segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Necessidade de Gessagem - Parte I

Os solos brasileiros, em geral, apresentam baixos teores de cálcio (Ca) e altos teores de alumínio (Al) trocável. Isto ocorre, com ênfase, nas camadas mais profundas. Desta maneira, o desenvolvimento radicular é superficial e aí concentrado. Disto ocorre que as plantas sofrem com os veranicos e a absorção de nutrientes é limitada à área de desenvolvimento das raízes. Comparando plantas que tiveram um aporte de gesso na camada de 20-40cm e 30-60cm elas tiveram um desenvolvimento de raízes em área e em profundidade. Nas profundidades subsuperficiais a concentração de raízes chegou a 29% e nas camadas mais profundas, ainda, a concentração de raízes foi de 19 a 12%. Já as plantas que não tiveram um aporte de gesso agrícola, a concentração de raízes foi maior na camada de até 20 cm. Nas camadas mais profundas de 40-60 cm, a concentração de raízes chegou a 1%.
Benjamin Franklin foi um líder fazendeiro e tentou aumentar a produção e qualidade das plantas. Tornou-se muito conhecido, nesta área, por ter aplicado sulfato de cálcio (gesso) em uma colina perto de Filadélfia. Ele escreveu as palavras: “Esta terra foi corrigida com gesso”.
O gesso é um subproduto das indústrias de fertilizantes. Para a obtenção do ácido fosfórico, as rochas fosfatadas são atacadas pelo ácido sulfúrico e desta reação são obtidos o sulfato de cálcio (gesso) e o ácido fluorídrico. Tratando-se a rocha fosfatada com uma quantidade maior de ácido sulfúrico, obtém-se ácido fosfórico e sulfato de cálcio (gesso) sólido em suspensão. O sulfato de cálcio é separado por filtração, originando uma grande quantidade de gesso como subproduto. Por tonelada de ácido fosfórico produzida, obtém-se quase 5 (cinco) toneladas de gesso.
Como o cálcio é pouco móvel no solo e quase nenhuma mobilidade na planta, o efeito da calagem não se observa nas camadas mais profundas. Mas o nutriente cálcio é importante para a planta. No café, as raízes vão atrás do cálcio e nos locais que ele não existe não haverá crescimento das mesmas. Por outro lado, o alumínio (Al³+), que é tóxico para as plantas quando em altas concentrações, está presente nas camadas mais profundas onde o calcário não consegue atingi-las. Desta maneira, altos teores de alumínio e baixos teores de cálcio nas camadas mais profundas não favorecem o desenvolvimento radicular e, assim, as raízes não conseguem buscar água e nutrientes.
O gesso agrícola, sulfato de cálcio, contém cálcio e enxofre (S). Contém 32% de CaO e até 19% de S. Ele se dissocia em Ca²+ e SO4²-. Mas o gesso não é um corretivo para neutralizar a acidez do solo. Tão pouco tem a capacidade de elevar a “Capacidade de Troca de Cátions – CTC”. Ele é um condicionador do solo.
Os benefícios do gesso agrícola são vários.
Entre eles:
1) o ânion SO4²- imprime uma maior mobilidade ao cálcio levando-o para as camadas mais profundas;
2) por sua vez, o íon sulfato se liga ao alumínio formando um sal, o sulfato de alumínio (AlSO4) , que é menos tóxico para a planta;
3) fornece cálcio e enxofre para as plantas.

Quando aplicar o gesso agrícola
O gesso deve ser aplicado quando, no mínimo, uma destas condições seja satisfeita:
a) teor de cálcio (Ca) menor ou igual a 0,4 cmolc/dm³ ou 4 mmolc/dm³. Para transformar cmolc em mmolc basta multiplicar por 10;
b) teor de alumínio (Al) maior que 0,5 cmolc/dm³ ou 5 mmolc/dm³;
c) saturação por alumínio (m%) maior que 30%. Alguns citam 20%.
O produtor agrícola pensando em aplicar gesso deve providenciar na análise do solo. Neste caso, a amostragem deve ser feita na profundidade de 20-40 cm ou 30-60 cm e não na de 0-20 cm como é feita normalmente. Lembre-se que para aplicar gesso, os resultados da análise devem ser de amostras retiradas das camadas mais profundas. Quando coletar amostras das camadas de 0-20, 20-40, 30-60 cm é preciso cuidar para não misturá-las. As amostras devem ser independentes de cada camada. Para isto, é bom ter o cuidado de não misturá-las e proceder à identificação de cada camada. Em geral, a profundidade mais usada é a camada de 20-40 cm.

Como calcular a quantidade de gesso agrícola
Existem várias fórmulas apresentadas pelos pesquisadores para calcular a necessidade de gesso. Vamos apresentá-las a seguir.

1) Necessidade de gessagem e quantidade de gesso:
MARTINS, André G. professor da UFV-MG estabelece a seguinte fórmula:
NG (kg/ha) = 0,30 x Necessidade de calcário recomendada para o solo.
IMPORTANTE: a necessidade de calcário é aquela recomendada para a camada de 20-40 cm onde vai ser aplicado o gesso. Esta fórmula tem apenas a importância de calcular a necessidade de gessagem (NG) e não a quantidade de gesso a ser aplicada no solo. Esta última vai ser definida pela fórmula abaixo:
QG (t/ha) = NG x (SC/100) x (PF/20), onde,
QG = quantidade de gesso em t/ha.
NG = necessidade de gessagem em t/ha calculada na fórmula anterior.
SC = superfície coberta pelo gesso (%). Para área total, utiliza-se SC=100% e para aplicação no café em faixas, SC=75%.
PF = espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm. Para camada de 20-40, PF = 20 cm. Para camada de 30-60 cm, PF=30 cm.
O gesso deve ser aplicado após o calcário. O calcário na camada de 0-20 cm e o gesso na camada de 20-40 cm ou 30-60 cm.
O gesso pode ser aplicado em cobertura, pois é muito móvel. Se a camada de 0-20 cm não exige calcário, pode-se aplicar o gesso em cobertura. Não há necessidade de incorporação do gesso. Uma corrente de pesquisadores recomenda aplicar calcário e gesso juntos. Outra corrente não aconselha.

