terça-feira, 23 de abril de 2013

Evolução da Pesquisa no Plantio Cruzado da Soja


O sistema de "plantio cruzado da soja", foi utilizado por produtores que obtiveram altas produtividades em concurso nacional com essa leguminosa. Os ganhadores conseguiram duplicar a produção média nacional que é de 3.115 kg/ha. Segundo Balbinot Jr e al. (2012) foi observado que, entre os competidores, as técnicas utilizadas não foram as mesmas, mas o que diferenciou foi que os vencedores usaram o plantio cruzado ou semeadura cruzada. Nesse sistema, metade das sementes é semeada no
sentido que vem sendo praticado nas lavouras e a outra metade é semeada em sentido transversal. Isso faz com que as linhas de semeadura se cruzem e formem um quadriculado. A adubação de P, K e S foi utilizada em maior quantidade. Portanto, uma nova técnica que foi aplicada em lavouras mais produtivas e, como coisa nova, deveriam merecer um destaque da pesquisa para comprovar se ela garante esses aumentos e, também, do ponto de vista econômico, se é sustentável.

Em novembro de 2011 publicamos um artigo sobre esse assunto, quando  começou a aparecer os primeiros resultados do plantio cruzado:  Plantio cruzado da soja.

Ultimamente, entre os produtores que venceram o concurso, a novidade aconteceu em lavouras onde foi aplicado N em cobertura. Ora, sabe-se, até então, que não é recomendado N na soja, pois as bactérias fixadoras de N do ar se encarregam de suprir a planta. Seria isso a principal razão para o aumento da produtividade e para que os produtores ganhassem o concurso? Lá vai a EMBRAPA pesquisar o uso de N em cobertura na soja.
Leia, também:  Recomendação de zero de N na soja é colocada em dúvida.

Antes do produtor aderir a um sistema de plantio ou à utilização de um produto novo, deve abastecer-se de informações e recomendações da pesquisa oficial e dos técnicos. 
São sistemas e produtos novos que aparecem no contexto agrícola e precisam ser pesquisados para comprovar a eficiência e ditar normas e regras de uso e aplicação. Quem ganha é o produtor, pois terá informações precisas sobre a funcionalidade e êxito dos mesmos.

Balbinot Junior et al., da EMBRAPA SOJA, estudaram o crescimento e a produtividade do cultivar determinado BRS 294 RR em dois sistemas: o de plantio cruzado e o não cruzado, no município de Londrina/PR, na safra 2011/2012. Os pesquisadores usaram duas densidades de semeadura, ou seja, 375.000 e 562.500 sementes por hectare. Concluíram que a produtividade da soja não foi afetada pelo sistema plantio cruzado, e a maior produção de grãos foi com o espaçamento de 0,6 m entre fileiras e não 0,4 m. Verificaram que com 375.000 sementes/ha houve uma maior produção de matéria seca de folhas e vagens no espaçamento de 0,6 m em comparação ao de 0,4 m. Com a densidade de 562.500 sementes/ha a produção de matéria seca foi menor. Isso decorre do fato de que, em maiores densidades de plantas, a competição é maior por luz, água e nutrientes do solo em detrimento da produtividade.
O sistema plantio cruzado vem crescendo no País, com produtores testando em suas lavouras. Alguns constataram que, após a semeadura em um sentido, ao passarem para o cruzamento, esse estragou e danificou o anterior, prejudicando a germinação e emergência das plantas.
Há produtores que afirmam que o custo é muito maior e não é viável. Testar 10 hectares é diferente do que plantar mais de 100 hectares. Pode haver um aumento de produção, mas o custo é bem maior.
Portanto, o desafio para pesquisa é enorme. Uma região brasileira pode ter sucesso, enquanto em outras poderá não acontece o mesmo. O melhor espaçamento, a melhor densidade, a variedade de alto potencial de produção para ser usada nesse sistema, a quantidade correta de adubação para suprir o maior número de plantas, o controle de doenças e pragas e outras prática são as incógnitas que a pesquisa deverá responder. E, até lá, nos resta esperar as recomendações oficiais. 

REFERÊNCIA

PROCÓPIO, S. O.; FRANCHINI, J. C.; DEBIASI, H.; PANISON, F. Avaliação do sistema de plantio cruzado da soja - Cultivar de hábito determinado. In.: VI CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA. Cuiabá, Mato Grosso. 2012. Disponível em :<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/62220/1/150-s198.pdf> Acesso em: 16 abr 2012


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