terça-feira, 30 de junho de 2009

Intoxicações por Agrotóxicos - Parte I

Agrotóxicos são produtos químicos necessários ao controle de pragas e doenças das plantas e se não forem utilizados corretamente e se o trabalhador não se proteger com equipamentos de proteção, podem causar danos à saúde das pessoas e dos animais, e ao meio ambiente.
Os agrotóxicos podem entrar no organismo de quem os manuseia ou aplica, pela respiração, pela via digestiva e, principalmente, através da pele. As pessoas expostas aos agrotóxicos podem sofrer intoxicações agudas com efeitos imediatos, e intoxicações crônicas com efeitos a longo prazo.


Classificação dos Agrotóxicos:
A - Classificação quanto à classe toxicológica
Quanto ao grau de toxicidade, a classificação dos agrotóxicos é feita em 4 classes:
B. Classificação quanto ao DL 50
A DL 50 significa a dose suficiente para matar 50% de um lote de animais em estudo. Esta dose é estabelecida em função de cada via de absorção.


C - Classificação segundo o tipo de pragas e doenças:
Nome ............................................. Controle

Insericidas .................................. Insetos
Fungicidas.................................... Doença das plantas
Nematicidas ................................ Nematóides
Herbicidas ................................... Ervas daninhas
Raticidas ...................................... Ratos
Acaricidas.................................... Ácaros

D - Classificação química:

1. Organofosforados;
2. Carbamatos;
3. Organoclorados;
4. Piretróides;
5. Acido fenoxiacético

Tipos de intoxicação causada pelos Agrotóxicos:

1. Aguda
É aquela em que os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos extremamente tóxicos (classe I ) e altamente tóxicos (classe II ). Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de veneno absorvida. É a mais fácil de ser diagnosticada.

2. Subaguda
A intoxicação subaguda ocorre pr exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos (classe II ) e medianamente tóxicos (classe III ) e tem aparecimento mais lento.

3. Crônica
Caracteriza-se pelo surgimento tardio, em meses ou anos, por exposição pequena ou moderada a um agrotóxico ou a vários agrotóxicos. Vai depender das características do produto, do indivíduo e das condições de exposição.

Vias de contaminação pelos Agrotóxicos
Os organofosforados e os carbamatos controlam insetos, larvas e fungos. Os organofosforados são os maiores responsáveis pelo maior número de intoxicações. Os organofosforados e carbamatos podem ser absorvidos pela pele, por ingestão ou por inalação.
A absorção pela pele é maior naqueles indivíduos que aplicam o produto em pulverização ou quando lidam nas plantações após a aplicação do agrotóxico.
A absorção por via respiratória ocorre em pessoas que fazem pulverizações não respeitando os meios de proteção, ou seja, operando o equipamento contra o vento e sem usar uma máscara. A inalação ocorre, também, no uso doméstico sob a forma de aerossóis.
A absorção oral se dá pela boca naqueles indivíduos que não tomam preucações quando manuseiam e aplicam os agrotóxicos; comem, bebem, fumam.

Sinais e Sintomas provocados pela intoxicação por Agrotóxicos
Os sinais e sintomas da intoxicação são:
· visão turva;
· sudorese – suor abundante;
· tosse;
· aumento da secreção dos brônquios;
· náuseas, vômitos, cólicas, incontinência urinária e fecal, diarréias;
· cãimbras, dores musculares;
· hipertensão, taquicardia, tremores;
· ansiedade, dores de cabeça que não cedem à aplicação de analgésicos comuns, tontura, confusão mental, perda de memória, convulsões.

Nos organoclorados, os sinais e sintomas podem aparecer logo após o acidente ou em 24 horas. O exame do teor de resíduos no sangue confirma a exposição aos organoclorados. O importante é a concentração de resíduos no sangue para confirmar a intoxicação. Nos organoclorados para detectar a intoxicação é feito o exame do nível da enzima “colinesterase” no corpo. Teores baixos indicam intoxicações graves.
Os piretróides, embora pouco tóxicos provocam irritações nos olhos e mucosas causando alergias de pele (coceira intensa, manchas), ataques de asma brônquica (dificuldades para respirar, obstrução nasal, espirros).  Este artigo conclui na Parte II. Para visualizar clique aqui

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A análise de plantas

A análise de plantas nada mais é do que analisar uma planta ou parte dela com o objetivo de determinar o teor de nutrientes supridos. A concentração de nutrientes não é a mesma durante toda a fase vegetativa da planta. Estas concentrações mudam rapidamente. Muitas vezes o stresse da planta pela falta de água mascara a suficiência ou a deficiência de nutrientes. Outro fator importante é a idade da planta que pode mostrar deficiência de um nutriente. Existem três tipos de análises de plantas:
1. Análise de tecidos - são análises feitas a campo usando indicadores de papel, reagentes em pó ou soluções. Estes materiais reagem com as substâncias presentes na seiva. Como são feitos à luz do dia e sob condições de umidade, os resultados podem não ser concretos. Por exemplo, os nitratos absorvidos pelas plantas continuam a ser processar à noite ou mesmo em dias nublados. A luz solar, em geral, reduz o teor de nitratos. Por isto, para evitar problemas com altos teores de nitratos em forrageiras deve-se esperar os dias claros, ensolarados antes de cortar as plantas para silagem ou feno.
2. Análise química - envolve a queima das plantas para analisar-se as cinzas. Estas são preparadas em soluções químicas (para provocar o aparecimento de cores) e lidas através do colorímetro ou de um fotômetro de chama ou de um espectrômetro de absorção atômica. Este último determina muitos elementos de maneira mais rápida.
3. Espectrografia de emissão de raios X - o princípio usado é que os primeiros raios X do tubo alvo fazem com que os nutrientes da amostra da planta produzam raios X secundários. Cada nutriente tem um comprimento de onda e níveis de energia individual.

Quanto à interpretação, os laboratórios e orgãos de perquisa em suas recomendações classificam as concentrações de nutrientes nas plantas em diversas faixas: deficientes, muito baixo, médio, suficiente, alto, em excesso, etc... É claro que os valores são diferentes para cada cultura e dentro de cada uma delas pelas variedades utilizadas. Nas plantas, as partes delas podem influenciar nas concentrações de nutrientes. Por exemplo, os teores de nitrogênio nas folhas podem ser diferentes do teor no caule. A análise das plantas é também de extrema importância para determinar os níveis de toxidez dos nutrientes. O molibdênio, em certos níveis, nas forrageiras, é tóxico para os animais. Segundo Kubota, J et al, o cobre deve ser avaliado em conjunto com o molibdênio porque a toxidez deste nutriente em ruminantes é uma deficiência de cobre. Ou seja, deficiência de cobre produzida por um excesso de molibdênio. Assim, é importante conhecer as interações entre os nutrientes. Os sintomas visíveis de deficiência podem ser determinados . Mas lembre-se que quando os sintomas de deficiência são visíveis a planta já foi muito prejudicada e, consequentemente, a produtividade.
Um produtor pode aplicar uma dosagem adequada de nitrogênio por hectare e, no entanto, podem aparecer deficiências deste nutriente em algum estágio da cultura. Constatou-se que locais onde apareciam as deficiências eram ao redor dos bicos de irrigação por aspersão e nas áreas onde havia sobreposição das áreas irrigadas por dois bicos. Foram feitas análises de solo e constatou-se que os nitratos haviam sido arrastados para as camadas mais profundas atingindo até 1,20 de profundidade. Claro que o nitrogênio ficou fora do alcance das raízes. O solo continha nitrogênio mas este estava longe da área de absorção pelas raízes das plantas. O solo apresentava uma estrutura permeável. A irrigação era para ser feita com mais frequencia e em leves quantidades para impedir que os nitratos fossem arrastados para as camadas mais profundas. Por sua vez, o nitrogênio deveria ser aplicado em doses mais baixas, antes do plantio, aliado à coberturas ou junto com a irrigação em intervalos que não permitissem uma deficiência deste nutriente no solo ou dos nitratos descerem para as profundidades do solo.
As amostragens dos solos devem ser feitas tantas quantas as das plantas para acompanhamento da fertilidade com o passar dos anos. As deficiências de nutrientes que ainda não são graves - chamadas "fome escondida" - são detectadas pela análise de planta ou dos tecidos das plantas. Se compararmos os resultados das análises das plantas com as do solo, sistema de irrigação usado, espécies de plantas, estágio do desenvolvimento da cultura, temos as possibilidades de identificar os problemas com maior precisão. Na amostragem devemos tomar uma série de cuidados para evitar erros nos resultados e na interpretação dos mesmos:
1. forrageiras de diversos tamanhos devem ser amostradas em separado;
2. sabemos que os nutrientes nitrogênio (N), potásio (K) e outros são móveis na planta, e vão dos tecidos velhos para os tecidos novos fazendo com que a concentração destes nutrientes seja maior nas folhas novas e baixa nas folhas velhas. O contrário também prevalece com os nutrientes não tão móveis na planta: concentração maior nas folhas velhas e baixa nas folhas jovens.
Recomenda-se que sejam coletadas amostras de solo e de plantas nas áreas de crescimento normal e em áreas que apresentam problemas. Evite a coleta de amostras de folhas muito empoeiradas que pode comprometer os resultados das análises. Se não for possível, deve-se adotar estes procedimentos:
a) com a amostra ainda fresca, lave-a em água destilada ou água mole por 1 a 2 minutos. Não deixe as plantas permanecerem na água por muito tempo pois pode haver perdas de nutrientes solúveis;
b) remova a água com papel absorvente ou deixe que seque ao ar;
c) remeta as amostras quando secarem, em sacos de papel. Evite a utilização de sacos plásticos que podem ocasionar o aparecimento de mofo.

