terça-feira, 18 de junho de 2013

Micronutrientes - Tipos e Modos de Aplicação



Os fertilizantes NPK, no decorrer do tempo, passaram a ter na sua composição os micronutrientes. Com o avanço da agricultura, novas áreas foram incorporadas e o incremento da produtividade passou a exigir, além dos macronutrientes, a incorporação de micronutrientes, tanto via solo como via foliar. A calagem sem análise do solo, com o produtor empregando maiores quantidades, promoveu uma indisponibilidade dos micronutrientes e, consequentemente, deficiências dos mesmos no solo. A utilização de fórmulas mais concentradas em NPK não deram oportunidade à adição dos micronutrientes. A recomendação de micronutrientes vem sendo apoiada nas tabelas de recomendação de adubação para os diversos Estados brasileiros. Outra alternativa
bastante usada é a recomendação baseada na restituição daquilo que é exportado pela planta na produção de frutos e grãos. As expectativas de altas produções geram maiores recomendações de restituição para poder alcançá-las.
Por exemplo, a cana-de-açúcar. Segundo VITTI et al. muitas indústrias da cana foram instaladas em regiões de solos pobres em nutrientes, onde a calagem, a adubação e a reposição de nutrientes era fundamental.  Mas, mesmo assim, a adubação com micronutrientes acarreta uma série de controvérsias, limitando a utilização dos micros nas lavouras de cana. 
Muitas vezes, pela pobreza de nutrientes no solo, os canaviais não atingem o máximo de produção que poderiam proporcionar. Isso acontece nos solos ácidos, com pobreza e desequilíbrio de cátions trocáveis, e o não suprimento de fósforo (P) quando da implantação do canavial. Ou a utilização de resíduos orgânicos aplicados nos canaviais podem conter micronutrientes, disponibilizando-os para a planta. A cana apresenta o fenômeno da "fome oculta" em relação aos micronutrientes. Ela não mostra os sintomas das deficiências, mas as produções caem. Resultados de pesquisa mostram que a cana responde muito bem, em termos de produção, às aplicações de zinco - principalmente - de molibdênio e manganês.
LEIA:   Importância dos micronutrientes

Quais são as fontes de micronutrientes?


Os micronutrientes podem vir de fontes inorgânicas, quelatos e fritas.


1) Fontes inorgânicas - elas podem ser solúveis ou insolúveis em água. Entre os solúveis temos os sais metálicos, ou seja, sulfatos, nitratos e cloretos, ou insolúveis, ou seja, óxidos, carbonatos e fosfatos. A solubilidade em água é muito importante para uma eficiência a curto prazo. Os óxidos são os de mais baixa solubilidade, ao contrário dos sulfatos. O problema da solubilidade em água é maior quando os óxidos são aplicados na forma granulada. Os sulfatos podem ser aplicados via solo e/ou foliar, com exceção do sulfato ferroso na aplicação via solo;

2) Quelatos - se caracterizam pela combinação de um quelatizante com um metal. A estabilidade desta ligação determina a disponibilidade do nutriente para as plantas. Apesar de serem bastante solúveis, eles se dissociam menos na solução. Isso permite que micronutrientes como o cobre, ferro, manganês e zinco permaneçam em solução. Caso contrário não se solubilizariam em condições de pH 7,0 ou acima dele. A utilização de quelatos é muito importante em áreas para aplicação via solo, onde o pH está acima de 6,0 e/ou a percentagem de saturação por bases (V) acima de 70%. Segundo Lopes (1991), a eficiência de um quelato é medida pela baixa taxa de substituição do micronutriente quelatizado pelos cátions do solo. Ou seja, o micronutriente, na forma de quelato,  deve ser mantido por um tempo suficiente para ser absorvido pelo sistema radicular da planta.
Os agentes quelatizantes usados na fabricação de fontes de micronutrientes: EDTA, HEDTA, DTPA, EDDHA, NTA, ácido cítrico. Segundo a literatura, a eficiência relativa dos quelatos é até 5 vezes maior por unidade de micronutriente do que as fontes inorgânicas. Como são solúveis, os nutrientes quelatizados dão origem a complexos solúveis e disponíveis para as plantas. A eficiência agronômica de um quelato é medida pela sua solubilidade em água, não é tóxico para as plantas, uma ligação quelato-cátion estável e com poder de acidificar a solução. Uma limitação no seu uso é o custo maior;

3) Fritas - são produtos vítreos e a solubilidade é controlada pelo tamanho das partículas. As fritas são obtidas pela fusão de fosfatos e silicatos com uma ou mais fontes de micronutrientes, a uma temperatura de 1.000 ºC, seguido de um rápido resfriamento com água, seguida de secagem e, finalmente, a moagem. As fritas são insolúveis em água e, por causa disso, devem ser empregadas na forma de pó, oferecendo uma maior área de contato com o solo e raízes das plantas, aplicadas a lanço com incorporação, e com bom regime pluviométrico. São mais indicadas para manutenção do que para correção de deficiências. A eficiência é melhor em solos arenosos e com bom regime de chuvas.

