quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Elevar os Níveis de P e K no Solo

O fósforo (P), no solo, é um nutriente importante na nutrição das plantas. Embora as plantas absorvam fósforo em pequenas quantidades, em relação aos outros nutrientes N e K, ele é, nas formulações de adubos, em geral, o nutriente expresso em maior quantidade. A literatura agronômica diz que do fósforo aplicado ao solo é aproveitado apenas 15 a 25%, devido aos problemas de fixação pelo alumínio e ferro, formando compostos insolúveis que não são aproveitados pelas plantas. Os solos brasileiros são pobres em fósforo. Há necessidade de elevar os níveis do nutriente no solo. As recomendações de adubação são baseadas em faixas com diferentes níveis de P do solo, conforme os resultados de pesquisa que avaliaram a eficiência agronômica e a economicidade da aplicação dos fertilizantes, criando pontos de retorno máximo, em termos de produção e lucro.
Seja um produtor que deseja elevar em 12 mg/dm³ o nível de P e em 0,25 cmolc/dm³ o K do solo da sua lavoura. Pela análise, o solo possui 1 mg P/dm³ e 0,05 cmolc K/dm³. Vamos considerar 25% a eficiência do fertilizante fosfatado, 70% para os potássicos, e a camada de terra de 0-20 cm. O produtor deseja utilizar, como fonte de fósforo o superfosfato simples que possui 18% de P2O5 solúvel no CNA+água, e como fonte de potássio, o cloreto de potássio que tem 60% de K2O. Qual a quantidade de cada fertilizante, em kg/ha, para aplicar no solo?

Como o solo já tem algum teor de P e K é preciso aplicar a diferença em relação ao que o produtor deseja.
P = 12-1 = 11 mg/dm³
K = 0,25-0,05 = 0,20 cmolc/dm³

Ora,
mg/dm³ x 2 = kg/ha

Vamos analisar, primeiramente, o P e encontrar a quantidade de supersimples (SS).

11 mg P/dm³ x 2 = 22 kg P/ha

Como os fertilizantes fosfatados expressam o fósforo em P2O5, é necessário fazer a conversão:

P x 2,29 = P2O5

22 kg P/ha x 2,29 = 50 kg P2O5/ha

Como a eficiência do fosfatado, neste caso, é de 25% deve-se corrigir a quantidade. Estes 50 kg P2O5/ha são o que as plantas precisam para seu desenvolvimento e produção. Seriam os 25%. Então, deve-se aplicar uma quantidade maior (100%) para conseguir esta eficiência.

25% corresponde ............... 50 kg P2O5/ha

100% corresponderá .................... X..........

X = (100 x 50) / 25 = 200 kg P2O5/ha

A quantidade de supersimples será:

100 kg de Supersimples ................ 18 kg P2O5

............. X ................................200 kg P2O5/ha

X = (200 x 100) / 18 = 1.110 kg de supersimples.

Em relação ao potássio (K):

1 cmolc k/dm³ = 39/1/100 = 0,39 g K/dm³ = 390 mg K/dm³

0,20 comolc K/dm³ x 390 = 78 mg K/dm³

78 x 2 = 156 kg K/ha

K2O = K x 1,25

156 kg K/ha x 1,25 = 195 kg K2O/ha

70% corresponde ................. 195 kg K2O/ha

100% corresponderá.................. X..........

X = (100 x 195) / 70 = 279 kg K2O/ha

em 100 kg de KCl ................... 60 kg K2O

............ X ............................ 279 kg K2O

X = (279 x 100) / 60 = 465 kg/ha de cloreto de potássio (KCl).

4 comentários:

  1. Caro Colega

    O que adiante vai,diz respeito ao potásssio,que abunda em muitos solos daqui,sucedendo o mesmo,pelo que tenho lido,nalguns daí.

