Ciclagem de Nutrientes, Bom para o Solo e Plantas

Às vezes nos perguntamos como podem as florestas crescerem num solo ácido, pobre em nutrientes e manterem um grande vigor. As plantas precisam de nutrientes para se desenvolver e produzir grãos e frutos. Onde as árvores vão buscar estes nutrientes? Seria através das fertilizações feitas pelo produtor? É muito raro as florestas   nativas serem adubadas com fertilizantes minerais. Ora, onde  as florestas se desenvolvem existem folhas caídas na superfície do solo, madeira morta, galhos na camada de 0-20 cm, que são ricos em carbono (C) e nutrientes. Estes nutrientes foram retirados pelas árvores e, agora, são incorporados novamente no solo, através da decomposição destes resíduos pelos microorganismos. Isto se chama "Ciclagem de Nutrientes".
Ciclagem de nutrientes é a contínua transferência de nutrientes do solo para as plantas, e destas para o solo.
Muitas espécies de árvores apresentam raízes muito pequenas que crescem para fora do solo, formando, na superfície, um verdadeiro tapete, e elas absorvem os nutrientes muito rapidamente. Muitos falavam que a queima das árvores ajudava no desenvolvimento de lavouras, as quais produziam bem por alguns anos. A cobertura vegetal era queimada e as cinzas, nestas condições, pela ausência dos fungos micorriza e de outros microorganismos, a cobertura vegetal do solo sendo retirada facilitaria o empobrecimento em nutrientes, além de estar sujeita à perdas por erosão. No Cerrado, a queimada provoca um aumento na concentração de nutrientes na camada superficial, mas que vai diminuindo no decorrer dos anos. O produtor rural tem a ilusão que a queimada aumentou a produção das culturas, mas, no decorrer dos anos, este quadro vai sendo alterado para uma diminuição da produtividade, em decorrência da queda da fertilidade do solo.
Perdas de nutrientes pelas queimadas

Como se verifica a ciclagem de nutrientes no solo?

1) As plantas absorvem os nutrientes do solo. Estes nutrientes podem ser naturais ou foram incorporados através de fertilizações minerais e/ou orgânicas. No seu processo de desenvolvimento as plantas absorvem estes nutrientes que foram aplicados de acordo com as quantidades que cada cultura exige;
2) Partes das plantas, como folhas mortas, ramos, raízes ou incorporação da massa verde, sofrem a ação dos microorganismos do solo, sofrendo uma decomposição com a consequente liberação de nutrientes;
3) As plantas cultivadas voltam a absorver estes nutrientes.

Vimos que os microorganismos têm uma ação fundamental na ciclagem de nutrientes. Eles são os responsáveis pela decomposição dos resíduos vegetais e a liberação de nutrientes.
Quando se tem em mente a adoção da ciclagem de nutrientes, devemos escolher plantas com a capacidade de fixar o nitrogênio do ar (N2). Neste caso, as leguminosas levam uma vantagem muito grande pela capacidade de fixar o N do ar pela fixação simbiótica com bactérias do gênero Rhysobium. Além disto, pela maior proporção de N, a decomposição dos resíduos vegetais será mais rápida. Semeadas nas entrelinhas e cortadas na época do florescimento, deixadas na superfície ou incorporadas no solo, promoveriam uma melhoria acentuada da fertilidade do solo, traduzindo-se em aumento de produção.
Adubação verde na melhoria da fertilidade do solo
Quando e porquê fazer adubação verde

Os benefícios da ciclagem de nutrientes é verificada ao longo dos anos, pois há um aumento da CTC do solo e fornece nutrientes como nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S) e outros, mais o aumento do teor de matéria orgânica do solo. Em relação à monocultura, a rotação, a consorciação de culturas é uma alternativa significativa para provocar melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Para isto, no Cerrado, o milheto constitui-se uma opção muito boa em termos de cobertura do solo, pois produz muita biomassa e muito resistente à seca. Sendo uma gramínea, é um material rico em carbono. A melhor opção seria a incorporação da palhada para uma maior rapidez da decomposição dos resíduos e maior liberação de nutrientes.
Decomposição da palhada e liberação de nutrientes