terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Problema dos Solos Compactados

Os solos compactados apresentam uma série de desvantagens para a agricultura. A água não penetra facilmente através do perfil do solo, escorrendo pela superfície e levando, nas enxurradas, terra e nutrientes; 
por sua vez o solo oferece uma resistência, dificultando os trabalhos de preparo do solo e de plantio; há uma maior concentração de raízes na camada superficial, que apresentam-se deformadas; as raízes não penetram no perfil do solo, em busca de água e nutrientes, e, no período de estiagem, as plantas sofrem com o
estresse.
A compactação do solo começa a acontecer no preparo do solo realizado, continuamente, através dos anos. Nas áreas destinadas às pastagens, a compactação do solo é provocada pelo pisoteio dos animais. O uso excessivo de máquinas pesadas no preparo do solo, com gradagens e arações superficiais, é o responsável pela compactação do solo. Duas camadas aráveis distintas são encontradas ao longo da profundidade do solo: uma superficial, pulverizada, e outra subsuperficial compactada. A subsuperficial é conhecida como "pé-de-grade", onde ocorre remoção de terra,  provocada pelo peso enorme das máquinas e implementos agrícolas. É o início da degradação do solo. Urge, então, a necessidade premente de descompactar o solo. A descompactação beneficia o solo aumentando a sua porosidade e provoca uma ruptura das camadas encrostadas de terra. Por esta razão, melhora as condições de desenvolvimento do sistema radicular das plantas; a água penetra mais facilmente ao longo do perfil do solo; há um maior armazenamento de água e um aumento da permeabilidade do solo.
Os pesquisadores e técnicos têm recomendado uma série de medidas para prevenção do problema da compactação: o agricultor deve reduzir a intensidade do preparo do solo; adotar a prática de promover a cobertura do solo, com vegetais, em toda a área explorada; adotar as medidas de conservacionismo, e o combate à erosão do solo.
O sistema de plantio direto (SPD) deve ser uma prática utilizada para deter a degradação do solo. Além disto, a rotação de culturas, a cobertura do solo, trabalhar o solo apenas na linha de semeadura são condições essenciais para melhorar, ao longo dos cultivos, as condições físicas, químicas e biológicas do solo. A melhoria da fertilidade do solo não deve ser esquecida na implantação do SPD: a análise do solo, a neutralização da acidez pela calagem, a correção e manutenção dos nutrientes indispensáveis às planta - através da utilização de fertilizantes químicos e o uso de adubos orgânicos - na camada de 0-20 cm.
Entretanto, há agricultores que implantam o SPD e, no decorrer dos anos, se esquecem do que preconiza o sistema. São continuadores da monocultura. Entretanto, o SPD não preconiza a monocultura. O SPD é incluir, também, a rotação de culturas e a manutenção de uma cobertura vegetal permanente no solo, utilizando plantas ricas em biomassa. Quando for utilizada a rotação de culturas, deve haver uma preocupação em analisar as espécies vegetais quanto à infestação de pragas, doenças e ervas daninhas. Os nematoides (clique aqui para ler mais) são pragas que causam grandes prejuízos à produtividade das plantas.
O cultivo de forrageiras é muito eficaz para a descompactação do solo. A utilização de braquiárias provoca uma melhoria na estrutura do solo, na aeração, promove um desenvolvimento abundante do sistema radicular da planta, e é uma fonte de carbono. À medida que os microorganismos do solo vão processando o carbono, há uma transformação em matéria orgânica. Isto aumenta a fertilidade do solo e minimiza os efeitos da compactação.