2) Outra fórmula usada no café, leva em consideração o teor de argila das camadas inferiores do solo.NG (kg/ha) = 75 x argila (%), segundo Souza et al (1997). O gesso deve apresentar, no mínimo, 15% de enxofre (S).
3) Outras fórmulas utilizadas são:
Para culturas anuais – DG (kg/ha) = 50 x teor de argila (%) ou DG (kg/ha) = 5,0 x argila (g/kg)
Para culturas perenes – DG (kg/ha) = 75 x argila (%) ou DG (kg/ha) = 7,5 x argila (g/kg)

4) Vitti e Mazza (1998) apresentam a seguinte tabela para quantidade aproximada de gesso levando em consideração os valores T e V do solo.

Para visualizar o artigo "Necessidade de Gessagem - Parte II" ( clique aqui)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

As perdas de óxido nitroso para a atmosfera

A aplicação de fertilizantes nitrogenados, o nitrogênio dos resíduos de animais, a fixação biológica em maior escala devido o aumento da área cultivada com leguminosas, têm contribuído para o aumento na emissão de N2O- na atmosfera. Estas emissões são devidas à desnitrificação cujo processo é NO3- >NO2- >2NO- > N2O- >N2. As formas 2NO- > N2O- >N2O- >N2. são formas gasosas perdidas para atmosfera. Em 1989, dados da FAO, com metodologia do IPCC, apontavam as emissões diretas de N2O- a partir de solos agrícolas estimadas em 2,5 Tg N, as emissões de animais de pastoreio em 1,6 Tg N, e as emissões indiretas em 1,9 Tg N - N2O-.
Tg N = teragrama de N = 10¹² g de N
A agricultura tem sido responsável pelas perdas de carbono do solo. Contribui para isto os processos de erosão e compactação do solo motivado pela aração excessiva, gradagem, desmatamento e consequente redução dos teores de matéria orgânica. A maneira de repor as perdas de carbono seria através do reflorestamento, fruticultura, cultivos de seringueira, castanhas, cacau, pastagem com melhor manejo, conservação do solo e melhor uso de fertilizantes químicos e adubações orgânicas. As emissões de N2O- na atmosfera chega a ser 10 vezes mais na cultura do milho do que na cultura do feijão. A uréia apresenta as mais elevadas emissões de N2O para a atmosfera em relação ao sulfato de amônio que são menores. As maiores emissões foram encontradas logo após a aplicação dos fertilizantes. Estudos mostraram que isto dura até três dias.
O nitrogênio na forma nítrica é perdido mais rapidamente pela desnitrificação do que o N amoniacal. A forma amoniacal tem que ser hidrolisada e a amônia formada é nitrificada e depois desnitrificada. A irrigação do solo, logo após a aplicação da uréia, pode aprofundar a mesma e reduzir as perdas por volatilização da amônia. Mas lixiviaria a parte nítrica adicionada. O sulfato de amônio, pelas suas características ácidas, foi o fertilizante que apresentou menos emissões de N2O- para o ar.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Hortaliças - Cálculo da adubação recomendada

As hortaliças são exigentes em nutrientes os quais devem estar disponíveis no solo. São plantas que esgotam o solo pois toda ela é colhida por inteiro. As adubações nitrogenadas contribuem para reacidificar o solo. Por isto, torna-se necessário um controle desta acidez através de análises de solos mais frequentes. A reaplicação do calcário é indispensável quando o pH do solo for menor que 6,0 e/ou V% menor que 80. A preferência deve ser para um calcário dolomítico que contém cálcio (Ca) e magnésio (Mg) e incorporado na profundidade de 20 cm de solo. A adubação pode ser feita em toda a área ou em sulcos. Para calcular a quantidade de adubo utiliza-se fórmulas conforme abaixo:

Cálculo da quantidade em g/m²: as recomendações de adubos são feitas em kg/ha. Para transformar em g/m² basta dividir a dose recomendada por 10.
Exemplo: 600 kg/ha de adubo 8-24-12 ; 600/10 = 60 g/m²
200 kg/ha de P2O5 = 200/10 = 20 g/m²
150 kg/ha de K2O = 150/10 = 15 g/m²

Cálculo para o plantio em camalhões: a adubação é feita em sulcos antes da confecção dos camalhões. Neste caso, transforma-se a recomendação de kg/ha para g/m linear de sulco. A fórmula é a seguinte:
g/m linear de sulco = (kg/ha*e) / 10
e
= espaçamento entre camalhões, em metro
Exemplo: 600 kg/ha de 8-24-12; espaçamento (e) entre sulcos: 0,80 metro
g/m linear de sulco = (600 x 0,80) / 10 = 4,8 g/m linear.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A importância de conhecer a CTC do Solo

