domingo, 28 de julho de 2013

Elevar os Teores de Fósforo e Potássio aos Níveis Críticos



As altas produções das culturas dependem do nível de fertilidade do solo. Solos pobres em nutrientes jamais terão condições, naturalmente, se não for corrigida a acidez e a reposição de nutrientes em quantidades satisfatórias que possam ser disponibilizados para as plantas. O fósforo (P) e o potássio (K) podem ter seus teores aumentados através de uma adubação corretiva chamada, respectivamente, de fosfatagem e potassagem. Com isso vamos elevar os níveis naturais do solo até os níveis críticos que correspondem a obtenção de 95% da produção de maneira econômica.
Por exemplo: um solo apresenta  1 mg/dm³ de P e 0,04 cmolc/dm³ de K.
Objetivo: buscaremos aumentar o teor de P para 18 mg/dm³ e o de K para 0,24 cmolc/dm³, na camada de 0-20 cm. Lembramos que as recomendações de calagem e adubação conforme as análises de solo são para uma camada de 0-20 cm. Se utilizarmos uma camada de solo de profundidade menor, devemos fazer a redução proporcional das quantidades recomendadas.

1. Calcular a elevação do teor de fósforo (P) no solo


O solo possui 1 mg/dm³ de P. Nosso objetivo é elevar para 18 mg/dm³. A diferença que devemos acrescentar é de 17 mg/dm³ de P (18-1).
Ora, sabemos que mg/dm³ x 2 = kg/ha
Então, 17 x 2 = 34 kg/ha de P
Os fertilizantes fosfatados são garantidos o seu teor de fósforo em P2O5. Comercialmente, as indústrias de fertilizantes usam o P2O5 para garantir o teor de fósforo, embora a planta não absorva P2O5  É uma classificação meramente comercial.
Por esse motivo, precisamos transformar o P em P2O5. O índice para transformar P em P2O5 é 2,29.
P x 2,29 = P2O5
34 kg/ha P x 2,29 = 77,86 kg/ha de P2O5

Como fonte de fósforo precisamos aplicar um adubo fosfatado: ou superfosfato simples, ou superfosfato triplo ou um fosfato natural reativo mais supertriplo. Vamos escolher o superfosfato triplo que possui, no mínimo, 42% de P2O5. Isso quer dizer que o supertriplo em cada 100 kg do produto possui 42 kg de P2O5.
Em 100 kg de superfosfato triplo (ST) temos ................ 42 kg de P2O5
Quanto de ST precisamos para obter (X) ..................... 77,86 kg/ha de P2O5
X = (77,86 x 100) / 42 
X = 185 kg/ha de superfosfato triplo (ST)

2. Calcular a elevação do teor de potássio (K) no solo


Precisamos adicionar 0,20 cmolc/dm³ de K.
1 cmolc de K = 391 mg/dm³ de K.
0,20 cmolc K x 391 = 78 mg/dm³ de K
78 mg/dm³ x 2 = 156 kg/ha de K
Como explicamos acima, as indústrias de fertilizantes usam o K2O para garantir o K. Para transformar K em K2O usamos o índice 1,20.
Então, 156 kg/ha K x 1,20 = 187 kg/ha de K2O
Para adicionar potássio ao solo, o fertilizante mais usado é o cloreto de potássio que em cada 100 kg possui 60 kg de K2O.
Em 100 kg de cloreto de potássio (KCl) temos ........... 60 kg de K2O
EM  X quilos de KCl teremos ..................................... 187 kg/ha de K2O
X = (187 x 100) / 60
X = 312 kg/ha de KCl

3. Conclusão


As necessidades de fertilizantes fosfatado e potássico para elevar os teores de P e K no solo para 18 mg/dm³ e 0,24 cmolc/dm³ de K são:
185 kg/ha de Superfosfato triplo
312 kg/ha de Cloreto de potássio.

Em prosseguimento não devemos esquecer das adubações de manutenção e de cobertura. As quantidades de fósforo e potássio, adicionadas pelo supertriplo e cloreto de potássio, respectivamente, são para elevar os níveis desses nutrientes, propiciando uma melhoria na fertilidade do solo.
A adubação de manutenção compreende a adubação no plantio e a adubação de cobertura. Nessas duas adubações vamos oportunizar um aumento de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento das plantas, acompanhada pela adubação de cobertura com nitrogênio, ou nitrogênio e potássio no momento que a planta mais precisa desses nutrientes. Criamos, à princípio, condições melhores e disponibilizamos mais nutrientes para elas absorverem e responderem com altas produções. "Altas produções exigem maior quantidade de nutrientes à disposição das plantas".


