quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eficiência dos Fertilizantes - Parte II - perdas de Fósforo e Potássio

Na postagem Parte I sobre a Eficiência dos Fertilizantes em relação às perdas de nutrientes no solo, comentamos sobre o Nitrogênio: Ciclo do N, processos que ocorrem no solo, perdas do nutriente. Vamos prosseguir, nesta postagem, comentando as perdas de fósforo e o potássio.
Para acessar o artigo Eficiência dos fertilizantes - Parte I - perdas de nitrogênio 
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O FÓSFORO:
Dos três macronutrientes primários (NPK) exigidos pelas plantas, o fósforo é absorvido em pequenas quantidades. Mas sua presença no solo é indispensável para o crescimento e produção de grãos e frutos. Afirma-se que quando as plantas atingirem 25% da altura total, elas já armazenaram 78% de suas necessidades totais em fósforo. Isto explica porque deve haver um suprimento adequado de fósforo no momento que as plantas começam a germinar, particularmente em plantas de ciclo curto. Os fertilizantes fosfatados, sob a forma solúvel em água, reagem, no solo, com o ferro, alumínio, argilas, matéria orgânica, formando compostos insolúveis não aproveitáveis pelas plantas. Por isto, uma cultura aproveita apenas 15 a 30% do fósforo aplicado como fertilizante. Isto explica o porquê das fórmulas de fertilizantes (NPK) apresentarem o teor, relacionado ao fósforo, em maior quantidade se as plantas exigem pequenas quantidades deste nutriente. Por exemplo: a fórmula 5-30-25 é um adubo NPK contendo 5% de nitrogênio (N), 30% de fósforo (P) e 15% de potássio (K). Nesta fórmula, o maior nutriente em quantidade é o fósforo (P=30). Por que? Como vimos as plantas aproveitam de 15 a 30% do fósforo aplicado no solo. Portanto, a necessidade de se utilizar fórmulas com altas concentrações de fósforo para liberar aquela quantidade que a planta necessita para o seu desenvolvimento até à maturação. O restante do fósforo que foi fixado no solo será liberado com aplicações de calcário (calagem).

Lavagem do P: no solo, o fósforo é pouco móvel pois é firmemente retido não sofrendo com a percolação. Mesmo em campos irrigados, a água de drenagem apresenta valores de fósforo que não excedem a 1 mg/dm3. Sendo assim, as perdas de fósforo por percolação são desprezíveis.

Erosão: é a responsável pelas maiores perdas de fósforo. Na erosão, verifica-se perdas de matéria orgânica e partículas coloidais com fósforo. Além do fósforo, outros nutrientes, como o nitrogênio e o potássio, sofrem grandes perdas pelo carregamento do solo onde estão contidos.

Fósforo fixado: – é aquela forma de fósforo mineral que se encontra combinada a outros elementos como cálcio, ferro e alumínio, formando compostos não assimiláveis pelas plantas. Esta fixação depende das condições inerentes a cada solo e pode ocorrer com maior ou menor intensidade. É um problema muito sério em solos ácidos. A calagem é uma das formas de minimizar a fixação. Os íons OH, gerados pela reação do calcário no solo, ocupam o lugar dos íons de P liberando o nutriente para a solução do solo. As argilas, do tipo caulinitas, com relação 1:1 (sílica e alumínio) contribuem para a fixação do fósforo. A taxa de recuperação do P pelas culturas é baixa (15 a 30%).
Fósforo imobilizado: é aquela forma de fósforo que se apresenta na fórmula orgânica não assimilável pelas plantas. Este fósforo torna-se disponível para a planta pela mineralização da matéria orgânica.
Fósforo adsorvido: é aquela fração de fósforo que se encontra preso ao complexo coloidal do solo tornando-se disponível através de trocas com as raízes.
Fósforo assimilável:– é aquela parte de fósforo que se encontra diluído na solução do solo sendo facilmente absorvida pelas plantas.
Fósforo disponível  =  fósforo adsorvido  +  fósforo assimilável
CICLO DOS FOSFATOS SOLÚVEIS


1. O fosfato solúvel em água em contato com a solução do solo, solubiliza-se tornando-se imediata e totalmente disponível. Parte deste fósforo fica diluído na solução do solo e parte fica adsorvido ao complexo coloidal (argilas), por troca iônicas com OH-;
2. Nossos solos sendo ácidos apresentam elevados teores de ferro, e alumínio e outras bases e, portanto, grande parte do fósforo disponível é fixada, formando compostos de ferro e alumínio insolúveis;
3. Parte do fósforo disponível é absorvida pelos vegetais e pelos microorganismos do solo para obterem a energia para viverem. Temos, então, o fósforo imobilizado;
4. O fósforo fixado poderá voltar a ser disponível pela ação dos ácidos orgânicos provenientes da mineralização da matéria orgânica e pela acidez livre do solo (H+), pelas secreções ácidas das raízes e pelo gás carbônico do ar do solo;
5. Com a morte dos microorganismos do solo e dos restos de culturas, o fósforo imobilizado pode tornar-se, novamente, disponível para as plantas pelo processo de mineralização da matéria orgânica. O número de microorganismos no solo é grande. Apenas em 1 grama de solo encontramos de milhares a milhões de fungos, bactérias, algas e protozoários, etc...Nesta ação de desdobramento da matéria orgânica do solo pelos microorganismos, resultam ácidos fracos ( acético, cítrico, fórmico e outros) os quais podem solubilizar as formas de fósforo fixado. Parte do fósforo é aproveitado pelos microorganismos e parte fica disponível na solução do solo para ser absorvida pelas plantas ou ser novamente fixada.

Retrogradação do P:

ocorre em solos com alto teores de cálcio (Ca). O fósforo do fertilizante é convertido em fosfato tricálcico de baixa disponibilidade para as plantas. É como se o fósforo do fertilizante voltasse à forma de rocha fosfatada. A indústria de fertilizantes utiliza a rocha fosfatada para a obtenção de superfosfatos (fosfatos acidulados) pelo ataque dos ácidos sulfúrico e fosfórico, com a finalidade de transformar o fósforo insolúvel em fósforo disponível para as plantas. O fósforo retrogrado não é perdido mas sua disponibilidade torna-se lenta.

O POTÁSSIO:
Fixação do K: o potássio (K) não reage no solo como fósforo. O potássio está presente na solução do solo ou adsorvido aos coloides. Nos processos de troca, ele é deslocado das posições de trocas dos colóides do solo e ingressa na solução do solo onde é absorvido pelas plantas. Algumas argilas têm a capacidade de fixar o potássio. Este K fixado pode ser trocado por outros cátions.

Lavagem do K:
na solução do solo o K é móvel e sujeito às perdas por lavagem. Entretanto, como a concentração de K na solução do solo é muito baixa, as perdas por lavagem são muito pequenas. Exceto em solos arenosos e de baixa capacidade de retenção de cátions (CTC), onde elas são maiores.

CONCLUSÃO:
Em função de todos os processos que comentamos nas postagens I e II, de todas as perdas sofridas pelos macronutrientes NPK, foi estimada um percentual de aproveitamento dos nutrientes, com fatores específicos para cada um, conforme quadro abaixo:


Das quantidades ne NPK aplicadas no solo, coloca-se duas vezes mais N, de três a cinco vezes mais P2O5 e 1,5 vezes mais K2O.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Interpretação da análise de solos - Exercícios

