terça-feira, 14 de maio de 2013

Recuperação de Pastagens Degradadas - Adubação


Os nutrientes competem entre si para ocupar lugar na CTC do solo e na absorção pelas raízes das plantas. Portanto, deve haver um equilíbrio entre eles. Cálcio demais  inibe a  absorção  de Mg e vice-versa. Por sua vez, potássio (K) e o Mg brigam entre eles. O Mg deve ocupar 10 a 20%  da CTC do solo a pH 7.0 e o K deve saturar de 2 a 5% dessa CTC.
Os resultados de pesquisa comprovam a necessidade do produtor fazer a calagem e adubação para promover uma recuperação das pastagens degradadas. E não há aumento de produtividade da forrageira se as duas práticas, calagem e adubação, estiverem ausentes as duas ou uma delas. Ás vezes, é preciso repetir a calagem e adubação nos anos posteriores, e só a análise do solo vai mostrar as novas quantidades, se necessário.
Sobre a calagem já escrevemos porquê aplicar calcário no solo que pode ser visualizada acessando o artigo "Recuperação de pastagens degradadas - Calagem". Também, já escrevemos sobre a necessidade de recuperar pastagens degradadas em "Fertilidade do solo e manejo do pasto para recuperar pastagens degradadas". 
A melhor adubação é aquela recomendada pela análise do solo. A quantidade de nutrientes é recomendada de acordo com os níveis dos mesmos no solo. Daí, o motivo do produtor solicitar a orientação de um engenheiro-agrônomo para determinar a quantidade de fertilizantes NPK simples ou em formulações granuladas, enriquecidas com os micronutrientes que se encontram deficientes no solo, para promover uma alta produção de forragem.
O nitrogênio deve ser utilizado para suprir as gramíneas. O fósforo (P) é o nutriente mais importante para a recuperação de pastagens degradadas, principalmente em solos do Cerrado. Esses solos são muito pobres em P, e quando as pastagens são adubadas com fosfato, elas apresentam significativos aumentos de produção do pasto. O potássio é recomendado quando os solos apresentam teores abaixo de 1,3 mmolc/dm³ ou 0,13 cmolc/dm³. Os micronutrientes devem ser bem avaliados, de acordo com a análise do solo, pois as leguminosas são exigentes. Nos solos de Cerrado podem ser visualizadas deficiências de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S). A calagem adiciona Ca e Mg, enquanto o sulfato de amônio e o supersimples adicionam o S.

Nitrogênio (N)


A fonte nitrogenada mais utilizada é a ureia por sua maior concentração de N, o que determina um menor custo do kg de N aplicado. Em alguns casos, quando da necessidade de enxofre (S), o sulfato de amônio é uma opção. O que limita seu emprego é o maior custo do kg de N, em relação à ureia.
Deve-se evitar a aplicação de ureia em solos encharcados, após chuvas fortes ou irrigação.
O nitrogênio (N) é o elemento mais absorvido pelas plantas, seguido do potássio. O N é responsável pelo desenvolvimento da massa verde, ofertando quantidades suficientes aos animais em pastejo. Mais N, mais produção de matéria seca, maior lotação de animais (UA).
Em solos com menos de 2% de matéria orgânica é imprescindível a aplicação de N.

Fósforo (P)


Quanto ao P, na literatura encontra-se recomendação de fosfatagem (adubação de correção) com base no teor de argila, ou seja, 3 a 5 kg/ha de P2O5 para cada 1% de argila. Assim, um solo com 30% de argila necessitaria uma fosfatagem de 90 a 150 kg/ha de P2O5 fornecidos por 500 a 833 kg/ha de superfosfato simples(com 18% de P2O5) ou 215 a 357 kg/ha de superfosfato triplo (com 42% P2O5).
Feita a calagem, a adubação de correção de fósforo deve ser aplicada 90 dias após. Essa correção de fósforo proporciona a elevação dos teores de P no solo, promovendo uma melhoria da fertilidade e criando condições favoráveis ao desenvolvimento do sistema radicular das forrageiras, tanto em superfície como em profundidade.
Na adubação de plantio, o fósforo é recomendado na faixa de até 100 kg/ha de P2O5  Outros autores recomendam de 60 a 120 kg/ha de P2O5  Resultados de pesquisa em solos com baixo teor de P, comprovaram que esse nutriente é importante no estabelecimento de forrageiras. O uso de adubação fosfatada foi imprescindível no aumento do P na planta.
O fósforo contribui para uma maior produção do sistema radicular da forrageira, mesmo em solos com baixo teor de argila e independe da profundidade de aplicação.

Potássio (K)


Se for necessário, a correção de potássio será utilizada em solos deficientes de potássio. Cerca de 3 a 5% da CTC do solo a pH 7.0 deve ser saturada com potássio.
Pelas tabelas de recomendação oficial, a adubação potássica compreende: a potassagem (correção de potássio) e a adubação de plantio.

