O extrato de saturação do solo nada mais é do que a solução do solo. A solução do solo, além de fornecer água para as plantas, carrega os nutrientes necessários às plantas e essencial para as trocas entre as raízes e a parte sólida do solo. Coletadas as amostras, elas são enviadas ao laboratório de análise do solo. Lá, é adicionada água ao solo até atingir o ponto máximo de saturação, obtendo-se uma pasta ou "pasta de saturação". A quantidade de água depende da textura do solo. Solos
argilosos requerem maior quantidade de água do que os solos arenosos. Após atingido o ponto de saturação, o solo é mantido em contato com a água por uma noite. Depois é feita a filtração a vácuo que retira a água livre, que vem a ser a solução do solo, ou seja, o próprio extrato de saturação. Com este extrato são determinados os elementos químicos pelos métodos tradicionais. A diferença para a análise convencional é que os elementos são determinados no extrato e não são submetidos a extratores químicos.
Todos que recomendam calagem e adubação sabem que a análise do solo, através das amostras coletadas, consiste em submetê-las a diferentes extratores químicos que avaliam os teores disponíveis dos nutrientes
trocáveis das plantas. Existe um outro método que é a análise da água do solo ou solução do solo onde estão disponibilizados os diferentes nutrientes essenciais às plantas. Esta disponibilidade de nutrientes depende de vários fatores: material de origem do solo, pH do solo, teor de matéria orgânica, adição de fertilizantes e do manejo. Na solução do solo, encontramos as bases trocáveis, nitratos, sulfatos, alumínio tóxico e hidrogênio livre, mais micronutrientes e metais pesados dependendo da contaminação.
Na análise do extrato de saturação, os teores de cátions básicos (Ca, Mg, K, Na) mais o enxofre (S) são expressos em mg/L ou mmol/L. Os demais nutrientes, em mg/L e μmol/L. É determinado, também, o pH do solo, a condutividade elétrica (CE a 20 ºC) expressa em μS/cm (μS/cm/1000 = mmho/cm) e a umidade de saturação (%). É importante salientar que as duas análises - solução do solo e análise química (convencional) - são importantes, pois a análise química nos dá os valores da capacidade de troca do solo. Isto permite avaliar quantas vezes a fase sólida entrará em equilíbrio com a solução, disponibilizando os nutrientes que a planta necessita. O técnico terá maiores condições de avaliar a fertilidade do solo e fazer melhores recomendações. O ânion fosfato (H2PO4²-) encontra-se em pequenas concentrações na solução, e sua reposição depende da fase sólida. Para a planta absorver o fósforo (P) é necessário que o nutriente passe da fase sólida para a fase líquida, ou seja, para a solução do solo. O que acontece é que a planta retira o fósforo da solução do solo e o solo o repõe, numa quantidade suficiente e rapidamente, para atender às exigências das plantas. Se este equilíbrio for perfeito o solo apresentará uma fertilidade alta. Caso contrário, o desequilíbrio exigirá que o produtor tome medidas para corrigi-lo e que se transformará em aumento de produtividade das culturas.
A análise convencional do solo não considera estas relações, mas dá uma ideia parcial da quantidade de nutrientes disponíveis que a planta poderá absorver. O técnico tem que ficar atento na necessidade de aumentar ou reduzir a recomendação de adubação. Existe uma quantidade definida pelo extrator e uma quantidade à disposição da planta, em quantidade disponível na solução do solo, em condições de ser absorvida pela planta. Com relação ao fósforo (P), o teor presente na solução do solo está em equilíbrio com o fósforo fortemente retido na fase sólida. Os solos argilosos apresentarão valores mais baixos, enquanto nos arenosos serão mais altos. Este fósforo na solução do solo determinará a nutrição da planta. Na literatura encontra-se produções de milho de 9 t/ha quando a solução do solo apresentou valores de 0,05 mg/L de P.
O fósforo no solo encontra-se nas fases sólida e líquida ou solução. Na solução, o P está presente nas formas H2PO4 e HPO4 e as quantidades são muito pequenas, ou seja, menores que 0,1 mg/L. Na fase sólida, o P apresenta-se nas formas orgânica e inorgânica. Através da intemperização dos fosfatos de cálcio e dos fatores que atuam na formação do solo, o P é liberado para a solução do solo. Há solos que apresentam valores baixos de P, mas as plantas não apresentam resposta à adubação fosfatada porque as plantas absorvem o P da solução do solo e, rapidamente, existe a reposição do fosfato. O solo não necessitaria de uma adubação fosfatada. Outros solos apresentam teores altos de P e verifica-se resposta à aplicação de adubação fosfatada. Neste caso, a planta absorve o fósforo disponível e não há mais fósforo. Isto verifica-se em solos arenosos e de plantio direto, pelo acúmulo de fertilização fosfatada, ano a ano, acumulando o fósforo nos sulcos de plantio.
A incorreta amostragem do solo aponta para valores altos de P. Em áreas onde foi utilizada a adubação com fosfatos naturais, a análise do solo, se não for indicado ao laboratório o uso destes fosfato, o extrator Mehlich 1 superestima os valores de fósforo disponível, dando uma ideia de altos valores de P no solo. O extrator P-resina seria o mais indicado para lavouras adubadas, nos últimos dois anos, com fosfato natural. A análise da fase líquida ou solução do solo determinaria, realmente, o P disponível para a planta.
1 ppm = 1 μg/ml = 1 mg/dm³
A presença do nutriente no solo nem sempre é um atestado que ele estará disponível para as plantas. O nutriente pode estar presente no solo, mas fortemente ligado às cargas elétricas e às partículas do solo ou presente em formas químicas que não são absorvidas pelas raízes das plantas. O técnico tem que saber quanto o solo pode fornecer de um nutriente e não a quantidade que ele representa. O teor disponível do nutriente é em função da sua presença na solução do solo, adsorvido ou fracamente ligado às partículas do solo. Por isto, os laboratórios utilizam extratores para determinar as disponibilidades dos nutrientes. A solução de KCl 0,1N é indicada para extrair Ca, Mg e Al trocáveis. O método Mehlich 1 é utilizado para extrair o fósforo e potássio. O método P-resina para o fósforo.
REFERÊNCIAS
Laborsolos laboratórios. Extrato de Saturação. Londrina, Paraná. Disponível em:<http://www.laborsolo.com.br/divisao.agro.asp?ex=2&id=3&menu=50> Acesso em: 28 de Out. 2012.
VASCONCELLOS, C. A.; PITTA, G. V. E.; FRANÇA, G. E.; ALVES, V. M. C. Solo e fertilizantes com fósforo. Embrapa Milho e Sorgo. Revista Cultivar Grandes Culturas, nº 13, fevereiro 2000. disponível em:<http://www.grupocultivar.com.br/site/content/artigos/artigos.php?id=77> Acesso em: 28 de Out. 2012.
Prezado Gastão, gostaria de saber se tens algum aplicativo para interpretação da análise de solo por extração de saturação ( vide pam nutri café Agrichem ) e ou tabelas para serem usadas como referência na interpretação das análises de solo na cultura de café, desde já agradeço e aguardo resposta, obrigado.
ResponderExcluirMarcos.
Infelizmente, não o possuo.
ExcluirSó a Giro Agro e a Agrichen tem esses dados para interpretar.
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