Suponhamos que um agricultor fez a análise de solo da sua lavoura que apresentou os seguintes resultados:
PH em água – 4,6
Matéria orgânica - 25g/dm³
Ca - 0,7 cmolc/dm³
Mg - 0,3 cmolc/dm³
Al - 1,7 cmolc/dm³
H+ + Al - cmolc/dm³
P - 2 mg/dm³
K - 25 mg/dm³
Argila - 600 g/kg
Areia - 350 g/kg
Silte - 50 g/kg
1. Qual o valor da soma de bases deste solo ?Sabemos que para calcular a soma de bases, usamos a fórmula:
S = Ca + Mg + K
O potássio está expresso em mg/dm³. Deveremos convertê-lo para cmolc/dm³.
Para converter devemos usar os coeficientes abaixo:
mg/dm3 de K x 0,001 = K g/dm³
g K x 2,5582 = K cmolc /dm³
Portanto, chegamos ao resultado abaixo:
25 mg/dm³ de K x 0,001 = 0,025 g de K/dm³
0,025 g K x 2,5582 = 0,06 cmolc de K/dm³
Agora temos todos os dados para o cálculo da Soma de bases deste solo (S). Ou seja, Ca = 0,7 cmolc/dm3, Mg = 0,3 cmolc/dm3 e o K = 0,06 cmolc/dm³
S = 0,7 + 0,3 + 0,06 = 1,06 cmolc/dm³
S = 1,06 cmolc/dm³
" O solo em questão apresenta uma extrema pobreza de nutrientes Ca, Mg, P e H. Além disto tem uma acidez excessiva, médio teor de matéria orgânica e elevado teor de argila".2. Qual a CTC efetiva (t) deste solo ?
t = S + Al3+ t = 1,06 + 1,7 = 2,76 cmolc/dm³
Capacidade efetiva = t = 2,76 cmolc/dm³"A CTC efetiva de 2,76 cmolc/dm3 é baixa. O solo, nestas condições tem baixa capacidade de reter cátions mesmo apresentando 20g/kg de matéria orgânica e 600g/kg de argila. Apesar da alta percentagem de argila, elas devem ser de baixa reatividade possivelmente uma caulinita e/ou óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio. Mesmo nesta condição de 600g/kg de argila, as perdas de nutrientes, por lixiviação, é grande. Estas perdas podem ser minimizadas pela adição de calagem que vai liberar cátions e gerando cargas dependentes de pH".


3. Qual a Percentagem de saturação de Al³+ (m)?m (%) = 100 x Al3+ / t = 100 x 1,7 / 2,76 = 65,6%
Percentagem de saturação de Al³+ (m) = 65,6 %"A percentagem de saturação de alumínio da CTC efetiva significa que 65,5% dos pontos de troca são ocupados pelo alumínio. Nestas condições, o desenvolvimento das plantas sofrerá sérias limitações".4. Qual a CTC a pH 7,0 (T) deste solo ?Na análise da terra em consideração, o teor de (H++ Al) = 5,5 cmolc/dm³.
CTC a pH 7,0 T = S + (H + Al) = 1,06 + 5,5
CTC a pH 7,0 T = 6,56 cmolc/dm³

"A CTC a pH 7,0 confirma a baixa atividade das argilas pois o valor encontrado 6,56 cmolc/dm³ é baixo, embora em relação a CTC efetiva houve um aumento de 137%".5. Qual a percentagem de saturação de bases (V%) da CTC a pH 7,0 ?V% = 100 x S / T V% = 100 x 1,06 / 6,56 = 16,2 %
Percentagem de saturação de bases da CTC a pH 7,0 = V% = 16,2 %

6. Qual a percentagem de saturação de ácidos (M) ?
M% = 100 – V = 100 – 16,2 = 83,8%Percentagem de saturação de ácidos M = 83,8%

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eficiência dos Fertilizantes - Parte I - perdas de Nitrogênio

Nesta Parte I vamos comentar os diversos processos que se verificam com aplicação do nitrogênio no solo e as perdas deste nutriente para que no final da Parte II (fósforo mais potássio) tenhamos os índices de aproveitamento médio dos fertilizantes NPK.



Nitrificação: é um processo biológico pela ação de bactérias, em condições aeróbias e presença do N amoniacal. É a oxidação da amônia em nitratos com a formação intermediária de nitritos.
As nitrossomonas oxidam o N-NH4 para o N-NO2 (nitrito)
As nitrobacter oxidam o nitrito para N-NOOs íons de hidrogênio (H) contribuem para a acidificação do solo quando da aplicação de N amoniacal porque a nitrificação tem um efeito acidificante. Isto requer a aplicação de 2 kg de carbonato de cálcio para neutralizar a acidez de 1 kg de N-amoniacal.. O sulfato de amônio, cujo N está na forma amoniacal, necessita mais carbonato, ou seja 5 kg por causa da presença do íon sulfato. Solos bem aerados, temperaturas amenas e um pH ao redor de 6,5 ou mais favorecem a nitrificação. Em solos com baixa capacidade de troca de cátions (CTC) as aplicações de N amoniacal deve ser feita em temperaturas muito baixas. A nitrificação pára à temperatura de zero grau. Enquanto o N amoniacal ficar adsorvido aos colóides do solo, não se perde N por lavagem. Na nitrificação, os íons NO3 serão usados na denitrificação.

Denitrificação: é o processo de redução biológica do N mineral até N2. Ocorre tanto em solos com baixo suprimento de oxigênio (O2) como em solos bem drenados. É o final do ciclo do nitrogênio. O N2 fixado do ar, por via industrial ou biológica, é devolvido à atmosfera sob condições aeróbias, sendo N2O o intermediário nesse processo. Até 1980 a denitrificação era considerada a principal fonte de N2O. Mas a nitrificação também é uma fonte de N2O. Solos inundados, condições anaeróbias, temperaturas médias, relação C/N alta, grande população de bactérias favorecem a denitrificação quando o oxigênio está faltando. Apenas o N-NO3 pode ser denitrificado. O N-NH4 não pode ser e por este motivo é que se usa nitrogênio na forma amoniacal em solos cultivados com arroz irrigado. Nos solos alagados existem duas camadas: uma superficial oxidada e uma reduzida ou anaeróbica. A difusão do NH4 da camada anaeróbica para a camada aeróbica é um mecanismo de perda de N em solos alagados. O NH4 se desloca para a superfície do solo onde é nitrificado e o NO3 retorna à camada anaeróbica onde é denitrificado. O maior produto da denitrificação é o nitrogênio elementar (N2) que constitui quase 90% do produto.

Volatilização do N: quando a uréia é aplicada ao solo, em poucos dias, ela é hidrolisa por meio da enzima urease e inicia-se o processo de perda de amônia. A urease é produzida por fungos, bactérias e actinomicetos. Há formação de carbonato de amônio que se desdobra em (NH3), gás carbônico (CO2) e água. Parte do NH3 reage com os íons H+, presentes na solução do solo, resultando em NH4+. Os íons H+ dissociáveis no complexo coloidal também reagem com o NH3. A hidrólise ocorre em vários teores de umidade e quanto mais rápida ela for maior serão as perdas de NH3. Por outro lado, a medida que aumenta o pH do solo, aumenta a volatilização de NH3. No caso de uréia aplicada em cobertura, as perdas podem atingir de 50 a 80% do total de N aplicado. A uréia, bastante usada em adubação de cobertura, pelo alto teor de nitrogênio e pelo menor custo de sua unidade, tem grandes perdas por volatilização, o que compromete a sua eficiência agronômica. Principalmente em solos com baixa CTC, cobertos com palhada, baixa umidade e temperaturas altas.

Lixiviação: é um grande problema pois acarreta perdas de nutrintes pela percolação da água, da zona das raízes para as áreas mais profundas do solo tornando-os indisponíveis para as plantas. A lixiviação depende, em maior ou menor grau, da textura, estrutura, profundidade e porosidade do solo.. Os solos que apresentam alta capacidade de troca de cátions (CTC) são menos suscetíveis à lixiviação, pois os cátions estão firmemente adsorvidos aos coloides. A medida que aumenta o pH do solo, aumenta a CTC e maior número de cargas positivas para adsorver os cátions do solo. Em condições normais, apenas 5% do N do solo se encontra sob a forma de íons NH4 (amônio) e NO3 (nitrato). O nitrato, por ser um íon muito móvel no solo e baixa energia de adsorção aos coloides, é facilmente perdido por lixiviação. Trabalhos de pesquisa têm demonstrado que as perdas de N por lixiviação são maiores no sistema de plantio direto do que no sistema convencional. Isto porque no sistema de plantio direto há uma maior infiltração de água devido à melhoria na estrutura do solo ocasionada pelas coberturas vegetais. Quando se aplica uréia no solo, ela é hidrolisada pois o NH3 com a água forma NH4 e libera oxidrilas (OH-) conforme a reação:
NH3 + H2O = NH4 + OH-
O cátion NH4 é adsorvido ao solo (adorção) como acontece com os outros cátions. Esta adsorção é reponsável pela resistência do N amoniacal à lavagem. A liberação de OH- é responsável pelo aumento do pH do solo. À medida que se verifica a nitrificação o pH cai rapidamente.

