Os solos brasileiros, em geral, se caracterizam por serem solos ácidos, o que dificulta o aproveitamento dos nutrientes, que já são pobres, pelas plantas; além de contarem com elementos tóxicos, principalmente Al e Mn, que afetam o rendimento das plantas. O calcário vem sendo o produto mais utilizado na correção da acidez do solo. Com a calagem, há uma diminuição dos elementos tóxicos, um aumento nos teores de Ca e Mg; isto favorece um maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas e, consequentemente, uma melhor absorção de água e nutrientes à profundidades maiores no solo.
Por outro lado, a atividade dos microorganismos é acelerada, e há uma melhor eficiência dos fertilizantes aplicados no solo. O tempo que leva para o calcário reagir no solo vai depender da sua qualidade. Esta é medida através do PRNT "Poder Relativo de Neutralização Total". O PRNT é avaliado pelo "Poder de Neutralização (PN)" e pelo tamanho das partículas - "Reatividade (RE)". Ele é obtido através da fórmula de cálculo:
Por outro lado, a atividade dos microorganismos é acelerada, e há uma melhor eficiência dos fertilizantes aplicados no solo. O tempo que leva para o calcário reagir no solo vai depender da sua qualidade. Esta é medida através do PRNT "Poder Relativo de Neutralização Total". O PRNT é avaliado pelo "Poder de Neutralização (PN)" e pelo tamanho das partículas - "Reatividade (RE)". Ele é obtido através da fórmula de cálculo:
PRNT (%) = (PN x RE) / 100
PN - é a capacidade potencial total de bases neutralizantes contidas em corretivos de acidez, expresso em equivalente de carbonato de cálcio puro (% ECaCO3), por issso denominado, também, equivalente em carbonato de cálcio. Em outras palavras, o PN é definido pelo teor total da carbonatos presentes na rocha calcária. O valor mínimo de PN para comercialização de um produto é de 67%.
CÁLCULO DO PN
No cálculo do valor PN de um corretivo leva-se em consideração os teores de CaO e de MgO, usando seus pesos atômicos:
CaCO3 .................CaO40+12+48.............40+16
CaO = 100/56 = 1,79
MgO = 100/40 = 2,48 (MgO = 24+16)
Se um calcário tem 35% de CaO e 12% de MgO, seu PN será:
PN do CaO = 35x1,79 = 63%.
PN do MgO = 12x2,48 = 30%.
PN do corretivo = 93% (63+30)
Um calcário com PRNT igual a 75% significa que 75% dele vai reagir com o solo nos próximos três meses depois de aplicado.
RE - é a reatividade das partículas. Valor que expressa o percentual (%) do corretivo que reage no solo no prazo de 12 a 36 meses. A reatividade - RE - vai depender da granulometria do calcário. Quanto à granulometria, as características físicas mínimas são:
• 95% das partículas devem passar em peneira de 2 mm (ABNT – 10);• 70% das partículas devem passar em peneira de 0,84 mm (ABNT – 20);
• 50% das partículas devem passar em peneira de 0,30 mm (ABNT – 50).
A reatividade das partículas do corretivo é calculada da seguinte maneira:
• reatividade zero (0) para a fração retida na peneira ABNT 10. Estas partículas não têm efeito corretivo no período de 12 a 36 meses;
• reatividade 20% para a fração que passa na peneira ABNT 10 e fica retida na peneira ABNT 20;• reatividade 60% para a fração que passa na peneira ABNT 20 e fica retida na peneira ABNT 50;
• reatividade 100% para a fração que passa na peneira ABNT 50.
O valor mínimo de PRNT para a comercialização é 45% e o do PN é 67%.
O PRNT determina a eficiência do calcário: quanto menor o PRNT, mais calcário será necessário para corrigir a acidez do solo. As recomendações de calagem levam em conta a utilização de um corretivo com PRNT igual a 100%. Se o agricultor comprar um calcário com 80% de PRNT, ele deve fazer a correção da quantidade.
PRNT recomendado / PRNT do produto = quantidade corrigidaPor exemplo, um calcário com 80% de PRNT:
100 / 80 = 1,25
Este é o fator de correção (f) a ser aplicado. Para uma recomendação de 4t/ha de calcário PRNT 100%, a utilização de um com PRNT 80%, seria preciso 4x1,25 = 5,0 t/ha.
CLASSIFICAÇÃO DOS CALCÁRIOS QUANTO AO PRNT
O ministério da Agricultura estabelece quatro faixas de PRNT para a classificação e comercialização do calcário:
Grupo A – PRNT de 45 – 60%Grupo B – PRNT de 60,1 – 75%
Grupo C – PRNT de 75,1 – 90%
Grupo D – PRNT acima de 90,1%
Quanto menor for o pH do solo (maior acidez) o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas é menor; quando se corrige a acidez do solo e o pH atinge 6,0-6,5 (menor acidez), a disponibilidade dos nutrientes para as plantas vai aumentando. É na faixa de pH 6,0-6,5 que há maior disponibilidade dos nutrientes para as plantas. É o caso do fósforo cuja acidez do solo é fator limitante para a sua assimilação pelas plantas. Estima-se que, em solos ácidos, a planta aproveita de 20 a 30% do fósforo aplicado na forma de fertilizante químico. É a conhecida "fixação" do fósforo.
