segunda-feira, 18 de maio de 2009

Os Fosfatos perante à Legislação Brasileira

A Legislação Brasileira determina que a garantia do fósforo deve ser avaliada nos seguintes extratores químicos:
Fosfatos Acidulados e parcialmente Acidulados – Citrato neutro de amônio (CNA) + água, e os teores solúveis em água e total para os parcialmente acidulados quando comercializados isoladamente;
Misturas que contenham fosfatos acidulados ou parcialmente acidulados – citrato neutro de amônio (CNA) + água e facultativo o teor solúvel em água;
Fosfato Naturais, Fosfatos Naturais Reativos, Escórias, Termofosfatos e Farinha de Ossos – o teor total de fósforo e o teor solúvel em ácido cítrico a 2% relação 1:100; No caso dos Fosfatos Naturais Reativos pode ser indicada o teor de fósforo solúvel em ácido fórmico a 2% relação 1:100 desde que o teor de fósforo solúvel encontrado neste extrator (ácido fórmico) seja igual ou maior que 55% do fósforo total do produto.
Misturas que contenham fosfato natural, fosfato natural reativo, escórias e farinha de ossos - teor total de fósforo somente em misturas de natureza física pó ou farelada; fósforo solúvel em ácido cítrico 2% na relação 1:100 e teor de fósforo solúvel em água ou informação de que o fósforo é insolúvel em água;
Misturas que contenham termofosfatos – teor total somente quando em misturas de natureza física pó ou farelada; teor solúvel de fósforo em ácido cítrico a 2% relação 1:100 ou teor de fósforo solúvel em citrato neutro de amônio (CNA) + água.
O fósforo é avaliado na forma de P2O5. No caso do ácido cítrico a 2%, a relação 1:100, quer dizer 1 gramo de produto para 100 ml de ácido. Um avanço da Legislação de Fertilizantes foi permitir a indicação da solubilidade em ácido fórmico 2% 1:100 para os fosfatos naturais reativos. Isto era uma antiga aspiração dos que defendiam os fosfatos naturais reativos.

O mercado comum europeu utiliza o ácido fórmico há anos pois dizem que é o único extrator para diferenciar os fosfatos naturais reativos dos fosfatos de baixa reatividade desde que 55% do seu fósforo total seja solúvel no ácido fórmico 2% 1:100. E estão corretos pois pesquisas realizadas no Brasil confirmam este fato, como vejamos: dos fosfatos naturais, na ilustração acima, o único que poderia ser comercializado no Mercado Comum Europeu seria o fosfato natural de Gafsa – pois no teste realizado por Catani e Nascimento, 94,6% do fósforo total do Gafsa é solúvel no ácido fórmico 2% 1:100. Os fosfatos naturais brasileiros são de baixa reatividade e não servem para aplicação direta na agricultura mas podem ser utilizados pelas indústrias onde sofrerão tratamentos químicos que os tornarão solúveis em água.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Cálculo da dose de adubo para saturar parte da CTC

A análise de um solo apresenta os seguintes resultados:
K = 0,8 mmolc/ dm3
Ca = 0,7 cmolc/dm3
Mg = 0,3 cmolc/dm3
(H+ + Al³+) = 5,5 cmolc/dm³

Na aplicação do calcário pretendemos elevar o pH a 6,0. Com esta prática haveria uma liberação de cargas negativas equivalentes a 65% da Capacidade de Troca de Cátions – CTC a pH 7,0. Queremos que 3,5% da CTC seja saturada com potássio. Precisaríamos incorporar ao solo um adubo potássico – o cloreto de potássio. Qual a quantidade de KCl será necessário?.
1° Passo: Calcular a soma de bases (S)
S= Ca + Mg + K
Precisamos transformar K = 8 mmolc/ dm³ em cmolc/dm³.
Os demais cátions estão expressos em cmolc/dm³. Então, precisamos converter o K para cmolc/dm³.
K = 0,8 / 10 = 0,08 cmolc/dm³

S = 0,7+0,3+0,08 = 1,08 cmolc/dm³

2° Passo: Calcular a CTC a pH 7,0 (T)

T = S + (H+ + Al³+)
T = 1,08+5,5 = 6,58 cmolc/dm³

A CTC a pH 7,0 deste solo é igual a 6,58 cmolc/dm3. Sessenta por cento (65%) desta CTC corresponderia:
100% ........................ 6,58 cmolc/dm³
65% ........................   X cmolc/dm³
X = 65 x 6,58 / 100 = 4,27 cmolc/dm³