Queima da palhada: quando a queima da palhada é realizada, verifica-se perdas de nutrientes por volatilização do nitrogênio na forma elementar e do enxofre (S) na forma de óxido (SO2).

Para acessar o artigo Eficiência dos fertilizantes - Parte 2 - fósforo e potássio  (clique aqui)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (2)

Na Parte I tivemos a oportunidade de comentar a extração e exportação de nutrientes do colmo e folhas da cana-de-açúcar, a importância dos mesmos, as deficiências dos macros e micronutrientes, a necessidade da correção do solo.
Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (Parte 1)

A recomendação de calcário para a cana planta, no Estado de São Paulo, baseia-se na percentagem de saturação por bases (V%).
NC = (V2 - V1) T / PRNT, onde
V2 = % saturação por bases que se quer atingir (60%)
V1 = % saturação por bases conforme análise do solo
T = capacidade de troca de cátions em cmolc/dm³
NC = necessidade de calcário em t/ha
Para quem não se lembra:
T = S + (H+Al) em cmolc/dm³
S = Ca+Mg+K em cmolc/dm³
1 cmolc/dm³ = 10 mmolc/dm³
Por exemplo: V1 = 12% ; V2 = 60% ; T = 15 cmolc/dm³ ; PRNT = 80, logo
NC = (60-27) x 15 / 80 = 6, 18 t/ha

Vitti & Mazza apresentam uma fórmula para o cálculo da necessidade de calagem (NC) levando em consideração os resultados das amostras colhidas de 0-20 cm e de 20-40 cm.
NC = (V2-V1)CTC¹ + (V2-V1)CTC² / PRNT
CTC¹ = T¹ = capacidade de troca de cátions da camada de solo de 0-20 cm
CTC² = T² = capacidade de troca de cátions da camada 20-40 cm
Nesta fórmula, a NC t/ha seria a quantidade de calcário para aplicar na camada de 0-40 cm de solo.Luz & Martins, citados por Vitti, apresentam a seguinte fórmula para a cana planta.
NC = (V2-V1)CTC¹ /PRNT + 1/2(V2-V1)CTC² /PRNT
A NC encontrada em t/ha é para a incorporação do calcário na camada de 0-40 cm.
A COPERSUCAR, recomenda para solos arenosos a seguinte fórmula para encontrar a NC.
NC = 3 - (Ca+Mg) x 100 / PRNT
NC = t/ha para a camada de 0-20 cm.
Na cana soca, Vitti & Mazza indicam a seguinte fórmula para calcular a necessidade de calagem.
NC t/ha = (V2-V1)T / PRNT . A dose máxima deve ser de 3 t/ha.Na fabricação do superfosfato simples, há uma grande produção de um subproduto - o gesso ou sulfato de cálcio dihidratado. O gesso é mais solúvel e mais móvel que o calcário e fornece nutrientes como o Ca e S para as plantas, corrige áreas sódicas e é um ótimo condicionador para estercos reduzindo as perdas de N por volatilização. Na correção das áreas sódicas, o Ca do gesso substitui o sódio (Na) adsorvido à argila com formação de sulfato de sódio que é móvel no solo. Por ser mais solúvel que o calcário, o gesso corrige a acidez do solo mais rapidamente além de liberar cálcio para absorção pelas plantas e desenvolver o sistema radicular com grandes benefícios para os cultivos. O gesso pode ser utilizado nas áreas de depósito da vinhaça as quais apresentam excesso de potássio. Neste caso, haverá formação de sulfato de potássio que é bastante móvel no perfil do solo. A aplicação e incorporação do gesso, com irrigação, promove uma substituição do potássio (K) adsorvido aos coloides do solo pelo cálcio (Ca) contido no subproduto. O gesso deve ser usado quando a amostragem de 20-40 cm apresentar teores de Ca menor que 0,5 cmolc/dm³ ou 5,0 mmolc/dm³, alumínio (Al) maior que 0,5 cmolc/dm³ ou 5,0 mmolc/dm³, saturação por alumínio (m%) maior que 30% e saturação por bases (V%) menor que 35%. No cálculo da necessidade de gesso busca-se atingir V2 = 50%. na camada de 20-40 cm.
NG = (V2-V1)T / 100  
NG (t/ha) = (50-V1).T / 100
Os valores V1, T são os encontrados nos resultados de análise das amostras colhidas na profundidade de 20-40 cm.A fosfatagem é uma prática que proporciona maiores volumes de P no solo, mas o problema é a maior fixação. Esta prática promove um melhor desenvolvimento radicular das plantas com melhor absorção dos nutrientes e da água do solo. Pelo desenvolvimento, as raízes vão mais longe, explorando um maior volume de solo, encontrando nutrientes e água para suportar melhor os períodos de estiagem. Os produtores devem buscar as recomendações de um técnico quanto às necessidades e quantidades de fósforo nos canaviais.
Na adubação verde preferir sempre uma leguminosa devido a fixação do nitrogênio do ar pelas bactérias fixadoras que vivem em simbiose nas raízes. Isto faz com que a adubação nitrogenada seja dispensada. A utilização da adubação verde assegura um melhor controle e menor perdas de solo carregado de nutrientes, pela erosão. A incidência de ervas daninhas é diminuída.
Quanto à adubação orgânica, os dois principais resíduos orgânicos da cana-de-açúcar são a torta de filtro e a vinhaça. A torta de filtro é rica em P2O5 e CaO e é utilizada na cana planta, em toda a área, nas dosagens de 30 a 60 t/ha. A torta substitui, total ou parcialmente, a adubação fosfatada, sempre procurando verificar a dosagem de P2O5 recomendada.
A vinhaça é empregada na cana soca fornecendo todo o K2O e parte de N. O restante do N deve ser aplicado em cobertura através dos adubos nitrogenados existentes no mercado.
Quanto à adubação de plantio, deve ser processada através da análise do solo. No sulco usa-se P e K. O nitrogênio (N) é aplicado na dose de 30 a 40 kg/ha. Se foi feita a rotação de culturas com uma leguminosa, dispensa-se o uso deste nutriente. A ureia aplicada em solos cobertos por palhada provoca perdas elevadas de N por volatilização de 50 a 94%. A chuva ou a irrigação com vinhaça pode reduzir esta taxa, pois arrastam o fertilizante para as profundidades do solo diminuindo a volatilização. O sulfato de amônio não sofre grandes perdas por volatilização mas a desnitrificação se faz presente. Quanta à palhada, as altas relações C/N, C/P e C/S indicam uma baixa de nutrientes N, P e S, e a planta responderá à adubação nitrogenada.
Vitti recomenda em solos com menos de 25% de argila, usar 100 a 150 kg/ha de P2O5 em toda a área e 100 kg/ha de P2O5 no sulco de plantio. Já em solos arenosos, aplicar 100 kg/ha de K2O no sulco de plantio e o restante em cobertura.
Na adubação da cana soca, para cada tonelada de colmos esperada, aplicar a dose de 1 kg/ha de N. Se a produção esperada é de 100 toneladas de colmos, aplicar 100 kg/ha de N. Quanto ao K, aplicar quantidades de acordo com a produção esperada e conforme os teores do nutriente nas amostragens de solos das soqueiras. Manter a relação N:K2O de 1:1 ou 1:1,5.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Notícias

Aquisição de outorga para fins de irrigação

Os procedimentos para a aquisição de outorga para fins de irrigação foram apesentadas na 7ª Reunião Ordinária da Câmara Temática de Agricultura Sustentável e Irrigação, em Brasília no último dia 2 de julho. Os interessados deverão encaminhar os seguintes documentos:

1. Cadastro Nacional de Usuário de Recursos Hídricos;
2. Planilha de cálculo mensal da necessidade de irrigação;
3. Requerimento de solicitação.
A outorga é uma garantia ao produtor rural na concessão, pelo governo federal ou estadual , o direito do uso de uma quantidade de água em determinado curso d´água. Ou seja, vai poder usar água durante o período solicitado de acordo com o plano de bacias que foi negociado.

