quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Matéria Orgânica na Determinação da Calagem?

Existe uma questão levantada pelos leitores sobre a acidificação do solo pela matéria orgânica. Por que não levar em conta a necessidade de calagem conforme o teor de matéria orgânica no solo. Ora, matéria orgânica, fertilizantes nitrogenados, água da chuva, erosão, etc, causam a acidificação do solo. Então, estes fatores deveriam ser levados em consideração, pensam alguns. Ora, a calagem visa neutralizar a acidez do solo, a toxicidade do alumínio e do manganês, repor cálcio e magnésio no solo. Acima do pH 5,5 não existe mais alumínio. A calagem tem o propósito de elevar o pH do solo a valores 6 a 6,5. Nesta faixa de pH, os nutrientes apresentam a maior disponibilidade para as plantas.
As culturas desenvolvem num ambiente propício e traduzem em produtividade. A mineralização da matéria orgânica provoca acidificação do solo, mas ela disponibiliza nitrogênio (N) para as plantas. A capacidade de troca de cátions (CTC) representa o número de cargas negativas geradas pela argila e matéria orgânica do solo, capaz de atrair cátions trocáveis como: K+, Ca²+, Mg²+, Al³+ e H+.
Quanto maior o teor de matéria orgânica do solo (MO), maior o teor da CTC do solo. FREITAS, J.A.D (1998), na tese "Determinação da necessidade de calagem para o crescimento inicial do cafeeiro" cita que a necessidade de calagem (NC) poderia ser estimada conhecendo-se o pH em água e o teor de matéria orgânica, pela seguinte fórmula:
NC = 1,6 x (6,0 - pH do solo) x teor de MO
O teor de MO seria expresso em dag/kg. A unidade dag/kg x 10 = g/kg ou dag/kg = g/kg /10
Mas resultados de pesquisa mostraram que este método superestimou a quantidade de calcário a ser aplicada. Foi a conclusão que chegou ALVAREZ,V. (1990) que observou que em 21 solos de Minas Gerais a necessidade de calagem foi superestimada, na média alcançou 10,26 t/ha. Já DEFELIPO et al. (1972) observaram que as necessidades de calagem estimadas pelo critério pH em água e MO se correlacionaram significativamente com os outros critérios que são usados na determinação da quantidade de calcário para neutralizar a acidez do solo. Sabemos que o poder tampão do solo varia em função do tipo e teores de argila e da matéria orgânica. Poder tampão é a resistência que o solo oferece à mudança de pH. Quando se acrescenta calcário, o solo reage liberando mais H+ para a solução do solo. Quanto maior o poder tampão do solo, maior a necessidade de calcário para elevar o pH. Por outro lado, quanto maior o teor de argila e de matéria orgânica do solo, maior será a quantidade de calcário.  Os solos argilosos, por serem mais tamponados, necessitam doses maiores de calcário do que os solos arenosos, menos tamponados. Na determinação da quantidade de calcário, todos estes fatores já estão dispostos, e a recomendação visa neutralizar os efeitos da acidez do solo. Após a calagem, de acordo com a análise do solo, a acidificação do solo continua com a utilização de fertilizantes nitrogenados, mineralização da MO, ação da água das chuvas, erosão do solo, dissociação do Al³, e outros. Não existe uma recomendação de calagem que acabe definitivamente com a acidez. Por isto, a recomendação de analisar o solo a cada 3 anos (alguns recomendam 2 anos) para verificar o grau de acidez do solo. As recomendações de calcário serão bem menores, desde que forem adotadas boas práticas de manejo do solo. Os métodos mais utilizados para determinação da necessidade de calagem são:
neutralização do Al³ mais suprimento de Ca e Mg;
método saturação por bases;
calagem em solos arenosos do Cerrado.
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