    Como se sabe,não considerando os solos orgânicos,a maior parte do potássio dos solos encontra-se na forma mineral. Este potássio não é inerte,quer dizer,pode vir a ser libertado no decurso de uma cultura,somando-se ao de troca e ao da solução do solo,as formas mais disponíveis.
    A libertação não se realiza,porém, em todos os solos com a mesma intensidade,ou seja,os solos possuem diferentes taxas de libertação,por dependerem de factores sujeitos a grandes variações,entre os quais se incluem a natureza e proporção dos minerais da argila e dos minerais primários.
    Tudo isto está dito,não só em textos seus,como em trabalhos brasileiros que se encontram na web. Dois destes trabalhos contemplam solos do Rio Grande do Sul:
    1.Depleção de formas de potássio do solo afetado por cultivos sucessivos, Rev.Bras.
    Ciênc.Solo Vol31 no.5 Viçosa Sept/Out 2007
    2.Cinética de libertação do potássio em Planossolo do Eatado do Rio Grande do Sul,
    Ciênc.Rural Vol3 no.6 Santa Maria Dec. 2001.

    Os dois trabalhos dão contam,entre muitas outras coisas,de teores de potássio extraído por ácido nítrico,sendo os do Planossolo muito inferiores aos do primeiro trabalho,um Argissolo Vermelho distrófico arênico. Os teores do Argissolo são da ordem,ou inferiores,aos dos mais representativos solos daqui.

    Muito boa saúde,Caro Colega.

    ResponderExcluir
  2. Caro Colega

    Mais uma meia dúzia de linhas,desta vez,sobre o fósforo dos solos,com o muito provável risco de serem redundantes,pelo muito que os seus textos têm trazido sobre tão vital nutriente.

    MICROORGANISMOS E SOLUBILIDADE DO FÓSFORO DOS SOLOS

    Como se sabe,o fósforo encontra,em geral,nos solos,principalmente,nos tropicais,condições propícias a uma forte retenção,pelo que é fraca a sua disponibilidade para as plantas . A presença de matéria orgânica é susceptível de melhorar essa disponibilidade. É que a sua decomposição bacteriana pode gerar substâncias capazes de formar complexos estáveis com os elementos responsáveis pela retenção,muito em especial,o ferro e o alumínio,libertando,assim,o fósforo. Do mesmo modo,os microorganismos dos solos podem,igualmente,segregar compostos que possuam o mesmo efeito solubilizador. Não é de admirar,pois,que esta acção solubilizante dos microorganismos,face à escassez de fosfatos minerais,esteja a ser explorada. É isso reflectido num encontro internacional sobre tal
    matéria,que,muito recentemente,teve lugar.

    Com as minhas muitas desculpas pelo redundância,muito boa saúde,Caro Colega.

    ResponderExcluir
  3. Caro Colega

    Deixo-lhe

    UM REGRESSO AO PASSADO-ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISPONIBILIDADE DOS NUTRIENTES NOS SOLOS- I

    Na nutrição mineral das plantas há a distinguir dois aspectos - o da disponibilidade dos elementos nutritivos e o da sua absorção.
    No primeiro aspecto,podemos considerar dois factores - a intensidade e a capacidade.
    A intensidade(o nível,por assim dizer,em que os elementos nutritivos são fornecidos às plantas)é representada, na sua forma mais simples, pela concentração dos elementos na solução do solo. A quantidade pode definir-se como o poder do solo para manter o valor da intensidade inicial. Admite-se,aqui,que a absorção é feita a partir dos elementos em solução.
    Tanto a intensidade como a capacidade estão relacionadas com um terceiro factor - a quantidade,
    que integra as reservas mais ou menos solúveis dos elementos nutritivos(resevas de troca e não de troca).
    No processo de restaurar os níveis iniciais dos nutrientes, podem apresentar-se as seguintes contribuições - difusão,movimentos da água do solo,
    libertação de formas permutáveis e não permutáveis,meteorização química,física e microbiológica,e mineralização de substâncias orgânicas.
    A difusão,que alguns consideram factor primordial,se não limitante,na alimentação mineral das plantas,pelo
    menos em relação a certos elementos,é influenciada pelas condições físicas do solo,sobretudo,pela humidade,textura e estrutura.
    Qualquer dos três factores - intensidade,capacidade e quantidade - apresenta grande variação de solo para solo;a intensidade e a quantidade relativa à reserva de troca podem mostrar, ainda,acentuadas alterações dentro dum mesmo solo.

    Do fundo desse passado,muito boa saúde,Caro Colega.

    ResponderExcluir
  4. Hoje os pacotes prontos das cooperativas e revendas fazem com que seja utilizada dosagens pré-fixadas e mesmas quantidades para todos tipos de solos...

    ResponderExcluir

Comente, manisfeste a sua experiência, a sua dúvida, utilizando a parte de comentários.