O solo é constituído de três fases: sólida, líquida e gasosa. A sólida é formada pelas partículas originadas da decomposição de rochas; a líquida seria a água, a solução do solo; a gasosa seria o gás carbônico (CO2) e o oxigênio (O). Os solos foram formados pela ação do vento, chuva, calor, frio, geada que decomporam as rochas (intemperismo). O material resultante desta decomposição sofre interações químicas que resultaram em minerais, ou seja, os nutrientes, cujos íons estão na solução do solo. Óxidos de ferro e de alumínio reagiram com a sílica formando as argilas 2:1 e 1:1. Esta relação expressa sílica:alumínio. As argilas 2:1, são características dos solos temperados enquanto as 1:1, dos solos tropicais. Houve, ainda, formação de silte e areia. O perfil de um solo é formado de horizontes e/ou camadas de diferentes cores de acordo com a presença de ferro hidratado, teores de cálcio, óxido de silício e de matéria orgânica. Em comparação aos solos temperados, os solos tropicais são mais quentes, maior teor de alumínio do que de sílica e capacidade de troca de cátions (CTC) baixa. A decomposição da matéria orgânica é mais rápida. A absorção de água, pelas plantas, é maior. Em solos ácidos e arenosos há maior lixiviação de cátions, principalmente pela CTC e matéria orgânica baixas.
Os cátions estão retidos nos coloides do solo. Eles podem ser substituídos por outros cátions. A fórmula de cálculo refere-se à soma dos íons positivos (cátions) como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) e sódio (Na) mais os íons hidrogênio (H) e alumínio (Al). Estas cargas positivas são adsorvidas pelas argilas em troca com as cargas elétricas negativas. Portanto, a CTC refere-se à quantidade de cargas negativas. A soma destas cargas elétricas negativas é representada pela CTC e nelas estão ligadas eletricamente os íons de cargas positivas. Lembre-se que os íons de carga elétrica semelhante se repelem e os de carga elétrica diferente se atraem.
Os solos são formados de partículas de argila e matéria orgânica que são os coloides. Estes apresentam cargas negativas predominantemente, se bem que podem apresentar cargas positivas. Por isto é que as partículas atraem os cátions adsorvendo-os na sua superfície. Isto é muito bom porque ao serem adsorvidos pelos coloides, os íons não são tão facilmente carregados pelas águas das chuvas. A planta absorve a água do solo e com ela o nutriente que estava adsorvido. E isto faz com que os coloides, ao perderem íons, atraem novos, estabelecendo-se a troca. A capacidade de um solo trocar seus íons é chamada capacidade de troca catiônica, quando são cátions, e capacidade de troca aniônica, quando são ânions. Conhecer a CTC de um solo é muito importante para elevar a produtividade.
Solos com argila de baixa reatividade, baixo teor de matéria orgânica e baixa CTC não retém cátions. Já solos com argila de alta reatividade apresentam CTC alta e podem reter grandes quantidades de cátions. Solos arenosos apresentam baixo teor de matéria orgânica e baixa CTC e são mais suscetíveis às perdas de nutrientes por lixiviação. Estas características são importantes para definir as doses e épocas de aplicação dos fertilizantes para aumentar a eficiência do adubo.
"O que o solo não pode reter de nutrientes será lixiviado".Origem das cargas negativas:A origem das cargas elétricas negativas podem ser explicadas pelos seguintes aspectos:
1. Rompimento do cristal de argila:Quando isto acontece os grupos (OH)‾ podem ficar expostos e o H+, levemente retido nestes radicais OH, é facilmente trocado por outro cátion.
2. Substituição isomórfica:
Nas argilas tipo 2:1 (as montmorolonitas) alguns Al³+ são substituídos por Mg²+. Resulta, então, uma valência livre de carga elétrica negativa que não sofreu substituição pois o Al é trivalente enquanto o Mg é divalente.
As cargas geradas são permanentes pois não dependem do pH do solo para ocorrerem.
3. Dissociação do grupo OH:Na argila ou na matéria orgânica, a presença de OH nos cristais pode ocasionar a dissociação do H+ havendo formação de uma carga elétrica negativa.
Elevação do pH
Origem das cargas positivas:As cargas positivas, como já vimos, são em número menor que as cargas negativas. A presença de matéria orgânica, que é formada por cargas negativas e dependentes do pH do solo, mantém uma quantidade de cargas negativas na superfície do solo mesmo que exista um grande teor de cargas elétricas positivas. Mas, em certos solos, pode-se encontrar nas camadas superficiais uma predominância de cargas elétricas positivas. Nestes solos, os compostos formados de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio sob condições de pH baixo, verifica-se a "protonação" com a ocorrência de cargas elétricas positivas.

RECOMENDO LER OS ARTIGOS ABAIXO

CTC's efetiva e potencial do solo
Cátions trocáveis e CTC's na análise do solo
Quanto adicionar de K para saturar a CTC do solo
Argilas e níveis de CTC no solo


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eficiência dos Fertilizantes - Parte II - perdas de Fósforo e Potássio

Na postagem Parte I sobre a Eficiência dos Fertilizantes em relação às perdas de nutrientes no solo, comentamos sobre o Nitrogênio: Ciclo do N, processos que ocorrem no solo, perdas do nutriente. Vamos prosseguir, nesta postagem, comentando as perdas de fósforo e o potássio.
Para acessar o artigo Eficiência dos fertilizantes - Parte I - perdas de nitrogênio 
(Clique aqui)

O FÓSFORO:
Dos três macronutrientes primários (NPK) exigidos pelas plantas, o fósforo é absorvido em pequenas quantidades. Mas sua presença no solo é indispensável para o crescimento e produção de grãos e frutos. Afirma-se que quando as plantas atingirem 25% da altura total, elas já armazenaram 78% de suas necessidades totais em fósforo. Isto explica porque deve haver um suprimento adequado de fósforo no momento que as plantas começam a germinar, particularmente em plantas de ciclo curto. Os fertilizantes fosfatados, sob a forma solúvel em água, reagem, no solo, com o ferro, alumínio, argilas, matéria orgânica, formando compostos insolúveis não aproveitáveis pelas plantas. Por isto, uma cultura aproveita apenas 15 a 30% do fósforo aplicado como fertilizante. Isto explica o porquê das fórmulas de fertilizantes (NPK) apresentarem o teor, relacionado ao fósforo, em maior quantidade se as plantas exigem pequenas quantidades deste nutriente. Por exemplo: a fórmula 5-30-25 é um adubo NPK contendo 5% de nitrogênio (N), 30% de fósforo (P) e 15% de potássio (K). Nesta fórmula, o maior nutriente em quantidade é o fósforo (P=30). Por que? Como vimos as plantas aproveitam de 15 a 30% do fósforo aplicado no solo. Portanto, a necessidade de se utilizar fórmulas com altas concentrações de fósforo para liberar aquela quantidade que a planta necessita para o seu desenvolvimento até à maturação. O restante do fósforo que foi fixado no solo será liberado com aplicações de calcário (calagem).

