terça-feira, 9 de março de 2010

A Importância da Dosagem de Vinhaça

A vinhaça é resíduo líquido resultante do processo de fabricação do álcool, rica em potássio (K), matéria orgânica, cálcio e outros nutrientes como nitrogênio, fósforo, sulfatos e água. Cada litro de alcool produzido gera 10 a 13 litros de vinhaça. É um material corrosivo, mal cheiroso, pH ácido, condutividade elétrica (CE) elevada, e alta DBO (Demanda Bioquímica e Oxigênio), e que carece de cuidados para não poluir o lençol freático. As áreas para aplicação de vinhaça não podem estar contidas nos domínios das Áreas de Preservação Permanente - APPs ou de Reserva legal ou nas áreas de proteção de poços. As áreas devem estar, ainda, afastadas um quilometro das áreas populacionais.
Nas áreas em foi aplicada a vinhaça, a adubação vai depender do teor de nutrientes e da quantidade de vinhaça aplicada; da fertilidade do solo; e da produtividade esperada.
A concentração máxima de potássio no solo não poderá exceder 5% da CTC a pH 7,0. Por exemplo: um solo com CTC7.0 de 4,0 cmolc/dm³, seu limite será (5/100) x 4 = 0,05 x 4,0 = 0,20 cmolc/dm³. Transformando este valor em mg/dm³ de K teremos: mg/dm³ de K = 0,20 x 390 = 78 mg/dm³ de K. Um cmolc/dm³ de K é igual a 0,3909 g K que é igual 390 mg/dm³. Como mg/dm³ x 2 = kg/ha, teremos 78 x 2 = 156 kg/ha de K. Em K2O, 156 x 1,20458 = 187,90 kg/ha de K2O. Lembre-se K x 1,20458 = K2O. E, K2O x 0,83016 = K.
A dosagem de vinhaça a ser aplicada na cana-de-açúcar é conhecida pela fórmula abaixo conforme portaria 4231 da CETESB:

QV = m³/ha = [(0,05 x CTC – Ksolo) x 3744 +185] / Kvinhaça

QV = quantidade de vinhaça em m³/ha;
0,05 = 5% da CTC a pH 7,0;
CTC = valor da CTC a pH 7,0;
Ksolo = teor de potássio (K) em cmolc/dm³, na profundidade de 0,80 cm;
3744 = constante que transforma cmolc K/dm³ para kg K/ha na profundidade de 0,80 cm;
185 = kg de K2O extraído pela cultura por hectare e por corte;
Kvinhaça = teor de K na vinhaça expresso em kg K2O/m³.
Existem muitas controvérsias em relação à aplicação desta fórmula: alguns pesquisadores acham que não se deve limitar em 5% o potássio da CTC potencial; além disto ela é para ser aplicada em todos os solos cultivados com cana. Ora, os solos são diferentes de região para região quanto à fertilidade e à densidade aparente. Contestam, também, do emprego da CTC a PH 7.0 (potencial) em lugar da CTC efetiva; possível superestimação da soma de bases e dos teores de H+Al.
Exemplo: Seja um solo com CTC a pH 7.0 = 4,3 cmolc/dm³; K = 0,20 cmolc/dm³ e a vinhaça com um  teor de K20 = 0,35 kg/m³.
Aplicando a fórmula,
QV = [(0,05 x 4,6 - 0,20) x 3744 + 185] / 0,35
Aqui os conhecimentos de matemática são postos em prática. Em operações com colchetes e parenteses, primeiro se resolve o que está contido nos parenteses e depois o que ficou dentro dos colchetes; iniciando pela multiplicação e depois divisão.
QV = [(0,23 - 0,20) x 3744 + 185] / 0,35
QV = [0,03 x 3744 + 185] / 0,35
QV = [112,32 + 185] / 0,35
QV = 297,32/0,35 = 849,48 m³/ha

O prof. Dr. Gilsom Moura Filho apresentou no XVIII Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem, em Maceió, 2007, uma fórmula em que a constante 3744 foi substituída pela constante 5242. Esta constante, 5242, converte os valores cmolc/dm³ de K em kg K2O/ha, a uma profundidade de 0,80 m e uma densidade aparente do solo de 1,4 mg/dm³. Além disto, considerou para o cálculo 6% da CTC ou seja 0,06.
QV = [(0,06 x CTC solo - Ksolo) x 5242 + 185] / K2O kg/m³
O mesmo Dr. Gilson apresentou um quadro referente à quantidade de nutrientes fornecidos em função da lâmina de vinhaça aplicada ao solo, demonstrado abaixo. Para chegar aos valores foram considerados nitrogênio igual a 0,40 kg/m³; fósforo (na forma de P2O5) igual a 0,10 kg/m³;e o potássio (como K2O) igual a 3 kg/m³.