Exportação de ovos para a União Européia

A UBA, União Brasileira de Agricultura, apresentou ao Ministério da Agricultura um programa com a finalidade de abrir novos mercados para os ovos de galinha produzidos no Brasil. A finalidade principal é criar condições para que o governo possa negociar com a União Européia. A condição indispensável para entrar no mercado europeu é a criação do Plano Nacional de Controle de Resíduos de Contaminantes, providência esta que já vem sendo tomada.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Formas de aplicação do Fósforo

Dos três nutrientes NPK aplicados no solo, o fósforo (P) é aproveitado pelas plantas em menor quantidade. Entretanto, nas formulações de adubos, o fósforo é o que apresenta o teor mais elevado. Exemplo: 05-30-15; 10-30-10; 08-24-12. Isto se deve ao fato de que, no solo, o fósforo é fixado pela acidez e pela presença dos íons Fe e Al forma compostos insolúveis de ferro e alumínio que não são aproveitáveis para as plantas. Estima-se de que do fósforo aplicado no solo, a planta aproveita de 15 a 25%. Daí, a necessidade de ser feita uma calagem prévia para corrigir a acidez do solo criando condições melhores para a disponibilidade do fósforo para as plantas. Nos solos naturais dos cerrados, o fósforo é o principal fator limitante da produtividade. Os superfosfatos, simples ou triplo, quando são aplicados no solo, todo o fósforo é retido na fase sólida dando origem a compostos pouco solúveis. Entretanto, uma parte deste fósforo é absorvida pelas plantas. O fósforo é pouco móvel no solo e chega até a planta por difusão. Quando os fosfatos solúveis em água são aplicados, a reação é rápida e mantém a solução do solo saturada de P ao redor do grânulo do adubo. Isto cria um gradiente de concentração fazendo com que a água se movimente até a sua direção, e existe uma difusão da solução das regiões mais concentradas para as menos concentradas. Isto garante soluções com fósforo suficiente para atender à absorção pelas plantas através das raízes. Uma alternativa para melhorar este quadro é o produtor aplicá-los de maneira correta. As formas de aplicação mais utilizadas são: no sulco, na cova, em faixas, a lanço, na superfície com ou sem incorporação.
A aplicação localizada tem uma série de vantagens:
1. aplicação de doses menores do que a usada a lanço;
2. em virtude da menor área de contato, a fixação do fósforo também é menor;
3. os grânulos dos adubos fosfatados ficam ao alcance das raízes quando as plantas estão desenvolvendo o sistema radicular;
4. para quem é arrendatário a aplicação localizada é mais econômica porque diminui os custos do uso de fertilizantes. A aplicação em toda a área, no intuito de aumentar a fertilidade, beneficia somente o proprietário.
Por sua vez, a aplicação a lanço permite, também, uma série de vantagens:
a. ela permite a aplicação de doses elevadas de fósforo, como no caso da correção do solo (fosfatagem) elevando a produtividade das culturas;
b. a aplicação a lanço e depois a incorporação promovem um maior desenvolvimento do sistema radicular da planta que facilita uma melhor absorção dos nutrientes e a busca por água;
c. nas pastagens formadas, a única maneira de aplicar o fósforo é a lanço.
Entretanto, em solos de baixa fertilidade a aplicação antecipada do fósforo parece não ser recomendada. Em lavouras de primeiro ano, pior ainda. Resultados de pesquisa mostram que, nestes solos, o melhor é aplicar na linha de semeadura. Nos solos que se faz a fosfatagem, pode-se aplicar o fósforo a lanço, no momento da correção, e depois fazer as adubações de manutenção aplicando-o no sulco.
Surge uma interrogação. A aplicação a lanço, pala maior área de contato, não aumentaria a fixação do fósforo?. Existe um trabalho de Souza e Volkweiss onde o volume de solo que entra em contato com o grânulo de fertilizante fosfatado foi estimado. Dose de 200 kg/ha de P2O5, aplicada a lanço, com grânulos de 2, 4, 6 mm, o volume de solo ocupado com fósforo foi de 25, 15 e 9%, respectivamente
Há recomendações de que nos cerrados, as doses de P2O5 superiores a 100 kg/ha devem ser aplicadas a lanço. Nas doses inferiores, a recomendação é para aplicação em sulco.
Em pastagens estabelecidas, os fosfatos solúveis em água podem ser lançados em cobertura. Souza e outro, mostraram que a aplicação de dosagens de fósforo de 30 kg/ha, a cada dois anos, permitiram uma maior produtividade dos pastos de 98 a 110%. Isto foi benéfico no aumento da quantidade de matéria seca.
No sistema de plantio direto, o comportamento do fósforo é diferente porque não houve um revolvimento do solo e isto diminui o contato entre os íons de P e os coloides do solo. A fixação do fósforo é amenizada. A mineralização lenta da matéria orgânica promove a liberação de formas orgânicas de fósforo, diminuindo a fixação do mesmo. Devido a maior decomposição da matéria orgânica, são liberadas cargas negativas orgânicas que sequestram as cargas positivas, como Fe e Al, diminuindo o processo de fixação do fósforo. Se conclui, então, que a adoção de práticas para aumentar os níveis de matéria orgânica promovem um benefício para um maior aproveitamento do fósforo pelas plantas. Por isto, o aproveitamento do fósforo aplicado em áreas de plantio direto é maior do que aquele aplicado em áreas convencionais. No plantio direto, como o fósforo é pouco móvel no solo, verifica-se uma maior concentração entre 0-5 cm de solo. Porém, as raízes das plantas encarregam-se de distribuir o fósforo à camadas mais profundas aumentando a disponibilidade

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (I)

A planta executa os processos de extrair e exportar nutrientes. Extrair ou extração é a quantidade de nutrientes que ela precisa para o seu desenvolvimento desde a germinação até a produção. Exportar ou exportação é a quantidade de nutrientes que fica retido em suas partes verdes ou na palhada.
G.Vitti cita a tabela de Orlando F° que dá uma ideia da quantidade de nutrientes macros e micros extraídos e exportados por 100 toneladas de colmos de cana-de-açúcar.
Como o P e o K nos fertilizantes estão expressos em P2O5 e K2O teremos que transformá-los:
Para transformar P em P2O5 multiplica-se P por 2,29.
P2O5 __________ P2
(31x2) + 16x5______31x2
142 ________ 62 = 142/62 = 2,29
Para transformar K em K2O
K2O ___________ K2
39x2 + 16 ________ 39x 2
94 ________ 78 = 94/78 = 1,20

Assim sendo, na tabela ao lado temos o total de 19 P. Logo, 19 X 2,29 = 43 kg/ha de P2O5  Quanto ao potássio (K), teremos 174 X 1,20 = 210 kg/ha de K2O.
Na instalação do canavial, na adubação de plantio usa-se mais fósforo (P2O5) e potássio (K2O) e menos nitrogênio. As coberturas serão de K2O  Por sua vez, na cana soca, usa-se mais nitrogênio (N) e potássio (K2O) e menos fósforo (P2O5).
Deve ser feita a calagem da área de modo a se atingir V= 60%. A fosfatagem deve ser realizada quando o teor de P é menor que 15 mg/dm³ e CTC menor que 6 cmolc/dm³. No sulco de plantio, o trio N-P2O5-K2O deve ser aplicado conforme a recomendação técnica baseada na amostragem do solo, mais aplicação de micronutrientes e uma adubação orgânica. Em cobertura usa-se K2O quando a recomendação ultrapassar a 100 kg/ha. As coberturas de N devem ser feitas eventualmente.
Na cana soca, utiliza-se cobertura NPK com baixas quantidades de P2O5  Os micronutrientes são aplicados via foliar e a ureia adicionada ao molibdênio.
Como toda planta cultivada em solos deficientes de um ou mais nutrientes, a cana-de-açúcar apresenta, também, sintomas de deficiências nutritivas. As deficiências são:
Nitrogênio: são reconhecidas pelo amarelecimento geral das folhas que inicia pelas folhas mais velhas. Os colmos são mais finos.
Fósforo: inicia-se nas folhas mais velhas que diminuem de tamanho. Há uma clorose avermelhada com morte das folhas. O crescimento da planta é reduzido. O sistema radicular é pouco desenvolvido não suportando períodos de seca.
Potássio: aparece nas folhas mais velhas uma mistura de áreas verde-claras e escuras, clorose nas bordas e áreas necróticas. O teor de açúcar no colmo é baixo.
Cálcio: surge nas folhas mais novas. As folhas ficam esbranquiçadas, enroladas e com uma necrose escura nas pontas. Muitas vezes, a deficiência de cálcio é originária de uma aplicação de vinhaça em excesso. A vinhaça é rica em potássio que compete pela absorção de cálcio.
Magnésio: aparecem manchas amareladas e longas entre as nervuras das folhas mais velhas.
Enxofre: há uma clorose generalizada das folhas jovens.
Boro: as folhas apresentam manchas cloróticas estriadas. Há morte da gema terminal. A incidência de Fusarium é maior. As folhas do topo se amarram umas às outras.
Cobre: aparecem clorose nas folhas mais jovens e pequenas manchas verde-escuras. As folhas caem e aparecem touceiras.
Manganês: estriamento ao longo das nervuras e folhas mais finas.
Zinco: há uma redução de crescimento dos entrenós, as nervuras das folhas com clorose e o crescimento do topo paralisa.

