segunda-feira, 29 de junho de 2009

A análise de plantas

A análise de plantas nada mais é do que analisar uma planta ou parte dela com o objetivo de determinar o teor de nutrientes supridos. A concentração de nutrientes não é a mesma durante toda a fase vegetativa da planta. Estas concentrações mudam rapidamente. Muitas vezes o stresse da planta pela falta de água mascara a suficiência ou a deficiência de nutrientes. Outro fator importante é a idade da planta que pode mostrar deficiência de um nutriente. Existem três tipos de análises de plantas:
1. Análise de tecidos - são análises feitas a campo usando indicadores de papel, reagentes em pó ou soluções. Estes materiais reagem com as substâncias presentes na seiva. Como são feitos à luz do dia e sob condições de umidade, os resultados podem não ser concretos. Por exemplo, os nitratos absorvidos pelas plantas continuam a ser processar à noite ou mesmo em dias nublados. A luz solar, em geral, reduz o teor de nitratos. Por isto, para evitar problemas com altos teores de nitratos em forrageiras deve-se esperar os dias claros, ensolarados antes de cortar as plantas para silagem ou feno.
2. Análise química - envolve a queima das plantas para analisar-se as cinzas. Estas são preparadas em soluções químicas (para provocar o aparecimento de cores) e lidas através do colorímetro ou de um fotômetro de chama ou de um espectrômetro de absorção atômica. Este último determina muitos elementos de maneira mais rápida.
3. Espectrografia de emissão de raios X - o princípio usado é que os primeiros raios X do tubo alvo fazem com que os nutrientes da amostra da planta produzam raios X secundários. Cada nutriente tem um comprimento de onda e níveis de energia individual.

Quanto à interpretação, os laboratórios e orgãos de perquisa em suas recomendações classificam as concentrações de nutrientes nas plantas em diversas faixas: deficientes, muito baixo, médio, suficiente, alto, em excesso, etc... É claro que os valores são diferentes para cada cultura e dentro de cada uma delas pelas variedades utilizadas. Nas plantas, as partes delas podem influenciar nas concentrações de nutrientes. Por exemplo, os teores de nitrogênio nas folhas podem ser diferentes do teor no caule. A análise das plantas é também de extrema importância para determinar os níveis de toxidez dos nutrientes. O molibdênio, em certos níveis, nas forrageiras, é tóxico para os animais. Segundo Kubota, J et al, o cobre deve ser avaliado em conjunto com o molibdênio porque a toxidez deste nutriente em ruminantes é uma deficiência de cobre. Ou seja, deficiência de cobre produzida por um excesso de molibdênio. Assim, é importante conhecer as interações entre os nutrientes. Os sintomas visíveis de deficiência podem ser determinados . Mas lembre-se que quando os sintomas de deficiência são visíveis a planta já foi muito prejudicada e, consequentemente, a produtividade.
Um produtor pode aplicar uma dosagem adequada de nitrogênio por hectare e, no entanto, podem aparecer deficiências deste nutriente em algum estágio da cultura. Constatou-se que locais onde apareciam as deficiências eram ao redor dos bicos de irrigação por aspersão e nas áreas onde havia sobreposição das áreas irrigadas por dois bicos. Foram feitas análises de solo e constatou-se que os nitratos haviam sido arrastados para as camadas mais profundas atingindo até 1,20 de profundidade. Claro que o nitrogênio ficou fora do alcance das raízes. O solo continha nitrogênio mas este estava longe da área de absorção pelas raízes das plantas. O solo apresentava uma estrutura permeável. A irrigação era para ser feita com mais frequencia e em leves quantidades para impedir que os nitratos fossem arrastados para as camadas mais profundas. Por sua vez, o nitrogênio deveria ser aplicado em doses mais baixas, antes do plantio, aliado à coberturas ou junto com a irrigação em intervalos que não permitissem uma deficiência deste nutriente no solo ou dos nitratos descerem para as profundidades do solo.
As amostragens dos solos devem ser feitas tantas quantas as das plantas para acompanhamento da fertilidade com o passar dos anos. As deficiências de nutrientes que ainda não são graves - chamadas "fome escondida" - são detectadas pela análise de planta ou dos tecidos das plantas. Se compararmos os resultados das análises das plantas com as do solo, sistema de irrigação usado, espécies de plantas, estágio do desenvolvimento da cultura, temos as possibilidades de identificar os problemas com maior precisão. Na amostragem devemos tomar uma série de cuidados para evitar erros nos resultados e na interpretação dos mesmos:
1. forrageiras de diversos tamanhos devem ser amostradas em separado;
2. sabemos que os nutrientes nitrogênio (N), potásio (K) e outros são móveis na planta, e vão dos tecidos velhos para os tecidos novos fazendo com que a concentração destes nutrientes seja maior nas folhas novas e baixa nas folhas velhas. O contrário também prevalece com os nutrientes não tão móveis na planta: concentração maior nas folhas velhas e baixa nas folhas jovens.
Recomenda-se que sejam coletadas amostras de solo e de plantas nas áreas de crescimento normal e em áreas que apresentam problemas. Evite a coleta de amostras de folhas muito empoeiradas que pode comprometer os resultados das análises. Se não for possível, deve-se adotar estes procedimentos:
a) com a amostra ainda fresca, lave-a em água destilada ou água mole por 1 a 2 minutos. Não deixe as plantas permanecerem na água por muito tempo pois pode haver perdas de nutrientes solúveis;
b) remova a água com papel absorvente ou deixe que seque ao ar;
c) remeta as amostras quando secarem, em sacos de papel. Evite a utilização de sacos plásticos que podem ocasionar o aparecimento de mofo.

Fonte: Métodos de diagnóstico - Prof. Charles M Smith, Universidade de Montana - publicado no Manual de Fertilizantes - IPT/CEFER

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