Lavagem do P: no solo, o fósforo é pouco móvel pois é firmemente retido não sofrendo com a percolação. Mesmo em campos irrigados, a água de drenagem apresenta valores de fósforo que não excedem a 1 mg/dm3. Sendo assim, as perdas de fósforo por percolação são desprezíveis.

Erosão: é a responsável pelas maiores perdas de fósforo. Na erosão, verifica-se perdas de matéria orgânica e partículas coloidais com fósforo. Além do fósforo, outros nutrientes, como o nitrogênio e o potássio, sofrem grandes perdas pelo carregamento do solo onde estão contidos.

Fósforo fixado: – é aquela forma de fósforo mineral que se encontra combinada a outros elementos como cálcio, ferro e alumínio, formando compostos não assimiláveis pelas plantas. Esta fixação depende das condições inerentes a cada solo e pode ocorrer com maior ou menor intensidade. É um problema muito sério em solos ácidos. A calagem é uma das formas de minimizar a fixação. Os íons OH, gerados pela reação do calcário no solo, ocupam o lugar dos íons de P liberando o nutriente para a solução do solo. As argilas, do tipo caulinitas, com relação 1:1 (sílica e alumínio) contribuem para a fixação do fósforo. A taxa de recuperação do P pelas culturas é baixa (15 a 30%).
Fósforo imobilizado: é aquela forma de fósforo que se apresenta na fórmula orgânica não assimilável pelas plantas. Este fósforo torna-se disponível para a planta pela mineralização da matéria orgânica.
Fósforo adsorvido: é aquela fração de fósforo que se encontra preso ao complexo coloidal do solo tornando-se disponível através de trocas com as raízes.
Fósforo assimilável:– é aquela parte de fósforo que se encontra diluído na solução do solo sendo facilmente absorvida pelas plantas.
Fósforo disponível  =  fósforo adsorvido  +  fósforo assimilável
CICLO DOS FOSFATOS SOLÚVEIS


1. O fosfato solúvel em água em contato com a solução do solo, solubiliza-se tornando-se imediata e totalmente disponível. Parte deste fósforo fica diluído na solução do solo e parte fica adsorvido ao complexo coloidal (argilas), por troca iônicas com OH-;
2. Nossos solos sendo ácidos apresentam elevados teores de ferro, e alumínio e outras bases e, portanto, grande parte do fósforo disponível é fixada, formando compostos de ferro e alumínio insolúveis;
3. Parte do fósforo disponível é absorvida pelos vegetais e pelos microorganismos do solo para obterem a energia para viverem. Temos, então, o fósforo imobilizado;
4. O fósforo fixado poderá voltar a ser disponível pela ação dos ácidos orgânicos provenientes da mineralização da matéria orgânica e pela acidez livre do solo (H+), pelas secreções ácidas das raízes e pelo gás carbônico do ar do solo;
5. Com a morte dos microorganismos do solo e dos restos de culturas, o fósforo imobilizado pode tornar-se, novamente, disponível para as plantas pelo processo de mineralização da matéria orgânica. O número de microorganismos no solo é grande. Apenas em 1 grama de solo encontramos de milhares a milhões de fungos, bactérias, algas e protozoários, etc...Nesta ação de desdobramento da matéria orgânica do solo pelos microorganismos, resultam ácidos fracos ( acético, cítrico, fórmico e outros) os quais podem solubilizar as formas de fósforo fixado. Parte do fósforo é aproveitado pelos microorganismos e parte fica disponível na solução do solo para ser absorvida pelas plantas ou ser novamente fixada.

Retrogradação do P:

ocorre em solos com alto teores de cálcio (Ca). O fósforo do fertilizante é convertido em fosfato tricálcico de baixa disponibilidade para as plantas. É como se o fósforo do fertilizante voltasse à forma de rocha fosfatada. A indústria de fertilizantes utiliza a rocha fosfatada para a obtenção de superfosfatos (fosfatos acidulados) pelo ataque dos ácidos sulfúrico e fosfórico, com a finalidade de transformar o fósforo insolúvel em fósforo disponível para as plantas. O fósforo retrogrado não é perdido mas sua disponibilidade torna-se lenta.

O POTÁSSIO:
Fixação do K: o potássio (K) não reage no solo como fósforo. O potássio está presente na solução do solo ou adsorvido aos coloides. Nos processos de troca, ele é deslocado das posições de trocas dos colóides do solo e ingressa na solução do solo onde é absorvido pelas plantas. Algumas argilas têm a capacidade de fixar o potássio. Este K fixado pode ser trocado por outros cátions.

Lavagem do K:
na solução do solo o K é móvel e sujeito às perdas por lavagem. Entretanto, como a concentração de K na solução do solo é muito baixa, as perdas por lavagem são muito pequenas. Exceto em solos arenosos e de baixa capacidade de retenção de cátions (CTC), onde elas são maiores.