A correta aplicação da quantidade de nutrientes vai se basear nos indícios de fertilidade do solo demonstrados pelos resultados de análises deste solos. Na cana planta a melhor época para retirada de amostra de solo é três meses antes do plantio. As amostras devem ser retiradas nas profundidades de 0 - 20 cm e de 20 - 40 cm. A área deve ser percorrida em zig-zag e colendo-se de 15 a 20 sub-amostras. Na cana soca, a melhor época é logo após o corte. As amostras de solo devem ser retiradas de 20-25 cm da linha. Deve-se cuidar isto porque amostras retiradas na linha super estimarão os teores de P e K. As amostras retiradas nas entre-linhas super estimarão os resultados de Ca e Mg e os valores de soma de bases (S) e saturação por bases (V%). Por outro lado, os valores de P e K serão subestimados.
A calagem fornece cálcio e magnésio. O cálcio promove um maior desenvolvimento do sistema radicular e com isto as raízes das plantas vão buscar mais longe os nutrientes do solo e as plantas suportam melhor os períodos de estiagem e veranicos. Pela calagem, os nutrientes são melhor disponibilizados numa faixa de pH de 6 a 6,5. A fixação do fósforo é amenizada porque o ferro (Fe), o alumínio (Al) e o manganês (Mn) que são tóxicos para as plantas, são menos disponibilizados formando compostos insolúveis que não são aproveitados pelas plantas. A palhada possui fósforo e com a mineralização da matéria orgânica este nutriente é liberado para as plantas. Este fósforo húmico é fracamente retido pelo solo. A fixação do nitrogênio do ar pelas bactéria do gênero Beijerinckia têm uma atividade maior quando o pH situa-se entre 5,5 - 6,0. Assim sendo, há liberação de nitrogênio (N) em grandes quantidades para as plantas. Por isto, a recomendação de N em cana planta é em doses baixas. Os toletes usados devem ter alta quantidade de açúcar que fornece energia para as bactérias. Com a calagem, a compactação do solo é menor porque o cálcio tem um efeito de agregação. E, com isto, a calagem, por todos os fatores descritos antes, propicia um aumento da produtividade de cana-de-açúcar.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Agrotóxicos - Primeiros Socorros

Primeiros socorros são os cuidados que devem ser dispensados às vítimas por pessoas treinadas para tal – “os socorristas”. É importante que um ou mais trabalhadores, numa grande propriedade, sejam treinados em primeiros socorros.
Existem tabus ou preconceitos que devem acabar como, por exemplo, que o leite é um bom antídoto contra o envenenamento por agrotóxicos.
No meio rural, a distância aos hospitais geralmente é muito grande. Daí a necessidade do primeiro atendimento do acidentado no local de trabalho. Muitas vezes, um socorrista precisa transportar a vítima para um hospital.
Geralmente, os casos de contaminação são resultados de erros cometidos durante o manuseio ou aplicação de agrotóxicos, pelo não uso de equipamentos de proteção, e são causados por falta de informação ou negligência do operador. Isto é, o operador é treinado para usar os equipamentos e na hora, por preguiça, não os utiliza.

Nos primeiros socorros às vítimas devem ser tomadas as seguintes medidas:
· remova a vítima para local arejado protegendo-a do calor e do frio;
· verificar o produto que, provavelmente, causou a intoxicação;

· se a vítima estiver desmaiada, mantê-la deitada com a cabeça virada de lado;

· não dar nenhum tipo de bebida para a vítima, inclusive leite;

· nunca provoque vômitos sem antes verificar se tal procedimento é permitido para o produto utilizado;

· não provoque vômito e nem dê nada por via oral a uma pessoa desmaiada;

· em caso de contato com a pele, lave as partes atingidas com bastante água e sabão e se aparecer sinais de irritação procure um médico;

· se há contaminação dos olhos, lavá-los com bastante água e procure um médico aos primeiros sinais de irritação;

· se ocorrerem convulsões, evitar que a vítima morda a língua e se machuque;

· massagem cardíaca, lavagem gástrica e ventilação artificial somente devem ser feitas por pessoas treinadas;

· leia e siga as instruções dos rótulos e bula;

· mantenha o paciente calmo e confortável;

· dê banho e vista roupa limpa na vítima, levando-a para um hospital;

· remova a vítima para local arejado protegendo-a do calor e do frio;

· apresente ao médico, a embalagem, rótulo, bula, folheto explicativo ou receita;

· antídotos só devem der ministrados por pessoas qualificadas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Lavoura e Pecuária aumentam a produção

Segundo a Embrapa, 50 milhões de hectares de pastagens, nos cerrados, encontram-se em degradação. Seus técnicos preconizam a integração lavoura e pecuária como forma de reduzir os custos de produção e dependência de agroquímicos. Daí, estão surgindo as fazendas-modelo no intuito de irradiar as técnicas modernas e resultados à determinada vizinhança.
As pastagens degradadas são integradas com as lavouras. Há uma consorciação de grãos e pastagens. No verão, é feita a consorciação de arroz e braquiária nas áreas de solos fracos, chamado Sistema Barreirão. Nas partes onde o solo é corrigido, o consórcio milho e braquiária conhecido como Sistema Santa Fé. Após a colheita dos grãos, o solo está pronto para ser pastoreado pelos animais. A produção de grãos cobre os custos com a formação e recuperação das pastagens.
Há, ainda, a consorciação de culturas para a formação de silagem e capim. Depois do corte do milho e sorgo para silagem, a braquiária é disponibilizada para ser pastoreada pelos animais no período seco. A finalidade é, em dois anos, estabelecer a rotação de culturas onde o pasto retornará para a produção de grãos.
Os técnicos da Embrapa verificaram que a implantação destas técnicas é viável, pois até agora o sistema gerou lucro mesmo com as despesas de aquisição de insumos como sementes, fertilizantes, combustível e outros, inclusive com a mão de obra.
A capacidade de suporte do gado nas pastagens aumenta e pode-se fazer cria, recria e engorda do gado, mesmo no período de seca, concluiu o gerente de uma destas fazenda-modelo, a Santa Brígida em Ipameri, estado de Goiás.
Na produção de grãos, as culturas apresentam rendimentos iguais à média das lavouras da região.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A água do Solo - Parte II

Na postagem anterior, Parte I verificamos ocomportamento da água no solo, a necessidade de um melhor desenvolvimento do sistema radicular, a capacidade da planta e do solo em reter água. Na Parte II, teremos a oportunidade de analisarmos os mecanismos de transporte e absorção dos nutrientes do solo.

Como se verifica a absorção e transporte de íons.

1. Interceptação pelas raízes ou “captação pelas raízes”
. Depende do desenvolvimento do sistema radicular da planta que, por sua vez, depende de um nível adequado de umidade. Ela é importante para os nutrientes não móveis como o cálcio e o magnésio. Este mecanismo se verifica quando a raiz cresce e encaminha os nutrientes que são absorvidos. A interceptação de raízes facilita a ação dos outros mecanismos de transporte: a difusão e o fluxo de massa.

2. Fluxo de massa. Se verifica quando o nutriente é carregado de um local de maior potencial de água para um de menor potencial, próximo das raízes. Existe um potencial de água no solo maior que aquele junto à raiz. A transpiração da planta é que causa esta diferença de potencial e que acarreta o movimento de massa da água em direção à raiz carregando os íons que se encontram na solução do solo. O fluxo de massa segue o fluxo de absorção e perda de água da planta. Resulta das perdas de quantidades de água pelas folhas, sendo ponto de partida para uma complexa série de “gradientes de concentração” desde a superfície das folhas até chegar à superfície do sistema radicular. Os nitratos e sulfatos são exemplos de nutrientes absorvidos por este mecanismo.