Deste valor 4,27, deve-se ocupar 3,5% com K
100% .......... 4,27 cmolc/dm³
3,5% ..........  X  cmolc/dm³K
X = 3,5 x 4,27 / 100 = 0,149 cmolc /dm³ K

3° Passo: calcular a reposição de potássio (K)
O solo, já possui 0,08 cmolc de K/dm³
Portanto, 0,149 – 0,08 = 0,069 cmolc de K/dm³ que faltam para se ter 3,5% da CTC a pH 6,0 ocupada por potássio.
Pela tabela 1 (veja mais abaixo) o coeficiente para transformar cmolc/ dm³ de K em g K é 0,3909. Então 0,069 x 0,3909 = 0,026972 g/dm³ de K

Pela Tabela II para transformar-se g/dm³ em kg/ha deve-se multiplicar por 2.000. Logo:


0,026972 g/dm3 de K x 2.000 = 53,94 kg/ha de K.

4° Passo: transformar K em K2O
Mas no fertilizante cloreto de potássio, o potássio está na forma K2O. Então, teremos que transformar os valores de K em K2O.
Para isto, usamos a Tabela 1 e encontramos o fator de conversão de 1,20458.


53,94 kg/ha x 1,20458 = 64,97 kg /ha de K2O.

5° Passo: calcular a quantidade de adubo potássico
Como o cloreto de potássio (KCl) tem 60% de K2O,
100 kg de KCl...................60 kg de K2O
X .kg de KCl ....................64,97 kg/ha de K2O
X = 64,97 x 100 / 60 = 108 kg/ha de KCl

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Os nutrientes das plantas(4) - Boro (B), Cobre (Cu) e Ferro (Fe)

Micronutrientes:
Boro (B):

O boro (B) apresenta uma série de atividades e funções nas plantas:
• Divisão celular;
• Viabilidade dos grãos de polén;
• Formação dos frutos;
• Metabolismo dos carboidratos e da água;
• Síntese das proteínas.

As deficiências de boro, de acordo com as culturas, são:

• Crescimento prejudicado;
• Má formação dos frutos;
• Morte dos brotos terminais;
• Folhas de bordos enrolados;
• Grande queda dos frutos;
• Amarelecimento das nervuras das folhas;
• Queda excessiva de botões florais;
• Fendas através do caule.

O baixo nível de umidade diminui a disponibilidade de boro. A aplicação de boro em excesso pode tornar-se tóxico para as plantas.
A forma de boro absorvida pelas plantas é a (BO³ ‾).

Cobre (Cu):

O cobre (Cu) é importante na formação da clorofila. O cobre é necessário em pequenas quantidades.
As deficiências de boro aparecem tanto em solos com alto teor de matéria orgânica como em solos arenosos e ácidos, e em solos alcalinos.
Altas temperaturas com alta umidade são desfavoráveis para a liberação de cobre pela matéria orgânica.
As deficiências mais comuns de boro são:
• Morte dos ramos novos;
• Folhas amarelas;
• Folhas torcidas com pontas secas;
• Amarelecimento entre as nervuras;
• Morte das folhas.

O cobre reage com a matéria orgânica do solo formando compostos que não são aproveitáveis pelas plantas de imediato. Por isto, em solos com alto teor de matéria orgânica há necessidade de aplicações anuais. A aplicação excessiva de cobre pode torná-lo tóxico principalmente em solos pobres de matéria orgânica.
O cobre apresenta problemas quando misturados com outros fertilizantes. O sulfato de cobre solúvel reage para formar compostos insolúveis com os fosfatos de amônio de fertilizantes fluidos.
O cobre (Cu) é absorvido nas formas Cu+ e Cu++.

Ferro (Fe):

O ferro é importante para a produção de clorofila e para o processo de respiração ou seja transferência de energia.
O amarelecimento entre as nervuras das folhas novas é um sintoma da deficiência de ferro. Uma deficiência severa pode apresentar folhas quase brancas como no sorgo.
Os fertilizantes foliares são a melhor via de aplicação de compostos de ferro.
O ferro é absorvido pelas plantas nas formas Fe++ e Fe+++.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Calculando as matérias-primas numa fórmula de fertilizante.