22 comentários:

  1. Poderia comentar a baixa eficiência da adubação com fósforo, cita-se que somente 20 a 30 % é aproveitada pelas plantas no primeiro ano e que grande parte é fixada pelo solo. Como fazer para disponibilizar todo o P aplicado na adubação? Onde fica o "residual" da aplicações anteriores? Obrigado.

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    1. Athos Brendler, não há como disponibilizar todo o P para as plantas. Para a adubação é necessário, mesmo, fazer cálculos para aplicar maior quantidade e suprir essa falha. O P tem grande afinidade com os coloides do solo e ficam retidos ali, P fixado. os coloides, com o tempo, se aprofundam no solo e o P é perdido. a única maneira de amenizar esse fenômeno é um com uma saturação por bases bastante elevada no solo em questão.

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  2. Como fosfatagem, a utilização de Fosfatos Naturais Reativos como Bayóvar, Arad, Gafsa, Djebel entre outros, possuem em geral 29% de P2O5 total, e 9-14% sol. Ac. cítrico, o que significa a liberação imediata destes na mesma safra em que foram aplicados. Estes fosfatos não fixam, pois são naturais e são liberados por substituições isomórficas de fosfato por carbonato no solo. Neste caso a grande diferença desta fosfatagem é que ela pode durar entre 1 ano e meio à três anos (dependendo da reatividade do fosfato) para que este teor de P se eleve suficientemente. Como foi dito no texto acima, a utilização do fosfatos solúveis na adubação do sulco é primordial para a manutenção da cultura cultivada. Esta fixação de P nos fosfatos solúveis ocorre em óxidos e hidróxidos de Fe e Al e fica indisponível na forma não-lábil. Estes "residuais" vão se acumulando, e com o tempo serão liberados minimamente, e a fixação dos fosfatos solúveis aplicados continua. A utilização dos fosfatos naturais em áreas velhas também auxiliam na mineralização destes "residuais" retidos devido à adição de ligantes no solo, também com influência no aumento da CTC. Enfim, esta mineralização somente ocorrerá com este aumento da condutividade elétrica, que também poderá ocorrer com a adição de diferentes espécies de rotação de culturas, bioativando microrganismos como micorrizas e bactérias solubilizadoras de P inorgânico.

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  3. Olá, Gastão! Tenho uma dúvida: tendo o fosfato super simples 18% de P2O5, que custa R$ 41,00, e o fosfato super triplo 46% de P2O5, que custa R$ 74,00, não se conclui que, por razões econômicas, deveríamos usar apenas o fosfato super triplo? Existe alguma condição em que se torna imperativo o uso do fosfato super simples?

    Aproveitando a oportunidade: estou fazendo a calagem da minha propriedade pelo segundo ano consecutivo; existe um prazo (de meses, anos, etc.) para que essa calagem seja feita ou devo me basear meramente na análise de solo (pH)? Após o término da calagem, pretendo usar a cama de frango como fertilizante. Sobre isso, quanto tempo devo aguardar para realizar esse procedimento? Quantas toneladas de cama de frango por hectare? Devo usá-la mais de uma vez ao ano? Por fim, existem meses mais propícios para realizar a calagem e fertilização do solo com cama de frango?

    Desde já agradeço muitíssimo a sua atenção!

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    1. Realmente o custo do kg de fósforo (P2O5) do supertriplo será mais barato que o superfosfato simples. O supersimples deve ser avaliado o seu uso quando os níveis de enxofre estão muito baixos no solo e/ou se precisa adicionar esse nutriente. O uso contínuo de formulações concentradas têm baixado o nível de enxofre do solo e assim não há aplicação desse nutriente. As fórmulas muito concentradas não possuem, na sua composição, o superfosfato simples.
      A calagem deve ser feita 90 dias antes do plantio,no mínimo. O uso da cama de frango pode ser feita. Em geral se usa 5 t/ha, uma vez ao ano. Prefira as camas de frango de vários lotes, (5 a 7).


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  4. Olá Gastão, muito podemos aprender com suas publicações, grato por isso. Tenho uma dúvida sobre recomendação de K para soja. Sendo que em áreas de menores CTC a perda por lixiviação de K é maior, como eu poderia utilizar um parâmetro pra recomendar levando em consideração a CTC? Pois se eu somente elevar o K ao um número "x "de ppm, em áreas de baixa CTC, creio eu que não terás K suficiente durante todo ciclo da cultura devido as perdas do K por lixiviação, correto? Atualmente faço recomendações baseado em 100 ppm de K, e parcelo as aplicações em cobertura.


    Desde já, agradeço muito sua atenção

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  5. Caro Gastão, no exercício acima deu a entender que as quantidades de 185 kg/ha de Superfosfato triplo 312 kg/ha de Cloreto de potássio, deva ser feito antes do plantio, para que quando a cultura esteja instalada aproveite os nutrientes em questão.
    No caso da soja, quantos dias eu faço adubação? E depois na adubação de manutenção, com base em que eu faço a recomendação?

