sexta-feira, 29 de maio de 2009

Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte III

Os materiais orgânicos são divididos em quatro tipos:

1. Simples – são aqueles originados de plantas ou de animais. É o caso dos estercos de bovinos e suínos, camas de frango, torta de mamona, vermicomposto, turfa, linhita, etc... O esterco fresco, que contém microorganismos causadores de doenças no homem, não é permitido o seu uso em culturas, em que a parte comestível pela população humana possa entrar em contato direto com ele. Para isto, ele deve ser “curtido”, processo que pode levar até 90 dias dependendo das condições climáticas. O esterco fresco, durante o curtimento, deve ficar protegido e ser evitado o escorrimento de água que levaria embora os nutrientes contido neles.
2. Mistos – são originados da mistura de dois ou mais orgânicos simples;
3. Compostos – estes não são um orgânico natural. São obtidos por processos químicos, físico, físico-químicos ou biológicos. Podem ser, ainda, enriquecidos com nutrientes minerais. Formados por restos de vegetais e animais são obtidos por via aeróbica (presença de ar). Sua utilização é importante, pois melhora as condições físicas, químicas, físico-químicas e biológicas do solo favorecendo o enraízamento das plantas. Nos compostos se usa restos de vegetais, ricos em carbono (C), e de animais. O esterco é rico em nitrogênio (N). Isto é importante para estabelecer a relação C/N, que inicialmente deve ser 30/1. Devem-se usar mais resíduos vegetais ricos em carbono. O processo para formar o composto é distribuir camadas alternadas de restos vegetais e de animais. Cada camada vai sendo umedecida com água evitando-se o escorrimento para não haver perda de nutrientes. Pode ser enriquecida com fosfato natural, calcário, torta de mamona, etc... A cada 15 dias se faz o reviramento das camadas e umedecendo-as. O produto deve ficar protegido, por plástico ou lona, da chuva e do solo. O composto está pronto quando ele apresentar uma redução de volume de 1/3 e não ser possível distinguir os componentes iniciais. O vermicomposto é um orgânico composto resultante da digestão da matéria orgânica proveniente de estercos, restos vegetais e outros resíduos orgânicos pelas minhocas. O lodo de esgoto é um orgânico composto resultante do tratamento de esgotos sanitários dando origem a um produto de utilização segura na agricultura atendendo aos limites estabelecidos para contaminantes.
4. Organo-minerais – são misturas de fertilizantes minerais com orgânicos simples ou compostos. Não sofrem nenhum tratamento. No caso dos fertilizantes minerais, estes devem ser naturais e de baixa solubilidade. É o caso dos fosfatos naturais, calcário, que são produtos originados de rochas apenas moídas e não sofreram nenhum tratamento químico. O superfosfato simples, fonte de P2O5, não pode ser usado, apesar de a origem ser um fosfato natural, pois é tratado com ácido sulfúrico para aumentar a solubilidade. Apenas com autorização é permitido o uso de termofosfatos que são fosfatos naturais submetidos a um tratamento térmico a temperaturas acima de 1.000 ºC.

Seja uma cultura que exige, conforme recomendação técnica, 150 kg/ha de N, 250 kg/ha de P2O5 e 180 kg/ha de K2O.
Vamos partir do N que contém o esterco bovino. A fórmula a ser usada é:
Qp = Qr x fQp = quantidade de produto em kg/ha
f = 100/%MS
Qp = 150 x 20 = 3.000 kg/ha de esterco bovino
Estes 3.000 kg/ha fornecem em fósforo e potássio, o seguinte:
Fórmula: qdade de nutriente = Qp/f
P2O5 = 3.000/40 = 75 kg/ha
K2O = 3.000/20 = 150 kg/ha
Portanto, o déficit é no fósforo (250 – 75 = 175) e potássio (180 – 150 = 30). Vamos usar o produto cinzas que fornece potássio:
Qp = 30 x 10 = 300 kg/ha de cinzasA cinzas, por sua vez, fornece fósforo:
P2O5 = 300/40 = 7 kg/ha
Até agora, o esterco de bovino e as cinzas forneceram 75+7 = 82 kg/ha de P2O5  O déficit é: 250 – 82 = 168 kg/ha
Utilizemos o fosfato natural:
Qp = 168 x 3,3 = 554 kg/ha
Chegamos ao resultado final de 3.000 kg/ha de esterco bovino; 300 kg/ha de cinzas e 554 kg/ha de fosfato natural.
Leia os outros artigos Parte 1 e Parte 2
Produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 1
Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte 2