Numa indústria, os químicos são responsáveis pelo cálculo das formulações que são enviadas ao parque industrial onde estão as matérias-primas estocadas e os equipamentos de moagem, granuladores, misturadores, ensacadores etc. Tudo supervisionado por uma equipe de engenheiros de diversas especialidades.
A fórmula é calculada com base em 1.000 kg de matérias-primas, depois registrada nos orgãos governamentais competentes. Após obtido o registro, o produto começa a ser industrializado e depois comercializado.
Para isto devemos saber quais as matérias-primas que podem ser utilizadas.
Nós temos formulações:
· NPK (que contém os três principais nutrientes, nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Por exemplo a fórmula 5 – 30 - 15
· NP que contém somente nitrogênio e fósforo. Por exemplo: 05 – 20 – 00 ou as matérias-primas Fosfatos monoamônio e diamônio;
· PK que possuem somente fósforo e potássio. Exemplo: 0 – 30 – 15
· NK que possuem nitrogênio e potássio. Exemplo: 10 – 0 – 15 e nitrato de potásio.

Nós devemos conhecer, também, as matérias primas que podem ser utilizadas.
1. Como fonte de nitrogênio mais utilizadas são a uréia com 45% de N. O sulfato de amônio com 20% de N. O fosfato monoamônio - MAP com 11% de N e 60% de P2O5. O fosfato diamônio - DAP com 17% de N e 47% de P2O5;
2. Como fonte de fósforo, os superfosfato simples com 18% de P2O5. O superfosfato triplo com 41% deP2O5 e os fosfatos MAP e DAP;
3. Como fonte de potássio, o cloreto de potássio com 60% de K2O. é o mais utilizado como fonte de K2O.
As garantias expressas acima são as garantias mínimas determinadas pela Legislação Brasileira de Fertilizantes. Claro que podemos encontrar matérias-primas com teores um pouco maior mas o importante é que não podem ser comercializadas se não atenderem os requisitos mínimos.
Sabendo isto tudo, estamos aptos a calcular uma fórmula de fertilizantes. Chamo a atenção que a fórmula cujo resultado chegaremos não é a única pois com as mesmas garantias de nutrientes podemos ter várias composições. O importante é chegar no resultado final que expresse a garantia dos nutrientes. As indústrias, também, utilizam as matérias-primas que elas têm na ocasião da fabricação da mistura.

Vamos supor o cálculo da fórmula 5 – 30 – 15 que contem 5% de N, 30% de P2O5 e 15% de K2O. Isto quer dizer que em 100 kg teremos 5 kg de N, 30 kg de P2O5 e 15 kg de K2O. Em 1.000 kg, 50 kg de N, 300 kg de P2O5 e 150 kg de K2O. Por hipótese, as matérias-primas disponíveis são:
Fosfato diamônio (DAP) – 17% de N e 47% de P2O5
Superfosfato simples (SS): 18% de P2O5
Superfosfato triplo (ST): 42% de P2O5
Cloreto de potássio (KCl) – 60% de K2O

1° Passo - partir de um nutriente fornecido por uma só matéria-prima
Neste caso, este nutriente é o potássio na fórmula expresso por 15% de K2O.
Toda fórmula de fertilizante é calculada para 1.000 kg. Neste caso, precisamos 150 kg de K2O.
100 kg de KCl ............. 60 kg K2O
X ................................ 150 kg K2O
X = 150 x 100 / 60 = 250 kg/t de KCL

2° Passo – calcular os demais nutrientes
Faltam, portanto, 750 kg de matéria-prima para fechar os 1.000 kg.
Vamos partir, agora, para o nitrogênio (N) e fósforo (P) pois temos duas matérias-primas que fornecem o nitrogênio e o fósforo – o MAP e o DAP. Vamos escolher o DAP.
100 kg de DAP ............... 17 kg de N
X ............................50 kg de N
X = 50 x 100 / 17; X = 294 kg/t DAP = 294 kg/t
Como o DAP também fornece P2O5,
100 kg de DAP ................ 47 kg de P2O5
294 kg de DAP ................ X
X = 294 x 47 / 100 = 138,18 kg/t de P2O5

Precisamos de 300 kg de P2O5. Como já temos 138,18 kg, estão faltando 161,82 kg de P2O5. Ou seja, 16,18%. Em matérias-primas, temos os 250 kg de KCl e os 294 kg do DAP que somam 544 kg. Faltam, portanto 456 kg de matérias-primas que vão ser distribuídos entre os SS e ST.
Aqui vamos aplicar uma equação matemática. a = superfosfato simples (18%) b = superfosfato triplo (42%)
(1) 18 a + 42 b = 16.180 (16,18 x 1000)
(2) a + b = 456 kg ; logo:  b = 456 – a
Substituindo (b) na equação acima (1), teremos:
18 a + 42 (456 – a ) = 16.180
18 a + 19.152– 42 a = 16.180;
18a - 42 a = 16.180 – 19.152
-24 a = -2.972   .'.  multiplicando por (-1) teremos
24 a = 2.972
a = 2.972 / 24 = 123 kg/t de superfosfato simples
Para achar o superfosfato triplo (b) vá na equação (2) e substitua a = 123 .'. b = 456 – a   .'. b = 456 – 123 = 333 kg/t de superfosfato triplo
Está pronta a nossa formula 5 – 30 – 15 Vamos conferir?
250 kg de cloreto de potássio KCL = 250 x 60 / 1000 = 15% de K2O
294 kg de fosfato diamônio DAP = 294 x 18 N / 1000 = 5% de N e DAP = 294 x 47 de P / 1000 = 13,818% de P2O5
123 kg de supersimples = 123 x 18 P2O5/1000 = 2,214% de P2O5
357 kg de supertriplo = 333 x 42 P2O5/1000 = 13,986% de P2O5
Somando as matérias-primas = 250+294+123+333 = 1.000 kg
Somando os nutrientes
Nutriente P (P2O5) = 13,818+2,214+13,986 = 30%
Nutriente N = 5%
Nutriente Potássio (K2O) = 15%