3. Difusão. O nutriente entra em contato com a raiz ao passar de uma zona de maior concentração para uma de menor concentração, próxima à raiz. O fósforo e o potássio estão firmemente adsorvidos ao solo e, consequentemente, em baixo teor na solução do solo. A difusão passa a ser o mecanismo de transporte. Ocorre quando a absorção é superior à chegada do nutriente à superfície da raiz. Cria-se um gradiente de concentração que proporciona a difusão dos nutrientes. Na presença da água, os íons que estão mais longe são arrastados para mais perto. Este processo é mais rápido em solos com umidade. Se o teor de umidade decresce no solo, a absorção de fósforo, pelas pequenas plantas de milho, é reduzida. A aplicação de fertilizantes em áreas úmidas do solo, ocupadas pelas raízes, provoca uma melhora na absorção dos nutrientes em relação à aplicação em um solo seco. Por isto, a vantagem de incorporar o fertilizante com aração, e coberturas seguidas de irrigação ou tempo para chuva.

A fertilização adequada aliada a outras técnicas corretas, aumenta a produtividade das culturas por unidade de água disponível, por uma série de fatores:
a. o crescimento inicial das plantas é melhorado e com isto a área foliar aumenta e uma melhor fotossíntese;
b. o desenvolvimento do sistema radicular é maior, com raízes mais profundas que vão buscar água a maiores profundidades no solo além de suportar melhor os períodos de seca;
c. aumento da cobertura vegetal que torna menores as perdas por escorrimento (erosão), facilitando uma maior infiltração de água.
d. acelera a maturidade das plantas e com isto faz com que o período que ficarão dependentes de água seja menor.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Agrotóxicos - Os Períodos de Reentrada e Carência

Na aplicação de agrotóxicos é muito importante levar em conta os períodos de Reentrada e de Carência. A não observância destes dois períodos pode causar severos prejuízos para a pessoa humana em relação à saúde. É responsabilidade do empregador rural informar e treinar os trabalhadores sobre o uso de produtos fitossanitários. Mas os trabalhadores também têm responsabilidades na leitura de rótulos e bulas dos produtos antes de manuseá-los.

Período ou intervalo de reentrada: é aquele período após a aplicação do produto em que é vedado a entrada de pessoas na área tratada, sem o uso de equipamento de proteção individual - EPI adequado. O empregador deve sinalizar as áreas tratadas informando o período de reentrada. A NR-31 exige que haja uma sinalização para a área tratada. A entrada de pessoas, sem estar protegida com um EPI, será propícia para as intoxicações pois a contaminação pelos produtos se dá através dos olhos, nariz, boca e pele. A bula e o rótulo do produto dão indicações relativa ao período de reentrada, ou seja o número de dias que não é permitida a entrada de pessoas nas áreas que foram tratadas com agrotóxicos.

Período de carência: é o número de dias que deve ser respeitado entre a última aplicação e a colheita. Este período está descrito no rótulo e bula do produto. Isto é importante para garantir que o alimento colhido não contenha resíduos acima do limite máximo permitido. Esta prática deve ser encarada com grande seriedade e responsabilidade pelos produtores pois se isto não acontecer os prejuízos para o consumidor, em relação a sua saúde, serão intoleráveis. Cada produto, pelo seu princípio ativo, tem um período de carência próprio e que deve ser levado em consideração. E cabe ao empregador rural e aos trabalhadores observarem este fato a fim de evitar serem chamados à responsabilidade pela fiscalização e por ações judiciais.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Agrotóxicos - Cuidados no transporte

Quem transporta agrotóxicos deve adotar uma série de medidas preventivas para evitar ou diminuir riscos de acidentes e cumprir o que determina a Legislação de transporte de produtos perigosos.
Quem não respeitar as Leis sofrerá multas, tanto o que vende como aquele que transporta.
O agricultor na hora da compra junto ao comerciante deve se precaver de medidas visando obter informações referentes ao produto que está transportando.
1. perguntar se é necessário algum cuidado especial no transporte do produto adquirido;
2. se a Nota Fiscal está corretamente preenchida de acordo com a regulamentação no transporte de agrotóxicos;
3. se a Ficha de Emergência e o Envelope para o Transporte estão acompanhando a Nota Fiscal. Esta ficha é importante no caso de acidente;
4. se os produtos estão dentro dos limites de isenção;
“Se a quantidade de agrotóxicos estiver acima dos limites de isenção, o transporte deverá ser realizado por transportador habilitado e preparado para cumprir a legislação (curso). Além disto, o veículo deverá levar rótulos de risco e painéis de segurança. Afora isto, um “ Kit de Emergência “ contendo Equipamentos de Proteção Individual- EPIs, cones, placas de sinalização, lanterna, pá, ferramentas, etc”.
5.
em pequenas quantidades de agrotóxicos, o transporte recomendado é a utilização de veículos tipo caminhonete. Os produtos transportados devem estar cobertos por lona impermeável e presos à carroceria do veículo;
6. é proibido transportar agrotóxicos dentro da cabine ou na carroceria junto com alimentos, rações, pessoas e animais:
7. o limite da altura da carga não deve ultrapassar a altura da carroceria:
8. um "cofre de carga" pode ser usado para o transporte de quantidades, separando-o das outras cargas;
9. embalagens com resíduos ou vazamentos não devem ser transportadas;
10. evitar que o veículo de transporte tenha pregos e parafusos sobressalentes pois podem perfurar as embalagens provocando derramamento;
11. não estacionar o veículo junto às casas ou locais de aglomeração de pessoas e animais;
12. é vedada a lavagem de veículos transportadores de agrotóxicos em coleções de água;
13. as embalagens marcadas como "FRÁGIL" serão protegidas contra danos,rupturas e vazamentos.

EM CASOS DE VAZAMENTO E/OU ACIDENTE:

a. parar imediatamente o veículo e verificar o que está acontecendo;
b. não fume, não acenda fósforo, não coma, e não beba durante o processo de limpeza;
c. usar equipamento de proteção individual – EPI;
d. sinalize e isole a área com cones, fita/corda e placas com a advertência – “PERIGO. AFASTE-SE";
e. siga as orientações da Ficha de Emergência;
f. estanque o produto com terra para que não atinja rios, lagos, outras fontes de água, rodovia, etc. Se for necessário cavar uma canaleta ou levante um dique para conter o derrame de produto;
g. recolha o produto derramado para ser feito o descarte em locais apropriados;
h. não permita a presença de outras pessoas no local – (curiosos);
i. contate o revendedor;
j. não deixe o veículo sozinho;
k. leve sempre dispositivos de sinalização.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

EVENTOS

Genética molecular para aplicação na agropecuária

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica - FUNCREDI, promovem de 27 de julho à 1° de agosto de 2009, em Brasília, o III Curso de Genética Molecular Aplicada à Reprodução Animal. O objetivo é treinar profissionais da área de reprodução animal em técnicas como: extração de DNA de sangue, sêmen, embriões, tecidos e células, identificação de sexo de embrião, engenharia genética aplicada à transgenia animal e outras práticas. O curso é destinado a profissionais formados ou cursando o último semestre de medicina veterinária, ciências biológicas e áreas afins.
As inscrições encerram-se no dia 12 de julho. Informações pelos telefones (61) 3448-4783 e fax (61) 3340-3666 ou entrando em contato pelo e-mail catcurso@cenargen.embrapa.br.
Inscrições e programação do curso podem ser obtidas pelo pelo site http:/www.cenargen.embrapa.br/cursos.html


XVIII Reunião Nacional de Girassol e VI Simpósio Nacional sobre a Cultura de Girassol

Evento promovido pelas Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS) e Embrapa Soja (Londrina-PR)
Datas: 30 de setembro e 1° de outubro de 2009
Local: Pelotas-RS
Inscrições: http:/www.cpact.embrapa.br e o custo é de R$ 150,00 para profissionais e R$ 75,00 para estudantes.
Trabalhos científicos: envio até 17 de agosto

terça-feira, 7 de julho de 2009

A água do Solo - Parte I

No seu processo de crescimento e produção, as plantas exigem grandes quantidades de água. A água é o elemento vital para levar os nutrientes às raízes e, a partir destas, a translocação pela planta. A água é uma das matérias primas para a fotossíntese.
O solo é um meio dinâmico sujeito às transformações químicas e bioquímicas dissolvendo matérias que farão parte da solução do solo. Esta solução fornece água para as raízes e é importante o processo de troca de nutrientes entre o sistema radicular e o sistema sólido. No solo, os nutrientes estão dissolvidos na forma de íons positivos (cátions) e íons negativos (ânions). Entre os cátions temos H+, Ca²+, Mg²+, K+ e os micronutrientes Fe²+, Mn²+, e o Al³+. O Fe³+ pode se apresentar parcialmente hidrolisado em FeOH. Os ânions presentes são: HCO³¯, CO3²¯, HSO4¯, Cl¯. As plantas desenvolvem melhor em solos com pH entre 6-6,5. Num solo ácido deve ser feita a correção da acidez com calcário.