Para se achar a quantidade de m³/ha em função da lâmina em milímetros, basta usar este cálculo:
m³/ha = mm X 10. Por outro lado mm = m³/ha / 10.

sábado, 6 de março de 2010

Soja transgênica contaminada com agrotóxico

Um assunto que merece atenção é a denúncia feita pelo Eng°Agr° Valdir Izidoro Silveira, presidente da CLASPAR (Empresa Paranaense de Classificação), dizendo que parte da produção de soja transgênica do Paraná apresenta resíduos de "glifosato" acima do permitido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Cento e cinquenta amostras foram analisadas, referente à safra 2006, sendo detectados resíduos de glifosato em mais de 70% delas. Izidoro ponderou que é uma situação muito grave tanto para a saúde humana como para a economia do Paraná. Em quase oito amostras de grãos de soja transgênica, os resultados apresentaram um excesso de resíduos de glifosato, entre 14,44 e 36,00 mg/kg: o permitido pela Anvisa é de 10 mg/kg de grãos de soja.
A Secretaria da Agricultura do Paraná detectou um acréscimo de 97% de resíduos de glifosato em grãos de soja transgênica e que a utilização do agrotóxico, que vem aumentando gradativamente, contribuirá, também, para a contaminação do solo; além de apresentar um risco muito sério à saúde humana. Segundo relatórios da mesma Secretaria, o consumo, neste caso, pela população paranaense, é de quase três toneladas de princípio ativo do glifosato. No que se refere à economia do Paraná poderão advir restrições ao Brasil, pelos países importadores, motivadas pela alta contaminação.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A Aplicação dos Fertilizantes e sua Eficiência

A eficiência dos fertilizantes depende dos métodos utilizados na sua aplicação; isto tem uma influência muito grande na absorção dos nutrientes. É claro que os métodos e épocas de aplicação dos fertilizantes dependem da cultura, da mão-de-obra, dos equipamentos utilizados, da mistura com outros produtos como herbicidas e defensivos, e das condições climatológicas.
Uma boa aplicação de fertilizantes, a maneira de colocá-los no solo, incluem:

1) disponibilidade pela localização

A aplicação nos sulcos permite uma alta concentração de nutrientes; isto facilita o crescimento rápido das plantas jovens. A aplicação no sulco deve ser feita em um ou dois lados das plantas; e 5 a 7 cm para os lados e um pouco abaixo das sementes;

2) danos ocasionados pela salinidade

Se muito fertilizante for colocado perto das plantas poderá ocorrer danos ao sistema radicular devido à alta concentração salina das matérias-primas que compõem o fertilizante. Por isto, deve-se atentar ao item 1.
O índice salino nos dá uma idéia sobre a capacidade dos fertilizantes aumentarem a pressão osmótica da solução do solo. As plantas, principalmente as mais jovens, sofrem muito com o aumento da salinidade do solo, pois há uma tendência da água mover-se para fora da célula da planta causando o " murchamento "; em outras palavras, se a pressão osmótica da solução do solo for superior àquela das células das raízes, a água caminhará das células para o solo. No quadro abaixo, estão classificados os fertilizantes do ponto de vista do seu índice salino, o qual foi determinado em relação ao nitrato de sódio cujo índice é igual a 100.
3) economia

Dizem que a aplicação em cobertura total antes do plantio é a forma mais econômica. As perdas de nitrogênio por lixiviação, e as perdas de fósforo por fixação devem ser consideradas; algumas culturas, como as hortaliças, têm um sistema radicular pouco desenvolvido, e não adianta nada colocar fertilizantes longe das raízes.

Assim sendo, os fatores apontados no início deste texto devem ser levados em consideração, e o agricultor deve seguir à risca as recomendações técnicas.

terça-feira, 2 de março de 2010

Absorção dos Nutrientes da Solução do Solo

A solução do solo, na maior parte deles, apresenta uma baixa concentração de nutrientes; nesta solução fraca passa bilhões de íons por complexos de trocas, e por processos de difusão, com a finalidade de por à disposição das raízes das plantas, os nutrientes necessários desde o seu desenvolvimento até a formação de grãos e frutos. A absorção dos nutrientes pelas raízes possui dois modos: ativo e passivo.

Passivo
Consiste na difusão dos nutrientes, que se movem na direção de altas para baixas concentrações.