CLASSIFICAÇÃO DO CALCÁRIO QUANTO AOS TEORES DE MgO
Calcíticos - menor que 5%;
Magnesianos - entre 5-12%;
Dolomíticos - maior que 12%.
CUSTO BENEFÍCIO
O custo benefício do calcário deve ser medido pelo PRNT e pela distância da lavoura à fábrica do produto. Quanto maior o PRNT maior é o custo benefício.O agricultor muitas vezes escolhe o calcário pelo preço, sem se importar com a qualidade do produto; além de não fazer a correção da quantidade recomendada, quando compra um produto com PRNT menor que 100%. Isto é um grande erro, pois além de aplicar menos calcário que o recomendado, os custos com frete e aplicação do produto tornar-se-ão mais caros.
CUSTO BENEFÍCIO
O custo benefício do calcário deve ser medido pelo PRNT e pela distância da lavoura à fábrica do produto. Quanto maior o PRNT maior é o custo benefício.O agricultor muitas vezes escolhe o calcário pelo preço, sem se importar com a qualidade do produto; além de não fazer a correção da quantidade recomendada, quando compra um produto com PRNT menor que 100%. Isto é um grande erro, pois além de aplicar menos calcário que o recomendado, os custos com frete e aplicação do produto tornar-se-ão mais caros.
Abaixo tem uma tabela em que se procura mostrar este erro. É claro que procuramos chegar a valores de mercado do calcário, frete e aplicação. O leitor poderá substituí-los pelos preços praticados na sua região. Consideramos R$ 75,00 a tonelada de calcário, R$ 20,00 o custo do frete por tonelada, e R$ 25,00 o custo de aplicação da tonelada do produto.
Na escolha do calcário entre produtos que apresentam o mesmo PRNT, o agricultor deve considerar aquele que tiver o maior PN. Vimos que PN é a porção do calcário que reage com o solo e, consequentemente, vai corrigir a acidez, ou seja, um produto com 90% de PN quer dizer que os outros 10% são de ingredientes que não corrigirão a acidez do solo.
TIPOS DE CORRETIVOS – TEORES MÍNIMOS EXIGIDOS
EXERCÍCIO:
Li na Internet num site de venda de calcário, um consumidor cotando preço para aquisição de calcário com as seguintes características:
CaO = maior que 38% ; MgO maior que 6% ; PN maior que 82% e um PRNT maior que 70%.O consumidor quer um calcário dolomítico (CaO + MgO). A soma destes dois óxidos é igual a 44%.
Quanto à granulometria as exigências eram:
a) maior que peneira ABNT 10 - 0,10%
b) entre peneira ABNT 10 e 20 - 2%
c) entre peneiras ABNT 20 e 50 - 17%
d) menor que peneira ABNT 50 - 80%
RE = [0 x (0,10) + 20 x (2) + 60 x (17) + 100 x (80)] / 100
Reatividade (RE) = 90,6%
Qual o PRNT deste calcário ?
PRNT = PN x RE /100 = (82 x 90,6 ) /100
PRNT (%) = 74,29%
Isto significa que 74,29% deste corretivo reagirá com os ácidos do solo de 1 a 3 anos.
QUALIDADE E USO DO CALCÁRIO
Na escolha do calcário deve ser elevado em consideração uma série de fatores:
• deve-se dar preferência calcários dolomíticos ou magnesianos que contenham CaO e MgO. A soma destes dois óxidos deve ser maior que 38%;
• solos com teores de magnésio (Mg) abaixo de 0,8 cmoc/dm3 deve se dar preferência aos corretivos que contenham Ca e Mg para evitar um desequilíbrio entre os nutrientes;
• a má distribuição e/ou incorporação do calcário muito rasa pode causar ou agravar a deficiência de manganês (Mn).
Isto significa que 74,29% deste corretivo reagirá com os ácidos do solo de 1 a 3 anos.
QUALIDADE E USO DO CALCÁRIO
Na escolha do calcário deve ser elevado em consideração uma série de fatores:
• deve-se dar preferência calcários dolomíticos ou magnesianos que contenham CaO e MgO. A soma destes dois óxidos deve ser maior que 38%;
• solos com teores de magnésio (Mg) abaixo de 0,8 cmoc/dm3 deve se dar preferência aos corretivos que contenham Ca e Mg para evitar um desequilíbrio entre os nutrientes;
• a má distribuição e/ou incorporação do calcário muito rasa pode causar ou agravar a deficiência de manganês (Mn).
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