CONCLUSÃO:
Em função de todos os processos que comentamos nas postagens I e II, de todas as perdas sofridas pelos macronutrientes NPK, foi estimada um percentual de aproveitamento dos nutrientes, com fatores específicos para cada um, conforme quadro abaixo:


Das quantidades ne NPK aplicadas no solo, coloca-se duas vezes mais N, de três a cinco vezes mais P2O5 e 1,5 vezes mais K2O.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Interpretação da análise de solos - Exercícios

Suponhamos que um agricultor fez a análise de solo da sua lavoura que apresentou os seguintes resultados:
PH em água – 4,6
Matéria orgânica - 25g/dm³
Ca - 0,7 cmolc/dm³
Mg - 0,3 cmolc/dm³
Al - 1,7 cmolc/dm³
H+ + Al - cmolc/dm³
P - 2 mg/dm³
K - 25 mg/dm³
Argila - 600 g/kg
Areia - 350 g/kg
Silte - 50 g/kg
1. Qual o valor da soma de bases deste solo ?Sabemos que para calcular a soma de bases, usamos a fórmula:
S = Ca + Mg + K
O potássio está expresso em mg/dm³. Deveremos convertê-lo para cmolc/dm³.
Para converter devemos usar os coeficientes abaixo:
mg/dm3 de K x 0,001 = K g/dm³
g K x 2,5582 = K cmolc /dm³
Portanto, chegamos ao resultado abaixo:
25 mg/dm³ de K x 0,001 = 0,025 g de K/dm³
0,025 g K x 2,5582 = 0,06 cmolc de K/dm³
Agora temos todos os dados para o cálculo da Soma de bases deste solo (S). Ou seja, Ca = 0,7 cmolc/dm3, Mg = 0,3 cmolc/dm3 e o K = 0,06 cmolc/dm³
S = 0,7 + 0,3 + 0,06 = 1,06 cmolc/dm³
S = 1,06 cmolc/dm³
" O solo em questão apresenta uma extrema pobreza de nutrientes Ca, Mg, P e H. Além disto tem uma acidez excessiva, médio teor de matéria orgânica e elevado teor de argila".2. Qual a CTC efetiva (t) deste solo ?
t = S + Al3+ t = 1,06 + 1,7 = 2,76 cmolc/dm³
Capacidade efetiva = t = 2,76 cmolc/dm³"A CTC efetiva de 2,76 cmolc/dm3 é baixa. O solo, nestas condições tem baixa capacidade de reter cátions mesmo apresentando 20g/kg de matéria orgânica e 600g/kg de argila. Apesar da alta percentagem de argila, elas devem ser de baixa reatividade possivelmente uma caulinita e/ou óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio. Mesmo nesta condição de 600g/kg de argila, as perdas de nutrientes, por lixiviação, é grande. Estas perdas podem ser minimizadas pela adição de calagem que vai liberar cátions e gerando cargas dependentes de pH".


3. Qual a Percentagem de saturação de Al³+ (m)?m (%) = 100 x Al3+ / t = 100 x 1,7 / 2,76 = 65,6%
Percentagem de saturação de Al³+ (m) = 65,6 %"A percentagem de saturação de alumínio da CTC efetiva significa que 65,5% dos pontos de troca são ocupados pelo alumínio. Nestas condições, o desenvolvimento das plantas sofrerá sérias limitações".4. Qual a CTC a pH 7,0 (T) deste solo ?Na análise da terra em consideração, o teor de (H++ Al) = 5,5 cmolc/dm³.
CTC a pH 7,0 T = S + (H + Al) = 1,06 + 5,5
CTC a pH 7,0 T = 6,56 cmolc/dm³

"A CTC a pH 7,0 confirma a baixa atividade das argilas pois o valor encontrado 6,56 cmolc/dm³ é baixo, embora em relação a CTC efetiva houve um aumento de 137%".5. Qual a percentagem de saturação de bases (V%) da CTC a pH 7,0 ?V% = 100 x S / T V% = 100 x 1,06 / 6,56 = 16,2 %
Percentagem de saturação de bases da CTC a pH 7,0 = V% = 16,2 %

6. Qual a percentagem de saturação de ácidos (M) ?
M% = 100 – V = 100 – 16,2 = 83,8%Percentagem de saturação de ácidos M = 83,8%

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eficiência dos Fertilizantes - Parte I - perdas de Nitrogênio

Nesta Parte I vamos comentar os diversos processos que se verificam com aplicação do nitrogênio no solo e as perdas deste nutriente para que no final da Parte II (fósforo mais potássio) tenhamos os índices de aproveitamento médio dos fertilizantes NPK.



Nitrificação: é um processo biológico pela ação de bactérias, em condições aeróbias e presença do N amoniacal. É a oxidação da amônia em nitratos com a formação intermediária de nitritos.
As nitrossomonas oxidam o N-NH4 para o N-NO2 (nitrito)
As nitrobacter oxidam o nitrito para N-NOOs íons de hidrogênio (H) contribuem para a acidificação do solo quando da aplicação de N amoniacal porque a nitrificação tem um efeito acidificante. Isto requer a aplicação de 2 kg de carbonato de cálcio para neutralizar a acidez de 1 kg de N-amoniacal.. O sulfato de amônio, cujo N está na forma amoniacal, necessita mais carbonato, ou seja 5 kg por causa da presença do íon sulfato. Solos bem aerados, temperaturas amenas e um pH ao redor de 6,5 ou mais favorecem a nitrificação. Em solos com baixa capacidade de troca de cátions (CTC) as aplicações de N amoniacal deve ser feita em temperaturas muito baixas. A nitrificação pára à temperatura de zero grau. Enquanto o N amoniacal ficar adsorvido aos colóides do solo, não se perde N por lavagem. Na nitrificação, os íons NO3 serão usados na denitrificação.