Fonte: Métodos de diagnóstico - Prof. Charles M Smith, Universidade de Montana - publicado no Manual de Fertilizantes - IPT/CEFER

quinta-feira, 25 de junho de 2009

As formas de nitrogênio - nítrico e amoniacal

As plantas utilizam duas formas de nitrogênio: o nítrico (NO3-) e o amoniacal (NH4+). O nítrico é a forma mais comum de absorção. Encontramos processos de nitrificação e denitrificação.

Nitrificação: é a conversão do nitrogênio amoniacal em nítrico pela ação de bactérias :

O nitrogênio nítrico que pode ser tóxico, para algumas plantas, existe apenas durante um período curto de tempo. Os íons H+ contribuem para acidificar o solo resultante da aplicação de nitrogênio amoniacal. A nitrificação tem um efeito acidificante. Dizem que para cada quilo de N amoniacal aplicado são necessários 2 quilos de calcário. O sulfato de amónio exige 5 quilos devido à presença do íon sulfato. Em temperaturas baixas a nitrificação é lenta e pára a zero grau.

Denitrificação: é o inverso da nitrificação. Sob condições de solo inundado ou anaeróbias algumas bactéria utilizam o N do nitrato com a mesma finalidade do oxigênio.

Apenas o N nítrico pode ser denitrificado. O N amoniacal nunca. Por isto deve-se usar nas lavouras de arroz irrigado, somente o N amoniacal. O maior produto da denitrificação é o N elementar que constitui quase 90% do produto. O pH alto, temperaturas mornas, população alta de bactérias favorece a denitrificação. Em solos inundados é comum as plantas apresentarem um amarelecimento das folhas. Neste caso, deve-se fazer uma reposição de N, quando o solo secar, para repor as perdas de nitrogênio.

N nítrico (NO3-) É a forma carregada negativamente:
1. esta forma não é rapidamente absorvida pelo solo e por isto é facilmente percolada;
2. em solos encharcados sofre a denitrificação perdendo N para o ar na forma de gás;
3. é a forma mais usada pelas plantas em grande quantidades;
4. é fixada pelos microorganismos.

N amoniacal (NH4+) É a forma carregada positivamente:
1. facilmente absorvido pelo solo. Sofre muito pouco com a percolação;
2. acima de 10 ºC é nitrificado facilmente passando para NO3;
3. pode sofrer fixação por alguns minerais tornando-se não disponível;
4. no solos alcalinos pode formar amônia que é perdida para o ar;
5. é prendido pelos microorganismos do solo.

Perdas de N do solo. Pode ser tanto o N do solo como o proveniente de fertilizantes:
1. perdas por erosão. A terra carrega o nutriente por estar preso a sedimentos;
2. perdas de nitratos na solução do solo por corrimento superficial ou por percolação;
3. perdas por denitrificação - solos alagados, encharcados;
4. por volatilização da amônia - solos alcalinos

terça-feira, 23 de junho de 2009

A importância dos Micronutrientes

As deficiências de micronutrientes devem ser corrigidas antes que elas apareçam. Devem ser aplicados fontes de micronutrientes mais cedo e misturadas com uma fonte de nitrogênio, pois os resultados são melhores.

Boro - este micronutriente tem papel importante na divisão celular, formação dos frutos, metabolismo dos carboidratos, das proteínas, viabilidade do polem. Os sintomas de deficiência de boro em algumas espécies são:
1. alfafa - o crescimento da planta é prejudicado, a produção de sementes é pequena e as folhas apresentam uma coloração amarelo brilhante.
2. pêssego - os brotos terminais morrem, as folhas têm as bordas enroladas e os botões mortos.
3. maçã - apresenta tecidos duros e enrugados, interna e externamente.
4. citros - as quedas dos frutos são em grande proporções e amarelecimento das nervuras das folhas.
5. algodão - queda excessiva de botões florais.
6. amendoim - cascas deformadas e com pontos pretos.
O baixo nível de umidade diminui a disponibilidade do boro. Os boratos de sódio são as principais fontes de boro. O excesso de boro aplicado no solo é prejudicial às plantas. Nos solos arenosos com baixo teor de matéria orgânica aparecem deficiências de boro.
O boro é importante para o cafeeiro pois influi no crescimento e no pegamento da florada. Mas o boro em excesso ele causa toxidez severa nas plantas jovens de café devido à pequena área foliar que elas apresentam. As plantas apresentam folhas manchadas de verde-amarelado e, em casos graves, aparecem manchas escuras e até queima total das bordas das folhas. O teor adequado de boro nas folhas é de 40 a 80 ppm e na toxidez este teor é maior do que 200 ppm. Devido a baixa translocação do boro, passado a toxidez, as folhas novas que crescem já o fazem de maneira normal. Nos cafezais, a dose indicada de boro é de 2 a 6 kg/ha. No plantio pode-se usar de 2 a 5 gramas por cova ou metro de sulco.
A correção das deficiências se faz com o produto Borax usando 20 kg/ha ou por via foliar usando o ácido bórico (H3BO3).
O boro é absorvido pelas plantas na forma de H3BO3.

Cobre - é um dos nutrientes necessário à formação da clorofila. O clima influi na disponibilidade de cobre. Altas temperaturas e altos níveis de umidade são desfavoráveis à liberação do cobre pela matéria orgânica do solo. Os sintomas de deficiência de cobre nas plantas são:
1. citros - surgem folhas amarelas e os ramos novos morrem.
2. cereais - folhas amareladas nas bordas, pontas secas e torcidas.
3. milho - amarelecimento entre as nervuras das folhas.
4. verduras - morte das folhas.
O cobre reage com a matéria orgânica formando compostos que não estão disponibilizados para as plantas imediatamente. Em solos com alto teor de matéria orgânica, as deficiências de cobre aumentam e a reposição deve ser feita anualmente. Existe incompatibilidade quando são mituradas fontes de cobre com os fertilizantes. As formas insolúveis de cobre podem melhorar a sua solubilidade quando incorporadas aos adubos granulados (NPK no grão). Os fosfatos de amônio, presentes nos fertilizantes fluidos, reagem com o sulfato de cobre formando compostos insolúveis.
Para corrigir as deficiências provocadas pelo cobre, recomenda-se a aplicação de sulfato de cobre (CuSO4) na faixa de 5 a 10 kg/ha.
As plantas absorvem o cobre na forma de íon Cu²+.

