quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Calda Viçosa

A calda bordalesa muito empregada no combate às doenças fúngicas sempre mostrou bons resultados quando aplicada em diversas culturas. Lembro-me, quando comecei a exercer minhas atividades profissionais como agente de Extensão Rural da ASCAR em Nova Prata, na serra do Rio Grande do Sul, nos anos 66, os produtores de uva utilizavam muito esta calda; a proporção era de 1:1:100, ou seja, 1 kg de cal, 1 kg de sulfato de cobre e 100 litros de água. Usavam-na também junto com outros defensivos químicos; outros produtores a utilizavam somente. Os resultados eram muito bons e não havia vinicultor que a não aplicasse nos parrerais.
Mas professores da Faculdade de Agronomia de Viçosa/UFV – MG, a partir da calda bordalesa enriqueceram-na com magnésio e micronutrientes, daí o nome “Calda Viçosa”. A composição da calda viçosa é a seguinte:
1 – Cultivos orgânicos:
50 g de sulfato de cobre (Cu)
10-20 g de sulfato de zinco (Zn)
80 g de sulfato de magnésio (Mg)
10-20 g de ácido bórico (B)
50-75 g de cal (Ca)
10 litros de água

2 – Cultivos não orgânicos:
Aqui são adicionados fertilizantes químicos como a uréia e o cloreto de potássio, mas sem considerar fonte de disponibilidade de nutrientes; são utilizados apenas para melhorar a ação dos micronutrientes. A uréia tem sido incluída para melhorar a absorção dos micronutrientes; enquanto o cloreto de potássio serve para evitar a inibição do zinco (Zn) e boro (B) pelo cobre (Cu).
A composição da calda viçosa para a preparação de 10 litros é a seguinte:
50 g de sulfato de cobre
10-20 g de sulfato de zinco
80 g de sulfato de magnésio
10-20 g de ácido bórico
40 g de uréia
50-75 g de cal hidratada
10 litros de água.
A cal é a mesma que se utiliza para pintar paredes.


No preparo da calda utilizam-se baldes de plástico ou madeira. Não use os de metal pois são corroídos pelos sais.
a) coloque a metade da água que vai na solução (neste caso 5 litros) em cada balde:
b) num balde coloque a cal dentro de um saco de pano e deixe repousar por 24 horas;
c) no outro balde, com água morna, coloque cada sal em um saco de pano e deixe dissolver por 24 horas. Por isto é bom preparar a calda na véspera da aplicação, e na quantidade que vai ser aplicada. Não utilize as sobras. A finalidade dos sacos de pano é permitir uma solubilização dos sais, e uma filtragem da solução;
d) após este período de 24 horas, misture o balde dos micronutrientes no balde da cal preparada, aos poucos, e agitando constantemente;
e) faça a aferição do pH da solução, com papel de tornassol, a qual deve ser alcalina, entre 7,5 e 8,5. Se estiver ácida adicione mais cal preparada até atingir o pH ideal.

A calda viçosa pertence à classe toxicológica IV, praticamente atóxica. É um produto de baixa agressividade ao homem e ao meio ambiente, eficiente no controle de pragas e doenças, enriquecida com Ca, Mg, e micronutrientes, de baixo custo, de fácil aplicação e manejo. No café é utilizada para combater a ferrugem, cercospora, antracnose, seca dos ramos e ponteiros. Mas seu uso deve ser preventivo, antes que as doenças apareçam na planta.
Não apresenta fitotoxicidade para as plantas; a não ser que não foram tomados cuidados como: pH ácido da calda, aplicação em dias chuvosos ou com as folhas molhadas, doses acima de 3%, aplicações fora da temperatura e umidade ideal. A temperatura ideal para aplicação é de 25-30 °C e a umidade do ar acima de 65%.
ATENÇÃO: Nunca despejar o balde de cal preparada no balde de sais, pois vai haver coagulação da calda e sua perda para o uso. Na utilização dos pulverizadores, deve haver agitação constante da calda no tanque para evitar a formação de depósitos no fundo do mesmo. Quando for procedida a mistura dos dois baldes, a calda deve ser utilizada no mesmo dia. Não use sobras de calda.

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