terça-feira, 5 de junho de 2012

Cobertura Nitrogenada no Espigamento Aumenta Produtividade do Trigo


Na região de Passo Fundo/RS um manejo diferenciado na lavoura de trigo foi o suficiente para aumentar a produtividade  em 15%. A técnica diferenciada consistiu em realizar mais uma adubação nitrogenada de cobertura no trigo na fase de espigamento. As recomendações de nitrogênio para a lavoura de trigo são de uma aplicação de 15 a 20 kg/ha de N na semeadura e o restante da adubação nitrogenada, de acordo com o teor de matéria orgânica no solo, feita entre os estádios de afilhamento e de alongamento. Este período é de
30 a 45 dias após a emergência das plantas. Quando a dose de N é muito elevada, a cobertura é parcelada em duas aplicações: uma no afilhamento e outra no início do alongamento.

A técnica diferenciada foi a aplicação de N em cobertura durante a fase de espigamento. A orientação é dada pelos técnicos da OR Sementes, situada em Passo Fundo. A técnica foi aprovada em laboratório e lançada no campo, onde correspondeu em produção. Portanto, a quantidade recomendada de N foi aplicada na semeadura, no perfilhamento e no espigamento.

Mas, para alcançar êxito é necessário que o produtor melhore a fertilidade do solo, utilize variedades de trigo adaptadas e com alto potencial de produção e umidade suficiente durante o ciclo da cultura. É preciso investir na fertilidade do solo, corrigindo a acidez e aplicando nutrientes suficientes e essenciais ao desenvolvimento do trigo.

As culturas, em geral, recebem uma parte de nitrogênio na semeadura e o restante é aplicado em cobertura na época que mais necessitam. O adubo nitrogenado mais utilizado na cobertura é a uréia. Entretanto, a uréia apresenta problemas quando aplicada na superfície do solo, ou seja, perdas de N por volatilização da amônia. Estas perdas podem chegar a 50% do total de N aplicado, em alguns solos. Outro nitrogenado utilizado é o sulfato de amônio que apresenta perdas dos nitratos por lixiviação.

Os resíduos vegetais de gramíneas, na superfície do solo, apresentam alta relação C/N. Plantas semeadas nesta área podem apresentar deficiência de N, porque os microorganismos do solo imobilizam o N. Esta imobilização é significativa no sistema de plantio direto devido à presença de material orgânico. Nos primeiros anos do sistema de plantio direto pode ocorrer esta imobilização do N quando a sucessão de culturas é feita com gramíneas, as quais possuem alta relação C/N. As palhadas de gramíneas fornecem nutrientes para as culturas subsequentes na camada superficial, no decorrer dos anos.

Gargantini et al. estudando a absorção de nutrientes por duas variedades de trigo constataram que as espigas começaram a surgir ente 40 e 50 dias e passaram a grãos a partir dos 100 dias. Os teores de nutrientes encontrados sempre foram crescentes, desde o início da formação das espigas até à formação dos grãos. No aparecimento das espigas foi constatada alta concentração de nitrogênio. A época, em dias após a germinação, para o aparecimento das espigas varia de variedade para variedade. Os grãos analisados apresentaram, também, alta concentração de N. Nos grãos não ocorrem mais translocações dos nutrientes para outras partes como, também, não recebem mais nenhum nutriente para sua formação. Os nutrientes são absorvidos e armazenados enquanto o grão se apresenta no estado leitoso. A quantidade de nitrogênio absorvida pelas plantas foi feita de maneira paulatina até ela completar 90 a 110 dias após a germinação, dependendo da variedade.

O N pode aumentar o número de espiguetas por espiga, de grãos por espigueta e o tamanho dos grãos. O N tem que estar disponível nestas fases. O parcelamento da adubação nitrogenada proporciona uma maior eficiência na absorção do nitrogênio pelo trigo, porque diminui as perdas por lixiviação, nos períodos de muita chuva, e as perdas por volatilização nos períodos de seca.

O N absorvido pelas plantas de trigo influi na porcentagem de proteína no grão. Durante a fase de enchimento de grãos o N deve estar disponível para as plantas. A adubação nitrogenada no espigamento contribui para a formação de grãos com teores de proteína entre 13 a 15% e o produto apresentar alto valor comercial. Daí, a importância da disponibilidade de N durante o período de enchimento de grãos.

Nestas condições, os grãos apresentam um aumento na concentração de N. Se faltar N, a planta diminui a síntese de proteínas nos grãos e aumenta a síntese de amido, com formação de grãos com baixa concentração de proteína. A adubação nitrogenada no espigamento aumenta a disponibilidade de N antes do enchimento de grãos, e maior síntese de proteínas.

Casarin, F. et ali. estão com um projeto em andamento "Manejo do nitrogênio e seus efeitos na qualidade industrial do trigo" e acreditam que aplicações de N realizadas nos estádios tardios, ou seja, 25% de espigamento completo e início do florescimento e início da formação de grãos, possam resultar em maior teor de proteína no grão. As aplicações adicionais de N nos estádios de emborrachamento e de 25% de espigamento completo contribuirão para maior produtividade do trigo.

2 comentários:

  1. Interessante. Existem alguns trabalhos que encontraram resposta no aumento do "W" com aplicações tardias de N (maior teor de proteína citado); Ou seja, "o fornecimento do N nesta fase pode estar diretamente ligada à qualidade da massa do pão".

    www.canalagroparaguay.blogspot.com.br

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  2. Discordo quanto ao efeito positivo na produtividade quando da aplicação de nitrogênio no estadio de espigamento. Em trabalhos que realizei e alguns que acompanhei não ocorreu esse tipo de resposta. Quanto a qualidade de panificação, obviamente haverá respostas, principalmente em condições de solos com baixo teor de matéria orgânica.

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