segunda-feira, 5 de julho de 2010

As Garantias Mínimas dos Fosfatos Naturais Reativos

O nosso leitor " forjengineer " publicou um comentário no blog sobre as garantias mínimas dos fosfatos naturais reativos que teriam sido alteradas pela Instrução Normativa n° 5. Disse o leitor que o P2O5 total, no mínimo, seria 27%, e que o P2O5 solúvel em ácido cítrico 2% 1:100 seria, no mínimo, 30% do teor total de fósforo garantido pelo indústria que o comercializa. Na nossa publicação, falamos de 28% de fósforo total  e 9% de fósforo solúvel em ácido cítrico 2% 1:100. E o leitor forjengineer, atento à legislação brasileira de fertilizantes comentou esta diferença. Agradecemos ao mesmo por este comentário dando a possibilidade de atualizarmos o artigo.
A Lei 6894 de 16/12/1980, sobre Fertilizantes, foi regulamentada pelo Decreto 4.954 de 14/01/2004. Entretanto a IN 5, de 23/02/2007, revogou a IN 10 da SARC em 28/10/2004. Pela IN 5, as garantias mínimas dos fosfatos naturais reativos são:
27% de fósforo total, expresso em P2O5;
30% do fósforo total garantido tem que ser solúvel em ácido cítrico 2% 1:100;
A IN 5 permite, ainda, que a empresa possa declarar o fósforo solúvel em ácido fórmico 2% relação 1:100 com a condição que 55% do fósforo total, expresso em P2O5, seja solúvel no ácido fórmico 2% 1:100.
Isto me lembrou abril de 1987, quando trabalhava na extinta Companhia Riograndense de Adubos - CRA, e que eu mais o Eng° Químico Motolla e mais o Engº. Agr°. Carlos Goepfert, pesquisador da Secretaria da Agricultura do RS, fomos a uma renião na FIESP - São Paulo, a qual contava com grande quantidade de pesquisadores, entre eles Malavolta, e apresentamos um quadro que demonstrava a eficiência dos fosfatos reativos e que o melhor extrator para estes fosfatos seria o ácido fórmico. Aliás, nos baseamos no Mercado Comum Europeu que só permite a comercialização de fosfatos naturais reativos desde que o teor de fósforo , expresso em P2O5, seja 55%, do seu teor total, solúvel em ácido fórmico 2% 1:100. Assim, 20 anos após, os fosfatos reativos têm a sua eficiência aceita pelos legisladores. E uma empresa que comercialize o fosfato reativo de Gafsa, da Tunísia, Norte da África, está bem amparada pela Legislação, na comercialização do seu produto. O Gafsa, na época, apresentava 30% de fósforo total e 24% de fósforo solúvel, no mínimo, em ácido fórmico 2% 1:100. ou seja 80%.
Catani e Nascimento tem um trabalho que apresenta dois fosfatos naturais importados comparados com os fosfatos naturais de Patos, Araxá e Olinda.

Como se verifica no quadro acima, os nossos fosfatos naturais são de baixa reatividade para aplicação direta no solo, e têm uma eficiência agronômica muito baixa. Não poderiam ser comercializados no mercado Comum Europeu. Se não me falha a memória, existe um outro fosfato natural de Carolina do Norte, nos Estados Unidos, que tem comportamento semelhante ao Gafsa. Por isto que insisto: quando utilizar fosfato natural, que seja chamado de REATIVO, mande avaliar a solubilidade do P2O5 no ácido fórmico.
Falou-se tanto em relação 1:100, o que vem a ser isto?
Significa 1 g de fosfato reagindo com 100 ml de ácidos fórmico ou cítrico, na concentração de 2%. Na década de 70 usava-se a relação 1:300. ou seja, 1 g de fosfato e 300 ml de ácido cítrico a 2%.

3 comentários:

  1. Caro colega

    Se no potássio dos solos estamos muito melhor do que aí,no fósforo para os solos estamos muito pior,pois aí dispõem de fosfatos minerais de rochas vulcãnicas.
    No fósforo dos solos estamos um bocadinho melhor,é certo. De qualquer modo,quando se fala em fósforo,a coisa está preta,mesmo muito preta,como o colega bem sabe,pois está-se a ver o fundo das reservas conhecidas dos fosfatos minerais sedimentares.E então,como a familia não pára de aumentar,há que tomar medidas,porque sem fósforo nada feito,toda a gente o sabe,seria o fim.
    Dessas medidas,já expressas pelo colega,ou subentendidas,no muito que tem mostrado sobre o fósforo nos solos e nas culturas,seja-me permitido lembrar a procura de mais reservas de fosfatos,o pedir a colaboração de microorganismos no incrementar da disponibilidade do fósforo do solo,fertilizar mais racionalmente,recorrendo a ensaios por tipo de solo e culturas,reciclar resíduos urbanos,industriais e agrícolas,obter cultivares mais eficazes(menos comilonas) e deixar no solo o máximo de resíduos,sem prejudicar o manejo.
    É caso para pensar,esta escassez de fósforo,sendo ele um nutriente vital. Ainda bem que os solos o retém,senão a coisa estaria pior. Quer dizer,há males que vêm por bem.
    E pronto,Caro colega,ainda que não se possa dizer chega de fósforo.
    Muito boa saúde,e a minha admiração pelo muito que tem mostrado da multifacetada acividade dos agrónomos.

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  2. Mestre, me ofereceram Fosfato de Araxá
    com granulometria Peneira <200# 49,94%
    Nível P2O5 23,5 %
    com P2O5 23,5 Citrico 2% 1/100 = 3,47%
    e umidade a 110 graus = 7,64%. O preço é muito bom.
    É possível usa-lo como corretivo em solo de cerrado junto com a calagem?

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    1. Não recomendo esses fosfatos para culturas anuais, mesmo para correção do fósforo. Você pode utilizar em pastagens, frutiferas, florestas, mas assim mesmo 1/3 das necessidades de fósforo, e o resto completado com fosfatos solúveis em água ou fosfatos naturais reativos. Veja bem, um fosfato natural deve ter, no mínimo, 55% do seu fósforo total solúvel em ácido fórmico para ser considerado como fosfato reativo, que vai agir no solo em menor tempo. Esse fosfato de Araxá deve chegar a 20%. Portanto, não é um fosfato reativo, vai demorar anos para ser aproveitado. O preço é bom, mas para emprego direto na agricultura é ineficiente.

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