quarta-feira, 11 de abril de 2012

Custo do Quilo de Nutriente na Escolha do Fertilizante


Quantas vezes o agricultor, na escolha do fertilizante, procura o de menor preço. O preço varia em função dos custos da matéria-prima, importação, produção, transporte, comercialização, impostos, etc. Nos nitrogenados temos várias matérias-primas com concentrações diferentes em nutrientes. Um adubo nitrogenado mais caro pode tornar-se mais barato na hora da aplicação. Por isto, é importante o técnico e produtor calcularem o custo
benefício, ou seja, o custo da unidade de N, de P2O5, de K2O e de NPK. Não levar em conta somente o preço da tonelada. Isto sem contar com as despesas de frete, de aplicação do adubo, de mão-de-obra.

Como calcular o custo da unidade do nutriente do fertilizante?

Ora, os adubos nitrogenados, fosfatados, formulações são vendidos obedecendo uma garantia mínima de nutriente. Assim, o nitrato de amônio possui 34% de N, o sulfato de amônio possui 20% de N, a uréia agrícola 45% de N, o supersimples 18% de P2O5, o supertriplo 41% P2O5, uma formulação 04-14-08 possui 4% de N, 14% de P2O5 e 8% de K2O. Cada 100 kg de produto possui o equivalente em quilo de nutriente conforme a porcentagem garantida. Ou seja, o nitrato de amônio 34 kg N, a uréia 45 kg N e assim, sucessivamente, para os outros produtos. Os fertilizantes minerais são vendidos em tonelada, ou seja 1.000 quilos. E seu preço é comercializado em tantos R$ por tonelada. Logo, numa tonelada de cada produto teremos 10 vezes mais quilos de nutriente. Por exemplo, a uréia que possui 45 kg N em cada 100 kg, numa tonelada terá 450 kg (10 x 100 = 1000). E o raciocínio é o mesmo para os demais produtos.
No Quadro 1. (acima) aparecem diversos fertilizantes com as suas respectivas garantias, custo da tonelada e custo da unidade de nutriente, ou seja R$/kg. Não incluímos o custo do frete porque não temos dados do mesmo.
Cada produtor deve incluir, no preço da tonelada comprada, o custo do frete estabelecido para a sua região. Exceto quando as indústrias vendem o produto CIF, ou seja o frete por tonelada está incluído com o preço do produto.
Para o cálculo do custo da unidade (kg) de nutriente foi adotada a seguinte fórmula de cálculo:


Pelos dados do Quadro 1. observamos que, em relação aos adubos nitrogenados, a uréia tem o menor custo da unidade de N. O nitrato de amônio apresenta um custo do quilo de N de 7,9% superior a uréia, enquanto no sulfato de amônio, o custo do quilo de N é 54% mais alto que o da uréia. A vantagem do sulfato de amônio é a presença de 24% de enxofre (S) na sua composição. Mas vale analisar se o emprego de gesso agrícola+uréia seria, ainda, rentável. Nos fertilizantes fosfatados,  o supersimples possui um custo maior, em relação ao custo da unidade de fósforo do supertriplo, ou seja, mais 12,9%. O supersimples possui enxofre (10 a 12%). Quanto às formulações, a fórmula 08-28-16 possui o menor custo do quilo de nutrientes, enquanto a fórmula 04-14-08 tem um custo da unidade de nutrientes (em kg) mais cara, ou seja, 19,8%. Com a fórmula 08-28-16 a quantidade aplicada  por hectare seria 50% menor, fornecendo as mesmas quantidades de nutrientes. Por exemplo, uma aplicação de 60 kg/ha de N.
1 - nitrato de amônio: 60 x 2,32 = R$ 139,20/ha
2. sulfato de amônio: 60 x 3,31 = R$ 198,60/ha
3. uréia agrícola: 60 x 2,16 = R$ 129,60/ha
A uréia agrícola, embora o produto seja o mais caro, o custo da recomendação foi o mais econômico.
Fosfatos naturais e fosfatos naturais reativos podem ser calculados pelo seu P2O5 total?

Não. Isto é um erro gravíssimo. Jamais os fosfatos naturais brasileiros podem ser considerados fosfatos naturais reativos. São fosfatos de origem apatítica, de muito baixa solubilidade, tanto no ácido cítrico a 2% relação 1:100 ou no ácido fórmico a 2% relação 1:100. Sou defensor do que estabelece o Mercado Comum Europeu quando quer definir fosfatos naturais reativos, ou seja: "Fosfato natural reativo, que têm eficiência no solo, comparada à do supertriplo no decorrer dos anos de aplicação, é aquele que possui 55% do seu P2O5 total solúvel em ácido fórmico 2% relação 1:100" Os fosfatos brasileiros jamais atingem este valor. O Fosfato de Gafsa, importado da África do Norte, da Tunísia, possui mais de 55% do seu fósforo total solúvel no extrator ácido fórmico, quase 100%. No quadro de Catani e Nascimento, podemos visualizar a diferença entre os fosfatos naturais, nos extratores ácido cítrico e ácido fórmico.


Li na literatura, a comparação do custo da unidade de P2O5, tanto dos fosfatos brasileiros como do Gafsa, baseada no fósforo total. Então, com este artifício, o custo da unidade do fósforo dos fosfatos brasileiros fica mais econômico. Mas, em termos de eficiência agronômica, a médio prazo, são de baixíssima eficiência para aplicação direta na agricultura. Seu emprego pode se ater às culturas perenes, à longo prazo, em quantidades maiores. Estes fosfatos servem mais para a produção de solúveis, e parcialmente acidulados com alguma objeção. É preciso cuidar este aspecto quando compararmos fosfatos naturais não reativos com fosfatos naturais reativos. Nos fosfatos reativos, pelo Quadro 1. a unidade de fósforo mais econômica é a do Gafsa, com uma eficiência agronômica melhor que a dos fosfatos naturais brasileiros..

2 comentários:

  1. e quando os fertilizantes são compostos? por exemplo, no caso do MAP (fosfato monoamônico) que tem fósforo e nitrogênio, quanto custa a unidade de P? quanto a unidade de N?
    Muito obrigado e continue com o site que é bastante útil!

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    1. Por exemplo, seja um MAP com 54% de P2O5 e 11% de N e por hipótese o custo de R$ 1600,00 a tonelada posto na propriedade (não estou atualizado com os preços de fertilizantes.
      N igual 110 kg/t 1600/110 igual 14,54 o quilo do N
      P2O5 igual 540 kg/t 1600/540 igual 2,96 o quilo de P2O5

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