – PN = 125; CaO=MgO = 68; PRNT = 120
Cal hidratada agrícola – PN = 94; CaO=MgO = 50; PRNT = 90
Calcário calcinado agrícola – PN = 80; CaO=MgO = 43; PRNT = 54
Outros – PN = 67; CaO=MgO = 38; PRNT = 45
A legislação brasileira determina que o mínimo para a soma de CaO e MgO é de 38%.

EXERCÍCIO:

Li na Internet num site de venda de calcário, um consumidor cotando preço para aquisição de calcário com as seguintes características:
CaO = maior que 38% ; MgO maior que 6% ; PN maior que 82% e um PRNT maior que 70%.
O consumidor queria um calcário dolomítico (CaO + MgO) pois a soma destes dois óxidos é igual a 44%. Vamos calcular RE, PRNT
Quanto à granulometria as exigências eram:
a) maior que peneira ABNT 10 - 0,10%
b) entre peneira ABNT 10 e 20 - 2%
c) entre peneiras ABNT 20 e 50 - 17%
d) menor que peneira ABNT 50 - 80%

RE = 0 x (0,10) + 20 x (2) + 60 x (17) + 100 x (80) / 100 = RE = 90,6
PRNT (%) =
PN x RE / 100 = 82 x 90,6 / 100 = PRNT (%) = 74,29
Isto significa que 74,29% deste corretivo reagirá com os ácidos do solo de 1 a 3 anos.

QUALIDADE E USO DO CALCÁRIO:
Na escolha do calcário deve ser levado em consideração uma série de fatores:
· deve-se dar preferência a calcários dolomíticos ou magnesianos que contenham CaO e MgO. A soma destes dois óxidos deve ser maior que 38%;
· solos com teores de magnésio (Mg) abaixo de 0,8 cmoc/dm3 deve se dar preferência aos corretivos que contenham Ca e Mg para evitar um desequilíbrio entre os nutrientes;
· a má distribuição e/ou incorporação do calcário muito rasa pode causar ou agravar a deficiência de manganês (Mn).

2 comentários:

  1. Bom dia Gismonti.

    Suas explicações muito me ajudaram. Inclusive estou te procurando para tentar sanar mais algumas dúvidas que tenho.
    Sou biólogo, meu nome é Guilherme, sou de MG e estou com um projeto para trabalhar com corretivo de solo, à base de escória de siderurgia, e na minha região tem mais duas empresas que fabricam corretivos, sendo: uma empresa (USICAL) produz o corretivo (calcário dolomítico) à base de escória da aciaria e do forno rotativo, que sobram da fabricação do aço, e outra empresa (AGROSILÍCIO) produz corretivo (silicato de cálcio) à base de rejeitos da produção de aço inox. Portanto eu gostaria de saber os pontos positivos e negativos (preço, benefício para a planta, tempo de reação no solo, qual cultura é mais indicada para qual tipo de corretivo) entre o silicato de cálcio e o calcário dolomítico, pois pretendo seguir na linha de produção de calcário dolomítico (o mesmo produto da USICAL), então estou avaliando os concorrentes.
    De início meu público alvo para venda dos corretivos é a CENIBRA, que tem grandes áreas de plantio de eucalipto para fabricação da celulose.
    Atenciosamente, agradeço pela colaboração.

    Guilherme Bizarro Fraga
    elemental@elemental.bio.br

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  2. Oi Professor, tudo bom?
    Como foi o natal? E o ano novo, muitos planos para 2010?
    Eu estou com vários.

    Bom, estive lendo mais a fundo sobre corretivo de solo e me deparei com umas informações que talvez o Sr. possa me esclarecer melhor.
    É a respeito de "Faixa A, B, C..." Não estou compreendendo muito bem o que cada uma dessas faixas representa.
    Portanto, peço-lhe encarecidamente para me ajudar a sanar esta dúvida.

    Agradeço desde já o apoio.

    Guilherme.

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