quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O que Diferencia os Fosfatos Naturais Reativos

Muitos questionam a eficiência dos fosfatos naturais e a solubilidade em determinados extratores. Os fosfatos naturais apresentam eficiência agronômica conforme a sua origem: uns são de origem apatítica, já cristalizados, duros, de baixa solubilidade tanto nos extratores ácido cítrico e/ou ácido fórmico, ambos na concentração de 2% e relação 1:100. Outros são de origem sedimentar, orgânicos, amorfos, que podem ser aplicados diretamente na agricultura, sem nenhum tratamento químico ou térmico. 
O que significa 1:100?

Sigifica que 1 grama de fosfato natural reage com 100 ml de ácido. Esta reação vai determinar o teor de fósforo (P2O5) solubilizado. Na década de 60 até fins da de 70, a legislação brasileira era mais generosa, pois a relação era 1:300. Ora, você tem mais ácido reagindo com uma grama de fosfato, o teor solúvel de P2O5 era maior. Na época, os fosfatos naturais brasileiros estavam em pauta, mas são fosfatos de baixa reatividade no solo por suas características, alguns, de apatita. A maneira de valorizar estes fosfatos era aumentar a sua solubilidade, do ponto de vista comercial, expressando a garantia do P2O5 no ácido cítrico 2% 1:300. Na época, os fosfatos naturais importados da África do Norte, da região de Gafsa, o fosfato de Carolina do Norte, dos Estados Unidos, o fosfato de Arad, de Israel era protagonistas de várias pesquisas realizadas pelos órgãos oficiais. O Fosfato de Gafsa se destacava nas pesquisas com resultados significativos, em algumas delas foi comparado a sua eficiência agronômica como igual a dos solúveis em água. O fosfato de Gafsa é um fosfato de origem marinha, ou seja, antigamente o local era formado de mares onde, em bilhões de anos, os animais marinhos morriam e se depositavam no fundo destes mares. Uma camada de arenito cobria esta camada orgânica e o ciclo continuava: animais marinhos mortos se acumulando no fundo e nova camada de arenito os cobria. Daí sua característica orgânica, sedimentar. O minério é extraído, lavado, sofre apenas uma micropulverização que o transforma num pó muito fino. Não sofre nem tratamento químico nem tratamento térmico. Apenas uma moagem que lhe permite manter suas propriedades naturais. De um lado, havia uma corrente que dizia que os fosfatos naturais eram insolúveis em água (verdade) e não poderiam ser disponibilizados para as plantas. Somente o fósforo dos fosfatos naturais tratados com ácidos, originando os solúveis em água, seria aproveitado pela planta. De outro lado, os interesses comerciais imperaram, pois somente uma indústria de fertilizantes sediada em Porto Alegre/RS, a extinta Companhia Riograndense de Adubos, comercializava o fosfato de Gafsa, de grande reatividade no solo, importando da Tunísia sob o nome de Hiperfosfato. Nesta época em que se usava a relação 1:300, o Fosfato de Gafsa apresentava 30% de fósforo total e 24% solúvel no ácido cítrico 2%, ou seja, 80% do seu fósforo total. A Legislação foi alterada: o P2O5 passou a ser expresso em teor solúvel em ácido cítrico 2% na relação 1:100. Menos ácido, a solubilidade diminuía. O Gafsa de 24% solúvel passou para 12%. E com isto os fosfatos naturais brasileiros tiveram, também, uma baixa no teor solúvel.
Na Europa, os fosfatos naturais de origem sedimentar têm uma avaliação diferente. São considerados fosfatos naturais Reativos aqueles que apresentam, no mínimo, 55% do seu fósforo total solúvel no extrator ácido fórmico 2% relação 1:100. Portanto, dois tipos de extratores: aqui ácido cítrico e lá o ácido fórmico. E o solo como fica? Ele somente serve para segurar a planta? Não! O solo é um meio vivo, dinâmico, com ácidos fracos, microorganismos em atividade, raízes das plantas liberando substâncias ácidas que solubilizam o fósforo.
No Quadro abaixo, adaptado de Cattani e Nascimento, os autores analisaram a solubilidade de diferentes fosfatos naturais, importados e brasileiros, nos extratores ácido cítrico e ácido fórmico a 2%.
A solubilidade em extratores ácidos, feita em laboratórios, seria somente uma maneira de expressar, comercialmente, o teor solúvel de fósforo, mas não sua eficiência agronômica, papel este que fica a cargo da resposta das plantas.
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