terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Alumínio, o Inimigo das Plantas


Quanto maior for o teor de argila 1:1, as caulinitas, maior é a presença de Al+3 . São argilas com baixa CTC e cargas dependentes de pH. O alumínio faz parte de suas camadas e, na decomposição destas argilas, ele é liberado e permanece na forma trocável deslocando os íons H+ adsorvidos no solo ou pode ir diretamente para a solução do solo. Na solução do solo, sendo absorvido pelas plantas, causa sérios problemas para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas, quando ultrapassa percentagens toleradas na CTC do solo. É o chamado Al+3  tóxico. Quando a percentagem de saturação por alumínio (m) passa de 20% é considerada
prejudicial. Outros autores admitem valores de 10 e 15% como o limite, a partir do qual as plantas serão prejudicadas. Acima de 45% é altamente prejudicial.
m% = (100 x teor de Al³) / CTC efetiva ou t
O Al+3  é expresso em mmolc ou cmolc/dm³.


O valor m% é um fator importante para determinar a toxidez por alumínio, já que o teor de alumínio de solo para solo não é um modo de avaliação correto, pois alto Al+3 em solo arenoso pode não ser levado em conta num solo argiloso.
A compactação do solo, o decréscimo do pH do solo e o intemperismo da argila contribuem para aumentar a liberação de alumínio. O produtor rural deve aplicar técnicas de um bom manejo do solo para evitar a sua compactação.
As plantas não toleram a presença de Al+3  na solução do solo. Acima de 1 mg/L de Al já começa a surgir problemas, se bem que algumas plantas começam a sofrer com 0,5 mg/L. Há uma atrofia do sistema radicular, no crescimento das raízes das plantas. O alumínio acumula-se no sistema radicular das plantas, de preferência. Uma pequena quantidade é translocada para a parte aérea da planta. O efeito do alumínio no desenvolvimento radicular se caracteriza por uma inibição do alongamento do eixo principal, as raízes laterais e nas pontas se tornam mais grossas. Não há existência de raízes finas. O sistema radicular é reduzido, poucas ramificações laterais, ocupando pequeno volume de solo, o que prejudica a planta na absorção de água e nutrientes no perfil do solo. Pesquisadores (KOCHIAM, DELHAIZE & RYAN, 1995) observaram que algumas plantas são tolerantes ao alumínio pela propriedade que têm as raízes de liberar ácidos orgânicos (exsudatos) que formariam quelatos com o alumínio. Estes quelatos impediriam a absorção do alumínio pelas plantas. Seria uma forma das plantas se protegerem contra a toxidez do alumínio.
No solo, o alumínio reduz a disponibilidade de P, S e cátions. O alumínio apresenta problema em solos com pH menor que 5.5, com baixa saturação de bases, com teores baixos de Ca e Mg. Acima de pH 5,5 o alumínio deve desaparecer. As formas de alumínio tóxico para as plantas são o Al+3  (condições ácidas), o Al(OH)2+ (condições neutras) e o Al(OH)4+ (condições alcalinas).
Para neutralizar o alumínio (Al+3) do solo utiliza-se calcário para elevar o pH a valores onde a disponibilidade de nutrientes é aumentada.
 
Alguns solos cultivados exigem que o calcário seja aplicado superficialmente, atingindo até 5 cm. Quando há presença de alumínio na camada mais profunda do solo pode se lançar mão do gesso agrícola. O gesso não é um corretivo da acidez do solo, mas por ser mais solúvel que o calcário o gesso carrega o cálcio  para as camadas mais profundas do solo, competindo com o Al+3  permitindo a lixiviação do alumínio. O ânion sulfato (SO4-) do gesso reage com o alumínio formando sulfato de alumínio insolúvel, não aproveitável pelas plantas.

Na presença do alumínio, o fósforo (P) é parcialmente absorvido pelas plantas ou precipitado na forma de fosfato de alumínio insolúvel. Nestas condições de insolubilidade do P, as plantas apresentam deficiências deste nutriente, que se reflete no desenvolvimento da planta e queda da produção de grãos e frutos. A absorção de cálcio (Ca) é inibida na presença de alumínio.
Como se vê, o alumínio é um inimigo das plantas. Sua presença, no solo, deve ser descartada para evitar prejuízos às raízes das plantas. Para isto, a análise do solo é primordial para conhecer a presença de alumínio e sua possível toxidez para as culturas. A determinação da percentagem de saturação de bases (m%) é essencial para uma recomendação de calagem. O primeiro passo é coletar uma amostra média representativa da área que vai ser explorada com lavouras econômicas e proceder a análise da mesma. O laudo da análise vai fornecer os elementos para calcular o m%. Alguns Estados brasileiros recomendam a calagem baseada na neutralização do Al³ trocável mais suprimento de cálcio e magnésio (Ca+Mg). Outros Estados recomendam a calagem baseada na saturação por bases ou V%. A proposta é elevar a saturação de bases trocáveis a um valor disponibilizado pela pesquisa, para cada cultura, em relação a CTC a pH 7.0 ou valor "T".

Esta seria a prática recomendável para uma agricultura sustentável. "Nem calcário em excesso nem insuficiência de calcário". Excesso de calcário origina o que se chama supercalagem, que ao invés de trazer benefícios para o solo, aumentando a eficiência da disponibilidade de nutrientes, só acarreta prejuízos. Calcário de menos também acarreta prejuízos, porque não há uma neutralização correta da acidez do solo, permanecendo Al+3   no solo, o fósforo é menos disponível, bem como os outros nutrientes não têm uma melhor eficiência na absorção pelas plantas. Em ambos casos, demais ou de menos, quem perde é o agricultor: em produtividade, em menor fertilidade do solo e maior custo da lavoura.

4 comentários:

  1. Interessante este texto! Já tive aula a respeito das argilas 1/1 as nao expansivas, e sobre a acidez que o alumínio provoca nos solos, a importância da calagem, mas muitas coisas no texto eu não sabia. Obrigado professor por fazer um site a respeito de assuntos agronomicos, ajuda bastante os futuros agrónomos do nosso brasilzão! só peço que quando colocar elementos químicos como SO4, você coloque em parêntese o nome. Pois eu acesso este site pelo celular e para procurar o nome é ruim.

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  2. Felipe Eduardo Soares de Andrade
    Graduando em Agronomia(UFRPE)

    Gostei do texto. tem me ajudado bastante, principalmente, com as atividades nos experimentos que desenvolvo. Isso é Agronomia.

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  3. Com todo Respeito amigo revisão de nomenclatura, SO4 e uma molécula quase tão conhecida como a de água.

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  4. E a vermiculita? vi vídeos no YouTubers famosos há uns anossobre plantas que falavam que era composta de alumínio aquecido estendido, bom para retenção de água. Depois não falaram mais no assunto. Eu acho que tiveram uma experiência desagradável no plantio deles e ficar calados. Como havia vídeos de caramboleira dando frutos em vaso, eu plantei um pé de carambola num vaso bem grande e depois de 2 anos a carvoeira ficou cinza e com as raízes bem curtinhas e pretas, eu tinha colocado bastante vermiculita no vaso para acumular nutrientes devido ela ser porosa. Estou certo em afirmar que possa ter ocorrido 1intoxicação por vermiculita?

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