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte II

Na postagem anterior - Parte I - vimos os benefícios da aplicação de produtos orgânicos, as fórmulas a serem utilizadas para o cálculo da necessidade de produto e da quantidade de nutrientes que eles proporcionam ao solo. Na presente postagem vamos exercitar um cálculo para conhecer as quantidades de produtos a serem aplicadas, os nutrientes que eles vão fornecer às plantas, conforme as recomendações para as culturas, e a complementação de fertilizantes minerais.
Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte 1

Para isto, vamos supor um agricultor que possua um material orgânico proveniente de "cama de frango". Ele vai plantar trigo no 1º cultivo e milho como 2º cultivo.

1º Passo - conhecer a composição em nutrientes e matéria seca (MS) da cama de frango. Os nutrientes que desejamos conhecer seus teores é N, P2O5 e K2O.



Lote = o número de lotes que a mesma cama suportou. Vamos escolher a cama de frango (7-8 Lotes)
2º Passo - conhecer o índice de eficiência dos nutrientes no solo

3º Passo - conhecer as recomendações de nutrientes para cada cultura estudada.

4º Passo - calcular a quantidade de produto a ser aplicado ao solo

Iniciemos pelo potássio K2O . Apliquemos a fórmula já conhecida.
Qn = A x B/100 x C/100 x D
Onde Qn = quantidade do nutriente em kg/ha; A= quantidade de produto a ser aplicado em kg/ha; B = teor de matéria seca; C = teor do nutriente na composição do produto; D = índice de eficiência do nutriente.
60 kg/ha K2O = A x 75/100 x 3,5/100 x 1,0 ; 60 kg/ha K2O = A x 0,026 ; A = 60/0,026 ; A = 2.308 kg/ha ; A = 2,3 t/ha
Portanto, precisaremos de 2,3 t/ha de cama de frango (7-8 Lotes) para suprir os 60 kg/ha de K2O.

5º Passo - calcular as quantidades dos demais nutrientes
2,3 t/ha = 2.300 kg/ha
N kg/ha = 2.300 x 75/100 x 3,8/100 x 0,5; obtemos N = 33 kg/ha (arredondando)
P2O5 kg/ka = 2.300 x 75/100 x 4/100 x 0,8; P2O5 = 55 kg/ha
Portanto estas 2,3 t/ha fornecem 33kg/ha N - 55 kg/ha P2O5 - 60 kg/ha K2O.
Para o 2° cultivo esta quantidade residual seria:
N kg/ha = 2.300 x 75/100 x 3,8/100 x 0,2 ; N= 13 kg/ha
P2O5 kg/ha = 2.300 x 75/100 x 4/100 x 0,2 ; P2O5 = 14 kg/ha


6º Passo - calcular as quantidades de produto e nutrientes para o 2º cultivo
50 kg/ha K2O = A x 75/100 x 3,5/100 x 1,0 ; A = 1.900 kg/ha A = 1,9 t/ha
N kg/ha = 1.900 x 75/100 x 3,8/100 x 0,5 ; N = 27 kg/ha
P2O5 kg/ha = 1.900 x 75/100 x 4/100 x 0,8 ; P2O5 = 45 kg/ha

7° Passo - Calcular o deficit de nutrientes para complementação com fertilizante mineral.
Para calcular o déficit empregamos a fórmula: Dfn = Rn - Fn onde:
Dfn = déficit do nutriente em kg/ha; Rn = recomendação do nutriente em kg/ha, fn = quantidade de nutriente fornecida pela adubação orgânica.
Para o trigo os déficit são:
N = 60 - 33 = 27 kg/ha
P2O5 = 70 = 55 = 15 kg/ha
K2O = 60 - 60 = 0 kg/ha
Os 27 kg/ha de N podem ser supridos através de uma adubação de cobertura. Teria que ser adicionado 15 kg/ha de P2O5.
O déficit para o milho (2º cultivo) conforme a tabela 4 obtida por cálculos idênticos é 50 kg/ha de N e 6 kg/ha de P2O5  Os 50 kg/ha de N através de adubações de cobertura. Os 6 kg/ha de P2O5 teriam que ser adicionados.