Ativo
É mais complicado que o modo passivo, pois depende de energia despendida pelas plantas. Aqui a necessidade de oxigênio no solo é fundamental; uma falta de oxigênio compromete a produção de energia pelas raízes limitando a absorção de nutrientes. Isto prevalece em solos inundados. O milho, em solos inundados, mesmo com uma alta disponibilidade de nitrogênio no solo, apresenta deficiência  deste nutriente.
O potássio, em solos cultivados com alfafa, a má drenagem causa deficiência deste nutriente.
As baixas temperaturas dos solos também limitam a produção de energia, e, consequentemente, aparecem deficiências de fósforo ou zinco.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Rotulagem dos Produtos Transgênicos

As embalagens de produtos que são produzidos a partir de grãos transgênicos devem conter um aviso de utilização dos mesmos. O aviso consta de um triângulo, com fundo de cor amarelo, com a inserção da letra "t" em maiúsculo e na cor preto.
Entretanto, o setor avícola, representado por suas entidades como UBA, ABEF, ABIPECS e SINDIRAÇÕES, estão trabalhando numa série de ações visando reverter a obrigatoriedade da " rotulagem transgênica ". Baseiam-se num parecer dado pela EMBRAPA constando a explicação científica da ausência de riscos no uso de transgênicos.
O presidente da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), Edilson Paiva, é contrário à rotulagem. Para ele, os organismos geneticamente modificados - ONG's - são uma necessidade, e os alimentos que contenham transgênicos não causam nenhum risco à saúde da população. O projeto está na Câmara de Deputados e, como não foi possível a votação em 2009, o mesmo deverá ser aprovado este ano.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Aplicação e Incorporação do Calcário

O cálcario deve ser aplicado com uma antecedência de seis meses quando se tratar de culturas menos tolerantes à acidez do solo, e três meses para as demais culturas. Sendo assim, os melhores resultados serão obtidos com a calagem. A distribuição do calcário deve ser feita em toda a área da lavoura. A recomendação é que tanto a distribuição como a incorporação do corretivo seja feita uniforme; a má distribuição, além de agravar os problemas, não corrige a acidez do solo de maneira eficiente.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cuidados com a Calagem

A calagem tem como objetivo elevar o pH do solo até um determinado valor visando reduzir os níveis de alumínio tóxico e de manganês do solo, e melhorar o desenvolvimento radicular das plantas com a melhor absorção dos nutrientes disponíveis para o crescimento das mesmas.
A maior quantidade de calcário para aplicação está ligada ao teor de alumínio, de matéria orgânica, e de argila no solo: são as principais fontes de acidez do solo e do tamponamento do pH do solo.
As culturas sensíveis à acidez do solo devem ser submetidas à pratica da calagem. Mas somente realizar a calagem não é importante: é necessário aplicar a quantidade recomendada; realizar a mistura homogênea com o solo; teor de umidade do solo; e nível de contato do calcário com o solo.
O calcário deve ser aplicado com antecedência ao cultivo, pois o efeito da calagem, na correção da acidez do solo, atinge um ponto máximo entre 3 a 12 meses após a aplicação.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Coleta de amostras de solos

Nas recomendações de adubação e calagem é importante que os resultados da análise do solo representem corretamente o quadro de fertilidade do solo. Uma coleta de solo mal feita vai se traduzir numa análise incorreta mostrando números irreais nos teores de nutrientes e pH do solo da área onde foi retirada a amostra. As áreas plantadas são extensas e apenas 500 g de solo vai ser uma representação da fertilidade em toda a sua extensão. Em 1 ha de terra temos 10.000 m² ou 1.000.000 dm²; em 10 ha teremos 10.000.000 dm².

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Soja Transgênica com Ômega 3

O crescimento das lavouras de soja com variedades transgênicas, no Brasil, também é acentuado. A estimativa é que a utilização destas variedades passe dos 70% na safra 2009/2010. A soja transgênica é plantada no País, de forma legal, desde 2003; e ilegalmente desde o fim da década de 90; as sementes eram contrabandeadas, no início, da Argentina.

A primeira geração de soja transgênica trouxe benefícios para os produtores no que tange a resistência aos insetos e tolerância aos herbicidas. Agora, a segunda geração trará benefícios à saúde humana. A soja será uma fornecedora natural de "ômega 3", que é um ácido graxo presente nos peixes de água fria: salmão e sardinha. O ômega 3, também conhecido como "gordura do bem" traz grandes benefícios ao coração diminuindo os níveis de triglicerídios e de colesterol LDL (colesterol ruim) no sangue; além de prevenir a formação de coágulos e danos vasculares. Nos Estados Unidos será testada em alimentos como as margarinas.
Outros assuntos
primeira soja transgênica brasileira

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Escolha dos Silicatos de Cálcio e Magnésio para Agricultura

Os silicatos de cálcio e magnésio são a forma utilizada no fornecimento de silício às plantas. Na postagem anterior, sobre o silício, apresentamos todos os benefícios deste micronutriente para as plantas. Os silicatos devem apresentar uma série de características, quando a finalidade é para uso agrícola: alta concentração de silício solúvel; facilidade de aplicação no solo através da maquinaria existente na propriedade rural; bom aspecto físico; bons teores de cálcio e de magnésio; baixa concentração de metais pesados; preço compatível de modo que não onere demasiadamente os custos de produção.