terça-feira, 23 de junho de 2009

A importância dos Micronutrientes

As deficiências de micronutrientes devem ser corrigidas antes que elas apareçam. Devem ser aplicados fontes de micronutrientes mais cedo e misturadas com uma fonte de nitrogênio, pois os resultados são melhores.

Boro - este micronutriente tem papel importante na divisão celular, formação dos frutos, metabolismo dos carboidratos, das proteínas, viabilidade do polem. Os sintomas de deficiência de boro em algumas espécies são:
1. alfafa - o crescimento da planta é prejudicado, a produção de sementes é pequena e as folhas apresentam uma coloração amarelo brilhante.
2. pêssego - os brotos terminais morrem, as folhas têm as bordas enroladas e os botões mortos.
3. maçã - apresenta tecidos duros e enrugados, interna e externamente.
4. citros - as quedas dos frutos são em grande proporções e amarelecimento das nervuras das folhas.
5. algodão - queda excessiva de botões florais.
6. amendoim - cascas deformadas e com pontos pretos.
O baixo nível de umidade diminui a disponibilidade do boro. Os boratos de sódio são as principais fontes de boro. O excesso de boro aplicado no solo é prejudicial às plantas. Nos solos arenosos com baixo teor de matéria orgânica aparecem deficiências de boro.
O boro é importante para o cafeeiro pois influi no crescimento e no pegamento da florada. Mas o boro em excesso ele causa toxidez severa nas plantas jovens de café devido à pequena área foliar que elas apresentam. As plantas apresentam folhas manchadas de verde-amarelado e, em casos graves, aparecem manchas escuras e até queima total das bordas das folhas. O teor adequado de boro nas folhas é de 40 a 80 ppm e na toxidez este teor é maior do que 200 ppm. Devido a baixa translocação do boro, passado a toxidez, as folhas novas que crescem já o fazem de maneira normal. Nos cafezais, a dose indicada de boro é de 2 a 6 kg/ha. No plantio pode-se usar de 2 a 5 gramas por cova ou metro de sulco.
A correção das deficiências se faz com o produto Borax usando 20 kg/ha ou por via foliar usando o ácido bórico (H3BO3).
O boro é absorvido pelas plantas na forma de H3BO3.

Cobre - é um dos nutrientes necessário à formação da clorofila. O clima influi na disponibilidade de cobre. Altas temperaturas e altos níveis de umidade são desfavoráveis à liberação do cobre pela matéria orgânica do solo. Os sintomas de deficiência de cobre nas plantas são:
1. citros - surgem folhas amarelas e os ramos novos morrem.
2. cereais - folhas amareladas nas bordas, pontas secas e torcidas.
3. milho - amarelecimento entre as nervuras das folhas.
4. verduras - morte das folhas.
O cobre reage com a matéria orgânica formando compostos que não estão disponibilizados para as plantas imediatamente. Em solos com alto teor de matéria orgânica, as deficiências de cobre aumentam e a reposição deve ser feita anualmente. Existe incompatibilidade quando são mituradas fontes de cobre com os fertilizantes. As formas insolúveis de cobre podem melhorar a sua solubilidade quando incorporadas aos adubos granulados (NPK no grão). Os fosfatos de amônio, presentes nos fertilizantes fluidos, reagem com o sulfato de cobre formando compostos insolúveis.
Para corrigir as deficiências provocadas pelo cobre, recomenda-se a aplicação de sulfato de cobre (CuSO4) na faixa de 5 a 10 kg/ha.
As plantas absorvem o cobre na forma de íon Cu²+.

Ferro - sua deficiência aparece melhor em solos calcários, principalmente em citros, cereais, feijões, frutas, nozes e gramados. Sua baixa quantidade no solo acarreta uma baixa produção de clorofila. Os sintomas de deficiência são o aparecimento de um amarelecimento entre as nervuras de folhas novas. No sorgo, quando a deficiência é muito grande, as folhas se apresentam quase brancas. Estas deficiências são combatidas com aplicações foliares. No caso de deficiências muito severas deve-se mudar o tipo de cultura para uma mais tolerante. No RS é comum nas lavouras de arroz irrigado aparecerem "toxidez de ferro".
Em solos oxidados, a forma de absorção é o íon Fe³+. As plantas excretam substãncias orgânicas que reduzem o Fe³+ para Fe²+ que também é a forma mais comum de absorção.
A correção das deficiências se faz com sulfato de ferro (FeSO4) ou quelatos.

