A recomendação da necessidade de calagem para um solo depende de uma série de cálculos partindo de uma análise do solo feita por um laboratório idôneo. Mas não basta somente o laboratório, é necessário que esta amostra de solo, que é uma média das diversas amostras colhidas na lavoura, seja representativa da real condição de fertilidade do solo. Isto é muito importante, porque uma amostra de solo coletada de maneira errada vai proporcionar um resultado errado e consequentemente uma recomendação errada de calagem e adubação, aquém das reais necessidades do solo, e que vai se traduzir numa produção menor.
É importante que o produtor tenha este cuidado quando da coleta de uma amostra de solo. Se não souber fazer, procure a assistência técnica própria ou de sua cidade.
Vamos considerar os dados hipotéticos de uma análise do solo do quadro abaixo para realizarmos os cálculos:
pH = 4,3 Isto nos levar a pensar que estamos tratando com um solo ácido. Nestes solos, a presença de Al+++ acarreta baixas produções das culturas pela indisponibilidade do fósforo e outros macros e micronutrientes.
Areia = 750 g/kg que equivale a 75% (g/kg /10 = %).
Argila = 200 g/kg ou 20% (g/dm³ /10 = %)
Silte = 50 g/kg = 5%
Estamos diante de um solo arenoso onde temos baixa Capacidade de Troca de Cations (CTC) e problemas na lixiviação de potássio (K) implicando em cuidados na aplicação de adubos contendo potássio, pois deveremos parcelar em duas ou mais aplicações este fertilizante.
MO = 10 g/dm³ = 1% (g/dm³ /10 = %)
Os demais nutrientes estão em quantidades baixas, característica deste tipo de solo.
Para determinar a necessidade de calagem é necessário conhecer a soma de bases (SB), a CTC a pH 7.0 (T) e a percentagem de saturação por bases (V%).
CÁLCULO DA SOMA DE BASES (SB)
SB = K + Ca +Mg +Na Substituindo os valores constantes no resultado da análise, temos:
SB = 0,6 + 6 + 2 + 0
SB = 8,6 mmolc/dm³ ou 0,86 cmolc/dm³
ATENÇÃO: cuide de que os valores dos nutrientes nos resultados da análise estão expressos em mmolc/dm³. Conforme a fórmula que você usa para cálculo da calagem, o resultado poderá supervalorizar a necessidade do corretivo.
Explico o porquê: a fórmula de cálculo mais utilizada é:
NC (t/ha) = (V2 - V1) x T / 100
onde NC = necessidade de calagem em t/ha;
V2 = percentagem de saturação por bases ideal para a cultura proporcionar ótimos rendimentos;
V1 = percentagem de saturação por bases original do solo;
T = capacidade total de cátions a pH 7.0 expressa em cmolc/dm³. Aqui é que está o problema, pois os resultados da análise estão em mmolc/dm³ e não em cmolc/dm³. Se você usá-los como tal na análise do solo, você vai ter um resultado errado, com recomendação de maior quantidade de calagem. Para resolver isto, basta dividir os dados em mmolc/dm³ por 10. E você terá os resultados em cmolc/dm³. Porque mmolc/dm³ /10 = cmolc/dm³ e consequentemente, cmolc/dm³ x 10 = mmolc/dm³.
CÁCULO DA CAPACIDADE DE TROCA DE CATIONS (T)
CTC a pH 7.0 ou T = SB + (H+Al)
T + 8,6 + 32 = 40,6 mmolc/dm³ = 4,06 cmolc/dm³
CÁLCULO DA PERCENTAGEM DE SATURAÇÃO POR BASES (V%)
V % = 100 x SB /T
V % = 100 x 0,86 /4,06 .'. V = 21,18 % que será o nosso V1 = (V% natural do solo)
CÁLCULO DA NECESSIDADE DE CALAGEM (NC t/ha)
NC t/ha = (V2-V1) x T / 100
Supondo que a cultura exige um V2 = 70% teremos
NC t/ha = (70-21,18) x 4,06 / 100
NC t/ha = (48,82) x 4,06 / 100
NC t/ha = 1,98 t/ha
ATENÇÃO : Para comprovar o que escrevi sobre o uso correto da fórmula e os valores expressos em cmolc/dm³, faça os cálculos usando esta fórmula e os dados em mmolc/dm³. Você vai achar 19,8 t/ha.
CORREÇÃO DA NECESSIDADE DE CALAGEM (f)
A recomendação de calagem pelos órgãos oficiais é de utilizar um calcário com um PRNT = 100%. Geralmente, os calcários utilizados na lavoura não possuem este PRNT de 100%. É necessário, então, fazer a correção da quantidade. É simples. Basta dividir 100 pelo PRNT do calcário comprado. Por exemplo: o produtor comprou um calcário com PRNT = 83%.
Então, 100/83 = 1,2048
Este coeficiente, chamado fator de correção = f, deverá ser multiplicado pela quantidade de calcário encontrada no cálculo, ou seja, 1,98 t/ha x 1,2048 = 2,385 t/ha ou 2.385 kg/ha
Boa noite professor. Sei que esta pergunta que farei agora, não está totalmente haver com o presente assunto. Mas é a seguinte: Você aplicou 148 kg ha-1 de P2O5, em duas áreas, sendo uma área nova, de 1º ano (1,0 mg/dm3) e uma área com fertilidade construída, anos de PD, onde a fixação já “não existe” (10,0 mg/dm3). Na área de 1º ano a recuperação estimada é de 15% do aplicado (você só encontrará 15% do aplicado ao analisar o solo novamente, resto fixou), e na área antiga seria de 100%, ou seja, todo o P aplicado aparece na análise. Considerando DS= 1 g cm-3, para a camada de 0-20 cm, qual o aumento estimado de P (novo valor teórico), em cada área?