8º Passo - calcular o residual deixado pela aplicação do produto no 2º cultivoOs 1,9 t/ha de produto aplicado no milho deixariam, como residual, para o próximo cultivo o seguinte:
N kg/ha = 1.900 x 75/100 x 3,8/100 x o,2 ; N = 10,8 kg/haP2O5 kg/ha = 1,900 x 75/100 x 4/100 x 0,2 ; P2O5 = 11,4 kg/ha

Leia a Parte 3:
produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 3

terça-feira, 26 de maio de 2009

Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte I

A adubação orgânica vem tendo uma importância muito grande quando se fala em nutrição do solo. Os adubos orgânicos provém de estercos de animais, restos de culturas e adubo verde. Vem ganhando força, no cenário agrícola, o lodo de esgoto como fonte de nutrientes para as plantas. É óbvio que a adubação orgânica pela baixa concentração de nutrientes não substitui totalmente os fertilizantes minerais. Mas os adubos orgânicos contribuem para uma melhor aeração do solo, armazenamento de água e drenagem do solo. Os estercos sólidos e os restos orgânicos apresentam uma relação carbono/nitrogênio mais alta. Há uma decomposição mais lenta no solo liberando menores quantidades de nutrientes para as plantas.
Os agricultores de Londrina/PR terão à disposição 300 m³ de lodo de esgoto (LE). O produto já vem sendo usado pelos agricultores da região metropolitana de Curitiba/PR. Eles falam do aumento na produção de 30 a 40% e de economia na aplicação de calcário e fertilizantes. Existem duas Estações de Tratamento de Esgoto - ETE -, uma em Londrina e outra em Cambé. Elas geram 15.000 m³ de esgoto por ano. Os agricultores estão satisfeitos visto a diminuição dos custos em fertilizantes e calcários, já que o LE possui estes nutrientes. O LE é rico em matéria orgânica e tem quantidade significativa de nutrientes como é o caso do nitrogênio (N). Pode ser usado nas culturas de trigo, milho e soja. Todavia não é indicado para hortaliças e plantas cuja parte destinada à alimentação humana se desenvolva em contato direto com a terra. Além do N, o lodo de esgoto contém fósforo (P), micronutrientes e cálcio. O cálcio é proveniente do tratamento do produto com cal para higienização. A cal usada pode substituir, em parte, a quantidade de calcário recomendada para aplicação no solo. Há um controle da existência de metais pesados antes da liberação do produto. Na região metropolitana de Curitiba já foram distribuídos, no período de 2000-2008, 175.300 m³ de lodo de esgoto. Em Foz do Iguaçú, 1.500 m³.
CARVALHO & BARRAL (1981) disseram que pelo processo de mineralização da matéria orgânica (M.O), há uma lenta liberação de nutrientes ocasionando um melhor aproveitamento para as plantas. LESLIE (1970) e MAYS et al (1973) demonstraram que o crescimento das plantas e a produção de grãos foram iguais ou maiores que àquelas que receberam fertilizantes químicos. CUNNINGHAN et al (1973) obteram aumento na produção de milho relacionada à liberação de nutrientes NPK. SABEY et al (1977) verificaram que as plantas de trigo tiveram maior desenvolvimento em solos que receberam lodo de esgoto, misturado com restos de madeira, em comparação à fertilização mineral. F.C.Oliveira e outros (1995) verificaram que o LE liberou nutrientes que foram absorvidos pelas plantas de sorgo e que há uma necessidade de complementar o LE com potássio (K). Verificaram, também, que aplicações de LE acima de 20 t/ha pode apresentar resultados melhores no desenvolvimento do sorgo.