Além disto, o superfosfato simples contém na sua formulação 8% de enxofre (S) enquanto o supertriplo contém 10% de Ca.
Supersimples – 123 x 8 S /1.000 = 0,98% de S
Superfosfato triplo – 333 x 10 Ca /1.000= 3,3% de Ca

segunda-feira, 11 de maio de 2009

RS - Danos causados pela estiagem ao produtor rural

No Estado, alguns municípios estão sofrendo com a estiagem. Quebras de 20 a 30% na soja, mais de 30% no milho e 30 a 60% na produção leiteira”.

Em anos de estiagem, os comentários sobre a irrigação voltam a ser debatidos. A importância, a necessidade, etc... são a tônica sobre irrigação. Para produzir, os vegetais necessitam de diferentes quantidades de m³ de água. O feijão chega a 2.000m³, o milho 850m³, o trigo 1.500m³ e a cana de 100 a 150m³ de água. A produtividade das culturas é bem maior quando recebem água na hora certa do que aquelas que não são irrigadas. As culturas de ciclo curto são beneficiadas com a irrigação em tempos de excassez ou deficiência de chuvas.
No município de Santo Ângelo, nas Missões, numa lavoura de milho assistida tecnicamente pela EMATER-RS, dentro do Programa Estadual de Irrigação, a produção obtida foi de 180 sacos/ha. Isto é relevante se comparado com a produção das lavouras que sofreram com a estiagem que apresentam uma produtividade de 20 a 30 sacos/ha, principalmente nas lavouras semeadas no tarde. Por outro lado, a soja apresenta vagens mal formadas e grãos chochos. O COMEA – Comissão Municipal de Estatísticas Agropecuárias estima que a produção média alcançada na soja será de 39 sacos/ha. No milho, a estimativa é de 35 sacos/ha. Antes, na estiagem estavam colhendo 12 sacos/ha. Com girassol, a produtividade média é de 1.680 kg/ha. Esta melhora se deve a ocorrência de chuvas periódicas no município. Já os agricultores que cultivaram a soja com tecnologia estão conseguindo 45 sacos/ha. Este fato se deve, também, ao uso de defensivos no combate às pragas e doenças. Em Santo Ângelo a área plantada com soja é de 35.000 ha, com milho 7.000 ha e girassol, 300 ha.
No município de Ijuí, as perdas atingem a 25 milhões de reais. A produção leiteira caiu 30 a 40%. Os produtores estão usando a silagem de inverno para alimentar o gado pela falta de pastagens e água o que está onerando a produção. Em Porto Alegre, o reflexo disto é a venda de 1 litro de leite a R$ 1,80 – 1,90, nos supermercados. A tendência são estes custos aumentarem ainda mais com a chegada do inverno pela falta de feno e silagem. No milho para silagem as perdas atingem 80% enquanto no grão elas são de 30%. Na soja, a quebra de produção é de 20%.
Em Carazinho, a quebra na produção leiteira é de 50% pela falta de pastagens. No milho, 30% e na soja 20%.


Em Chapada, as perdas com milho e soja são maiores atingindo 60%, enquanto na produção de leite é de 50%. Os pecuaristas estão com dificuldades pois as pastagens estão excassas, não conseguem semear o pasto porque não há umidade no solo e se chover as pastagens levarão 60 dias para estarem aptas para o gado. Como alimentos volumosos para o gado estão usando o pouco feno e silagem que resta. Precisam comprar mas as reservas de estoques, disponíveis no mercado, são muito pequenas.
Em Passo Fundo, a quebra da safra de soja é de 25%
http://www.pivotvalley.com.br/valley/mestre/UNICAMP.html

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Quantidade de Ca e Mg Aplicado ao Solo por Dois Diferentes Calcários

Vamos calcular a quantidade de Ca e Mg expressos em cmolc/dm³ de duas fontes de calcário: o calcítico com 60% de CaO e o calcário dolomítico com 36% de CaO e 15% de MgO.