ResponderExcluirSe puder responder, ficarei grata
Boa noite. Sei que não tem muito haver com a publicação, mas poderia me ajudar nessa questão?
ResponderExcluirChegue a vários valores, mas não sei se está certo. (Esse 1,0 mg dm3 e 10,0 mg dm3 são de P.)
1. Você aplicou 148 kg ha-1 de P2O5, em duas áreas, sendo uma área nova, de 1º ano (1,0 mg/dm3) e uma área com fertilidade construída, anos de PD, onde a fixação já “não existe” (10,0 mg/dm3). Na área de 1º ano a recuperação estimada é de 15% do aplicado (você só encontrará 15% do aplicado ao analisar o solo novamente, resto fixou), e na área antiga seria de 100%, ou seja, todo o P aplicado aparece na análise. Considerando DS= 1 g cm-3, para a camada de 0-20 cm, qual o aumento estimado de P (novo valor teórico), em cada área?
Boa tarde. Você falou que aplicaram 148 kg/ha de P2O5 nas duas áreas. Tem uma série de fatores que deveriam ser levados em conta, como calagem das áreas, adubação de manutenção ou de correção, mesma adubação fosfatada para solos de diferentes níveis de P. São dados hipotéticos? Eu estou entendendo que você quer saber qual a quantidade de P que vai aparecer na análise com a mesma quantidade de adubo e níveis diferentes de P. Se o solo foi cultivado vai haver absorção de P pela planta. Não existe uma fórmula matemática para determinar a quantidade de fósforo que vai aparecer na análise do solo. O fósforo, mesmo em solos corrigidos sofre fixação tanto pela acidez dos adubos nitrogenados, pela imobilização pelos micro-organismos, perdas pela erosão, etc. Nos solos não calcareados esta fixação é maior, por isto que se diz que apenas 15 a 25% do fósforo aplicado é disponível para as plantas. N análise do solo, o nível de P no solo é considerado pela sua disponibilidade.
ExcluirFoi o que entendi da sua pergunta. Caso não seja isto, favor retornar.
Professor, bom dia.
ResponderExcluirPoderia abordar como seria a recomendação de calcário pelo método do equilíbrio de nutrientes de WILLIAM ALBRECHT? Se me permite a audácia, seria interessante uma postagem abordando o método em si, e a forma de recomendação de nutrientes de modo geral. O senhor acredita que esse método é vantajoso em relação aos métodos tradicionais? Muito obrigado!
Boa noite, Vitor. Acesse a publicação no link abaixo que poderá tirar as suas dúvidas.
Excluirhttps://agronomiacomgismonti.blogspot.com/2021/06/restituicao-do-equilibrio-de-bases.html
Um abraço.
Olá professor, bom saber que está retomando as publicações aqui! Muito útil o blog, excelentes informações práticas de manejo nas mais diversas áreas! Sempre consulto algumas informações aqui e acola. Obrigado. Continue o trabalho!
ResponderExcluirObrigado Gabriel. Um abraço.
ExcluirBom dia professor. Existiria uma quantidade minima de calcario a ser aplicado no solo, onde abaixo dessa dose nao seria economicamnte viavel sua aplicação?
ResponderExcluirO calcário deve ser considerado como um investimento, pois ele tem a função de neutralizar a acidez do solo e permitir uma melhor disponibilidade do P no solo e outros micro e macronutrientes. A calagem deve ser feita de acordo com a recomendação baseada na análise do solo feita por um laboratório. Com isto é calculada a quantidade de acordo com os teores de nutrientes, teor de alumínio e H. Não se pode pensar em uma quantidade mínima para aplicar no solo.
ExcluirEntendo que a aplicação de calcario seja baseada em um laudo de analise!
ExcluirMe referi a uma quantidade economicamnte viavel sua aplicação!
Por exemplo uma recomendação de aplcação de 200 kg/ha pode não ser economicamente viavel em função de gasto com maquinario e combustivel e esta quantidade ser pequena para aplicação!
Na minha regiao fala-se em valor abaixo de 400 kg/ha de calcario em area total e incorporado, aguardar para aplicação no proximo ano agricola.
Entendo a sua dúvida, os custos são altos e pode não ser economicamente viável, como você referiu. Se a recomendação de calcário é baixa, en função da análise do solo, pode-se pensar em aplicar calcário Filler na linha junto com a semeadura. Por ter um PRNT maior , o filler pode ser utilizado em quantidade menor do que o calcário (fazer a correção da quantidade), além da sua reação no solo ser mais rápida o que favoreceria as culturas de ciclo curto.
ExcluirOlá professor sou Wesley 33 anos Bahia eu estudo agricultura em casa vários temas na internet por conta própria tem algum tempo que uso um formulado na fertirrigação em substrato inerte, a ordem de diluição dos minerais que venho usando.
Excluir1° MKP
2° Sulfato de magnésio
3° Sulfato de Potássio
4° Nitrato de Potássio
5° Nitrato de Cálcio
6° Cloreto de cálcio
Essa ordem de diluição está correta qual ordem você me indicaria
Muito obrigado pelo seus conhecimentos já anotei muitas coisas por aqui grande abraço meu amigo 🙏🏽
👍🏽
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