terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando e Porque Fazer a Adubação Verde

Uma das maneiras do produtor diminuir os custos de produção, com relação à aquisição de fertilizantes, é adotar a prática da adubação verde. Esta prática consiste em adicionar culturas vegetais, principalmente leguminosas, que irão cobrir a superfície do solo. Por que leguminosas? Porque estas plantas têm a capacidade de fixar o nitrogênio (N) do ar, através da fixação simbiótica promovida por bactérias, tornando este
nitrogênio disponível para as plantas. Portanto, uma economia no uso de fertilizantes nitrogenados. Os adubos verdes promovem, quando incorporados no solo, uma adição de matéria orgânica e uma reciclagem dos nutrientes, com o enriquecimento de N, P, K, Ca, S e outros nutrientes, que proporcionam um melhor desenvolvimento radicular das plantas e uma melhor produtividade das culturas. A erosão do solo é minimizada com a adubação verde, pois ela cobre o solo, impedindo que a camada superficial, que possui matéria orgânica  e nutrientes essenciais às plantas, seja levada pela água das chuvas e pelo vento, empobrecendo-o. Desta maneira, a adubação verde evita perdas de matéria orgânica e nutrientes contidos no solo.
As leguminosas mais usadas, para adubação verde, são as crotalárias, mucunas, feijão-de-porco, guandu, lab-lab. Quando se faz a rotação de culturas, a adubação verde deve ser incorporada no solo após o corte. Enseguida, se procede o plantio da cultura econômica, como milho, soja, etc. A preferência é pelar manutenção da palhada no solo e plantando-se direto sobre ela. Isto evita deixar o solo a descoberto, o que facilitaria a ação da erosão, com reflexos na queda de fertilidade do solo.
Para incorporação do adubo verde no solo, é preciso estar atento à época de corte das plantas. A preferência deve ser pela fase de floração, pois há maior concentração de nutrientes na planta, além de ser mais fácil a decomposição do material cortado. Aqui, a relação C/N desempenha um papel fundamental. As leguminosas têm uma relação C/N ao redor de 12/1. Esta relação é baixa, em virtude das leguminosas serem ricas em nitrogênio. Materiais ricos em N tendem a mostrar dados de C/N mais baixos. Já o milho tem uma relação C/N mais alta, pois possui mais carbono e deve ser empregado em rotação ou consorciado com leguminosas, para baixar a velocidade de decomposição dos resíduos vegetais quando incorporados ao solo. Porque quanto menor a relação C/N, maior a decomposição dos resíduos das culturas. No caso do plantio direto, deve-se usar resíduos vegetais que apresentem maior relação C/N, porque a decomposição dos mesmos vai ser mais lenta.
Os adubos verdes deixam grande quantidade de nutrientes no solo, ou seja, as crotalárias incorporam nitrogênio e potássio ao redor de 300 kg/ha. Igualmente, a soja deixa mais de 250 kg/ha de N e K. O uso da palhada de braquiária, em cobertura, propiciou aumento na produção do feijão, em sistema de plantio direto.
O feijão-de-porco, quando usado para adubação verde, o espaçamento entrelinhas varia de 50 a 60 cm. Quando aparecem as vagens, procede-se o corte da parte aérea da planta, deixando-a como cobertura ou incorporando-a no solo.
Na cultura do milho, pode-se intercalar a mucuna preta, semeada 75 dias após a emergência do milho, ou o lab-lab semeado 100 dias após, nas entrelinhas da gramínea. Tanto a mucuna preta como o lab-lab, duas leguminosas, apresentam grande produção de massa verde. A mucuna preta apresenta uma dureza das sementes. por isto ela deve ser tratada em água fervente por 15 segundos para quebrar a dormência e amaciar a casca.
Nos Cerrados, onde o preparo do solo é intenso, solos de baixa fertilidade e ocorrência de altas temperaturas, a recomendação de crotalárias e feijão-de-porco, como adubação verde, apresenta ótimos resultados. Lá, estas espécies podem ser semeadas em três épocas: em novembro, no início da estação das chuvas, em meados desta estação (início de janeiro) e no final da estação chuvosa (início de março).
Na cana-de-açúcar, a melhor sugestão para implantação da adubação verde é quando se verifica a reforma do canavial. A época de plantio dos adubos verdes ou rotação de culturas deve ser quando da morte da última soqueira, o que se verifica de fins de novembro a início de dezembro. As culturas escolhidas devem dar uma fonte de renda extra para o produtor com a venda do produto. Podem ser utilizadas as crotalárias, a mucuna preta, a soja, o amendoim. No caso desta duas últimas espécies, a preferência é por variedades de ciclo curto, pois a colheita em março, não prejudicará o plantio da cana, que ocorrerá 20 dias após a incorporação dos resíduos vegetais.
No outono/inverno pode-se fazer uso da ervilhaca, como adubação verde, consorciada com gramíneas. O guandu e a leucena podem ser usadas em consorciação com o milho e propiciam um aumento de produção de grãos. A parte aérea é cortada, durante o crescimento do milho, incorporada no solo e, pela decomposição dos resíduos, há uma liberação de nutrientes no solo que serão absorvidos pelas raízes do milho. O agricultor poderá controlar o número de cortes, que vai depender dos rebrotes e das necessidades do milho em nutrientes.
Nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o plantio das leguminosas, para adubação verde, é durante a primavera/verão, no início do período chuvoso. Na Região Nordeste, durante o período chuvoso, de fevereiro a junho. Na Região Norte, de dezembro a junho, no período das chuvas.
Cada região tem suas particularidades quanto às variedades mais recomendadas e a época correta de plantio. Por isso, é muito interessante o agricultor consultar a assistência técnica da sua região, para maiores informações e maior sucesso no trabalho desenvolvido na sua propriedade.

2 comentários:

  1. Oi, eu queria saber se há alguma desvantagem em adubação verde?

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  2. Ninguém lhe respondeu, mas eu respondo: Não há absolutamente nenhumas

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