Já abordamos a interpretação da análise de solo para recomendação de calagem para a cana-de-açúcar, que poderá ser lida acessando o link a seguir:
Neste artigo, vamos abordar a interpretação da análise na recomendação de adubação para a cana planta e a cana soca. Nossa intenção é que o leitor consiga entender como enquadrar os resultados da análise com as faixas de teores de nutrientes contidos nas tabelas de adubação e encontrar as quantidades de N, P2O5 e K2O, em kg/ha. Precisamos ter em mãos a tabela
de recomendação de nutrientes a serem aplicados na cultura. Esta tabela tem variações de Estado para Estado brasileiro. Ela é fornecida pelos órgãos de pesquisa ou de extensão rural da sua região. A análise de solo que vamos trabalhar é a mesma que foi utilizada para calcular a necessidade de calagem.
O raciocínio é procurar na tabela de recomendação de nutrientes, a faixa onde se enquadram os teores de fósforo (P) e de potássio (K). Na análise, o solo possui 3 mg/dm³ de P e 0,6 cmolc/dm³ de K. Enquadrando, na Tabela 1, os nutrientes nas faixas (setas em vermelho) verificamos, para uma produtividade esperada entre 100 e 150 t/ha, a recomendação de 180 kg P2O5/ha e de 150 kg K2O/ha (setas em verde). A recomendação de nitrogênio (N) é a mesma para todas as faixas, ou seja, 30 kg N/ha.
Portanto, temos uma relação de nutrientes NPK de 30-180-150. Dividindo esta relação por 30 obteremos uma relação simplificada: 1-6-5. Toda fórmula de fertilizante (fórmulas similares) que contenha esta relação 1-6-5 poderá ser utilizada para fornecer os nutrientes recomendados. O que vai diferenciá-la é a quantidade de produto, em kg/ha.
Para obter as fórmulas, basta multiplicar a relação por coeficientes, ou seja:
x 2 = 02-12-10
x 2 = 02-12-10
x 3 = 03-18-15;
x 4 = 04-24-20, e assim sucessivamente.
Vamos supor que a escolha fica entre as fórmulas 04-24-20 e 03-18-15.
Qual a quantidade (kg/ha) de cada uma?
Fórmula 04-24-20
Para conhecer quantos kg/ha desta fórmula, divide-se a quantidade recomendada de qualquer um dos nutrientes pelo seu respectivo valor na fórmula e multiplica-se por 100.
No caso do P2O5 teremos: 180/24 x 100 = 750 kg/ha. Pode-se utilizar qualquer nutriente que o resultado será o mesmo, ou seja:
N = 30/4 x 100 = 750 kg/ha;
K2O = 150/20 x 100 = 750 kg/ha.
Fórmula 03-18-15
N = 30/3 x 100 = 1.000 kg/ha;
P2O5 = 180/18 x 100 = 1.000 kg/ha;
K2O = 150/15 x 100 = 1.000 kg/ha.
Não há necessidade de fazer este cálculo com todos os três nutrientes. Basta um deles. O importante é comparar a quantidade recomendada do nutriente pelo respectivo índice do mesmo na formulação.
Adubação da cana soca
Enquadrando os teores de nutrientes, encontrados na análise do solo, nas faixas da Tabela 2 , a necessidade de adubação para a cana soca é de 120 kg N/ha, 30 kg P2O5/ha e 150 kg K2O/ha, para uma produtividade esperada de mais de 100 t/ha. Temos uma relação: 120-30-150. Dividindo-a pelo menor número (30), teremos uma relação simplificada, ou seja, 4-1-5. Multiplicando esta relação por coeficientes, teremos formulações similares de fertilizantes:
x4 = 16-04-20;
x5 = 20-05-25; e assim sucessivamente.
A quantidade de cada uma destas formulações, será:
Fórmula 16-04-20
120N/16N x 100 = 750 kg/ha;
Fórmula 20-05-25
120N/20 x 100 = 600 kg/ha.
Ou pode-se aplicar os fertilizantes simples, como uréia, superfosfato triplo e cloreto de potássio. No caso da uréia (45%N): 120N/45N x 100 = 267 kg/ha. Na aplicação da uréia deve-se ter o cuidado de incorporá-la a 5 cm de profundidade, para minimizar as perdas de N por volatilização.
Para o fósforo, usando supertriplo (42% P2O5): 30P2O5/42P2O5 x 100 = 70 kg/ha.
O cloreto de potássio (60% K2O) será aplicado na dosagem: 150K2O/60K2O x 100 = 250 kg/ha.
Ou pode-se aplicar os 70 kg/ha de supertriplo que fornecerão os 30 kg P2O5/ha, enquanto o nitrogênio e potássio serão aplicados numa formulação de fertilizantes que forneça os 120 kg N/ha e os 150 kg K2O/ha. Esta quantidade de NK está numa relação 120-00-150, ou seja, 1-0-1,25. Multiplicando-se por coeficientes, obteremos:
x12 = 12-00-15;
x20 = 20-00-25.
As quantidades serão:
Fórmula 12-00-15
120N/12N x 100 = 1.000 kg/ha;
Fórmula 20-00-25
150K2O/25K2O x 100 = 600 kg/ha.
Multiplica-se sucessivamente por coeficientes, até a obtenção de uma formulação de adubo existente no comércio.
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Professor, lendo seu post aqui no blogue sobre adubação, me surgiu uma duvida.
ResponderExcluirExiste hoje uma recomendação para utilização de micros em solo para cana de açúcar?
exemplo, Boro, zinco, cobre, etc.
Parabéns pelo blogue!
Desculpe a demora em responder
ExcluirHá controvérsias muito grandes sobre a aplicação ou não de micronutrientes na cana.
A questão é que resultados de pesquisa mostraram que a cana responde muito bem à aplicação de micronutrientes como o Zn, Mo e Mn. O Zn foi om que mais aumentou a produção. Estou lhe disponibilizando dois artigos muito bons sobre o assunto para vc acessar e lê-los.
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Anais_Godofredo_Cesar_Vitti_000fizug9hp02wyiv802hvm3j0am3m2k.pdf cana
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_38_711200516717.html
Cassio, o endereço correto do primeiro link é:
Excluirhttp://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Anais_Godofredo_Cesar_Vitti_000fizug9hp02wyiv802hvm3j0am3m2k.pdf
Caro Professor, parabéns pelo blog.
ResponderExcluirNão sou conhecedor do assunto, na verdade sou leigo e venho pesquisando a cultura de cana para fins de projeto acadêmico.
Minha pergunta deve ser primária, mas para mim é importante uma opinião academica: O adubo orgânico, desde que preservadas todas as necessidades de nutrientes do solo para a cultura da cana, ele é bem vindo? É de boa aceitação no mercado para esta cultura?
Agradeço desde já sua atenção,
Fernando