quinta-feira, 7 de junho de 2012

Fosfato Natural Reativo, Pó ou Farelado?

O fosfato natural reativo (FNR) de Gafsa - Tunísia, foi muito comercializado na década de 70 a início da de 90 na forma finamente moído. O produto bruto era importado da África do Norte e, na indústria, era submetido a uma micropulverização que o transformava num pó muito fino. Nesta época, o fosfato natural era comercializado nesta forma de pó e a legislação preconizava que 85% das partículas deveriam passar numa peneira com abertura de malha de 0,074 mm (ABNT 200). O FNR de Gafsa, quando pó, passava 90% na peneira com abertura de malha de 0,050 mm. Esta
peneira possui 12.345 malhas por cm². Nestas condições de micropulverizado, pó finamente fino, a sua superfície de contato é muito maior o que garante uma maior solubilização e assimilação do fósforo pelas raízes das plantas. Uma grama do Gafsa ocupa uma área superficial de 36 m². Isto lhe garante uma maior reatividade no solo facilitando o ataque pela acidez livre do solo, pelos ácidos orgânicos do solo, pelos microorganismos do solo e pelas secreções ácidas liberadas nas pontas das raízes das plantas.
Em vários testes, aplicado em culturas anuais, o FNR de Gafsa mostrou eficiência agronômica similar a dos fosfatos solúveis em água, como o superfosfato triplo, já no primeiro cultivo. O produto era aplicado a lanço e depois incorporado.
Muito foi investido em pesquisa, nas décadas de 70 e 80, para avaliar a eficiência agronômica deste fosfato natural.
Segundo Volkweiss & Stammel (1976) quando se aumentava a granulometria de 0,074 mm para 0,30 mm, se verificava uma redução de 50% na eficiência do FNR de Gafsa.
Outro FNR, o de Carolina do Norte, foi avaliado em solos de Cerrado na cultura da soja. O produto era aplicado a lanço e depois incorporado. Sua eficiência agronômica dobrou no segundo ano chegando a 138% em relação ao superfosfato triplo.
Em pastagens, estes fosfatos reativos apresentaram eficiência agronômica superior à obtida com culturas anuais, já no primeiro ano. Estas eram as características do Gafsa nas décadas de 70 a 80, quando foi muito testado pela pesquisa oficial brasileira.
Atualmente, os fosfatos naturais reativos são comercializados na forma de farelado, o que diminui a sua eficiência agronômica para culturas anuais no primeiro ano. A vantagem do farelado é possibilitar uma melhor aplicação do produto. Nestas condições, a pesquisa iniciou trabalhos de avaliação da eficiência agronômica destes FNR na forma de farelados. 
Rein et al. (1994) mostraram que o fosfato natural reativo de Carolina do Norte finamente moído apresentou eficiência maior que o superfosfato triplo e maior do que quando aplicado na forma de farelado, no primeiro ano, na cultura da soja. Entretanto, no segundo ano, o farelado foi superior as demais fontes fosfatadas. Vários trabalhos de pesquisa mostraram que a eficiência agronômica dos fosfatos reativos diminui com o aumento das partículas.
Meurer,E.J. & Horowitz,N. (Cienc. Rural vol.33 no.1 Santa Maria Feb. 2003) no trabalho "Eficiência de dois fosfatos naturais farelados em função do tamanho da partícula", chegaram as seguintes conclusões: O fosfatos naturais apresentaram o maior índice de eficiência agronômica (IEA) para o milho quando foram moídos finamente (partículas <0,074mm); À medida que aumentou o tamanho das partículas, diminuiu o IEA dos fosfatos naturais. Entretanto, partículas com tamanho até 0,297mm mostraram-se reativas produzindo uma quantidade de fósforo acumulado na parte aérea das plantas de milho, superiores à testemunha sem fósforo; Os IEA dos fosfatos naturais finamente moídos (<0,074mm) diminuíram do primeiro para o segundo cultivo. O IEA das partículas com tamanho superior a 0,149mm aumentou do primeiro para o segundo cultivo. Partículas maiores do que 0,71mm não foram reativas; Os fosfatos naturais na forma de farelados apresentaram um IEA entre 32% e 42% no primeiro cultivo e entre 37% e 43% no segundo cultivo.
O melhor modo de aplicação dos FNR é a lanço e depois incorporados no solo. O uso destes produtos na linha de semeadura deve ser recomendada em áreas com alta disponibilidade de fósforo. Os FNR farelados têm a eficiência de acordo com a disponibilidade de P e o sistema de preparo do solo utilizado, quando feitas aplicações anuais.
Nos solos com baixa disponibilidade de P, a eficiência dos FNR aumenta no sistema de preparo convencional, à base de aplicações a lanço e com incorporação (aração e gradagem).
Nos solos com uma disponibilidade adequada de P, os FNR apresentam eficiência semelhante a do superfosfato triplo, quando aplicados a lanço ou no sulco de semeadura, tanto no sistema de plantio direto quanto no convencional.
Um cuidado deve ser tomado pelo agricultor quando da coleta de amostras de solo para análise da fertilidade. Em solos onde foi feita aplicações de fosfato natural (reativo ou não) nos últimos dois anos, o agricultor deve comunicar ao Laboratório que a amostra procede de área adubada com fosfato natural. Isto se deve ao fato que análises de solo procedentes de áreas onde foi feita a utilização de fosfatos naturais, há um ano, o método extrator Mehlich 1 superestima disponibilidade de P, pois a parte que ainda não se dissolveu no solo é solubilizada por este método.
A partir do terceiro ano isto desaparece, no caso dos FNR, enquanto nos fosfatos naturais não reativos este problema persiste por muitos anos. O melhor método, neste caso, é o de Resina e a interpretação dos resultados da análise baseada na tabela de P-Resina.
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O que diferencia os fosfatos naturais reativos
Aduabação de pastagens com fosfato natural reativo

Um comentário:

  1. O senhor está de parabéns, seu blog é muito bom, mas peço por gentileza, que o senhor nos informe as fontes utilizadas, tanto dos textos como das tabelas e gráficos.

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