1° PASSO: transformar CaO em Ca
Pela Tabela 2.A, teremos:

1 kg CaO x 0,71470 = 0,71470 kg de Ca

1% de CaO equivale a 1 kg CaO/100kg de calcário ou 10 kg de CaO/1000 kg.
Pela Tabela 2A, 10 kg CaO x 0,71470 = 7,1470 kg de Ca ou 7.147,3 g de Ca.

2° PASSO:  Transformar g Ca em cmolc Ca
Na mesma Tabela 2.A, para transformar g Ca em cmolc de Ca basta multiplicar g x 4,9900.
Então:
1 cmolc Ca = 7.147,3 x 4,9900 = 35.665,027 cmolc Ca

Conclui-se que para cada 1% de CaO, aplicando 1 t/ha corresponde a 35.665,027 cmolc Ca/ha. Ou, se nosso calcário tem 60% de CaO.
35.665,027 cmolc Ca x 60 = 2.139.901,6 cmolc Ca /ha.
1 hectare = 10.000 m² = 1.000.000 dm²

Considerando uma camada de solo arável de 20 cm que é igual a 2 dm, teremos:
1 hectare = 1.000.000 dm² x 2 dm = 2.000.000 dm³. Logo,
2.139.901,6 cmol Ca/dm³.......... 2.000.000 dm³
X  cmolc/dm³ de Ca em ................... 1 dm³
X = (2.139.901,6 x 1) / 2.000.000 = 1,07 cmolc/dm³ de Ca

Com o calcário dolomítico, o mesmo raciocínio nos leva:
35.665,027 cmolc Ca x 36 = 12.839.409 cmolc Ca ou 0,64cmolc/dm³ de Ca

3° PASSO: Transformar g MgO em g Mg
1 kg MgO x 0,60311 = 0,60311 kg de Mg
No caso do MgO, 1% de MgO equivale a 1 kg MgO/100 kg ou 10 kg MgO/1000 kg.
Pela Tabela 2.A, vamos transformar MgO em Mg.
10 kg MgO x 0,60311 = 6,0311 kg Mg ou 6.031,1 g Mg
1 cmolc Mg = 6.031,1 x 8,.2304 = 49.638,365 cmolc Mg

Cada 1% MgO corresponde, numa aplicação de 1 t/ha de calcário dolomítico,
à 49.638,365 cmolc de Mg.
O calcário dolomítico possui 15% de MgO.
49.638,365 x 15 = 744.575,47 cmolc de Mg/ha ou 0,37 cmolc/dm³ de Mg.

744.575,47 cmolc/dm³ Mg ......2.000.000 dm³
................X cmolc/dm³...................1 dm³

X = (1 x 744.575,47) / 2.000.000 = 0,37 cmolc/dm³ Mg

Conclusão:

1.000 kg de calcário calcítico fornece – 1,07 cmolc/dm³ de Ca
1.000 kg de calcário dolomítico fornece – 0,64 cmolc/dm³ de Ca e 0,37 cmolc/dm³ de Mg

Os cálculos acima foram para você se familiarizar com o raciocínio e relembrar como chegar aos mesmos. Existe uma maneira simplificada que você chega aos mesmos resultados.
Os fatores abaixo são para ser lembrados pois chegam aos mesmos resultados acima de uma maneira mais rápida. Para cada 1 tonelada/ha aplicada de calcário:

Para cada 1% de CaO o fator a ser usado é: 0,01784 cmolc/dm³ de Ca²+
Para cada 1% de MgO o fator a ser usado é: 0,02481 cmolc/dm³ de Mg²+

Nos perguntamos, agora, donde veio esses coeficientes e como recuperá-los se os esquecermos.
Em 100 kg de calcário temos 1 kg de CaO, logo em 1000 ton. de calcário teremos 10 kg de CaO.
10 kg equivale a 10.000 g.
Pela tabela 2.A, g CaO para ser transformado em cmolc o fator é 3,5663. Então, 10.000 g CaO será 35.663 cmolc. 35.663 / 2.000.000 = 0,0178

O MgO encontramos 4, 9628 cmolc = 49628 / 2.000.000 = 0,02841

Aplicando estes fatores no exercício anterior, encontramos:
Calcário calcítico (60%CaO) = 60 x 0,01783 = 1,07 cmolc /dm³ de Ca²+
Calcário dolomítico (36% CaO e 15% MgO)
36 x 0,01783 = 0,64 cmolc/dm³ de Ca²+
15 x 0,02481 = 0,37 cmolc/dm³ de Mg²+

Portanto, mesmos resultados obtidos de uma maneira rápida. É só memorizar os fatores acima e os cálculos saem com rapidez.