1 - Produtos orgânicos sólidos

Para calcular a quantidade de nutrientes contidas em um material orgânico usa-se a fórmula:

Qn = A x B/100 x C/100 x D
, onde

A = quantidade de material aplicado em kg/ha;
B = % de matéria seca (MS) do material aplicado;
C = % do nutriente na matéria seca;
D = índice de eficiência de cada nutriente.
Por exemplo, seja 1.000 kg/ha de material orgânico com 70% de MS, teor de nitrogênio (N) de 3,8% e um índice de eficiência do nitrogênio de 0,5


N kg/ha = 1.000 x 70/100 x 3,8/100 x o,5 ; N = 13 kg/ha

2 - Produtos orgânicos líquidos

Qn = A x B x C


A = quantidade de material aplicado em m³
B = concentração do nutriente no produto em kg/m³
C = índice de eficiência de cada nutriente

A utilização de restos orgânicos e fertilizantes minerais são capazes de otimizar a produção das plantas. Como já escrevemos, somente o material orgânico não é suficiente para elevar a produtividade pois a relação de nutrientes existente no material é diferente daquela exigida pela cultura. Há necessidade de complementar com o uso de adubos minerais.
Leia as Partes 2 e 3
Produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 2
Produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 3

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Código Florestal - o prazo é 11 de dezembro para se adequar à Lei

O Código Florestal, Lei 4771/65, passará a ser exigido a partir de 11 de dezembro. Até lá os proprietários rurais terão que se adequar às normas. A propriedade rural terá que ter 20% de Reserva Legal mais as Áreas de Preservação Permanente – as APP’s.



A Reserva legal são remanescentes naturais como pastagens e florestas nativas.
Consideram-se Áreas de Preservação Permanente – APP’s, as florestas e vegetação natural situadas:
1) Ao longo dos rios e qualquer curso d’água. De acordo com a largura destes cursos (entre 10 e superior a 600 m) as faixas marginais variam de 30 a 500 metros;
2) Ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios naturais ou artificiais;
3) Nas nascentes e nos chamados “olhos d’água” em qualquer situação topográfica e num raio mínimo de 50 m de largura;
4) No topo de morros, montes, montanhas e serras;
5) Nas encostas ou parte destas com declive superior a 45°;
6) Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
7) Nas bordas de tabuleiros ou chapadas;
8) Em altitude superior a 1.800 m, qualquer que seja a vegetação.
Além destas situações, as APP’s declaradas por ato do Poder Público, como florestas e outras formas de vegetação natural destinadas:
a) Ao controle da erosão;
b) Fixação de dunas;
c) Faixas ao longo de ferrovias e rodovias;
d) Auxiliar a defesa do território nacional;
e) Proteção de sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) Asilar exemplares de fauna e flora ameaçados de extinção;
g) Assegurar o ambiente necessário à vida dos silvícolas;
h) Condições de bem estar público.

O problema, que está sendo objeto de discussão, são as pequenas propriedades que poderão ficar inviáveis economicamente para manter os 20% de Reserva Legal mais as APP's. Segundo dados divulgados pelo MAPA, 76% do território nacional estaria situado nas condições da Lei. Sobraria 26% para a produção. E o Brasil que está conquistando o lugar de um país grande produtor teria a sua área de produção reduzida drasticamente.
Poderão ser consultados os art. 170 VI e o art. 225 § 1º, III da Constituição Federal de 1988. Lei 4.771 de 1965, art’s: 2, 3, 16 e 44. As Resoluções CONAMA 302 e 303 (para vê-las entre na página abaixo -ambiente.sp... selecione biblioteca-legislação ambiental=resoluçoes-2002.



sexta-feira, 22 de maio de 2009

Agrotóxicos - Equipamentos de proteção (EPI's)