Ferro - sua deficiência aparece melhor em solos calcários, principalmente em citros, cereais, feijões, frutas, nozes e gramados. Sua baixa quantidade no solo acarreta uma baixa produção de clorofila. Os sintomas de deficiência são o aparecimento de um amarelecimento entre as nervuras de folhas novas. No sorgo, quando a deficiência é muito grande, as folhas se apresentam quase brancas. Estas deficiências são combatidas com aplicações foliares. No caso de deficiências muito severas deve-se mudar o tipo de cultura para uma mais tolerante. No RS é comum nas lavouras de arroz irrigado aparecerem "toxidez de ferro".
Em solos oxidados, a forma de absorção é o íon Fe³+. As plantas excretam substãncias orgânicas que reduzem o Fe³+ para Fe²+ que também é a forma mais comum de absorção.
A correção das deficiências se faz com sulfato de ferro (FeSO4) ou quelatos.

Manganês - está presente, também, na clorofila, na produção de carboidratos e no metabolismo do nitrogênio nas plantas. A quantidade de manganês influencia a de ferro na planta. Altos níveis de manganês reduzem os níveis de ferro. Os cereais, os feijões, o milho são muito sensíveis à deficiência de manganês. Os sintomas de deficiência são semelhantes a do ferro. A aplicação de fontes de manganês deve ser feita cedo pois os resultados são melhores do que quando ela se manifesta nas folhas. Deve-se preferir as pulverizações foliares. As fontes orgânicas de manganês são mais eficientes do que as inorgânicas. O manganês tem grande afinidade pelo ferro natural do solo tendendo a substituí-lo. Por isto deve-se preferir os sulfatos ou óxidos em solos com alto teor de ferro. No RS é muito comum a toxidez de manganês em solos ácidos.
O manganês é absorvido pelas plantas na forma de íon Mn²+.

Molibdênio - é importante para a fixação de nitrogênio (N) pelas bactérias do gênero risóbio, que vivem nos nódulos das raízes de leguminosas e no metabolismo do N nas plantas. Os sintomas de deficiência são semelhantes às apresentadas pelo nitrogênio. As crucíferas sofrem bastante com a falta de molibdênio (Mo). A deficiência, nestas culturas, se caracteriza por folhas longas, estreitas e irregulares - é chamada de "chicote". Na soja, alfafa e trevos, a deficiência de Mo torna-se muito séria. Nos citros aparecem pontos amarelos nas folhas e se a deficiência for muito severa estes pontos amarelos morrem e as folhas caem. A deficiência de molibdênio é comum em solos ácidos e muito lixiviados. A calagem corrige facilmente esta falta de molibdênio. Entretanto, o excesso de molibdênio é tóxico para os animais e plantas em germinação, além de prejudicar a absorção e as translocações do ferro pelas plantas.
A correção das deficiências se faz utilizando o molibdato de amônio de 0,5 a 1,0 kg/ha.
O molibdênio é absorvido pelas plantas na forma de HMoO4.

Zinco - em solos com baixo teor de zinco (Zn) disponível a aplicação de fosfatados deve ser feita em cobertura total. A aplicação em sulcos ou ao lado das fileiras acarreta deficiências deste micronutriente. A rotação de culturas pode favorecer o aparecimento de sintomas de deficiência. O zinco é importante no desenvolvimento dos botões florais, na produção de grãos e sementes, bem como influi na velocidade de maturação das plantas e sementes. Os sintomas de deficiência em algumas culturas são:
1. leguminosas - aparecimento de pontos pequenos de coloração bronzeada nas folhas mais velhas.
2. frutas - há um crescimento retardado dos brotos terminais, formação de roseta de ramos, folhas estreitas e amarelas entre as nervura.
3. milho - aparecimento de listas amarelas nos dois lados das folhas, no meio, iniciando nas folhas velhas.
4. sorgo - a produção de grãos é reduzida drasticamente.
As aplicações de fontes de zinco serão feitas cedo no solo e nas folhas. A realização desta prática , antes de aparecerem os sintomas, é importante para garantir altas produtividades das culturas e boas safras.
As deficiências de zinco são combatidas com a aplicação de sulfato de zinco (ZnSO4) na faixa de 5 a 10 kg/ha.
As plantas absorvem o zinco na forma de íon Zn²+.

De qualquer forma, a análise do solo e foliar são muito importantes para determinar os teores de micronutrientes no solo e nas folhas para corrigir as deficiências. Vale, antes de tudo, a aplicação preventiva, na época do plantio, com a utilização de fertilizantes que têm os micronutrientes incorporados no mesmo grão para um melhor aproveitamento pelas plantas. É preferível colocar antes do que remediar depois, com possíveis decréscimos na produção das culturas.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os macronutrientes secundários

O cálcio, o magnésio e o enxofre são macronutrientes importantes para o crescimento e produção das culturas. O cálcio e o magnésio estão presentes no calcário dolomítico e são indispensáveis na correção da acidez do solo. Já o enxofre (S) tem um efeito primordial em solos alcalinos.

Cálcio - este nutriente ajuda a aumentar a produtividade das culturas pelo melhor crescimento das raízes, aumento da atividade microbiana, aumento da disponibilidade de molibdênio (Mo) e a absorção de alguns nutrientes. O aumento da área das raízes favorece uma melhor absorção de nutrientes que estão disponíveis numa área maior de solo. O cálcio reduz a solubilidade e a toxidez do manganês, cobre e alumínio. As plantas bem supridas de cálcio suportam melhor a toxidez causada pelo alumínio. O calcário é a principal fonte de cálcio junto com o gesso. A deficiência de cálcio provoca uma má formação dos grãos e folhas novas enroladas no milho. Os sintomas de deficiência deste nutriente se manifesta pelo desenvolvimento de um sistema radicular pequeno, as raízes ficam escuras e apodrecem. Como é pouco móvel na planta aparecem sintomas de deficiência nas folhas jovens. Daí a necessidade de um suprimento de cálcio contínuo pelo solo. Os solos argilosos apresentam maiores teores de cálcio do que os solos arenosos. Para os solos ácidos recomenda-se o calcário e para os solos alcalinos, o gesso (sulfato de cálcio) ou fertilizantes que apresentam os nutrientes no grão (NPK no grão) que contenham o cálcio para liberação rápida. O cálcio é absorvido na forma Ca²+.

Magnésio - o teor de magnésio no solo é menor que o de cálcio. Por ser muito solúvel está sujeito às perdas por lixiviação. O magnésio faz parte da clorofila. Sua deficiência provova um amarelecimento entre as nervuras das folhas velhas. No algodão, aparece uma cor avermelhada entre as nervuras verdes. Em forragens pobres de magnésio, os animais sofrem a "tetania dos pastos". Sua deficiência é mais nítida em solos ácidos.