Swarowsky, A et alli, concluíram que no arroz irrigado por inundação, a incorporação de palha de azevém aumentou a concentração de K+ na solução de superfície do solo – lâmina de água – e favoreceu o deslocamento do Ca, Mg, Mn, Na e Zn, no perfil do solo.O espaço poroso do solo é constituído por ar e água do solo. O ar fornece o oxigênio que é importante para a respiração das raízes e microorganismos e precisa ser renovado constantemente para que não haja excesso de CO2. O solo possui poros de maior tamanho chamados macroporos, e os de menor tamanho, os microporos. O ar do solo ocupa os macroporos enquanto que a água e os íons orgânicos e inorgânicos em solução (solução do solo) ocupam os microporos. A água das chuvas ou de irrigação caindo no solo, uma parte é aproveitada pelas raízes e outra parte infiltra-se no solo ou escorre na superfície. Da água que penetra no solo, parte retorna à atmosfera pelo processo de evaporação do solo ou pela transpiração da planta. O restante da água ficará acumulada nas profundezas do solo formando o lençol freático ou armazenada no perfil (horizontes) do solo. A água armazenada no solo é muito importante pois será o meio aquoso para os nutrientes solúveis do solo, levando-os através das raízes para as plantas. Mas, este armazenamento e infiltração pode depender da estrutura dos sólidos. Os solos arenosos, ricos em macroporos, permitem uma infiltração mais rápida da água e, consequentemente, haverá pouca retenção. Há uma drenagem livre da água. Já os solos argilosos, ricos em microporos, conseguem reter a água não permitindo uma rápida infiltração da mesma. Entretanto, pela compactação, estão sujeitos a um maior escorrimento superficial da água provocando a erosão. A compactação reduz o movimento de ar e água, através do solo, pela redução do espaço poroso. Os solos argilosos dependem do tipo de argila e podem ter alta, média ou baixa capacidade de retenção de água. Solos com baixa capacidade de retenção de água necessitam do uso de irrigação com maior frequencia. As plantas que possuem um sistema radicular mais profundo conseguem buscar água. A melhoria da fertilidade do solo, pela calagem e aplicação de adubos, faz com que o sistema radicular da planta se desenvolva melhor e se aprofunde no solo. As deficiências em nutrientes são maiores num período de seca e desaparecem durante as chuvas. A cana-de-açúcar apresenta entrenós curtos alternados com entrenós longos. O período de seca favorece o desenvolvimento de entrenós curtos e o período de umidade, de água no solo, o aparecimento de entrenós longos.A raiz absorve os nutrientes que estão ao seu alcance e com o passar do tempo há um decréscimo na absorção. Os nutrientes que estão longe da área de absorção precisam de água, como veículo, para chegarem até às raízes. É claro que os nutrientes devem estar nas suas formas iônicas, dentro da solução do solo, para serem absorvidos pelas plantas. O alumínio tóxico, em solos ácidos, está presente na solução do solo na forma de íon, sendo absorvido, translocado dentro da planta, causando problemas de toxicidade com graves prejuízos à produtividade. Quando o solo é corrigido, ele se precipita na forma de sais insolúveis que não entram na solução do solo e, portanto, não é absorvido pela planta.
A transpiração é a água evaporada pela superfície das folhas e resulta em grandes perdas de água pelas plantas. O ciclo da água é do ar para o solo, para as plantas e de novo para o ar. A evaporação necessita de energia, pois um grama de água requer 580 calorias de energia. As plantas murcham quando as células das folhas e do caule não dispõem de água em quantidade suficiente para manter a turgidez das mesmas. O stresse provocado pela falta de água retarda o crescimento, restringe o alongamento e a divisão celular.
A evapo-transpiração é a transpiração pela planta e evaporação pelo solo. As perdas por evaporação pelo solo são estimadas em 25 a 50%. A transpiração é usualmente expressa como a relação entre a quantidade de água transpirada pela planta para cada unidade de peso produzida de matéria seca da parte aérea. Esta relação varia de 125 a 550 kg de água por quilo de matéria seca.
As plantas não têm capacidade de armazenar água. Os cactos contrariam esta regra. Ela depende da capacidade do solo de reter água. Os solos têm um limite máximo e mínimo de armazenar água disponível para as plantas. O limite superior (máximo) é chamado “capacidade de campo” e é expressa como um percentual de peso do solo. A capacidade de campo é a quantidade de água que o solo seco retém 48 horas após ser molhado. É a água que sobra após a drenagem. O limite inferior (mínimo) é o "ponto de murchamento permanente" que é a porcentagem de umidade na qual as plantas murcham definitivamente. A água está tão presa ao solo que as plantas não têm capacidade de absorvê-la, em quantidades suficientes, para sobreviver. A faixa entre a capacidade de campo e o ponto de murchamento expressa a “disponibilidade” ou a “capacidade de retenção de água” do solo. Os diversos solos possuem propriedades que afetam esta capacidade como: textura, estrutura do solo, o teor de argilas, o teor de matéria orgânica e outras. A capacidade de retenção de água aumenta à medida que aumenta o teor de matéria orgânica e de silte.
A água de irrigação deve ser usada de maneira eficiente. A produção de um quilo de peso seco de plantas, precisa de centenas de quilos de água. Entretanto, esta necessidade de água é menor quando a produtividade aumenta através da fertilização, práticas agrícolas de acordo com a tecnologia, controle de pragas e doenças, uso de variedades com alta capacidade de produção, etc.
Uso eficiente de água = produção da cultura / evapo-transpiração da cultura
A produção da cultura pode ser alterada enquanto a evapo-transpiração é uma constante. A evapo-transpiração é, em geral, determinada pela quantidade de água disponível e a quantidade de energia calorífica recebida durante um período de crescimento. A quantidade de água disponível é a água do solo mais precipitações. Portanto, a produtividade da cultura é que vai determinar a eficiência do uso da água.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O arroz e feijão irrigados