Manganês - está presente, também, na clorofila, na produção de carboidratos e no metabolismo do nitrogênio nas plantas. A quantidade de manganês influencia a de ferro na planta. Altos níveis de manganês reduzem os níveis de ferro. Os cereais, os feijões, o milho são muito sensíveis à deficiência de manganês. Os sintomas de deficiência são semelhantes a do ferro. A aplicação de fontes de manganês deve ser feita cedo pois os resultados são melhores do que quando ela se manifesta nas folhas. Deve-se preferir as pulverizações foliares. As fontes orgânicas de manganês são mais eficientes do que as inorgânicas. O manganês tem grande afinidade pelo ferro natural do solo tendendo a substituí-lo. Por isto deve-se preferir os sulfatos ou óxidos em solos com alto teor de ferro. No RS é muito comum a toxidez de manganês em solos ácidos.
O manganês é absorvido pelas plantas na forma de íon Mn²+.

Molibdênio - é importante para a fixação de nitrogênio (N) pelas bactérias do gênero risóbio, que vivem nos nódulos das raízes de leguminosas e no metabolismo do N nas plantas. Os sintomas de deficiência são semelhantes às apresentadas pelo nitrogênio. As crucíferas sofrem bastante com a falta de molibdênio (Mo). A deficiência, nestas culturas, se caracteriza por folhas longas, estreitas e irregulares - é chamada de "chicote". Na soja, alfafa e trevos, a deficiência de Mo torna-se muito séria. Nos citros aparecem pontos amarelos nas folhas e se a deficiência for muito severa estes pontos amarelos morrem e as folhas caem. A deficiência de molibdênio é comum em solos ácidos e muito lixiviados. A calagem corrige facilmente esta falta de molibdênio. Entretanto, o excesso de molibdênio é tóxico para os animais e plantas em germinação, além de prejudicar a absorção e as translocações do ferro pelas plantas.
A correção das deficiências se faz utilizando o molibdato de amônio de 0,5 a 1,0 kg/ha.
O molibdênio é absorvido pelas plantas na forma de HMoO4.

Zinco - em solos com baixo teor de zinco (Zn) disponível a aplicação de fosfatados deve ser feita em cobertura total. A aplicação em sulcos ou ao lado das fileiras acarreta deficiências deste micronutriente. A rotação de culturas pode favorecer o aparecimento de sintomas de deficiência. O zinco é importante no desenvolvimento dos botões florais, na produção de grãos e sementes, bem como influi na velocidade de maturação das plantas e sementes. Os sintomas de deficiência em algumas culturas são:
1. leguminosas - aparecimento de pontos pequenos de coloração bronzeada nas folhas mais velhas.
2. frutas - há um crescimento retardado dos brotos terminais, formação de roseta de ramos, folhas estreitas e amarelas entre as nervura.
3. milho - aparecimento de listas amarelas nos dois lados das folhas, no meio, iniciando nas folhas velhas.
4. sorgo - a produção de grãos é reduzida drasticamente.
As aplicações de fontes de zinco serão feitas cedo no solo e nas folhas. A realização desta prática , antes de aparecerem os sintomas, é importante para garantir altas produtividades das culturas e boas safras.
As deficiências de zinco são combatidas com a aplicação de sulfato de zinco (ZnSO4) na faixa de 5 a 10 kg/ha.
As plantas absorvem o zinco na forma de íon Zn²+.

De qualquer forma, a análise do solo e foliar são muito importantes para determinar os teores de micronutrientes no solo e nas folhas para corrigir as deficiências. Vale, antes de tudo, a aplicação preventiva, na época do plantio, com a utilização de fertilizantes que têm os micronutrientes incorporados no mesmo grão para um melhor aproveitamento pelas plantas. É preferível colocar antes do que remediar depois, com possíveis decréscimos na produção das culturas.

16 comentários:

  1. Olá, primeiramente gostaria de parabelizalo pelo seu trabalho, que se torna exelente para quem trabalha no campo.
    Sou técnico agropecuário recem formado, e agora estou trabalhando na área de bananicultura e minha função é orientar os produtores quanto a nutrição das plantas, e na aplicação de foliares e fungicidas. No inicio do meu trabalho tenho encontrado algumas dificuldades, porem conto com ajuda de outros técnicos que me acompanham.
    Gostaria de saber se por acaso o sr. tem algum tipo de material relacionado a bananicultura, que possa me ajudar na minha profissão. Como por exemplo a ultilização de micronutrientes, fungicidas, adubação, calagem, etc. Seria de muita importância para o meu trabalho. Espero que possa me ajudar. Obrigado.
    leandro_pypo@hotmail.com

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  2. Leandro,
    Segue uns links para você acessar:

    http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananaAmazonas/index.htm

    http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/CultivodaBananaRO/index.htm

    http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananaCeara/index.htm

    http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananaPara/index.htm

    http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=18117

    http://www.seagri.ba.gov.br/Bananeira.htm

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  3. Boa. noite Sr Braga,

    Hj recebi o resultado de uma analise de solo de um cliente, e numa das parcelas o excesso de B foi constatado.