A potassagem consiste na aplicação de K, através do cloreto de potássio, na área total da pastagem e seguida de uma incorporação superficial, de 0-5 cm ou 0-10 cm, mediante a gradagem e antes do plantio. Em pastagens estabelecidas, o potássio é aplicado em toda a área, mas não é incorporado ao solo. No solo a lixiviação do K é grande, pois ele tem dificuldade em deslocar outros cátions adsorvidos nos coloides do solo. Então, a concentração de K é maior na solução do solo, ficando mais propenso à lixiviação.
Nos solos arenosos, a lixiviação de potássio ocorre com mais facilidade. Para evitar isso, deve-se aplicar uma parte do K no plantio e o restante em 1 ou mais adubações de cobertura.
Nos solos muito pobres em K, a aplicação do cloreto de potássio é mais vantajosa no sulco do que aplicá-lo a lanço em área total. Com isso, coloca-se uma maior quantidade de potássio na zona das raízes. Um cuidado deve ser tomado quando são recomendadas grandes quantidades de potássio para aplicação no sulco de plantio. A fonte, o cloreto de potássio, é um adubo de alta salinidade e seu contato direto causará prejuízos às plantinhas, inclusive morte das mesmas.  A mistura de adubo com sementes, para facilitar o plantio à máquina, deve ser evitada por causa da salinidade.
Há recomendações de não aplicar mais de 60 kg/ha de K2O (equivalente a 100 kg/ha de KCl) no sulco de plantio, devido aos problemas de salinidade e lixiviação. O restante deve ser aplicado em cobertura após o plantio.
A potassagem é a melhor opção quando as recomendações de K2O forem superiores a 100 kg/ha de K2O (equivalente a 167 kg/ha de KCl). Entretanto, em solos arenosos isso não é recomendável devido à lixiviação. Dessa maneira, a potassagem não é recomendada em solos com teor de argila menor que 20%, sendo preferível a adubação no sulco e desde que a dosagem não passe de 60 kg/ha de K2O (100 kg/ha de KCl).
Quando se deseja alta produtividade da forragem, a saturação de K deve ser de 5% da CTC a pH 7.0 (T).
Na potassagem, o cálculo para encontrar a quantidade de calcário é baseado no valor da CTC a pH 7.0, do teor de potássio do solo e da saturação de potássio na CTC. Exemplo: Um solo apresenta os seguintes teores na sua análise laboratorial:
CTC a pH 7.0 ou T = 45 mmolc/dm³;
Teor de potássio no solo = 0,3 mmolc/dm³;
Percentagem da CTC que se deseja saturar com K = 5%.
Resultado:
45 mmolc/dm³ x 5% = 2,25 mmolc/dm³ de K (45 x 5) / 100
2,25 mmolc/dm³ - 0,3 mmolc/dm³ = 1,95 mmolc/dm³ de K
1,95 mmolc/dm³ K x 39,1 = 76 mg/dm³ de K
76 mg/dm³ K x 2 = 152 kg/ha de K (mg/dm³ x 2 = kg/ha)
152 kg/ha x 1,20 = 182,4 kg/ha de K2O
Em 100 kg KCl temos .............. 60 kg K2O
Em  X kg KCl ......................... 182,4 kg/ha K2O
X = (182,4 x 100) / 60
X = 300 kg/ha de cloreto de potássio (KCl)

Nota: no caso de valores expressos em cmolc multiplicar a quantidade de cmolc/dm³ de K por 391 para obter mg/dm³ de K.

Reciclagem do K: grande parte do potássio é reciclado pelo resíduo de plantas, pelas perdas de pastejo e pela incorporação de fezes e urina, cuja quantidade depende do manejo. Considera-se que 30 a 50% do K é reciclado sob pastejo. Entretanto, análises do solo são fundamentais para conhecer os níveis de reciclagem.

Uso de fosfatos naturais reativos na recuperação de pastagens degradadas


Os fosfatos naturais reativos apresentam um papel significativo na recuperação de pastagens e no aumento da produtividade das mesmas. Fosfato natural reativo é aquele fosfato que apresenta mais de 55% do seu fósforo total (P2O5) solúvel no extrator ácido fórmico 2%, relação 1:100. São os fosfatos naturais de Gafsa, Carolina do Norte, Arad e outros. O Mercado Europeu considera fosfato natural reativo e sem restrições no consumo, todo  fosfato que apresentar aquela solubilidade no ácido fórmico. Para eles, o ácido fórmico 2%, 1:100, é o melhor extrator para diferenciar os fosfatos naturais de grande reatividade no solo.
Um trabalho de pesquisa realizado em casa de vegetação pela Universidade Federal Rural da Amazônia foi executado com o intuito de avaliar a produção de matéria seca da parte aérea, raiz, perfilhamento da Brachiaria brizantha e eficiência agronômica, utilizando o fosfato natural de Arad com e sem calagem, num Latossolo Amarelo. A coleta de amostra de solo foi feita numa área com braquiarão, há mais de quinze anos. O fosfato natural de Arad foi mais eficiente que o superfosfato triplo, na produção de massa seca, a partir do segundo corte da forrageira, com ou sem correção do solo.

REFERÊNCIAS

GUEDES, E. M. S.; FERNANDES, A. R.; LIMA, E. V. do; GAMA, M. A. P.; SILVA, A. L. P. da. Fosfato natural de Arad e calagem e o crescimento de Brachiaria brizanta em Latossolo Amarelo sob pastagem degradada na Amazônia. Rev. Ciênc. Agrár., Belém, n. 52, p. 117-129, jul./dez. 2009

OLIVEIRA, P. P. A.; BOARETTO, Q. E.; TRIVELIN, P. C. O.; OLIVEIRA, W. S. de; CORSI, M. Calagem e adubação na recuperação de pastagem degradada de Brachiaria decumbens em neossolo quartzarênico. Scientia Agrícola, V. 60, nº 1, p. 125-131. Fev. 2003. Disponível em: <http://www.scientificcircle.com/pt/3867/calagem-adubacao-recuperacao-pastagem-degradada-brachiaria/> Acesso em: 04 Mai. 2013


Um comentário:

  1. Muito interessante esta matéria, gostei muito pois estou pensando em fazer um trabalho de recuperação de pstagens aqui na minha região, para expandir horizontes na parte comercial, tem algum dado de aumento de massa seca com a correção? e o almento em porcentagem de UA por Há?
    Parabéns pela matéria!

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