É fato comum e preocupante que os trabalhadores que manuseiam os agrotóxicos não façam uso dos equipamentos de proteção. A falta de conhecimento sobre os produtos e os sintomas de intoxicação, os hábitos de fumar, comer e beber durante as aplicações, a não leitura dos rótulos e bulas dos produtos, o uso da boca para desentupir os bicos, a aplicação dos produtos contra o vento, a má higiene pessoal no final das atividades e tantos outros fatores que são os principais responsáveis pela intoxicação por agrotóxicos. E, muitas vezes, os agrotóxicos são os vilões, levantando a idéia dos perigos de sua utilização. Daí a necessidade de levar aos trabalhadores, em exposição direta, conhecimentos e informações através de treinamentos sobre a maneira correta de se protegerem na utilização dos agrotóxicos reduzindo os perigos de contaminação. O uso de agrotóxicos é necessário para o controle de pragas e doenças das plantas e, consequentemente, aumentar a produtividade das lavouras. Os acidentes que ocorrem são devidos à falta de esclarecimento dos trabalhadores do campo. Usados com precaução não oferecem perigo.

A NR – 31, em relação ao agrotóxicos, estabelece uma série de normas, proibições, providências, responsabilidades tanto para o trabalhador como para o empregador.
É muito exigente no caso dos agrotóxicos, onde cuidados especiais devem ser tomados pelo empregador e pelos empregados no pré, durante e após a aplicação de agrotóxicos nas lavouras. A falta destes cuidados pode causar a contaminação do homem e dos animais.
O produto tóxico pode ser absorvido pelo organismo através da boca, olhos, pele e pela respiração.
A legislação trabalhista prevê uma série de obrigações para o empregador. Todo o empregado deve ter o seu equipamento de proteção individual (EPI) e cabe ao empregador fornecê-lo ao mesmo. Mas não basta ter o EPI, é preciso que o trabalhador seja instruído e capacitado como usá-los corretamente. O trabalhador pode estar com os equipamentos e ser contaminado se não souber vestí-los. A prevenção de acidentes em exposição direta é outro ponto fundamental na capacitação do empregado. Após as aplicações, os equipamentos e vestimentas devem ser descontaminados e a responsabilidade é do patrão de não permitir que nenhum EPI e vestimentas sejam usados antes da descontaminação. A guarda do material deve ser feita em um local adequado, somente com a finalidade para esta situação, evitando-se que sejam levados para fora do local de trabalho. Zelar pela higiene pessoal dos aplicadores após o trabalho fornecendo água, sabão e toalhas. A prática de aplicar agrotóxicos com o uso de roupas pessoais está descartada. Cabe ao empregador cuidar para que isto não aconteça bem como exigir que o empregado use os EPI’s fiscalizando-os. Afora isto, os EPI’s devem ser mantidos limpos e substituídos os com defeitos. O empregador que falhar nestas orientações pode ser responsabilizado com ação judicial e multa.
Mas a empregado também têm as suas responsabilidades. Eles devem conservar os EPI’s em bom estado e usar os que estão bons e que atendam as finalidades. O empregado que não seguir a risca as orientações é responsabilizado e pode acontecer demissão por justa causa.

TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPIs:
A) VESTIMENTAS (calças e jaleco):
As vestimentas deverão ser usadas quando for utilizado equipamento de pulverização costal ou mangueira e devem ser hidrorrepelentes. As calças devem ser compridas, de brim grosso e de cor clara. Na perna da calça se faz um reforço chamado perneira, de matéria impermeável. Devem ser vestidas sobre a roupa pessoal que pode ser uma bermuda e camisa. Isto aumenta o conforto e possibilita que o aplicador possa retirá-las em um local aberto. Os cordões da calça e do jaleco, após serem bem apertados, devem ser guardados por dentro da roupa. Em primeiro lugar, o trabalhador deve vestir a calça e depois o jaleco.
B) BOTAS:
As botas deverão ser de PVC, de preferência brancas. As botas de couro não devem ser usadas pois não são impermeáveis e facilitam o encharcamento. As botas devem ser usadas com meias e a barra das calças deve ficar por cima do cano. Isto evita que o produto escorra para dentro da bota atingindo os pés.
C) MÁSCARA:
As máscaras têm a finalidade de evitar que o trabalhador inale os vapores, névoas e partículas finas liberadas pelo produto. Deve ser verificado no rótulo do produto, qual a máscara adequada para o trabalho a ser feito.
A máscara deve ser bem ajustada e vedada. Quando o trabalhador não estiver usando-a deve ser guardada em lugar limpo, dentro de sacos plásticos. As máscaras também devem ser lavadas diariamente e penduradas para secar. Se houver algum sinal de estar ficando frouxa, gasta ou rasgada, ela deve ser trocada por uma máscara nova. Os filtros das máscaras são específicos para agrotóxicos e têm prazo de validade. No mercado existem dois tipos de máscaras; as que não precisam de manutenção (descartáveis) e as de baixa manutenção. Estas possuem filtros especiais e que deverão ser trocados toda vez que for necessário. O aplicador não poder ter barba para permitir que a máscara se encaixe perfeitamente na face.
D) BONÉ ÁRABE:O boné árabe deve ser tratado com hidrorrepelentes. Ele protege o couro cabeludo e o pescoço contra os respingos. É feito com tecido algodão.
E) LUVAS:
Feitas para proteger as mãos elas devem ser de borracha (neoprene). As luvas sofrem mais danos porque são mais expostas aos riscos. Devem ser resistentes aos solventes dos produtos.

Além destes, existem outros equipamentos de proteção como o avental que protege o corpo durante o preparo da calda. Deve ser feito de tecido impermeável e o comprimento será até os joelhos. Deve fixar bem nos ombros.
As viseiras servem para protege o rosto de respingos e névoas dos produtos. Deve ser fabricada com material ACETATO bem transparente, forrado de espuma na testa e revestida com viés para evitar cortes.
É importante chamar a atenção que todo EPI deverá ter o Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Transformação de unidades de potássio (K)

O solo apresenta 0,0639 cmolc de K/dm3. A quantos mg/dm3 e quantos kg/ha de cloreto de potássio corresponde este valor ?

1º Passo: transformar cmolc de K em g de K:
Pela Tabela 1, 0,0639 x 0,3909 = 0,025 g de K/dm3



2° Passo : transformar g/dm3 em mg/dm3
g = 1.000 mg. Logo o fator de conversão será 1.000.
0,025 x 1.000 = 25 mg/dm3 de K
Já vimos que mg/dm3 x 2 = kg/ha
25 mg/dm3 x 2 = 50 kg de K/ha

3º Passo: transformar K kg/ha em K2O kg/ha
Pela Tabela 1, o fator de conversão é 1,20458
50 x 1,20458 = 60,229 kg/ha de K2O


4° Passo: calcular a quantidade de adubo
O cloreto de potássio tem 60 kg de K2O. Logo:
100 kg de cloreto de potássio ............60 kg de K20
X .............................. 60,229 kg de K20
X = 60,229 x 100 / 60 = 100 kg/ha de cloreto de potássio

Cálculo de quantas unidades de Ca e Mg foram aplicadas ao solo pela calagem

A aplicação de 6 toneladas de calcário/ha com teores de 39% CaO e 12% de MgO corresponderia a quantos cmolc/+/dm³ de Ca²+ e a quantos cmolc /dm³ de Mg ?

Já sabemos (ver postagens anteriores) que em 1 tonelada aplicada de calcário, cada 1% de CaO corresponde o fator 0,01783. Então,39 x 0,01783 = 0,69537 cmolc Ca²+/dm³.
Como são 6 toneladas,
6 x 0,69537 = 4,17 cmolc /dm³ Ca²Em relação ao MgO, para cada 1% de MgO corresponde o fator 0,0248.
12 x 0,0248 = 0,2976 cmolc /dm³ Mg²+
Como são 5 toneladas: 6 x 0,2976 = 1,78 cmolc /dm³ Mg²+
As fórmulas abaixo também podem ser usadas e darão os mesmos resultados, quando a aplicação de calcário for maior de 1 tonelada :

cmolc Ca²+/dm³ = teor de CaO %/t x (n) x 0,01783
cmolc Mg²/dm³ = teor de MgO %/t x (n) x 0,0248


onde (n) = quantidade de calcário em toneladas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Os nutrientes das plantas (5) - Manganês (Mn),Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn)


Micronutrientes
Manganês (Mn):
O manganês (Mn) é importante na produção de clorofila, de carboidratos e no metabolismo do nitrogênio. O manganês influencia o nível de ferro na planta. Altos níveis de manganês reduzem os níveis de ferro.
Os sintomas de deficiência de manganês são semelhantes aos do ferro, ou seja, folhas verdes com amarelecimento entre as nervuras.
O manganês é absorvido na forma de Mn++.