Denitrificação: é o processo de redução biológica do N mineral até N2. Ocorre tanto em solos com baixo suprimento de oxigênio (O2) como em solos bem drenados. É o final do ciclo do nitrogênio. O N2 fixado do ar, por via industrial ou biológica, é devolvido à atmosfera sob condições aeróbias, sendo N2O o intermediário nesse processo. Até 1980 a denitrificação era considerada a principal fonte de N2O. Mas a nitrificação também é uma fonte de N2O. Solos inundados, condições anaeróbias, temperaturas médias, relação C/N alta, grande população de bactérias favorecem a denitrificação quando o oxigênio está faltando. Apenas o N-NO3 pode ser denitrificado. O N-NH4 não pode ser e por este motivo é que se usa nitrogênio na forma amoniacal em solos cultivados com arroz irrigado. Nos solos alagados existem duas camadas: uma superficial oxidada e uma reduzida ou anaeróbica. A difusão do NH4 da camada anaeróbica para a camada aeróbica é um mecanismo de perda de N em solos alagados. O NH4 se desloca para a superfície do solo onde é nitrificado e o NO3 retorna à camada anaeróbica onde é denitrificado. O maior produto da denitrificação é o nitrogênio elementar (N2) que constitui quase 90% do produto.

Volatilização do N: quando a uréia é aplicada ao solo, em poucos dias, ela é hidrolisa por meio da enzima urease e inicia-se o processo de perda de amônia. A urease é produzida por fungos, bactérias e actinomicetos. Há formação de carbonato de amônio que se desdobra em (NH3), gás carbônico (CO2) e água. Parte do NH3 reage com os íons H+, presentes na solução do solo, resultando em NH4+. Os íons H+ dissociáveis no complexo coloidal também reagem com o NH3. A hidrólise ocorre em vários teores de umidade e quanto mais rápida ela for maior serão as perdas de NH3. Por outro lado, a medida que aumenta o pH do solo, aumenta a volatilização de NH3. No caso de uréia aplicada em cobertura, as perdas podem atingir de 50 a 80% do total de N aplicado. A uréia, bastante usada em adubação de cobertura, pelo alto teor de nitrogênio e pelo menor custo de sua unidade, tem grandes perdas por volatilização, o que compromete a sua eficiência agronômica. Principalmente em solos com baixa CTC, cobertos com palhada, baixa umidade e temperaturas altas.

Lixiviação: é um grande problema pois acarreta perdas de nutrintes pela percolação da água, da zona das raízes para as áreas mais profundas do solo tornando-os indisponíveis para as plantas. A lixiviação depende, em maior ou menor grau, da textura, estrutura, profundidade e porosidade do solo.. Os solos que apresentam alta capacidade de troca de cátions (CTC) são menos suscetíveis à lixiviação, pois os cátions estão firmemente adsorvidos aos coloides. A medida que aumenta o pH do solo, aumenta a CTC e maior número de cargas positivas para adsorver os cátions do solo. Em condições normais, apenas 5% do N do solo se encontra sob a forma de íons NH4 (amônio) e NO3 (nitrato). O nitrato, por ser um íon muito móvel no solo e baixa energia de adsorção aos coloides, é facilmente perdido por lixiviação. Trabalhos de pesquisa têm demonstrado que as perdas de N por lixiviação são maiores no sistema de plantio direto do que no sistema convencional. Isto porque no sistema de plantio direto há uma maior infiltração de água devido à melhoria na estrutura do solo ocasionada pelas coberturas vegetais. Quando se aplica uréia no solo, ela é hidrolisada pois o NH3 com a água forma NH4 e libera oxidrilas (OH-) conforme a reação:
NH3 + H2O = NH4 + OH-
O cátion NH4 é adsorvido ao solo (adorção) como acontece com os outros cátions. Esta adsorção é reponsável pela resistência do N amoniacal à lavagem. A liberação de OH- é responsável pelo aumento do pH do solo. À medida que se verifica a nitrificação o pH cai rapidamente.

Queima da palhada: quando a queima da palhada é realizada, verifica-se perdas de nutrientes por volatilização do nitrogênio na forma elementar e do enxofre (S) na forma de óxido (SO2).

Para acessar o artigo Eficiência dos fertilizantes - Parte 2 - fósforo e potássio  (clique aqui)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (2)

Na Parte I tivemos a oportunidade de comentar a extração e exportação de nutrientes do colmo e folhas da cana-de-açúcar, a importância dos mesmos, as deficiências dos macros e micronutrientes, a necessidade da correção do solo.
Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (Parte 1)

A recomendação de calcário para a cana planta, no Estado de São Paulo, baseia-se na percentagem de saturação por bases (V%).
NC = (V2 - V1) T / PRNT, onde
V2 = % saturação por bases que se quer atingir (60%)
V1 = % saturação por bases conforme análise do solo
T = capacidade de troca de cátions em cmolc/dm³
NC = necessidade de calcário em t/ha
Para quem não se lembra:
T = S + (H+Al) em cmolc/dm³
S = Ca+Mg+K em cmolc/dm³
1 cmolc/dm³ = 10 mmolc/dm³
Por exemplo: V1 = 12% ; V2 = 60% ; T = 15 cmolc/dm³ ; PRNT = 80, logo
NC = (60-27) x 15 / 80 = 6, 18 t/ha