Como já dissemos, estes resultados referem-se a 1 t/ha de calcário. se a quantidade for maior, os resultados encontrados devem ser multiplicados pela respectiva quantidade de produto a ser aplicado ao solo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os nutrientes das plantas (3) - Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S)



Macronutrientes Secundários

Cálcio (Ca):

É outro macronutriente importante para as plantas. É chamado macronutriente secundário junto com o magnésio (Mg) e o enxofre (S).

Os efeitos indiretos do cálcio são tão importantes quanto o seu papel como nutriente. O cálcio promove a redução da acidez do solo, melhora o crescimento das raízes, aumento da atividade microbiana, aumento da disponibilidade de molibdênio (Mo) e de outros nutrientes. O cálcio reduzindo a acidez do solo, diminui a toxidez do alumínio (Al), cobre (Cu) e manganês (Mn). Plantas que apresentam altos teores de cálcio resistem melhor a toxidez destes elementos.
As vagens chochas na soja e as folhas enroladas no milho são sintomas de deficiência de cálcio.
O cálcio existe tanto na forma de cátion como parte insolúvel dos minerais do solo. As formas disponíveis Ca++ são adsorvidas nos colóides do solo. Pela troca de cátions, elas passam para a solução do solo e depois são absorvidas pelas plantas.
O calcário e o gesso são as principais fontes de cálcio e são, também, condicionadores de solos. Além destes, existem fertilizantes que contém na sua composição o cálcio como o superfosfato simples com 18-20% de cálcio, o superfosfato triplo com 12% e outros conforme quadro que apresentamos no Capítulo da Legislação Brasileira de Fertilizantes.

Magnésio (Mg):

Outro importante macronutriente secundário. O magnésio apresenta, no solo, teores menores do que o cálcio porque é mais solúvel e sujeito, então, às perdas por lixiviação. O magnésio é fornecido sob a forma de íons Mg++ pelo sistema de troca do solo. O magnésio, como o nitrogênio, é parte da clorofila e sua deficiência aparece com um amarelecimento entre as nervuras das folhas mais velhas.
A forma disponível é a Mg++ adsorvida aos colóides do solo. Pela troca de cátions, o íon Mg++ passa para a solução do solo.

Enxofre (S):

O enxofre contido na atmosfera é uma das maiores fontes deste nutriente. As deficiência de enxofre são parecidas com as do nitrogênio – folhas amarelo-pálido. O enxofre faz parte das proteínas e é absorvido em grandes quantidades.
No solo, a maior fonte de enxofre é a matéria orgânica e no íon (SO4‾) contido no sistema de trocas do solo.
O enxofre é absorvido pelas plantas na forma (SO4‾) altamente sujeita às perdas por lixiviação.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Ciclo dos Fosfatos Naturais

Os fosfatos naturais reativos, sedimentares, amorfos e micropulverizados podem ser aplicados diretamente no solo pois apresentam uma eficiência agronômica muito boa. Para ser um fosfato reativo deve ter no mínimo 55% do seu fósforo total solúvel no ácido fórmico 2% relação 1:100.
No solo, os fosfatos naturais reativos apresentam o seguinte ciclo:

