A degradação do solo tem sua origem na monocultura. As consequências são as alterações físicas, químicas e biológicas do solo, a diminuição da produtividade nas lavouras e o desenvolvimento de pragas, doenças e ervas daninhas. Aqueles que plantam, continuamente, sucessões de trigo/soja, milho safrinha/soja, colaboram para a degradação do solo. Isto é muito comum no Cerrado, onde predomina a monocultura da soja.
A rotação de culturas consiste no plantio alternado de outras culturas, como gramíneas, pastagens, etc, anualmente. A rotação de culturas tem uma série de vantagens. Ela proporciona produções diversificadas de grãos - pela utilização de várias espécies vegetais, de pastos, melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, controla as pragas, doenças e ervas daninhas, protege o solo da erosão e repõe a matéria orgânica do solo.

Na utilização como cobertura do solo, as espécies utilizadas devem apresentar grandes quantidades de biomassa. O produtor pode usar forrageiras, gramíneas ou leguminosas, sejam elas perenes ou semiperenes. A preferência deverá ser por plantas fixadoras de N do ar, e que possuam um sistema radicular bem desenvolvido e profundo. Isto favorece a reciclagem dos nutrientes.
Na recuperação de solos degradados, são preferidas, também, as espécies vegetais com grande produção de massa verde e um sistema radicular com abundância de raízes. Aqui se usa a consorciação de gramíneas e leguminosas como milho/guandu, ou misturas delas, com a finalidade de cobrir o solo, como no caso da braquiária/milheto. Isto são exemplos: o Técnico recomendará, ao produtor, as melhores espécies adaptadas a sua região. No caso do milho/guandu, semeia-se, precocemente o milho, e, um mês depois, semear o guandu nas entrelinhas do milho. Na soja existe uma doença chamada "cancro da haste" e, neste caso, o produtor deve evitar o cultivo do guandu e do tremoço, porque propagam o patógeno para as culturas seguintes. Neste caso, nas áreas onde o guandu foi cultivado, deve-se usar variedades de soja resistentes ao cancro da haste. Por sua vez, o tremoço é altamente suscetível ao cancro. Nas áreas de soja infestadas com nematoides de galhas, o tremoço e o lab-lab não devem ser semeados, pois são hospedeiros da praga e fonte de doenças. Segundo a Embrapa, a rotação de culturas garante 10% de aumento na produtividade. Os pesquisadores observaram que a inexistência de compactação do solo, no sistema de plantio direto, foi a tônica no experimento realizado, atribuindo aos diversos sistemas radiculares das plantas estudadas, intercalando gramíneas e leguminosas. Como já vimos, as raízes num solo descompactado desenvolvem mais e penetram mais profundamente no solo, em busca de água e nutrientes, resistindo melhor aos veranicos. O milho de verão foi cultivado em sucessão às leguminosas de inverno,, como tremoço e ervilhaca, ao invés de se usar gramíneas, como aveia ou trigo, sucessivamente. Os bons resultados são devidos à utilização de leguminosas que fixam o N do ar e melhoram a produtividade da cultura subsequente.
Outra espécie que está ganhando terreno, no sistema rotação de culturas, é o girassol. A planta tem um ciclo curto, de noventa dias, e pode ser semada após a colheita da cultura principal. A raíz do girassol alcança até dois metros de profundidade, buscando os nutrientes nas camadas de solo mais profundas.
O produtor pode obter economia no uso de fertilizantes nitrogenados na rotação com leguminosas, as quais mantêm simbiose com bactérias fixadoras do N do ar, um sistema radicular profundo, que ajuda na descompactação do solo, e por serem muito produtivas.
Quando se utiliza as espécies vegetais para incorporação no solo como adubo verde, elas iniciam imediatamente a decomposição e liberam os nutrientes. Por isto, o plantio da espécie principal não deve ser retardado. Mas alguns contestam isto. O importante é saber quanto, em tempo, significa o imediatamente. Há liberação de nutrientes, é claro. Mas será imediata ou quanto tempo levará para a cultura seguinte aproveitá-los? Um ciclo da planta ou menos? Na decomposição dos adubos verdes incorporados, há uma diminuição na população dos fungos causadores de doenças nas plantas, que auxilia o controle. Além disto, a adubação verde é eficiente na redução populacional dos nematoides.
ARF,O.;ALVES,M.C.; e outros, observaram, em experimento realizado, que a incorporação da mucuna preta proporciona produção, o dobro de grãos de feijões, em comparação quando apenas a palha do milho foi incorporada. As maiores produtividades foram conseguidas com a incorporação da mucuna-preta. A aplicação de N, na quantidade de 45 kg/ha, aumentou em 17,8% a produtividade média do fejoeiro.
No Estado do Paraná, as espécies cultivadas como adubação verde são: lab-lab, guandu, mucuna e crotalárias, quer sejam isoladas ou em consorciação com o milho. A mucuna é semeada na prematuração do milho. Para maiores informações sobre a "recomendação de rotação de culturas no Paraná" (clique aqui).
Quem vai se dedicar à rotação de culturas deve ter um planejamento. Não é somente sair plantado. Portanto, mais uma vez, o papel importante do Técnico na orientação aos produtores. A área destinada à rotação deve ser dividida em glebas, tantas quantas forem necessárias, conforme os anos de adoção da prática. Para não haver transtornos, comece numa determinada área da propriedade e vá aumentando a mesma, ano após ano.
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