Quais os modos de aplicação dos micronutrientes?


Os micronutrientes podem ser aplicados de várias formas:


1) Adubação via solo - fluída e fertirrigação.

As raízes das plantas absorvem os nutrientes contidos na solução do solo. Então, o objetivo é aumentar a concentração de micronutrientes nessa solução. Por via solo, as aplicações podem ser:
a) A lanço com incorporação - nesse caso, os micronutrientes são aplicados através de fertilizantes NPK ou isolados, e depois incorporados no solo através da aração e gradagem, no sistema de plantio convencional de culturas econômicas ou em pastagens em formação;
b) A lanço sem incorporação - este método destina-se às áreas sob o sistema de plantio direto (SPD), em áreas de pastagens formadas ou em frutíferas;
c) Em linhas - os micronutrientes são aplicados na linha de semeadura junto com a adubação NPK ou isolados, ao lado e abaixo das sementes;
d) Em covas - em fruteiras, são aplicados e incorporados ao material da cova;
e) Em fertirrigação - são diluídos em água para formar soluções ou suspensões.

2) Adubação foliar


A adubação foliar é mais indicada para as culturas perenes, pois com as culturas de grãos de ciclo curto fica mais difícil fazer uma suplementação quando ocorrem deficiências nas plantas. Porém, ela pode ser realizada quando não foi feita uma adubação via solo com micronutrientes. As soluções não devem ter concentrações maiores que 3% e devem ser aplicadas em horários menos quentes: dias nublados, umidade alta do ar e do solo para evitar queimas. O pH da solução deve estar compreendido entre 5 e 6. A ureia tem a propriedade de aumentar a absorção de Zn pelas folhas.  Os compostos de boro são incompatíveis com o cobre (Cu). É importante a consulta às tabelas de recomendação de calagem e adubação de cada Estado para avaliar as necessidades das plantas, os teores de nutrientes contidos nas folhas das culturas e compará-las com a análise foliar da planta.

3) Tratamento de sementes


Os micronutrientes podem ser aplicados via sementes. Entretanto, a calagem proporciona aumento na disponibilidade de molibdênio, mas reduz, pelo aumento do pH, a disponibilidade de Zn, B e Co.
Rubin et al. (1992) estudaram a resposta da soja à aplicação de Mo, Zn, B, Co nas sementes, com e sem calagem, em solo Passo Fundo, no RS. Chegaram às seguintes conclusões: nas áreas sem calcário, o tratamento de sementes com molibdênio aumentou a produção de grãos de soja; nas áreas com calagem não houve resposta à aplicação de Zn, B, Mo e Co; o tratamento das sementes de soja com molibdênio é uma alternativa técnica e econômica quando a calagem não for possível. Neste experimento, o solo foi adubado com 250 kg/ha da formulação 00-20-25, em 1990/91, e 220 kg/ha de 00-20-30 em 1991/92.
Na redução de custos, os micronutrientes podem ser aplicados junto com os fungicidas, como acontece com o molibdênio.
A recomendação é a utilização de molibdênio (Mo) e cobalto (Co) nas sementes, nas doses de 12 a 30 g/ha e 2 a 3 g/ha, respectivamente, quando do tratamento com fungicidas. Isso corresponde de 22 a 55 g/ha de molibdato de amônio (54% Mo e 6% N) e 30 a 80 g/ha de molibdato de sódio (39% Mo). No caso do cobalto, pode ser usado o sulfato de  cobalto (19% Co) na quantidade de 10 a 16 g/ha. A aplicação deve ser feita em mistura com fungicidas, antes da inoculação das sementes de soja.
LEIA:  Análise foliar - Valores referenciais para Minas Gerais

REFERÊNCIAS

LOPES, A.S. Micronutrientes - Filosofias de Aplicação e Eficiência Agronômica. ANDA, São Paulo. 1999. 58 p. Boletim Técnico No 8.

VITTI, G. C.; QUEIROZ, F. E. de. C.; QUINTINO, T. A. Micronutrientes na cana-de-açúcar - mitos e realidades. Disponível em:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Anais_Godofredo_Cesar_Vitti_000fizug9hp02wyiv802hvm3j0am3m2k.pdf> Acesso em: 12 Jun. 2013.

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