  1. o fósforo (P) do fosfato natural reativo encontra-se na forma tricálcica é solubilizado de modo imediato, progressivo e constante, permitindo às plantas uma disponibilidade permanente de fósforo nas quantidades necessárias e durante todo o ciclo da planta. Nos fosfatos acidulados ou solúveis em água (supersimples e supertriplo) a disponibilidade do fósforo é total e por um curto período. Em 1989, o departamento químico da extinta Companhia Riograndense de Adubos - CRA, sob a liderança do Eng° Químico F. Mottola realizou um teste com o HIPERFOSFATO (fosfato natural de alta reatividade, importado da África do Norte - GAFSA) tratando um gramo do produto com ácido cítrico a 2% 1:300 e a quantidade de fósforo extraída foi 12%. Trataram novamente o resíduo com o mesmo extrator e, novamente, obteram 12% e assim sucessivamente. Com os fosfatos naturais brasileiros obteram na 1a. extração 6 -7% e nas seguintes praticamente nada de fósforo. Nos fosfatos naturais reativos a solubilidade, no solo, é realizada: pela acidez livre do solo (H+); ação dos ácidos orgânicos sintetizados pelos microorganismos na mineralização da matéria orgânica; pelas secreções ácidas das raízes. Nas pontas das raízes exite sempre uma zona ácida que provoca a solubilização do fósforo do fosfato natural reativo; ação do CO2 do ar do solo; quando sofrem um rigoroso processo de moagem ou seja, moídos a um grau elevado de finura e devido a sua natureza branda, os fosfatos naturais altamente reativos não tem similar; Ocorre, também, o processo de fixação, mas bem menor que àquele sofrido pelos fosfatos solúveis em água, pois as quantidades disponíveis de fósforo são bem menores durante um mesmo período. A solubilização dos fosfatos naturais altamente reativos é constante;
  2. parte do fósforo disponível é absorvida pelas plantas e outra pelos microorganismos (fósforo imobilizado);
  3. a pequena parte do fósforo fixado voltará a tornar-se disponível pela ação dos ácidos orgânicos do solo, pela acidez livre (H+), pelas secreções ácidas das raízes e pelo CO2 do ar do solo;
  4. o fósforo imobilizado pode tornar-se novamente disponível pela mineralização da matéria orgânica.
Compare os ciclos dos fosfatos acidulados (texto já postado) com este dos fosfatos naturais reativos. Quando indico fosfatos naturais para serem aplicados diretamente na agricultura refiro-me aos REATIVOS.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Como Calcular kg/ha de Adubo para Elevar o P do Solo?

O solo apresenta um teor de fósforo (P) de 4 mg/dm³ e queremos elevar este nível para 12 mg/dm³, através de uma adubação corretiva de fósforo utilizando um fertilizante fosfatado, o superfosfato triplo que apresenta uma garantia mínima (pela legislação Brasileira de Fertilizantes) de 41% de P2O5. Qual a dose deste fertilizante a ser aplicada por hectare ?

Sabemos que as plantas aproveitam, em média, 15 a 25% do fósforo aplicado no solo. O restante é fixado dependendo de cada tipo de solo, cultura e manejo. Vamos usar uma média de 20% de fósforo assimilável pela planta.
Se queremos elevar o teor de fósforo do solo para 12 mg/dm3, existe um déficit de 8 mg/dm³ (12-4).

1º Passo:
Sabemos que kg/ha = mg/dm³ x 2
Então, 8 mg/dm³ de P x 2 = 16 kg de P/ha.

2º Passo:
Transformar P em P2O5.
Usemos os pesos atômicos de cada elemento: (arredondando)
P2O5 = (31 x 2) + (16 x 5) = 62 + 80 = 142

Em 142 kg P2O5 temos ..... 62 P
................X ........................ 1 P
X = 1 x 142 / 62 = 2,29


Portanto P x 2,29 =P2O5

Logo, 16 x 2,29 = 36,66 kg/ha de P2O5
As necessidades para elevar de 4 para 12 mg/dm³ de P são de 36,66 kg/ha de P2O5
Como 20% do P2O5 é aproveitado, a necessidade real será:

36,66 kg P2O5....... 20%
........X ..................100%
X = 100 x 36,66 / 20 = 183,3 kg/ha de P2O5
Para que a planta assimile os 36,66 kg/ha de P2O5 são necessários colocar no solo 183,3 kg/ha de P2O5.
100 kg Superfosfato triplo ......... 41 kg de P2O5
..............X .................................. 183,3 kg P2O5