    Alem de calagem, qual seria a maneira de corrigir este excesso no solo?
    Que foliar posso usar para recuperar a planta (pimentão). Pensei em usar silício via foliar, e acido húmico via solo.

    obrigado
    Marco Janssen

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    1. O aumento do pH indisponibiliza o boro.
      O problema do pimentão é esse?
      Se for, com a toxidez do boro já comprometendo a planta, tenho dúvidas de vc vai conseguir recuperá-los.
      Se não for, a aplicação de silício e ácido húmico ajudam.
      Não sei se entendi bem o seu problema no caso de recuperar as plantas

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  4. Boa Tarde Sr Braga.

    Meu nome é Éderson Kappes, sou Eng° Agrônomo e produtor de soja no cerrado, mais precisamente em Uruçuí-Pi.
    Nestes solos ocorrem deficiências de alguns nutrientes excênciais à planta, tanto macro como micro, fazendo-se necessário a adubação de correção destes. No caso de micronutrientes, utilizei até então alguns tipos de FTE em mistura, ou seja fritas. Mas tenho notado deficiência no solo de cobre, zinco e boro.
    Estou estudando outras formas de correção de solo, com micros oriundos de outras fontes (óxidos e sulfatos) e uma delas é o emprego de sulfato de zinco e sulfato de cobre no solo via pulverizador. Será que vou ter bons resultados? Terei algum efeito corretivo com residual, ou sera melhor, pelo fato de serem muito solúveis parcelar em aplicações anuais? qual a dose? Lembrando que já faço uso de acido bórico em dessecação pré plantio, anualmente na dose de 1,5 kg/ha.

    Meu e-mail: e_kappes@hotmail.com

    Obrigado!!!

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    1. Vários fatores podem influir numa adubação. Os nutrientes interagem entre eles: excesso de K inibe a absorção de Mg acarretando deficiências do mesmo. Excesso de cálcio inibe a absorção de Mg e vice-versa. Com os micronutrientes acontece o mesmo. O aumento do pH diminui a disponibilidade de zinco. Leia o artigo abaixo para maiores informações. desculpe a demora da resposta por motivo de viagens.

      http://agronomiacomgismonti.blogspot.com.br/2012/11/interacao-entre-os-nutrientes-das.html

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  5. PROFESSOR EXISTE ALGUM CÁLCULO PARA SABER A QUANTIDADE DE BORO E ZINCO POR HECTARE OLHANDO-SE OS RESULTADOS DA ANÁLISE DE SOLO?

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    1. Sim, você deve acessar o manual de recomendação de adubação para a sua região e verificar o que é recomendado para a cultura conforme os teores da análise de solo. Depois por uma regra de 3 você calcula o valor considerando o teor destes nutrientes baseados na concentração em cada matéria-prima.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Boa noite professor. Vou formar uma área de pastagem de brachiaria brizantha e os teores de boro e zinco no solo estão baixos. Pela praticidade, estou pensando em fornecer os nutrientes através de pulverização na hora de dessecar, junto ao glifosato, utilizado como fonte o ácido bórico e o sulfato de zinco. Gostaria de saber se posso efetuar essa mistura para aplicação via solo.

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    1. Leia:
      http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/8A79657EA91F52F483257AA10060FACB/%24FILE/Encarte-118.pdf

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  8. Boa noite! Em relação ao Boro, qual a fonte mais indicada para aplicar no solo em caso de deficiencia do micronutriente? Posso adicionar a ulexita? Voce poderia me explicar pq uma ulexita com 32% de B2O3 tem 10% de boro? Uma 48% B2O3 e 14% de B. É alguma conversão ou só por analise quimica do B mesmo? Não consegui chegar a nemhuma "relação" para encontrar o teor de B. Obrigada!

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  9. São produtos com concentração diferentes.
    massa molecular do B2O3 = (10,811*2)+(16*3) = 69,622

    Em 69,622 B2O3 temos............ 21,622 B (2x)
    em 1 B2O3 teremos .............. X de B
    X = 1 x 22 / 69,622
    X = 0,310563 índice para transformar B2O3 em B

    32 % x 0,310563 = 9,938 %

    48% x 0,310563 = 14,9 %

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  10. Boa noite..
    em relação ao boro, tenho no solo um valor de 0.50 mg/dm3. Como faço a conta para elevar este teor para 1 mg/dm3, utilizando uma ulexita com 10% de B?

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  11. Boa Tarde! os micronutrientes (mix de micros) misturados com DAP na granulação de fertilizantes complexos, podem gerar reações químicas no produto como algum aumento de temperatura? eles possuem alguma incompatibilidade ?

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    1. a princípio com os quelatos não existem referências de incompatibilidade. Os registros dos produtos devem obedecer à legislação de fertilizantes que prevê a mistura de produtos incompatíveis, não permitindo o registro. IN 39 de 10/08/2018

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