A compactação pode ser agravada pelo plantio da soja em solos arenosos. Como sabemos, os solos arenosos se caracterizam pela baixa fertilidade e pelo baixo teor de matéria orgânica, aliado a uma estrutura física muito péssima. Quando o agricultor resolve plantar soja, ele deve conhecer e pensar em termos de teor de argila do solo, teor de matéria orgânica, teor de umidade, estrutura do solo e o histórico dos problemas de compactação nesta área. Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso desenvolveram aparelhos com a finalidade de auxiliarem os técnicos a diferenciarem solo seco de solo compactado. Os aparelhos chamados de "Penetrômetro" e de "Penetrógrafo" medem os níveis de agregação do solo. As medições são feitas dentro dos talhões com uma distância de 20 metros entre as perfurações, em camadas de até 60 centímetros. O valor de 25 kg/cm² é considerado ideal para a prática agrícola. Quanto à umidade, o valor deve estar entre 25 a 30%. Os valores acima disto são considerados prejudiciais à penetração das raízes das plantas.
Segundo Klein (2002), citado por Camara (2004), em laboratório pode-se medir a "densidade relativa" que é a relação entre entre a densidade do solo e a densidade máxima do solo. Klein (2002) obteve uma relação de 0,715 em um Latossolo Roxo, estrutura argilosa, a qual foi considerada ótima para o desenvolvimento das culturas. É claro que esta relação varia de solo para solo, de acordo com a estrutura do mesmo.
Camara,R.K. (2004) concluiu que a escarificação esporádica, em solos sob plantio direto, melhora as condições para conservação do solo e água. O mesmo autor aponta que o mecanismo sulcador, tipo guilhotina, é eficiente para reduzir o efeito da compactação do solo em plantio direto, aumentando a produtividade da soja. No entanto, a incorporação de restos vegetais é maior.
Silva e Rosolem (2001), citados por Camara (2004), verificaram que o cultivo de aveia preta, guandu, milheto, antecedendo a cultura da soja, favorece a concentração do sistema radicular da mesma, abaixo da camada compactado do solo.
Calonego,J.C. & Rosolem,C.A. concluiram que a estabilidade dos solos é influenciada pela rotação de culturas, sendo maior na camada de 0-0,05 metros e de 0,05-0,10 metros, quando o triticale é introduzido como espécie de outono/inverno. Dizem, ainda, que o manejo mecânico da compactação do solo com escarificador e com ausência de plantas de cobertura, antecedendo o plantio da soja, promove a redução da estabilidade dos agregados na camada de 0,05-0,10 metros; esta desestruturação do solo é recuperada com o cultivo outono/inverno e de verão em SPD, por três anos consecutivos.
Para descompactação do solo são utilizados implementos de escarificação que possuem hastes e ponteiras estreitas, reguladas para atuarem abaixo da camada compactada. As hastes devem ter, no máximo, 8 cm de largura, e o espaçamento entre elas de 1,2 a 1,3 vezes a profundidade objeto da operação. Após, é feita a semeadura com plantas que possuam uma elevada produção de massa verde e um abundante sistema radicular. O agricultor deve abrir trincheiras, com dimensões 30x30x50 cm, procurando o limite inferior da camada compactada, determinada por diferenças na estrutura do solo, como: desenvolvimento do sistema radicular, resistência do solo ao toque com um implemento de ponta aguda. Em condições normais, este limite inferior da camada compactada não passa dos 25 cm de profundidade.

OUTROS ASSUNTOS
O controle dos nematoides pela rotação de culturas

2 comentários:

  1. Caro Colega

    "o Problema dos Solos Compactados". Mais um problema,a que os "pobres dos agrónomos" têm de procurar dar solução. Um monte de problemas,um monte de equações de muitas variáveis. Só com muito má vontade não se perdoará um outro erro que se vá cometendo.
    Este seu tema trouxe-me à memória um condicionador da estrutura do solo que,há uns recuados anos, despertou interesse,e,pelo que se lê na web,ainda interessa. Trata-se do Krilium.No entanto,nas revistas brasileiras que sondei,em especial,na Revista Brasileira de Ciência do Solo,não o encontrei em Assunto.

    Muito boa saúde,Caro Colega.

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  2. Como saber a melhor planta para usar na descompactação do solo?
    Exemplos: Guandu, milheto ou nabo..
    Qual a mais eficaz e até que níveis de compactação são recomendadas ?

    Obrigado, Renan..

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