Das fontes de nitrogênio (N) usadas na adubação de arroz e feijão irrigados, nos cerrados, não houve diferenças significativas entre a aplicação de uréia e sulfato de amônio. A uréia, por sua maior concentração de N (45%) leva vantagens do ponto de vista econômico, ou seja, custo/benefício. O custo do kg de N é muito mais barato na uréia. Para se calcular o custo do kg do nutriente contido num determinado produto segue-se as seguintes etapas:
1ª Etapa: devemos conhecer o custo de cada produto colocado na propriedade;
2ª Etapa: devemos conhecer as garantias do nutriente em cada produto, lembrando que o teor expresso do nutriente em porcentagem (%) significa para 100 kg. Por exemplo: a uréia está com uma garantia de 45% de N. Isto significa que em 100 kg de produto teremos 45 kg de N. Em 1 tonelada de uréia, isto é, 1.000 kg teremos 450 kg de N.
Por sua vez, o sulfato de amônio está sendo vendido com uma garantia de 20% de N. Em 100 kg teremos 20 kg de N. Em 1.000 kg teremos 200 kg de N;
3ª Etapa: devemos saber quanto custa a uréa e o sulfato de amônio colocado na propriedade do cliente, ou seja, preço CIF;
4ª Etapa: para saber o custo da unidade de N dos dois produtos, basta dividir o preço da tonelada de cada produto pela respectiva quantidade de N contido nestes 1.000 kg.
kg N = preço tonelada produto / quantidade de N na tonelada.
Deve-se levar em conta na adubação nitrogenada, o histórico da área, ou seja a cutura precedente, sua quantidade de biomassa e sua relação C/N
. No caso da cultura precedente seja uma gramínea, as exigências de nitrogênio serão bem maiores do que se fosse uma leguminosa. As gramíneas têm uma relação C/N maior. As leguminosas têm a capacidade de fixar o nitrogênio do ar através de bactérias do gênero risóbio que vivem em simbiose com as raízes das plantas. As leguminosas têm uma relação C/N menor e com isto podem disponibilizar mais N para a cultura posterior. Por isto é que se busca que a cultura antecedente ao plantio de lavouras de arroz e feijão irrigados seja uma leguminosa.
Quanto ao fósforo e potássio basear-se nas recomendações dos laboratórios e orgãos de pesquisa a fim de suprir o solo com as doses adequadas que garantam alcançar as produtividades esperadas. A análise do solo é importante para indicar os teores destes nutrientes no solo e ser base para a reposição dos mesmos buscando um perfeito desenvolvimento da cultura.
Devido ao baixo teor natural dos micronutrientes, nos solos de cerrados, é importante, na adubação, a inclusão dos mesmos e não pode ser esquecida. O importante é prevenir antes o aparecimento de deficiências destes micronutrientes. Uma análise de solo vai nos dar condições de verificar a fertilidade destes solos e suprir as deficiências naturais de maneira correta.
O arroz tolera mais a acidez do solo. Mas isto não quer dizer que devemos dispensar a aplicação de corretivos. Pelo contrário, o cálcario dolomítico é importante como fonte de cálcio (Ca) e magnésio (Mg). A correção da acidez de maneira inadequada tem contribuido para a redução dos micronutrientes. As deficiências de zinco (Zn) e ferro (Fe) são as mais comuns em arroz quando plantado após feijão e soja. O calcário aplicado em excesso eleva o pH do solo tornando menor a disponibilidade dos micronutrientes. "A medida que aumenta o pH diminui a disponibilidade dos micronutrientes". Recomenda-se a aplicação de calcário para manter o pH na faixa de 5,8 - 6,0 para culturas precedentes como milho, soja, feijão que são exigentes em Ca e Mg.
Para maior resistência às doenças, como a bruzone, está sendo estudada a aplicação de silício (Si) na forma de silicatos. Além de diminuir o grau de severidade da doença tem proporcionado aumento no crescimento da planta.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Intoxicações por Agrotóxicos - Parte II

Na parte I apresentamos a classificação dos agrotóxicos quanto às classes toxicológicas, quanto ao DL 50, segundo o tipo de pragas e doenças, classificação química, os tipos de intoxicações e os sinais e sintomas das mesmas. Vimos o quanto é importante uma tomada de consciência por parte dos empregadores e trabalhadores a fim de evitar sérios problemas de intoxicações aos que lidam com os produtos e a outras pessoas, animais e danos ao meio ambiente. As responsabilidades são tanto dos empregadores como dos trabalhadores, aqueles que utilizam o produto em todas as fases: preparo da calda, aplicação, armazenamento, transporte, cuidados com as embalagens vazias, etc... Para visualizar a Parte 1, acesse "Intoxicações por Agrotóxicos - Parte 1"

Segundo Pereira (tese ECA/USP - 2003) existem 8 causas importantes relacionadas com a intoxicação por agrotóxicos e que vou comentá-las:
1. falta de treinamento dos trabalhadores. Este é um problema muito sério pois aqueles que lidam com os produtos devem estar bem preparados e conhecerem desde as características dos produtos até a prestação de primeiros socorros aos intoxicados quando necessário. A NR-31 é taxativa nisto e uma das normas é o treinamento de pessoal em cursos de no mínimo 20 hs patrocinados pelos empregadores;
2. não utilização de equipamentos de proteção individual –EPIs. É muito importante o uso dos equipamentos de proteção individual e cabe aos empregadores ceder e fiscalizar a utilização dos mesmos. Os EPI's devem ter certificado de garantia fornecido pelo Ministério do Trabalho;
3. não uso do Receituário Agronômico. A recomendação dos produtos deve ser feita por um técnico responsável que indicará os mesmos, dosagem e modo de aplicar. A aplicação de produtos não recomendados trazem sérios prejuízos à população humana pois deve ser observado o "período de carência" para cada cultura;
4. uso excessivo do produto. Além de onerar os custos da produção serão tóxicos para as plantas;
5. uso de produtos proibidos. Somente devem ser aplicados produtos registrados e que seja permitido o seu uso. Daí a importância do receituário agronômico;
6. presença de crianças e adolescentes. Esta é uma das responsabilidades de quem prepara a calda, aplica o produto, lida com embalagens, de não permitir a presença de crianças e todas as pessoas que não fazem parte da atividade e que não estejam usando o EPI;
7. não fiscalização da aviação agrícola;
8. ausência de articulações governamentais. Hoje em dia existe uma maior fiscalização pelo Ministério do Trabalho no cumprimento de normas estabelecidas pela NR-31 com notificações aos empregadores que não as cumprem e que não assumem a responsabilidade.
Procedimentos no caso de intoxicações:
Os trabalhadores encarregados de lidar com agrotóxicos devem ter noções de primeiros socorros às vítimas de intoxicação. Enquanto aguardam o socorro médico devem tomar as seguintes providências de imediato:
1. afastar o acidentado dos locais ou fontes de contaminações, inclusive tirar as roupas contaminadas ou usadas durante o trabalho;
2. lavar com bastante água e sabão as partes do corpo atingidas pelo produto;
3. a pessoa que estiver socorrendo o acidentado deve usar luvas caso precise manusear objetos e roupas contaminadas. Lembre-se que uma das vias de contaminação é a pele;
4. providenciar o atendimento médico de imediato. Informar qual o produto que estava sendo usado e seu princípio ativo;
5. providenciar o preenchimento da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT Rural, para garantir a cobertura junto ao INSS.
Como prevenir acidentes com agrotóxicos
Todas as pessoas que lidam com agrotóxicos devem ser treinadas para o seu uso e aplicação correta e segura. O uso de vestimentas e equipamentos de proteção para cada tipo de produto e de aplicação deverá ser obrigatório. O Engenheiro-Agrônomo que indicou o produto através do Receituário Agronômico deve incluir a orientação do uso de equipamento de proteção mesmo que na bula do produto já contenham informações gerais.
Ocorrendo sintomas de intoxicação durante o trabalho, a aplicação deve parar imediatamente. O trabalhador nunca deve estar sozinho no local de aplicação. É importante contar com a ajuda de um companheiro no caso de ocorrer sinais e sintomas de contaminação. O empregador deve manter perto do local de aplicação dos agrotóxicos, água potável, sabão e toalhas descartáveis em quantidades suficientes para a descontaminação. O empregador deverá, também, se responsabilizar pelo socorro imediato da vítima e outras providências.
Controle para o uso de agrotóxicos
1. exames médicos periódicos;
2. treinamento periódico sobre manipulação, uso e limpeza de embalagens, uso de equipamentos de proteção individual – EPIs;
3. informações sobre os produtos usados, sinais e sintomas de intoxicação;
4. fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual, limpeza e substituição dos mesmos;
5. instalações sanitárias com chuveiros e vestiários com armários;
6. local das refeições fora da área de aplicação dos produtos;
7. higiene pessoal antes das refeições;
8. formação de “aplicadores habilitados” treinados para esta finalidade;
9. exigência do receituário agronômico;
10. limitações da jornada de trabalho. Quanto mais tóxico o produto menor a jornada. Quanto menos tóxico maior a jornada;
11. manipulação segura das embalagens vazias – limpeza e devolução;
12. não utilizar a boca para desentupir bicos, válvulas, etc;
13. preparo da calda em lugares ventilados e com o uso dos equipamentos de proteção individual – EPI's;
14. não aplicar o produto nos horários mais quentes e contra o vento;
15. evitar a exposição direta de trabalhadores, crianças e animais não envolvidos na aplicação;
16. proibido fumar ou comer durante a aplicação do produto.