Enxofre - a matéria orgãnica do solo é a maior fonte de enxofre (S), bem como o íon sulfato presente no complexo de trocas. O enxofre é absorvido pelas plantas como íon sulfato (SO3). O enxofre contido na atmosfera é uma das maiores fontes . Em solos com pH acima de 7,0 o enxofre não é facilmente aproveitado pelas plantas. Ele precipita-se como sulfato de cálcio insolúvel. Sua deficiência nas folhas é semelhante à do nitrogênio, com um amarelo pálido ou verde suave. O enxofre pode ser fornecido pelo óxido de enxofre, do ar, que entra nas folhas pelos estômatos. O enxofre ajuda a desenvolver enzimas, promove a nodulação para a fixação do N do ar pelas leguminosas, melhora a qualidade das sementes e é a fonte de proteínas e aminoácidos, como cistina, cisteína e metionina.
O superfosfato simples, além do fósforo, contém , também, enxofre na sua composição com um teor de 10-12% . O gesso, que é um sub-produto da fabricação do super simples, apresenta 12-18% de enxofre. Recomenda-se combinar a aplicação em cobertura de N e S conjuntamente. Existe no mercado nacional, fertilizantes que são a combinação de uréia com uma fonte de enxofre para ser usado em cobertura. Esta mistura fertilizante garante benefícios pois há um melhor aproveitamento do nitrogênio (N) do que quando a uréia é aplicada isoladamente, diminui as perdas por volatilização do N e apresenta menor custo benefício por hectare.
No solo 90% do enxofre está na forma orgânica. Solos com baixa matéria orgânica apresentam deficiências de enxofre. Os solos no Brasil são de baixo teor de enxofre, possivelmente causado pelas altas produções da culturas, de modo contínuo, pelas queimadas que causam a volatilização do S, pela alta relação C/S que dificulta a mineralização. Na mineralização, muitos fungos e bactérias atuam no processo que é muito importante. A utilização da matéria orgânica pelos microorganismos pode ocorrer tanto em condições aeróbias, cujo produto final são SO4²- e condições anaeróbias com H2S. As formas de enxofre encontradas no ar como SO2, H2S e SO2²- são formas gasosas e fontes muito importantes de S para as plantas. A decomposição das plantas libera dióxido de enxofre na atmosfera que aumenta a acidez da água da chuva, conhecida como "chuva ácida".
As plantas de milho apresentam maior absorção radicular de enxofre do que as plantas de soja, além de reter grande parte deste nutriente na raíz. Davi José Silva e outros, concluiram através de pesquisas que as plantas de milho apresentam maior absorção radicular de S do que as plantas de soja, além de reter grande parte deste nutriente na raiz. No milho, o enxofre aplicado a uma folha é transportado para o caule e para as raízes. Na soja, o enxofre absorvido tanto pela raiz quanto pela folha é transportado, em maior proporções, para as folhas superiores redistribuindo para outras partes da planta.
Em solos bem drenados, formas reduzidas são oxidadas a SO4²-, forma inorgânica e absorvida pelo sistema radicular. Porém as formas reduzidas, os sulfetos e H2S são importantes nos solos alagados e anaeróbios. Em condições de má drenagem existe o acúmulo de sais solúveis de enxofre. Nos solos alcalinos ou calcários existe as formas insolúveis.
As entradas de S no solo se dá através das chuvas e irrigação, pela mineralização das formas orgânicas, pelo intemperismo das rochas, e através dos fertilizantes.
As saidas de S do solo se verifica pela emissão de gases, pela adsorção, pela erosão, pela lixiviação, pela imobilização e pela absorção pelas plantas.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cuidados na aplicação dos Agrotóxicos - Parte II

Durante as etapas de preparo, aplicação e pós aplicação o trabalhador deve seguir uma série de passos tão importantes para a sua proteção e de outras pessoas, animais, fontes de água e meio ambiente como um todo.

Cuidados nas aplicações:A – Cuidados antes das aplicações:· a manipulação do produto deve ser feita ao ar livre;
· mantenha o rosto afastado e evite inalar o produto;
· verifique se os equipamentos estão em perfeitas condições;
· use equipamentos de proteção individual – EPIs tanto na manipulação como na aplicação de produtos;
· após a manipulação, todo o EPI deve ser recolhido, descontaminado e guardado limpo.

B – Cuidados durante as aplicações;· não pulverizar árvores estando debaixo delas;
· não aplique agrotóxicos em locais onde estiverem pessoas ou animais desprotegidos;
. não aplique agrotóxicos nas proximidades de fontes de água;
· não fazer aplicações contra o sentido do vento.

C – Cuidados após as aplicações:
· respeite o intervalo entre as aplicações;
· respeite o período de carência;
· não lave os equipamentos de aplicação em riachos, lagos, rios, açudes e outras fontes de água;
· evite o escorrimento da água de lavagem dos equipamentos para locais usados por pessoas e animais;
· tomar banho com bastante água e sabão;
· lavar os equipamentos de proteção diariamente.

Período de carência:Também chamado "Intervalo de Segurança". O período de carência é o número de dias entre a última aplicação do produto agrotóxico e a colheita. Deve ser respeitado este prazo para evitar que os alimentos colhidos fiquem com resíduos e venham causar prejuízos às pessoas e aos animais. Por exemplo, se numa cultura a última aplicação do produto foi em 1º de março e a carência é de 10 dias, a colheita só poderá ser realizada após 13 de março.
É ilegal a comercialização de produtos destinados à alimentação que apresentem resíduos além do permitido pelo Ministério da Saúde. A colheita poderá ser apreendida e destruída. Além deste prejuízo, o agricultor poderá ser multado e submetido a processo judicial. Para evitar isto, o agricultor deve consultar um Engenheiro-Agrônomo que lhe indicará o melhor produto, período de carência e quais os equipamentos de proteção individual que deverão ser usados.

Aplicação aérea:A aviação agrícola é uma das mais modernas tecnologias de aplicação de agrotóxicos. Com a aviação agrícola é possível reduzir a quantidade de agrotóxicos. Além disto reduz em até 4 vezes o tempo de aplicação, com a vantagem de uma distribuição uniforme e não compacta o solo. Na aplicação motorizada há a desvantagem de compactar o solo.
1. é vedado a entrada e permanência de qualquer pessoa na área onde está sendo feita a pulverização aérea.

Higiene após a aplicação:A higiene feita habitualmente é importante para evitar contaminações. Os produtos químicos penetram no nosso corpo através da boca, pele, olhos e pela respiração. Roupas e equipamentos contaminados facilitam a absorção do produto pois estão em contato direto com a pele. Comer, beber e fumar durante as aplicações são outras formas de contaminação do produto através da boca pois as mãos estão contaminadas.
Procedimentos de higiene:
1) lave bem as mãos e o rosto antes de comer, beber e fumar;
2) lave as roupas usadas na aplicação separadas das roupas de uso pessoal da família;
3) tome banho, lavando bem o couro cabeludo, axilas, unhas, regiões genitais;
4) após o banho, use roupas limpas;
5) mantenha sempre a barba bem feita, unhas e cabelos cortados.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cuidados na aplicação dos Agrotóxicos - Parte I

As lavouras estão sujeitas ao ataque de pragas, doenças, e plantas daninhas que se não forem controladas possibilitarão um decréscimo na produção, com prejuízos na colheita e ao produtor. Portanto, o sucesso deste controle depende da utilização de práticas corretas e uso adequado dos agrotóxicos.
Uma aplicação incorreta, além de “ botar produto fora “ poderá contaminar os trabalhadores e o meio ambiente.
Para garantir sucesso na colheita, o agricultor deve dar uma atenção especial aos equipamentos, adotando uma série de práticas:
1) manter os equipamentos sempre bem conservados. Isto além de poupar dinheiro com futuras manutenções permite que os mesmos funcionem de maneira correta;
2) fazer a revisão e manutenção periódica, substituindo mangueiras e bicos. Para manter a segurança dos trabalhadores a revisão e manutenção é muito imortante pois mangueiras quebradas causam desperdício da calda, além de provocar contaminação ao trabalhador e ao meio ambiente. Bicos mal regulados, sem funcionamento correto, acarretam pulverizações ineficientes e perdas de produto;
3) lave o equipamento após a aplicação e verifique o seu funcionamento. Os equipamentos devem ser lavados e testados logo após cada aplicação evitando a contaminação de outros trabalhadores, crianças e animais;
4) equipamentos com defeitos, vazamentos, devem ser descartados. É melhor substituí-los. Qualquer peça que apresente defeito deverá ser trocada. É preferivel trocá-las do que fazer remendos que poderão prejudicar a segurança do trabalhador, sua contaminação e casos graves de intoxicação;
5) ler o manual de instrução antes de usar. Muitos não gostam de ler manuais, mas é importante fazê-lo para um conhecimento completo do funcionamento do equipamento, suas revisões e manutenções;
6) saiba calibrar o pulverizador corretamente. Todo trabalhador deve ser treinado para saber lidar com o equipamento e saber calibrá-lo para obter uma perfeita aplicação e evitar perdas da calda;
7) não utilize pressão excessiva na bomba, pois poderá haver perda de calda. Aqui vai a importância de conhecer o manual para saber a pressão a ser usada bem como ler os rótulos dos produtos que dão as indicações corretas ;
8) use sempre água limpa para o preparo da calda. Para ter uma mistura homogênea não use água suja que contenha outros materiais que poderão prejudicar o funcionamento do equipamento e ocasionando o entupimento dos bicos;
9) nunca misture produtos incompatíveis. Use somente produtos que não dão problemas quando misturados. Leia o rótulo do produto que vai ser usado na aplicação e verifique com que substâncias ele é compatível.