    Muito obrigado e fico no aguardo.

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    1. até 15 dias antes do plantio. A adubação de manutenção procure os teores recomendados de P2O5 e K2O nas tabelas de recomendação de adubação do seu estado, na faixa média de P e K

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  6. Prezado Gastão,

    Interpretando uma análise de solo para a cultura do eucalipto com teores de P de 1 mg/dm³, teores de K entre 40 e 50 mg/dm³, teor de argila superior a 70%, M.O. 3%, pH em água 5,1, utilizando fórmulas comerciais a que mais se adequou foi a 5-30-10. Se tratando de espécies florestais não seria interessante utilizar fosfatos naturais para corrigir o solo e equilibrá-lo? Baseado na hipótese de liberação mais lenta?

    Parabéns pelo espaço!
    Abraço,
    Germano

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    1. OK, você pode sim utilizar um fosfato natural reativo. Substitua por 30% do fósforo da fórmula. Então, use uma fórmula 05-20-10 e complemente com fosfato natural de alta reatividade. Use para cada 100 kg de fórmula a quantia de 50 kg de fosfato natural. Leia o texto no link abaixo:
      http://agronomiacomgismonti.blogspot.com/2011/09/o-que-diferencia-os-fosfatos-naturais.html

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  7. Olá Gastão, gostaria de saber como se disponibiliza fosforo as plantas, as diferenças dos metodos de correção,manutençao e extraçao de fosforo?

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    1. http://agronomiacomgismonti.blogspot.com.br/2012/03/fosforo-remanescente-nivel-critico.html

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  8. Olá Gastão, gostaria de saber como se disponibiliza fosforo as plantas, as diferenças dos metodos de correção,manutençao e extraçao de fosforo?

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    1. http://agronomiacomgismonti.blogspot.com.br/2012/03/fosforo-remanescente-nivel-critico.html

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  9. ola gastao, gostaria de saber qual seria o teto de em que eu posso por de kcl no solo para que nao ocorra salinizacao, pensando nisso em correcao de potassio, e qual seria o periodo adquando para essa aplicacao em solo argiloso

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    1. você deve s basear na recomendação de potássio para a sua região.

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  11. Bom dia Gastão, sou da região norte do Paraná, gostaria de realizar uma correção de solos //calcareo (calc. calcitico c/ 80% PRNT), fosforo(supersimples) e potassio (KCl)// com as seguintes caracteristicas/composição do solo: CTC ph 7,0 (8,88 cmolc/dm3), Calcio (3,82 cmolc/dm3),Magnesio 0,95 cmolc/dm3), Potássio (0,03 cmolc/dm3), Fosforo Mehlich 1 (4,69 mg/dm3), Saturação Bases (V%=54,43) e teor de Argila (81 %). Gostaria saber a quantidade deste calcareo, Super Simples e Cloreto Potássio a serem utilizados, estou em dúvida em relação a eficiencia da fosfatagem (em função da fixação) qual o percentual a mais seriam necessário aplicar (SuperSimples). Nos meus calculos deram em torno de: 6,9 ton/ha do calcareo (atingir 80%), 304 Kg/ha de super simples (atingir 18 mg/dm3) e 328 Kg/ha de KCl (atingir 5% da CTC). Favor verificar se está correto e minha maior dúvida é em relação a eficiencia da fosfatagem (qual percentual devo acrescentar deste fertilizante??), grato, Renato Mashima (renatomashima@uol.com.br).

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    1. Nos solos que foram corrigidos, neutralizado a acidez, você pode pensar em aplicar 20%a mais no teor de P2O5.

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  12. Bom dia, Gastão. Aprecio muito o seu blog e agradeço por mantê-lo.
    No caso de se realizar uma "potassagem", na qual se aplicará altas doses de KCl à lanço, não ocorrerá uma alta perda por lixiviação?
    Se eu aplicar em entressafra com uma cultura de cobertura instalada, ela sofrerá por efeito salino?

    At.te
    Carlos Saliba

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    1. Prezado Carlos> o objetivo desta publicação é mostrar como calcular a dosagem de adubo potássico para elevar o K no solo. Após o resultado encontrado, caberá ao técnico decidir se esta quantidade está dentro dos limites preconizados pelos órgãos de pesquisa. Alguns indicam um limite de até 100 kg de K2O/ha e parcelar a aplicação de cloreto em solos arenosos para evitar maiores perdas por lixiviação.
      Altas doses de cloreto de potássio podem queimar as plantas e sementes, quando em contato com elas

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