Vitti & Mazza apresentam uma fórmula para o cálculo da necessidade de calagem (NC) levando em consideração os resultados das amostras colhidas de 0-20 cm e de 20-40 cm.
NC = (V2-V1)CTC¹ + (V2-V1)CTC² / PRNT
CTC¹ = T¹ = capacidade de troca de cátions da camada de solo de 0-20 cm
CTC² = T² = capacidade de troca de cátions da camada 20-40 cm
Nesta fórmula, a NC t/ha seria a quantidade de calcário para aplicar na camada de 0-40 cm de solo.Luz & Martins, citados por Vitti, apresentam a seguinte fórmula para a cana planta.
NC = (V2-V1)CTC¹ /PRNT + 1/2(V2-V1)CTC² /PRNT
A NC encontrada em t/ha é para a incorporação do calcário na camada de 0-40 cm.
A COPERSUCAR, recomenda para solos arenosos a seguinte fórmula para encontrar a NC.
NC = 3 - (Ca+Mg) x 100 / PRNT
NC = t/ha para a camada de 0-20 cm.
Na cana soca, Vitti & Mazza indicam a seguinte fórmula para calcular a necessidade de calagem.
NC t/ha = (V2-V1)T / PRNT . A dose máxima deve ser de 3 t/ha.Na fabricação do superfosfato simples, há uma grande produção de um subproduto - o gesso ou sulfato de cálcio dihidratado. O gesso é mais solúvel e mais móvel que o calcário e fornece nutrientes como o Ca e S para as plantas, corrige áreas sódicas e é um ótimo condicionador para estercos reduzindo as perdas de N por volatilização. Na correção das áreas sódicas, o Ca do gesso substitui o sódio (Na) adsorvido à argila com formação de sulfato de sódio que é móvel no solo. Por ser mais solúvel que o calcário, o gesso corrige a acidez do solo mais rapidamente além de liberar cálcio para absorção pelas plantas e desenvolver o sistema radicular com grandes benefícios para os cultivos. O gesso pode ser utilizado nas áreas de depósito da vinhaça as quais apresentam excesso de potássio. Neste caso, haverá formação de sulfato de potássio que é bastante móvel no perfil do solo. A aplicação e incorporação do gesso, com irrigação, promove uma substituição do potássio (K) adsorvido aos coloides do solo pelo cálcio (Ca) contido no subproduto. O gesso deve ser usado quando a amostragem de 20-40 cm apresentar teores de Ca menor que 0,5 cmolc/dm³ ou 5,0 mmolc/dm³, alumínio (Al) maior que 0,5 cmolc/dm³ ou 5,0 mmolc/dm³, saturação por alumínio (m%) maior que 30% e saturação por bases (V%) menor que 35%. No cálculo da necessidade de gesso busca-se atingir V2 = 50%. na camada de 20-40 cm.
NG = (V2-V1)T / 100  
NG (t/ha) = (50-V1).T / 100
Os valores V1, T são os encontrados nos resultados de análise das amostras colhidas na profundidade de 20-40 cm.A fosfatagem é uma prática que proporciona maiores volumes de P no solo, mas o problema é a maior fixação. Esta prática promove um melhor desenvolvimento radicular das plantas com melhor absorção dos nutrientes e da água do solo. Pelo desenvolvimento, as raízes vão mais longe, explorando um maior volume de solo, encontrando nutrientes e água para suportar melhor os períodos de estiagem. Os produtores devem buscar as recomendações de um técnico quanto às necessidades e quantidades de fósforo nos canaviais.
Na adubação verde preferir sempre uma leguminosa devido a fixação do nitrogênio do ar pelas bactérias fixadoras que vivem em simbiose nas raízes. Isto faz com que a adubação nitrogenada seja dispensada. A utilização da adubação verde assegura um melhor controle e menor perdas de solo carregado de nutrientes, pela erosão. A incidência de ervas daninhas é diminuída.
Quanto à adubação orgânica, os dois principais resíduos orgânicos da cana-de-açúcar são a torta de filtro e a vinhaça. A torta de filtro é rica em P2O5 e CaO e é utilizada na cana planta, em toda a área, nas dosagens de 30 a 60 t/ha. A torta substitui, total ou parcialmente, a adubação fosfatada, sempre procurando verificar a dosagem de P2O5 recomendada.
A vinhaça é empregada na cana soca fornecendo todo o K2O e parte de N. O restante do N deve ser aplicado em cobertura através dos adubos nitrogenados existentes no mercado.
Quanto à adubação de plantio, deve ser processada através da análise do solo. No sulco usa-se P e K. O nitrogênio (N) é aplicado na dose de 30 a 40 kg/ha. Se foi feita a rotação de culturas com uma leguminosa, dispensa-se o uso deste nutriente. A ureia aplicada em solos cobertos por palhada provoca perdas elevadas de N por volatilização de 50 a 94%. A chuva ou a irrigação com vinhaça pode reduzir esta taxa, pois arrastam o fertilizante para as profundidades do solo diminuindo a volatilização. O sulfato de amônio não sofre grandes perdas por volatilização mas a desnitrificação se faz presente. Quanta à palhada, as altas relações C/N, C/P e C/S indicam uma baixa de nutrientes N, P e S, e a planta responderá à adubação nitrogenada.
Vitti recomenda em solos com menos de 25% de argila, usar 100 a 150 kg/ha de P2O5 em toda a área e 100 kg/ha de P2O5 no sulco de plantio. Já em solos arenosos, aplicar 100 kg/ha de K2O no sulco de plantio e o restante em cobertura.
Na adubação da cana soca, para cada tonelada de colmos esperada, aplicar a dose de 1 kg/ha de N. Se a produção esperada é de 100 toneladas de colmos, aplicar 100 kg/ha de N. Quanto ao K, aplicar quantidades de acordo com a produção esperada e conforme os teores do nutriente nas amostragens de solos das soqueiras. Manter a relação N:K2O de 1:1 ou 1:1,5.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Notícias

Aquisição de outorga para fins de irrigação

Os procedimentos para a aquisição de outorga para fins de irrigação foram apesentadas na 7ª Reunião Ordinária da Câmara Temática de Agricultura Sustentável e Irrigação, em Brasília no último dia 2 de julho. Os interessados deverão encaminhar os seguintes documentos:

1. Cadastro Nacional de Usuário de Recursos Hídricos;
2. Planilha de cálculo mensal da necessidade de irrigação;
3. Requerimento de solicitação.
A outorga é uma garantia ao produtor rural na concessão, pelo governo federal ou estadual , o direito do uso de uma quantidade de água em determinado curso d´água. Ou seja, vai poder usar água durante o período solicitado de acordo com o plano de bacias que foi negociado.