X = 183,3 x 100 / 41 = 447 kg/ha de superfosfato triplo

sábado, 2 de maio de 2009

Os Fosfatos Naturais

Existem fosfatos que são insolúveis em água mas que podem ser utilizados diretamente para aplicação no solo. São os fosfatos naturais que não sofrem nenhum tratamento químico ou térmico. Mas atenção: nem todo fosfato natural serve para aplicação direta no solo. Somente os fosfatos naturais que apresentam alta solubilidade em ácido fórmico são os mais reativos. Porque na Europa o ácido fórmico 2% relação 1:100 é considerado o melhor extrator para avaliar a eficiência de um fosfato natural. Durante o século XIX, muitos químicos e engenheiros-agrônomos acreditavam que somente o fósforo solúvel em água era assimilado pelas plantas. Até a década de 70 este conceito errôneo era ainda praticado pois aprendia-se, nos bancos das Universidades, que o fosfato natural servia somente para ser atacado por ácidos (sulfúrico e fosfórico) e obtinham-se os superfosfatos simples e triplo. As legislações de fertilizantes da época contribuiram, também, para desvalorizar os fosfatos naturais. O solo como meio vivo, dinâmico, era esquecido. Apesar de insolúvel em água, o P2O5 contido nos fosfatos naturais pode ser utilizado pelas plantas devido aos seguintes fenômenos:
  1. dissolução no solo dos fosfatos naturais por soluções ácidas que reagem da mesma maneira que os ácidos sulfúrico, fosfórico utilizados pelas indústrias. O ácido cítrico presente no solo faria o mesmo papel;
  2. sua absorção pelo solo, acelera o ciclo do fósforo;
  3. ataque e absorção direta pelas raízes que segregam substâncias ácidas que são capazes de tornar solúvel as partículas de fosfatos que entram em contato com elas.
Entretanto, para que o fósforo contido nos fosfatos naturais tenha, virtualmente, o mesmo efeito ou o mais aproximado do fósforo solúvel em água é necessário duas condições importantes:
1. Utilização de fosfatos brandos de origem orgânica e sedimentar (amorfos) – isto é de grande reatividade agronômica. Não ocorrendo isto, a ação do fosfato natural será tão lenta e, praticamente nula;
2. Micropulverização destes fosfatos de forma a aumentar a área de superfície das partículas aumentando assim, ao máximo, o contato entre os ácidos do solo e o fosfato.
A solubilidade do fósforo contido nos diversos fosfatos é avaliada por diversos extratores químicos tais como: ácido cítrico, citrato, água + citrato, ácido fórmico. Estes processos apenas estimam a solubilidade do fósforo, declarado no fertilizante, enquanto no solo ocorrem processos de solubilização ainda desconhecidos pela ciência.
Segundo algumas pesquisas, "não há relação entre a solubilidade avaliada por extratores químicos e a eficiência agronômica" (Macedo-W.S.L - Resposta à aplicação de calcário e diferentes fontes de fósforo em misturas forrageiras, em dois tipos de solo. Tese -Faculdade de Agronomia -UFRGS - Porto Alegre - maio/1975). O fosfato natural apesar de ser insolúvel em água, sofre no solo, um processo de solubilização similar ao industrial quando é atacado por ácidos (sulfúrico, cítrico, fósforico e orgânicos) ou, então, é solubilizado por substâncias secretadas nas zonas das raízes. Graças à situação que o solo é um meio dinâmico, que não serve apenas para fixar a planta, mas é um meio vivo com propriedades bioquímicas aliadas às da planta, à pobreza de fósforo, na maioria dos solos cultivados, tem-se observado a eficiência agronômica dos fosfatos naturais de alta reatividade, nas mais diferentes partes do mundo e em diversas pesquisas.
Em solos ácidos, como é o caso do Brasil, onde o fósforo é fortemente fixado quando aplicado na forma solúvel em água, explica-se porque os fosfatos naturais reativos apresentam respostas favoráveis quando aplicados no solo.
Por volta dos anos 70, a legislação estabelecia que a solubilidade dos fosfatos naturais seria determinada no extrator ácido citríco 2% relação 1:300. Um fosfato de alta reatividade, originário da África do Norte, região de Gafsa, era comercializado com os teores de 30% de P2O5 total e 24% de P2O5 solúvel no ácido cítrico a 2% relação 1:300. A relação 1:300 significa uma grama de fosfato e 300 ml de ácido. Por interesses comerciais, a Legislação alterou a relação para 1:100. Nesta relação a solubilidade do Fosfato de Gafsa caiu para 12%. O produto, por um artifício da legislação, foi desvalorizado. Os extratores não são universais.
Na Europa se usa o ácido fórmico 2% 1:100 como extrator e é exigido que 55% do fósforo total seja solúvel neste ácido, para considerar um fosfato natural reativo (FNR). Para os europeus, o ácido fórmico é o melhor extrator para diferenciar fosfatos naturais reativos, de alta eficiência agronômica, dos fosfatos não reativos, de baixa eficiência. Nos Estados Unidos, utilizam o citrato neutro de amônio.
Portantos temos rochas fosfatados de baixa eficiência que não podem ser utilizadas diretamente na agricultura e precisam sofrer o processo de acidulação (tratamento por ácidos) e encontramos rochas fosfatadas reativas que podem ser usadas diretamente na agricultura pela sua grande eficiência agronômica desde que sejam amorfas e micropulverizadas. Os fosfatos naturais reativos são os de Gafsa, Carolina do Norte, Arad.
A última atualização da Legislação Brasileira, em vigor, veio valorizar os fosfatos naturais reativos permitindo que seja expresso pelo seu teor em P2O5 solúvel no ácido fórmico 2% 1:100 desde que represente, no mínimo, 55% do teor de fósforo total.