Adubação Antecipada da Soja com P e K

A necessidade de aplicar grandes quantidades de fertilizantes implica em atrasos durante a semeadura podendo provocar quedas na produtividade da soja. Tudo por causa do número e tempo de abastecimento da semeadora. A antecipação da adubação é uma alternativa para evitar estes problemas. Esta prática vem ganhando espaço na agricultura brasileira, entre os plantadores de soja. Mas não é qualquer solo que se presta para
esta operação.

No sistema de plantio direto, com lavouras formadas há anos, pode haver um acúmulo de P e K nas camadas superficiais do solo. Os fertilizantes e calcário são aplicados na superfície, e como não há preparo do solo na camada arável, mais os resíduos vegetais que são mantidos na superfície, podem ocorrer diferentes teores dos nutrientes ao longo do perfil do solo. Para isto a adoção da adubação antecipada em sistemas de cultivos é uma prática que pode ser adotada, desde que os níveis de P e K estejam acima dos respectivos níveis críticos, de acordo com cada tipo de solo. Caberia, aqui, a adubação de reposição, de acordo com os teores retirados pela cultura. O fósforo, por sua baixa mobilidade em solos ácidos e com altos teores de argila, é o nutriente que mais se acumula na superfície do solo no sistema de plantio direto. Entretanto, o acúmulo de nutrientes na superfície colaboram para que o sistema radicular das plantas se concentre nesta área. Isto torna-se prejudicial nos períodos de estiagem, pois com o sistema radicular desenvolvido superficialmente, as raízes ficam limitadas no crescimento não atingindo as camadas de solo mais profundas em buca de água. A falta de resposta da planta à adubação PK é evidente quando estes nutrientes estão acima do nível crítico. Segundo Broch & Chuein (2007), solos com bons teores de P e K não é obrigatória a adubação de manutenção no sulco de semeadura. A aplicação antecipada, antes da semeadura, seria recomendável, pois diminuiria a mão-de-obra e despesas com a semeadora, mais hectares seriam trabalhados por dia.

O potássio é o segundo nutriente mais absorvido pelas plantas. O cloreto de potássio é o fertilizante mais utilizado como fornecedor de K para o solo. Como é um fertilizante altamente solúvel e como o K tem baixa força de adsorção aos coloides do solo, cuidados devem ser tomados para evitar a lixiviação deste nutriente, principalmente em solos arenosos. Daí, o parcelamento das doses de potássio aplicado no solo é uma prática recomendável. Segundo a Embrapa (2002) para cada 1.000 quilos de grãos de soja produzidos, há uma necessidade de 20 kg de K. Se não houver reposição de K, a cada cultivo, uma queda dos teores do nutriente se verifica no solo, no decorrer dos anos, influindo no rendimento da soja. Segundo Foloni & Rosolem a antecipação da adubação com potássio (60 90 kg/ha de K2O) na semeadura do milheto, na primavera, não comprometeu o acúmulo de K na parte aérea da lavoura de soja e as máximas produtividades de soja foram conseguidas no primeiro e segundo ano, na dosagem de 85 a 90 kg/ha de K2O aplicadas na sucessão milheto-soja no sistema de plantio direto. Concluíram, também, que a antecipação total da adubação no plantio do milheto não comprometeu o rendimento da soja.

Guareschi et alli, estudaram a aplicação de P e K na semeadura, a aplicação antecipada, P na semeadura e K antecipado e vice-versa, testemunha sem adubo, e chegaram a conclusão que não houve diferença na adubação fosfatada e potássica, em semeadura e a lanço antecipada, para a cultura da soja em solo de Cerrado.

Lana et alli. estudaram a adubação superficial com P e K em diferentes épocas em pré-semeadura da soja (até 5 meses) na instalação do sistema de plantio direto e concluiram que o rendimento de grãos de soja não foi afetado. Com o decorrer dos anos, houve um acumulo de P e K no solo e aumento destes nutrientes nas folhas, aumento do rendimento de grãos e do peso de mil sementes.

Kurihara & Hernani também chamam a atenção que a adubação antecipada só deve ser feita em solos que apresentam alta fertilidade. Em solos com baixa fertilidade, a adubação PK, no sistema de plantio direto, deve ser feita no sulco de semeadura. A adubação alternativa seria a reposição dos nutrientes para manter a fertilidade do solo. Nestes casos não há diferença na produtividade da soja quando a adubação é feita a lanço e sem incorporação, antes do cultivo da leguminosa ou na cultura de outono-inverno antecedente ao plantio da soja e adubação na linha de semeadura. O aumento do teor de matéria orgânica propiciado pelos resíduos que ficam em cobertura ajuda no aumento da disponibilidade do fósforo.

REFERÊNCIAS

FOLONI, J. S. S. & ROSOLEM, C. A. Produtividade e acúmulo de potássio na soja em função da antecipação da adubação potássica no sistema de plantio direto. Revista Brasileira Ciência do Solo. 32. p. 1549-1561. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v32n4/a19v32n4.pdf> Acesso em: 30 de Jul. 2012.

GUARESCHI, R. F.; GAZOLLA, P.R.; SOUCHIE, E. L.; ROCHA, A. C. Adubação fosfatada e potássica na semeadura e a lanço antecipada na cultura da soja cultivada em solo de Cerrado. Ciências Agrárias, Londrina, Nº 4. p. 769-774. out./dez. 2008.

LANA, R. M. Q; VILELA FILHO, C. E; ZANÃO JÚNIOR, L. A; PEREIRA, H. S.; LANA, A. M. Q. Adubação superficial com fósforo e potássio para a soja em diferentes épocas em pré-semeadura na instalação do sistema de plantio direto. Scientia Agraria, Vol. 4, No 1. 2003. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/agraria/article/viewArticle/1066> Acesso em: 30 de Jul. 2012.

Kurihara, C. H. & Hernani, L. H. Adubação da soja em plantio direto requer observação de alguns critérios. Portal Dia de Campo. Disponível em:  <http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=25155&secao=Artigos%20Especiais&t=Embrapa%20Solos>  Acesso em: 30 de Jul. 2012.

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