Molibdênio (Mo):
O molibdênio tem um papel significativo para a fixação do nitrogênio pelas bactérias, no caso das leguminosas. Atua, também, no metabolismo do nitrogênio na planta. O sintoma de deficiência é igual àquela do nitrogênio – folhas amareladas.
O excesso de molibdênio pode ser tóxico para os animais e para as sementes em germinação prejudicando a absorção e translocação de ferro pela planta.
O molibdênio é absorvido pela planta na forma de MoO4‾ ‾.

Zinco (Zn):
O zinco é fundamental para a síntese das proteínas, desenvolvimento das partes florais, produção de grãos e sementes e maturação precoce das plantas.
Em solos com baixo teor de zinco, a aplicação de fertilizantes fosfatados nos sulcos ou ao lado das fileiras das plantas induzem a deficiência de zinco. A aplicação dos fosfatados em cobertura total não afetou a disponibilidade do zinco.
O zinco é absorvido pela planta na forma de Zn++.

INTERAÇÃO ENTRE OS NUTRIENTES:

Excesso de cobre - afeta a disponibilidade do ferro
Ferro e manganês - são antagônicos
Zinco e ferro - são antagônicos
Potássio e cálcio - em altas doses diminui a absorção de boro
Aplicação de nitrogênio - aumenta a utilização e absorção de micronutrientes
Aplicação de magnésio - em altos níveis favorece a absorção de fósforo
Aplicação de fósforo - em altos níveis favorece a absorção de Molibdênio

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Os Fosfatos perante à Legislação Brasileira

A Legislação Brasileira determina que a garantia do fósforo deve ser avaliada nos seguintes extratores químicos:
Fosfatos Acidulados e parcialmente Acidulados – Citrato neutro de amônio (CNA) + água, e os teores solúveis em água e total para os parcialmente acidulados quando comercializados isoladamente;
Misturas que contenham fosfatos acidulados ou parcialmente acidulados – citrato neutro de amônio (CNA) + água e facultativo o teor solúvel em água;
Fosfato Naturais, Fosfatos Naturais Reativos, Escórias, Termofosfatos e Farinha de Ossos – o teor total de fósforo e o teor solúvel em ácido cítrico a 2% relação 1:100; No caso dos Fosfatos Naturais Reativos pode ser indicada o teor de fósforo solúvel em ácido fórmico a 2% relação 1:100 desde que o teor de fósforo solúvel encontrado neste extrator (ácido fórmico) seja igual ou maior que 55% do fósforo total do produto.
Misturas que contenham fosfato natural, fosfato natural reativo, escórias e farinha de ossos - teor total de fósforo somente em misturas de natureza física pó ou farelada; fósforo solúvel em ácido cítrico 2% na relação 1:100 e teor de fósforo solúvel em água ou informação de que o fósforo é insolúvel em água;
Misturas que contenham termofosfatos – teor total somente quando em misturas de natureza física pó ou farelada; teor solúvel de fósforo em ácido cítrico a 2% relação 1:100 ou teor de fósforo solúvel em citrato neutro de amônio (CNA) + água.
O fósforo é avaliado na forma de P2O5. No caso do ácido cítrico a 2%, a relação 1:100, quer dizer 1 gramo de produto para 100 ml de ácido. Um avanço da Legislação de Fertilizantes foi permitir a indicação da solubilidade em ácido fórmico 2% 1:100 para os fosfatos naturais reativos. Isto era uma antiga aspiração dos que defendiam os fosfatos naturais reativos.

