quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cátions Ácidos e Saturação por Alumínio na Análise do Solo

Interpretação da Análise do Solo (4)



A acidez ativa vem a ser a concentração de H+ na solução do solo. É indicada pelo pH do solo. A acidez trocável é formada mais pelo o Al³+ adsorvido nos coloides minerais ou orgânicos, pois o H+ aparece em pequena quantidade. A acidez não trocável é representada pelo H+ em ligação covalente com as frações orgânicas e minerais do solo (húmus e óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio. Ela nos dá uma estimativa de cargas negativas que podem ser liberadas a pH7,0. A acidez potencial ou
total é a soma da acidez não trocável (H+) mais a acidez trocável (Al³).
A diferença entre a CTC efetiva e a CTC a pH7,0 é que esta incorpora o H+ no cálculo. Na CTC a pH7,0, o H+ ocupa grande parte dela. Pela calagem, este H+ vai ser neutralizado para liberar cargas negativas não dissociadas.
As argilas do tipo 1:1, as caulinitas, por exemplo, contribuem para aumentar o teor de Al³+ no solo. O Al³+, quando em altas concentrações no solo, é prejudicial às plantas, devido ao seu efeito tóxico. A toxidez por Al³+ impede o desenvolvimento do sistema radicular das plantas em superfície e profundidade. O sistema radicular fica limitado e as raízes não conseguem ir mais profundamente no solo em busca de água e nutrientes. Com isto, as plantas sofrem durante os períodos de estiagem. Na decomposição da argila há liberação de Al³+ trocável que pode permanecer na camada superficial, deslocando o H+ adsorvido aos coloides, ou passar para a solução do solo.
O Al³+ entra no cálculo da CTC efetiva (t) e serve para calcular a percentagem de saturação por alumínio (m%).
Cálculo da Percentagem de Saturação por Alumínio (m%)
O método correto para avaliar a toxidez por alumínio é o m%.

Fórmula:  m % = (100 x teor de Al³+) / CTC efetiva (t)


Análise do Quadro 1.
Amostra 1: m % = (100 x 0) / 8,28
m = 0 %
Este dado nos indica que não há necessidade de calagem para este solo. A necessidade de calagem vai depender do valor da percentagem de saturação por bases (V%) que no Quadro 1, para esta amostra, é de 62%. Então, para culturas em que se busca um V2 de 60%, não será necessária a calagem. Somente nos casos de V2 maior ou igual a 70%, mas a quantidade será pequena. O teor de (H+ + Al³+) é igual a 5 cmolc/dm³, devido ao H+, poi o teor de Al³+ é igual a zero. pelo Quadro 2, o teor de (H+ + Al³+) é médio e a saturação por alumínio (m%) é muito baixo (≤ 15,0%)

Amostra 2: m % = (100 x 0,1) / 1,78
m  = 5,6 %
O solo correspondente a esta amostra vai necessitar de calagem, pois o V% = 31,2 %. O teor de (H+  + Al³+)  é de 3,71 cmolc/dm³, dos quais 3,61 é ocupado pelo H+. Neste solo, o Al³+ é muito baixo, o (H+ + Al³+) é médio e o m% muito baixo.

Amostra 3: m % = (100 x 2,0) / 2,89
m = 69,2 %
Este solo apresenta uma percentagem de saturação por Al³+ (m%) alta. A necessidade de calagem é imperiosa para promover uma melhoria na fertilidade do solo, propiciar condições de desenvolvimento das plantas e alta produtividade. O teor de Al³+ está na tangente de alto-muito alto. A classificação do teor de Al³+ varia de Estado para Estado. Alguns autores admitem um nível muito alto para o Al³+  acima de 1,5 cmolc/dm³. Por isto, a necessidade de visualizar as tabelas de recomendação de fertilizantes e corretivos para o seu Estado. O (H+ + Al³+) é alto. No Quadro 1, podemos visualizar que a percentagem de saturação por bases (V%) é muito baixa, ou seja, 10,4%. O solo apresenta alto teor de Al³+ tóxico para as plantas, daí a necessidade de calagem para neutralizar a acidez do solo.
Este solo deve ser bem manejado quanto à aplicação de calcário, pois é de textura arenosa, com perdas potenciais de nutrientes por lixiviação. Além disto a calagem e aplicação de potássio, neste solo, deve ser feita em doses parceladas em cobertura, no caso do potássio, e em aplicações parceladas por 2 a 3 anos, no caso do calcário, quando em doses elevadas.

Alguns autores admitem que m%, igual ou menor que 20%, não é prejudicial pelas plantas. No cálculo da formula, o teor de Al³+ e da CTC efetiva devem estar, ambos, expressos em cmolc ou mmolc/dm³.
O intemperismo dos solos tropicais aumenta o valor m%. A argila intemperizada aumenta a liberação de Al³+. Isto ocorre em solos compactados. Daí, a importância de evitar a compactação dos solos.

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Série Interpretação da Análise do Solo
O pH na análise do solo - Interpretação da Análise do Solo (1)
Argila e matéria orgânica do solo - Interpretação da análise do solo (2)
Cátions trocáveis e as CTC's na análise do solo - Interpretação da análise do solo (3)

REFERÊNCIAS

ALVAREZ V, V.H.; RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a. aproximação. 1999. Viçosa, Minas Gerais. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/58701933/5%C2%AA-Aproximacao-Manual-de-Adubacoes-PDF> Acesso em: 13 de jun. 2012.

LOPES, A.S.; GUILHERME, L.R.G. Interpretação da Análise do Solo - Conceitos e aplicações. ANDA, São Paulo. Ed. atual. 2004. 51p. Boletim Técnico No 2.

4 comentários:

  1. Boa tarde, Professor!
    Quando nós usamos a CTC efetiva para determinar a % de Al+3 no solo, não estaríamos superestimando a sua proporção no complexo adsorvente da CTC? Já que a CTC efetiva exclui o H+ que também está presente no solo?

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    1. A CTC a pH 7 é a soma da CTC efetiva + H. Na análise do solo, você tem o teor de Al em sí e mais a soma (H+AL). Não há como superestimar o Al+. Se você tem AL+ = 2 cmolc/dm³ e a soma (H+Al) = 5 cmolc/dm³, o teor de H será 5-2 = 3 cmolc/dm³.

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  2. Outra pergunta: Os valores do complexo adsorvente da CTC são avaliados individualmente ou em conjunto, observando o equilíbrio no solo?

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    Respostas
    1. São avaliados individualmente como no caso da % de saturação de cada um em relação a CTC a pH (no caso do K, Ca, Mg, N), e em relação a CTC efetiva no caso do Al. A CTC a pH 7 é empregada para cálculo da necessidade de calagem.

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