Regras importantes de proteção pessoal na aplicação do produto:1) é vedado a manipulação de quaisquer agrotóxicos por menores de 18 (dezoito) anos, por maiores de 60 (sessenta) anos e por gestantes;
2) o empregador deverá afastar a gestante das áreas de exposição direta e indireta tão logo saiba desta condição;
3) é vedado a manipulação de agrotóxicos que não estejam registrados e autorizados pelos orgãos governamentais competentes;
4) é vedado a manipulação de quaisquer agrotóxico em desacordo com a receita e as indicações do rótulo e bula do produto;
5) usar equipamentos de proteção individual – EPIs, sempre que for aplicar os produtos;
6) evite aplicações nas horas mais quentes do dia para diminuir a evaporação do produto e facilitar o uso de vestimentas e equipamentos de proteção;
7) não aplicar o produto contra o vento e não caminhar entre as plantações recém-tratadas;
8) não coma, não beba, não fume, durante a aplicação;
9) não desentupa os bicos com a boca;
10) mantenha as pessoas afastadas da área após a aplicação. Observe o período de reentrada.

Cuidados no manuseio dos agrotóxicos:
O preparo da calda é uma operação que exige muitos cuidados para o homem e meio ambiente, pois os agrotóxicos são manuseados à altas concentrações. Em geral, por falta de informação, o preparo da calda é feito próximo à fontes de captação de água como poços, rios lagos açudes, etc. Geralmente ocorrem escorrimentos e respingos que atingem o trabalhador, a máquina, o solo e o sistema hídrico. E com isto, a contaminação está feita atingindo aqueles que usarão a água.

Prepaaro da calda:O preparo da calda poderá ser feito pela adição direta do produto no tanque, ou através de uma pré-diluição. Quando forem usados produtos líquidos, podem ser adicionados diretamente no tanque com a quantidade de água desejada.
Para os produtos Pó Molhável, é recomendado fazer a diluição seguindo estas etapas:
1) dissolver o produto em pequena quantidade de água agitando até a completa mistura do mesmo;
2) despejar no tanque contendo 2/3 do volume de água a ser utilizada. Agitar e completar com água o volume total;
3) quando usar mais de um produto, seguir as recomendações de cada produto, individualmente.

“PREPARAR SOMENTE A QUANTIDADE DE CALDA NECESSÁRIA À APLICAÇÃO DE UM DIA DE TRABALHO” .

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A importância do trio NPK

O nitrogênio (N) é um dos componentes dos aminoácidos ocupando o centro das moléculas de proteínas. Faz parte, também, da clorofila. Junto com o magnésio (Mg) são os únicos componentes da clorofila, que provém do solo. O nitrogênio (N) é o responsável pelo desenvolvimento vegetativo. Um suprimento generoso de N ocasiona um crescimento vigoroso da planta. Este nutriente tem um papel importante na divisão celular. Se a divisão celular diminuir de velocidade ou mesmo parar, o mesmo acontecerá com o número de folhas verdes expostas à luz solar. E, é óbvio, a planta com uma menor área foliar irá produzir menos. A adubação com nitrogênio (N) é importante pois melhora a qualidade dos grãos, aumenta a produtividade e o teor de proteína. Quando o nitrogênio é aplicado em excesso e a planta não consegue aproveitá-lo totalmente, ela acumula este nutriente sob forma não protéica. O acúmulo pode levar a uma intoxicação de N nítrico (NO3-) principalmente em plantas jovens ou aquelas que estão sofrendo com uma seca ou em solos deficientes de fósforo e potássio. A deficiência de nitrogênio, como acontece com a de magnésio, provoca uma clorose ou amarelecimento das folhas. É o sinal do baixo contéudo de clorofila.
O fósforo (P) apesar de ser aproveitado em pequenas quantidades pela planta, ele não pode faltar ou ser deficiente no solo pois prejudica o crescimento da cultura. Como o nitrogênio, ele é importante na divisão celular. Na fotossíntese, ele tem uma função vital, tanto na utilização dos açúcares quanto do amido. Este nutriente apresenta uma grande mobilidade dentro da planta. Em casos de deficiência, ele migra dos tecidos velhos para os novos. As plantas jovens absorvem o fósforo muito rápidamente. Em níveis adequados de fósforo, as raízes têm um crescimento rápido e intenso. Dizem que quando a planta atingiu 25% de sua altura total, ela já consumiu 78% do fósforo que ela necessita. Isto caracteriza a real necessidade de suprir a planta com quantidades adequadas de fósforo, principalmente nas culturas de ciclo curto. As temperaturas baixas do solo reduzem a absorção de fósforo. A presença de nitrogênio amoniacal (NH3+) aumenta a absorção do fósforo favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular. A deficiência de fósforo se caracteriza por um avermelhamento das folhas e do talo, quando as plantinhas tem menos de 30 cm de altura, como é no caso do milho. Dizemos que o milho está "roxo de fome". Quando a absorção de fósforo é menor que as necessidades, verifica-se um acúmulo de açúcar nos tecidos das plantas favorecendo a formação de um pigmento chamado antocianina que dá o colorido às folhas. Mas devemos tomar cuidado quando atribuir o avermelhamento à deficiência de fósforo. A baixa temperatura, os estragos causados por insetos às raízes e às folhas, ação dos ventos e do granizo, e danos às raízes, são responsáveis pela planta apresentar um avermelhamento das folhas. É importante as análises do solo e foliar para determinar se a deficiência é relativa ao fósforo.
O potássio (K) é também importante para as plantas. Ele se desloca no interior da planta na forma de cátion positivo (K+). Embora as culturas exijam grandes quantidades de K, a solução do solo pode apresentar pequenas quantidades. Por isto, a necessidade de uma liberação constante do íon K+ para a solução do solo. O potássio trocável, que se encontra ligado à partículas minerais, vai para a solução do solo pela troca de cátions. A regeneração do potássio se dá a partir de formas de potássio não trocável da fração de solo. O potássio não forma compostos, como fazem o nitrogênio e o fósforo. Ele age livremente no interior da planta. Ele é importante para a formação de frutos de qualidade e resistência das plantas ao frio e às doenças. Ele age na translocação do açúcar e é necessário para a formação de aminoácidos e proteínas. Plantas bem supridas de potássio resistem mais ao murchamento. Plantas mal supridas de potássio, não resistem ao acamamento. Caules fracos ocorrem quando o nível de nitrogênio é alto e o do potássio é baixo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Agrotóxicos - Lavagem das Embalagens

A lavagem das embalagens é uma prática de grande importância em três aspectos: Segurança, Ambiente e Economia. Segurança no sentido de proteger pessoas e animais. Ambiente com a finalidade de proteger a natureza evitando a contaminação de rios, lagos, outras fontes de água e o solo. Economia visando aproveitar o produto até a última gota.
Há duas maneiras de fazer a lavagem das embalagens: a tríplice lavagem e a lavagem sob pressão.

Tríplice lavagem:

1. esvaziar completamente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador;
2.
colocar água limpa na embalagem até 1/4 do seu volume;
3.
tampar bem a embalagem e agitar durante 30 segundos;
4.
despejar a água de lavagem no tanque do pulverizador;
5.
repetir esta operação 3 vezes;
6.
inutilizar a embalagem plástica ou metálica perfurando o fundo da mesma.