O mercado comum europeu utiliza o ácido fórmico há anos pois dizem que é o único extrator para diferenciar os fosfatos naturais reativos dos fosfatos de baixa reatividade desde que 55% do seu fósforo total seja solúvel no ácido fórmico 2% 1:100. E estão corretos pois pesquisas realizadas no Brasil confirmam este fato, como vejamos: dos fosfatos naturais, na ilustração acima, o único que poderia ser comercializado no Mercado Comum Europeu seria o fosfato natural de Gafsa – pois no teste realizado por Catani e Nascimento, 94,6% do fósforo total do Gafsa é solúvel no ácido fórmico 2% 1:100. Os fosfatos naturais brasileiros são de baixa reatividade e não servem para aplicação direta na agricultura mas podem ser utilizados pelas indústrias onde sofrerão tratamentos químicos que os tornarão solúveis em água.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Cálculo da dose de adubo para saturar parte da CTC

A análise de um solo apresenta os seguintes resultados:
K = 0,8 mmolc/ dm3
Ca = 0,7 cmolc/dm3
Mg = 0,3 cmolc/dm3
(H+ + Al³+) = 5,5 cmolc/dm³

Na aplicação do calcário pretendemos elevar o pH a 6,0. Com esta prática haveria uma liberação de cargas negativas equivalentes a 65% da Capacidade de Troca de Cátions – CTC a pH 7,0. Queremos que 3,5% da CTC seja saturada com potássio. Precisaríamos incorporar ao solo um adubo potássico – o cloreto de potássio. Qual a quantidade de KCl será necessário?.
1° Passo: Calcular a soma de bases (S)
S= Ca + Mg + K
Precisamos transformar K = 8 mmolc/ dm³ em cmolc/dm³.
Os demais cátions estão expressos em cmolc/dm³. Então, precisamos converter o K para cmolc/dm³.
K = 0,8 / 10 = 0,08 cmolc/dm³

S = 0,7+0,3+0,08 = 1,08 cmolc/dm³

2° Passo: Calcular a CTC a pH 7,0 (T)

T = S + (H+ + Al³+)
T = 1,08+5,5 = 6,58 cmolc/dm³

A CTC a pH 7,0 deste solo é igual a 6,58 cmolc/dm3. Sessenta por cento (65%) desta CTC corresponderia:
100% ........................ 6,58 cmolc/dm³
65% ........................   X cmolc/dm³
X = 65 x 6,58 / 100 = 4,27 cmolc/dm³

Deste valor 4,27, deve-se ocupar 3,5% com K
100% .......... 4,27 cmolc/dm³
3,5% ..........  X  cmolc/dm³K
X = 3,5 x 4,27 / 100 = 0,149 cmolc /dm³ K

3° Passo: calcular a reposição de potássio (K)
O solo, já possui 0,08 cmolc de K/dm³
Portanto, 0,149 – 0,08 = 0,069 cmolc de K/dm³ que faltam para se ter 3,5% da CTC a pH 6,0 ocupada por potássio.
Pela tabela 1 (veja mais abaixo) o coeficiente para transformar cmolc/ dm³ de K em g K é 0,3909. Então 0,069 x 0,3909 = 0,026972 g/dm³ de K

Pela Tabela II para transformar-se g/dm³ em kg/ha deve-se multiplicar por 2.000. Logo:


0,026972 g/dm3 de K x 2.000 = 53,94 kg/ha de K.

4° Passo: transformar K em K2O
Mas no fertilizante cloreto de potássio, o potássio está na forma K2O. Então, teremos que transformar os valores de K em K2O.
Para isto, usamos a Tabela 1 e encontramos o fator de conversão de 1,20458.


53,94 kg/ha x 1,20458 = 64,97 kg /ha de K2O.

5° Passo: calcular a quantidade de adubo potássico
Como o cloreto de potássio (KCl) tem 60% de K2O,
100 kg de KCl...................60 kg de K2O
X .kg de KCl ....................64,97 kg/ha de K2O
X = 64,97 x 100 / 60 = 108 kg/ha de KCl