Exportação de ovos para a União Européia

A UBA, União Brasileira de Agricultura, apresentou ao Ministério da Agricultura um programa com a finalidade de abrir novos mercados para os ovos de galinha produzidos no Brasil. A finalidade principal é criar condições para que o governo possa negociar com a União Européia. A condição indispensável para entrar no mercado europeu é a criação do Plano Nacional de Controle de Resíduos de Contaminantes, providência esta que já vem sendo tomada.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Formas de aplicação do Fósforo

Dos três nutrientes NPK aplicados no solo, o fósforo (P) é aproveitado pelas plantas em menor quantidade. Entretanto, nas formulações de adubos, o fósforo é o que apresenta o teor mais elevado. Exemplo: 05-30-15; 10-30-10; 08-24-12. Isto se deve ao fato de que, no solo, o fósforo é fixado pela acidez e pela presença dos íons Fe e Al forma compostos insolúveis de ferro e alumínio que não são aproveitáveis para as plantas. Estima-se de que do fósforo aplicado no solo, a planta aproveita de 15 a 25%. Daí, a necessidade de ser feita uma calagem prévia para corrigir a acidez do solo criando condições melhores para a disponibilidade do fósforo para as plantas. Nos solos naturais dos cerrados, o fósforo é o principal fator limitante da produtividade. Os superfosfatos, simples ou triplo, quando são aplicados no solo, todo o fósforo é retido na fase sólida dando origem a compostos pouco solúveis. Entretanto, uma parte deste fósforo é absorvida pelas plantas. O fósforo é pouco móvel no solo e chega até a planta por difusão. Quando os fosfatos solúveis em água são aplicados, a reação é rápida e mantém a solução do solo saturada de P ao redor do grânulo do adubo. Isto cria um gradiente de concentração fazendo com que a água se movimente até a sua direção, e existe uma difusão da solução das regiões mais concentradas para as menos concentradas. Isto garante soluções com fósforo suficiente para atender à absorção pelas plantas através das raízes. Uma alternativa para melhorar este quadro é o produtor aplicá-los de maneira correta. As formas de aplicação mais utilizadas são: no sulco, na cova, em faixas, a lanço, na superfície com ou sem incorporação.
A aplicação localizada tem uma série de vantagens:
1. aplicação de doses menores do que a usada a lanço;
2. em virtude da menor área de contato, a fixação do fósforo também é menor;
3. os grânulos dos adubos fosfatados ficam ao alcance das raízes quando as plantas estão desenvolvendo o sistema radicular;
4. para quem é arrendatário a aplicação localizada é mais econômica porque diminui os custos do uso de fertilizantes. A aplicação em toda a área, no intuito de aumentar a fertilidade, beneficia somente o proprietário.
Por sua vez, a aplicação a lanço permite, também, uma série de vantagens:
a. ela permite a aplicação de doses elevadas de fósforo, como no caso da correção do solo (fosfatagem) elevando a produtividade das culturas;
b. a aplicação a lanço e depois a incorporação promovem um maior desenvolvimento do sistema radicular da planta que facilita uma melhor absorção dos nutrientes e a busca por água;
c. nas pastagens formadas, a única maneira de aplicar o fósforo é a lanço.
Entretanto, em solos de baixa fertilidade a aplicação antecipada do fósforo parece não ser recomendada. Em lavouras de primeiro ano, pior ainda. Resultados de pesquisa mostram que, nestes solos, o melhor é aplicar na linha de semeadura. Nos solos que se faz a fosfatagem, pode-se aplicar o fósforo a lanço, no momento da correção, e depois fazer as adubações de manutenção aplicando-o no sulco.
Surge uma interrogação. A aplicação a lanço, pala maior área de contato, não aumentaria a fixação do fósforo?. Existe um trabalho de Souza e Volkweiss onde o volume de solo que entra em contato com o grânulo de fertilizante fosfatado foi estimado. Dose de 200 kg/ha de P2O5, aplicada a lanço, com grânulos de 2, 4, 6 mm, o volume de solo ocupado com fósforo foi de 25, 15 e 9%, respectivamente
Há recomendações de que nos cerrados, as doses de P2O5 superiores a 100 kg/ha devem ser aplicadas a lanço. Nas doses inferiores, a recomendação é para aplicação em sulco.
Em pastagens estabelecidas, os fosfatos solúveis em água podem ser lançados em cobertura. Souza e outro, mostraram que a aplicação de dosagens de fósforo de 30 kg/ha, a cada dois anos, permitiram uma maior produtividade dos pastos de 98 a 110%. Isto foi benéfico no aumento da quantidade de matéria seca.
No sistema de plantio direto, o comportamento do fósforo é diferente porque não houve um revolvimento do solo e isto diminui o contato entre os íons de P e os coloides do solo. A fixação do fósforo é amenizada. A mineralização lenta da matéria orgânica promove a liberação de formas orgânicas de fósforo, diminuindo a fixação do mesmo. Devido a maior decomposição da matéria orgânica, são liberadas cargas negativas orgânicas que sequestram as cargas positivas, como Fe e Al, diminuindo o processo de fixação do fósforo. Se conclui, então, que a adoção de práticas para aumentar os níveis de matéria orgânica promovem um benefício para um maior aproveitamento do fósforo pelas plantas. Por isto, o aproveitamento do fósforo aplicado em áreas de plantio direto é maior do que aquele aplicado em áreas convencionais. No plantio direto, como o fósforo é pouco móvel no solo, verifica-se uma maior concentração entre 0-5 cm de solo. Porém, as raízes das plantas encarregam-se de distribuir o fósforo à camadas mais profundas aumentando a disponibilidade