Lavagem sob pressão:

1. esta lavagem só pode ser realizada em pulverizadores com acessórios adaptados para esta finalidade;
2.
encaixar a embalagem vazia no local apropriado do funil instalado no pulverizador;
3. a
cionar o mecanismo para liberar o jato de água limpa direcionando para todas as paredes internas da embalagem durante 30 segundos;
4.
transferir a água de lavagem para o tanque do pulverizador;
5.
inutilizar a embalagem de plástico ou metálica perfurando o fundo da mesma.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Aos meus leitores

Recebi um e-mail do amigo leitor Jose Hispaniel me perguntando da possibilidade de publicar artigos seus, de amigos e de outros leitores, fotos e narrar experiências dentro dos assuntos pertinentes a este blog, dentro das possibilidades. Gostaria de aproveitar o blog para responder pois assim atingirei a todos os meus leitores. Será um prazer ter estes artigos, fotos e experiências e será respeitado o crédito do autor. É muito importante compartilharmos nossos conhecimentos com outras pessoas. Uma ótima sugestão. Estou ansioso aguardando.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Os fertilizantes na produção de alimentos

No Livro do Gênese, no Capítulo Nono, quando a arca de Noé estacionou, após o dilúvio, a principal preocupação de Noé foi alimento - e plantou um vinhedo.
Em 1955, na zona rural de Geórgia -EUA, um produtor fez um telefonema. O telefonema era diferente porque seu telefone e dos vizinhos recebiam sua energia do sol. A eletricidade era fornecida por uma bateria solar. Esta bateria possuia 432 discos de silício e amarzenava energia suficiente em dois dias para alimentar, por dois meses, toda a comunidade. Pela fotossíntese as folhas verdes, como os discos de silício, captam energia do sol. Portanto, convertem a energia do sol em energia química que pode ser usada por homens e animais. Num complexo de reações físico-químicas, as plantas convertem a luz solar em açúcar e, mais tarde, em proteínas, gorduras, amido e celulose. O hidrogênio e o oxigênio, sob forma de água, chegam através das raízes e mais 13 elementos nutritivos essencias para suprir a planta durante o seu desenvolvimento e produção. Pelos estômatos, que são pequeníssimos poros existentes nas folhas, o gás carbônico do ar penetra nas folhas e fornece à planta carbono (C) e oxigênio (O).
Em 1776, um inglês, Joseph Priestley, publicou uma descoberta de como as plantas podiam restaurar o oxigênio de um ar viciado. Ele primeiro queimou uma vela em um jarro invertido, até que esta se apagou quando todo oxigênio foi consumido. Ele então colocou um ramo de hortelã no interior do jarro e em 10 dias podia suportar novamente uma vela acesa. Entretanto, a quantidade de dióxido de carbono está aumentando e pode atingir níveis perigosíssimos. Resta saber como poderemos fazer para que as plantas consumam mais gás carbônico e produzam mais oxigênio. Portanto uma luta na preservação das plantas para manter este equilíbrio e possibilitar a vida na terra.
O primeiro estudo sobre solo e as necessidades das plantas surgiu em 1868 com a publicação de um livro "Como as plantas crescem" por Samuel William Johnson , que foi aluno de Liebig. Johnson estudava a nutrição analisando as cinzas provenientes da queima das plantas. Ele determinou que as plantas precisam de grandes quantidades de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Os nutrientes eram expressos sob a forma de óxidos, fato que continua até os dias de hoje. Ele dizia que o sódio podia substituir o potássio em beterrabas. Justis von Liegig empregava a física e a química no estudo das plantas. Liebig foi autor da "lei dos mínimos". Esta lei diz que o crescimento das plantas é limitado pelo nutriente que estiver presente em menor quantidade. Este fato é ilustrado até hoje por um barril onde uma das suas tábuas está cortada simbolizando o nutriente que está faltando. Isto que dizer que podemos fornecer à planta os nutrientes que ela precisa, mas se um dos nutrientes estiver em quantidade insuficiente, ele vai limitar a fertilidade. Nesta época muitos solos estavam esgotados. Era difícil obter-se esterco de animais e o guano era muito caro. Os solos eram muito ácidos e nas áreas secas não havia irrigação. A produção de alimentos era pequena. No final do século XIX surgiram os fertilizantes mas o problema era o controle de qualidade. Produtos eram vendidos de forma inadequada levando a necessidade da criação de um controle de qualidade que foi a base do que hoje existe.
Em 1855 a empresa Baugh e Filhos produziram o superfosfato simples. Esta empresa foi a pioneira da indústria de fertilizantes. Hoje em dia os fertilizantes são responsáveis pelo crescimento da produção agrícola no mundo.
Mas todo progresso implica em danos, efeitos colaterais. O processo de fabricação de fertilizantes emite certas quantidades de óxidos de nitrogênio e de enxofre, flúor, partículas sólidas, vapores de ácidos para o ar. Aí aparece as organizações de preservação do meio ambiente com as Leis Ambientais estabelecendo padrões permissíveis para a emissão de poluentes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Agrotóxicos - Cuidados com as embalagens dos produtos

No controle de pragas e doenças, a presença dos agrotóxicos vai sempre ser notada. Eles têm um papel importante no controle das infestações de insetos e das doenças que atacam as plantas ocasionando uma diminuição da produtividade. Entretanto, são produtos que podem, se não adotarmos medidas preventivas e de segurança, causar danos às pessoas, aos animais e ao meio ambiente. É no momento da preparação da calda que o trabalhador estará manuseando o produto e, obviamente, exposto à contaminação. Por isto, o preparo da calda exige uma série de cuidados especiais:

1. a embalagem deve ser aberta cuidadosamente para evitar o derramamento do produto e com isto contaminar os trabalhadores envolvidos e o piso do local onde a calda está sendo preparada;
2. durante a operação devem estar ao alcance das mãos protegidas com luvas, bem como todo o corpo, balança, copos graduados, baldes e funis. Estes materiais devem ser empregados apenas para esta finalidade. Nunca usados para outras finalidades que não seja o preparo das caldas. Os trabalhadores que não conhecem as medidas de segurança e de exposição aos produtos costumam dar uma lavadinha nos copos e enchê-los de água para tomarem;
3. após aberta a embalagem e retirado o produto, a mesma deve ser lavada imediatamente;
4. as embalagens lavadas deverão ser armazenadas em caixas de papelão, com suas respectivas tampas e rótulos, para entrega aos centros de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos ou ao fornecedor;
5. as embalagens lavadas não devem ser armazenadas dentro da residência ou do alojamento dos trabalhadores, bem como nas instalações de animais. Certifique-se que todas as embalagens usadas estão fechadas e guardadas no depósito;
6. os trabalhadores devem verificar se as embalagens estão bem lavadas e perfuradas no fundo. Esta perfuração é importante pois evita o uso das embalagens para outras finalidades ou sua reutilização;
7. a presença de crianças, pessoas desprotegidas (sem o equipamento de proteção individual - EPI) e animais não pode ser permitida;
8. as embalagens vazias não devem ser jamais queimadas, enterradas, despejadas no solo, jogadas na água, lagos e rios, ou deixadas à beira de rios e estradas. Se isto não for observado há sérios perigos de contaminação de pessoas, animais e rios e prejuízo ao meio ambiente;
9. as embalagens de plástico ou sacos de papel não podem ser lavadas. Para isto, devem ser esvaziadas completamente durante o uso e depois guardadas dentro de um saco plástico padronizado. Este saco padronizado deve ser adquirido em um Revendedor.

