É fato comum que, no período que a planta mais precisa de água, ocorra uma deficiência hídrica provocada por uma estiagem. Os produtores, que têm sistemas de irrigação, conseguem contornar este efeito e reduzir os danos, os prejuízos, na produção. São estes, que utilizam a irrigação, que devem tomar cuidado na qualidade da água usada no processo. Existe um número considerável de poços com água inadequada para a irrigação; o uso desta água causará prejuízo na produção e no meio ambiente. As águas subterrâneas, como as superficiais, contêm impurezas que podem indisponibilizar o uso delas para a irrigação das plantas. Na água, encontramos produtos em suspensão e dissolvidos.
Em suspensão, a areia, silte, argila e os orgânicos, como matéria morta, organismos vivos, e os patogênicos. Como materiais dissolvidos, encontramos sais diversos, metais pesados, resíduos de agrotóxicos e de fertilizantes. Tudo isto corrobora para o entupimento de emissores, desgaste de bombas e mangueiras, e na colheita encontramos depósitos de argila no produto colhido. Há maneiras de contornar isto, é claro: uso de filtro tipo ciclone e tanques de sedimentação; uso de filtro de disco e tela para os materiais em suspensão; filtro de areia, no caso de sólidos em suspensão, até matéria orgânica. Um outro risco que vai além do simples emprego da água de irrigação, é a transmissão de doenças por patógenos, ao ser humano, e por fitopatógenos, às plantas, principalmente em irrigação de alimentos consumidos "in natura", como as hortaliças e frutas. A solução seria a troca da fonte de água ou tratamento da água com cloro. A "Salinização e a Sodicidade" são dois processos que causam estes prejuízos. Milhões de hectares, no mundo, estão sofrendo de salinização pelo aumento progressivo na utilização de água de irrigação de má qualidade, que ocasiona quedas na produtividade e, por consequencia, a formação de solos degradados.
A salinização, que significa a presença de sais na água: pela capacidade de dissolução e tipo de substrato em contato com a água. A salinização pode estar no solo ou quando ele é irrigado com água salina. Os cátions e ânions estão presentes no solo ou na água. Quando a condutividade elérica da água de irrigação (CEa) é maior que 0,75 ds/m, há risco de salinidade. A evaporação da água acumula sais na superfície do solo, como pode acontecer no cultivo protegido. O uso excessivo de fertilizantes minerais, como cloreto, sulfato e produtos com sódio, podem aumentar a salinização. O efeito da salinidade é osmótico: ação conjunta de todos os sais solúveis presentes na água ou na solução do solo. Os sais aumentam a pressão osmótica que, por sua vez, reduz a disponibilidade de água, provoca desequilíbrio entre os nutrientes, toxidez nas plantas, influindo na redução da produtividade e na qualidade dos grãos e frutos. A salinização interfere na maneira de absorção da água pela planta, se esta não se adaptar às condições de osmose.
O parâmetro utilizado, para expressar a concentração de sais dissolvidos totais, é a condutividade elétrica da água de irrigação - CEa. Os sais dissolvidos são os íons Na, Ca, Mg, Cl, SO4² e HCO3, que são os responsáveis pela salinização.
Outros íons, como cloretos, boro, sódio, podem causar sérios danos às culturas e à produtividade, devido a alta concentração na água. Eles causam toxidez às plantas. O cloreto, quando solúvel, aumenta a salinidade do solo. Quando se faz irrigação por aspersão, altas concentrações provocam toxidez nas folhas. Entretanto, é facilmente lixiviado. As águas que apresentam concentrações altas de CO3 provocam salinidade no solo. Já os carbonatos de cálcio e de magnésio são, praticamente, insolúveis. Os bicarbonatos em altas concentrações promovem precipitações de cálcio e magnésio na forma de carbonatos, reduzindo as concentrações de Ca e Mg no solo. Estas precipitações de Ca e Mg podem ocorrer dentro das tubulações
causando entupimento parcial ou total. O ferro (F²+) está na forma solúvel na água e precipita na forma Fe³+. O gás sulfídrico (H2S) apresenta o risco de crescimento de sulfo-bactérias, dando o aspecto de lodo, provocando entupimento de filtros e gotejadores. Para minimizar esta toxidez deve-se proceder à drenagem do solo para lixiviar os sais, aumentar a infiltração da água através do perfil do solo e reduzir a evaporação da água. Outra prática, é a adição de gesso ao solo. Os danos vão depender da sensibilidade das culturas a estes nutrientes, da evapotranspiração e da concentração dos nutrientes.
O controle da salinização pode ser feito de várias maneiras: pela lixiviação dos sais, chuvas, plantio de espécies tolerantes, e cobertura do solo que aumenta a infiltração e reduz a avaporação. No caso de solos impermeáveis, o problema já é maior. A impermeabilização do solo é causada pela alta concentração de sódio e baixa concentração de sais. A escarificação, a aração profunda e o uso de matéria orgânica reduzem o problema.
A sodicidade se refere ao acúmulo de íons de sódio (Na) que estão presentes na água de irrigação e que eleva a percentagem de sódio trocável no solo. A grande concentração de sódio (Na) é prejudicial às propriedades físicas e químicas do solo, dando origem à compactação do solo, e a consequente dificuldade da água se infiltrar no perfil. Para medir o seu risco, utiliza-se a condutividade elétrica da água mais a relação de adsorção de sódio (RAS): relação entre os íons Na, Ca e Mg.
É importante que o produtor faça, antes de iniciar o processo de irrigação, uma análise da água que será usada no sistema. De posse do resultado, em conjunto com o Técnico, fazer um estudo da situação e tomar as devidas providências, se forem necessárias. As análises de água, para uso em irrigação, devem conter: concentração e natureza dos sólidos em suspensão; conteúdo de sais - condutividade elétrica (CE) ou sais totais dissolvidos; cátions ânions e outros materiais - carbonatos, bicarbonatos, cloretos, sulfatos, pH, RAS, Ca, Mg, Fe, Mn, B, óleos; nutrientes - nitratos, amônio, fosfato, potássio.
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