Destino das embalagens vazias
A Legislação obriga o empregador a devolver todas as embalagens vazias no local indicado pelo Revendedor de produtos agrotóxicos. Antes de devolver, o empregador deve preparar as embalagens contaminadas. Isto é importante pois quem não proceder assim estará sujeito à multas e será enquadrado na Lei de Crimes Ambientais. Por isto o agricultor deve prestar atenção aos seguintes fatos:
A. recomenda-se o empregador a devolver as embalagens vazias após o término da safra. Assim o fazendo ele economizará no custo do transporte pois reunirá maior número de embalagens;
B. o empregador tem o prazo de 1 (um) ano, a contar do dia da compra, para devolver as embalagens vazias. Por sua vez, o Revendedor deve informar na Nota Fiscal de venda, o local para a entrega das embalagens vazias.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Agrotóxicos - Cuidados no Armazenamento

Agrotóxicos são produtos químicos necessários ao controle de pragas e doenças das plantas e se não forem utilizados corretamente e se o trabalhador não se proteger com equipamentos de proteção, com cuidados na estocagem e armazenamento das embalagens, na aplicação, no transporte, na preparação da calda, podem causar danos à saúde das pessoas e dos animais, e ao meio ambiente. Os agrotóxicos podem entrar no organismo, de quem os manuseia ou aplica, pela respiração, pela via digestiva e, principalmente, através da pele. As pessoas expostas aos agrotóxicos podem sofrer intoxicações agudas, com efeitos imediatos, e intoxicações crônicas, com efeitos a longo prazo. Mesmo que as quantidades de agrotóxicos sejam pequenas, o empregador e empregados devem tomar sérias medidas de proteção para garantir uma correta armazenagem. Aquele sistema empírico de deixar as embalagens, após usadas, no campo, não pode ser mais admitido sendo passível de fiscalização e aplicação de penalidades, responsabilidades, além de causar danos à saúde de animais, pessoas e contaminações ao meio ambiente. As principais medidas de segurança seriam:

1. proibição de armazenagem de produtos agrotóxicos a céu aberto.
2. não armazenar agrotóxicos com alimentos, rações e medicamentos. Apesar disto, ainda se observa produtores que no mesmo galpão guardam agrotóxicos misturados com adubos, concentrados e rações para animais, sem nenhuma observãncia ao que preconiza a NR-31. Não guardar agrotóxicos e remédios dentro da residência ou no alojamento dos empregados. Se guardar no galpão de máquinas, a área deverá ser isolada e mantida fechada à chave;
3. recomenda-se a construção de uma peça isolada (depósito), fechada à chave, onde seriam armazenadas as embalagens dos agrotóxicos;
4. o empregador deve tomar a precaução de não estocar grandes quantidades de produto. Estocar somente o que vai ser usado numa safra, a curto prazo. Isto garantiria que os produtos não fiquem com a validade vencida e os danos às embalagens, vazamentos, seriam muito menores;
5. os produtos e restos dos mesmos devem ser mantidos nas embalagens originais. Toda vez que for retirado produto para uso, as embalagens devem ser, novamente, bem fechadas. Não armazenar restos de produtos em embalagens sem tampa ou com vazamento;
6. para o aproveitamento de embalagens rompidas, deve-se usar um plástico transparente com o objetivo de evitar o vazamento do produto. Tomar cuidado para que o rótulo do produto fique visível. Esta prática é importante pois o empregado tendo acesso à leitura do rótulo saberá o tipo de agrotóxico, dosagens, recomendações e prazo de validade;
7. não utilizar locais úmidos ou sujeitos à inundações para estocar os produtos. Há o perigo de molhar o produto e lavagem dos ingredientes que irão contaminar o solo e outras embalagens;
8. o local de situação do depósito deve ser mais de 30 metros das residências, das instalações dos animais, dos locais de medicamentos, de rações, de estocagem de alimentos, refeitórios e de fontes de água;
9. nos locais de estocagem dos agrotóxicos, o piso deve ser de cimento e o telhado deve apresentar boas condições para evitar infiltrações das águas das chuvas;
10. as instalações elétricas devem ser mantidas em bom estado de conservação para evitar curto-circuíto e incêndios;
11. com relação às crianças, pessoas não autorizadas e animais, o empregador e empregados devem sempre manter a porta trancada;
12. as embalagens devem ser estocadas sobre estrados. Isto evita o contato com o piso e com a umidade do mesmo nos períodos de inverno. As pilhas devem ser bem formadas para evitar um possível desmoronamento. Devem ter um afastamento de 50 (cinquenta) centímetros das paredes e 1 (um) metro do teto;
13. o depósito deve possuir ventilação para evitar que a temperatura interna fique muito alta, o que provocaria um aumento da pressão interna, que no caso de frascos, ocasionaria rupturas que irão propiciar a contaminação de pessoas no momento de abrir as embalagens. Isto é muito perigoso pois irá ocorrer a liberação de gases tóxicos que colocarão em risco a vida dos usuários e animais;
14. deve haver chuveiros e torneiras para a higiene dos trabalhadores. Recomenda-se um chuveirinho, voltado para cima, para a lavagem dos olhos;
15. os produtos devem estar separados, identificados no lote, e controlar, contínuamente, o prazo de validade dos mesmos. Não misturar no mesmo lote, produtos diferentes;
16. um tambor ou mais de um devem ser colocados no depósito e servirão para recolher as embalagens vazias, danificadas ou com vazamento;
17. o empregador deve controlar a existência de um estoque de plásticos para envolver as embalagens rompidas;
18. adsorventes como areia, pó de serragem, calcário devem estar presentes no depósito para a adsorção de líquidos vazados;
19. o local do depósito deve ser sinalizado com uma placa - CUIDADO VENENO.

"Se ocorrer um acidente, não permita que os produtos vazados alcancem fontes de água e culturas. Se a contaminação for significativa avise as autoridades e vizinhos".

Fonte: Manual da ANDEF

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Relação C/N

Em áreas de plantio direto é comum o uso de plantas com a finalidade de cobrir o solo. Portanto, as plantas subsequentes são beneficiadas com esta prática. Tem-se verificado que as leguminosas possuem a relação C/N menor na parte aérea, liberam nitrogênio na sua decomposição, beneficiando as plantas em cultivos posteriores. Já as gramíneas, como a aveia preta, apresentam uma relação C/N maior o que sugere a adição de nitrogênio para a decomposição de sua palha.
As leguminosas que são fixadoras do nitrogênio do ar, graças ao rizóbio presente em nódulos nas raízes, são de decomposição mais rápida e com uma relação C/N próxina de 20. As gramíneas, pelo contrário, são de decomposição mais lenta e apresentam uma taxa C/N maior porque o conteúdo de nitrogênio (N) presente na massa verde é mais baixo.
O plantio continuado de uma mesma cultura, na mesma área, acarreta uma série de problemas tais como: queda na produtividade, aparecimento de ervas daninhas, maior ocorrência de doenças e pragas e a degradação do solo. No caso das doenças, os patógenos permanecem no solo atacando as novas plantas. Daí a necessidade de ser feita a rotação de culturas. A melhor prática é plantar soja e milho seguido de gramíneas. Em alguns locais, a rotação de culturas torna-se uma prática econômica.
Algumas plantas, como a ervilhaca, que têm a capacidade de fixar o nitrogênio do ar, chega a fornecer 90 kg/ha de N. Outras espécies, que não são fixadoras de N, apresentam raízes maiores e retiram o nutriente das camadas mais profundas do solo. Pela decomposição, devolvem este N ao solo nas camadas superficiais.
As plantas usadas na coberura do solo apresentam uma série de vantagens:
  1. diminuição do uso de herbicidas, pois há um controle sobre as ervas daninhas que não conseguem sobreviver;
  2. retém mais a umidade do solo;
  3. aumentam a matéria orgânica do solo pela decomposição da palha;
  4. maior controle de pragas e doenças pois o ciclo dos patógenos e insetos é interrompido com o plantio de espécies que não os hospedam;
  5. reduzem a erosão do solo pois a lavagem das camadas superficias, pela ação das chuvas, é dificultada;
  6. proporcionam melhoria das condições físico, químicas e biológicas do solo pelo aumento da matéria orgânica;
  7. reduzem a perda de nutrientes das camadas superficiais, pela ação das chuvas, em solos que sofrem com a erosão.
Mineralização da Matéria OrgãnicaPara que o N orgânico seja aproveitado pelas plantas é preciso que os microorganismos do solo promovam a mineralização da matéria orgânica. Os microorganismos do solo utilizam o nitrogênio (N) como energia e o carbono (C) oriundo dos restos vegetais para formarem tecidos do próprio corpo. O nitrogênio (N) excedente será liberado para o solo e colocado à disposição das plantas para o seu desenvolvimento e produção. Seria, por exemplo, o caso do milho em sucessão que aproveitaria este nitrogênio. " O N orgânico para ser mineralizado tem que ser primeiro imobilizado pelos microorganismos ".A relação C/N determinará o processo de decomposição, mineralização e disponibilidade de nitrogênio (N) para as plantas. Ela não é constante em todo o processo de desenvolvimento das culturas, mas varia com a idade das plantas. Restos vegetais que apresentam alta relação C/N, como o caso do azevém, aveia preta, centeio, sorgo granífero e o forrageiro, milheto e outras gramíneas, são de decomposição lenta e a liberação de N é menor por causa da mineralização lenta e a cultura em sucessão poderá não aproveitar todo o nitrogênio (N) que seria disponibilizado. O uso de palhada de braquiária, por ter uma relação C/N muito alta, não traz nenhuma vantagem no fornecimento do nutriente (N), apesar de contribuir para a cobertura do solo. Há o aparecimento de um inseto, o "bezouro cinza", que ataca as plantinhas de milho, quando cultivdo em sucessão, diminuindo a população de plantas e, consequentemente, a produtividade. O nabo forrageiro, como cultura de inverno, pode ajudar na redução populacional do bezouro cinza. Os custos com a dessecação da braquiária é mais onerosa pois necessita de 4 a 5 vezes mais dose, por aplicação, do que a usada quando se trata do nabo forrageiro. A dessecação do nabo forrageiro requer 1 l/ha de produto específico. Talvez, para áreas novas, na implantação do sistema de plantio direto, a braquiária possa ser utilizada.

Vamos supor um agricultor que tem na sua propriedade materiais como "húmus e alfafa. Ele quer estabelecer, na formação de um composto, uma relação C/N maior que 30:1. O húmus tem uma relação C/N 10:1 enquanto a alfafa 14:1. Juntando os dois materiais chega-se a uma relação C/N 12:1 (10 + 14 dividido por 2). Para chegar aos 30:1 ou mais, o agricultor terá que usar um produto rico em carbono (C) . Ele consegue isto com restos de cana-de-açúcar que tem uma relação C/N de 50:1 ou palha de aveia que tem uma relação C/N igual a 80:1. Se misturar o húmus e alfafa com os restos de cana vai conseguir uma relação C/N igual a 31:1 (12 + 50 dividido por dois. Se misturar o húmus e alfafa com a palha de aveia a relação C/N será de 46:1 (12 + 80 dividido por 2). O agricultor deve providenciar na análise dos materiais que tem na propriedade para um conhecimento melhor dos teores da relação C/N presente nos produtos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Hidroponia

"Plantas se desenvolvendo sem solo, raízes absorvendo os nutrientes através de uma solução nutritiva balanceada – isto é Hidroponia".
Esta prática é milenar, pois na China era empregada há 2.000 anos. No Brasil começou a tomar vulto a partir de 1990. Podemos usar, também, substratos inertes como: cascalho, areia lavada, lã de rocha, serragem, casca de árvores.
As plantas são colocadas em canais ou recipientes e recebem uma solução nutritiva balanceada em quantidades individuais, de água e nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. As hortaliças, como alface, brócolis, repolho, pepino, berinjela, tomate e outras hortaliças, plantas ornamentais, mudas de árvores, etc... São produtos que não precisam de aração, gradagem, capinas. Os desperdícios com fertilizantes são muito menores, pois os nutrientes são balanceados para cada planta. O número de pulverizações contra pragas e doenças é bem menor. Como são cultivadas sem solo, as plantas estão isentas de contaminação como bactérias, fungos, lesmas, insetos. O controle de doenças e pragas, se bem que mais baixo, é muito mais fácil de executar. O produto é vendido embalado não sofrendo o contato com as mãos, com caixas, caminhões. Na embalagem você pode identificar marca, cidade onde foi produzida, nome do produtor ou do responsável técnico, características do produto e telefone para contato. Os produtos hidropônicos duram mais na geladeira. Para o produtor, os custos iniciais são bem elevados devido à necessidade de terraplanagens, construção de estufas, mesas, bancadas, tubulações com orifícios para as plantas, sistemas hidráulicos para movimentar a água e sistema elétrico. Os custos com energia são altos e não pode faltar. A hidroponia apresenta uma série de vantagens:
1 - A produção pode ser feita durante todo o ano;
2 - O controle dos nutrientes é muito melhor. É possível ajustar o balanceamento de nutrientes;
3 - A quantidade e disponibilidade de nutrientes é homogênea para todas as plantas. As plantas absorvem a quantidade de nutrientes que realmente elas precisam;
4 - O controle de doenças e pragas é facilmente realizada;
5 - O custo com mão de obra é menor. Um homem cuida de 10.000 pés de alface;
6 - Não há desperdício de água e nutrientes. A economia é de 70%
7 - A produtividade, em relação ao plantio tradicional, é 30% maior;
8 - Por ser colhida com raiz, a sobrevida da planta é maior;
9 - Um plantio de 3.400 pés de alface requer 140 m²;
10 - Não há preocupação com rotação de cultura;

No Brasil, o cultivo predominante é o NFT (nutrient film technique) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes. Este sistema é composto por um tanque de solução nutritiva, um sistema de bombeamento, canais de cultivo. A solução nutritiva é bombeada para os canais e volta, por gravidade, ao tanque, formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes. Outro sistema o DFT (desp film technique) cultivo na água ou floating, a solução nutritiva forma uma lâmina profunda (5 a 20 cm), na qual as raízes ficam submersas. Não existem canais, mas uma mesa plana por onde a água circula por meio de um sistema de entrada e drenagem. Outro sistema, com substratos, é usado materiais inertes. A solução nutritiva percola através do material e é drenada na parte inferior retornando ao tanque com solução.
Cuidados com a água
A água que vai ser usada deve ser analisada para verificar a existência de nutrientes, metais pesados, salinidade, presença de fungos e bactérias. Se a água apresentar macronutrientes deve-se descontar da quantidade de adubo que vai ser adicionada. Este desconto deve prevalecer quando os macros forem maiores do que 25% que vão ser adicionados. Para os micronutrientes, 50%. As águas de poços subterrâneos são ricas em cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Águas com cloreto de sódio (NaCl) acima de 50 ppm (50g/1.000L) começam a causar problemas de fitotoxidez e podem não ser usadas. As águas subterrâneas de rochas calcáreas ou dolomíticas contêm bons teores de Ca e Mg. Se a água for dura (elevado teor de carbonatos HCO3), causam elevação do pH e indisponibilidade do ferro (Fe). Águas com condutividade elétrica (indica o teor de sais dissolvidos) superior a 0,75 mS/cm não é recomendada para uso em hidroponia.
Huett (1994), plantas de alface cultivadas em soluções nutritivas com baixa condutividade elétrica (0,4 mS/cm) apresentaram deficiências de N e K e altores teores de Ca nas folhas novas. Com o aumento da condutividade elétrica da solução nutritiva, as deficiências desapareceram. Paulo César Costa e outros da FCA/UNESP verificaram que a condutividade elétrica da solução nutritiva influenciou o peso do material fresco e seco da cabeça de alface, sendo maior na condutividade de 2,4 ± 0,24 mS/cm.
A água potável, isenta de microorganismos e metais pesados, contribui para a formação de plantas mais saudáveis.
Consumo de água
Uma alface hidropônica consome de 75ml a 100ml de água por dia. Um projeto de 10.000 pés de alface poderá consumir de 750 a 1.000 litros de água por dia.
Um reservatório de solução nutritiva no sistema NFT deverá ter a capacidade de armazenar 500ml a 1 litro de solução por dia. Para este projeto de 10.000 pés de alface, o reservatório deverá armazenar de 5.000 a 10.000 litros de solução nutritiva.
Na solução, os nutrientes macro e micro devem ter alta solubilidade em água e alta pureza. O cultivo de plantas hidropônicas é bastante complexo e exige conhecimentos. O produtor deve ter a assistência de um responsável técnico para ter sucesso no empreendimento.

Fontes: Revista terra, Portal São Francisco