quarta-feira, 2 de maio de 2012

Supersimples com Impurezas Apresenta Eficiência em Solos Alagados


As rochas fosfatadas, ou fosfatos naturais, são utilizadas para a fabricação de fosfatos acidulados, como os superfosfatos simples e triplo. As rochas fosfatadas podem ser de origem ígnea ou sedimentar. As ígneas possuem uma estrutura mais dura e precisam ser atacadas por ácidos sulfúrico ou fosfórico, para solubilizar o fósforo e torná-lo solúvel em água, que seria a forma mais defendida de aproveitamento pelas plantas. As rochas sedimentares são amorfas, originadas de restos de animais marinhos, que
foram morrendo ao longo de milhões de anos, formamdo camadas de terra e de sedimentos orgânicos. Estas rochas possuem uma estrutura mais branda e, algumas delas, quando moído finamente e aplicadas no solo, mesmo insolúveis em água, têm a propriedade de liberar o fósforo, de maneira lenta e contínua, provindo as plantas deste nutriente para sua absorção. Se você quer saber mais sobre fosfatos naturais reativos, clique aqui.
A legislação brasileira de fertilizantes, no caso dos fosfatos solúveis em água, estabelece teores mínimos de fósforo solúvel em água. Portanto, os fosfatos acidulados, originados destas rochas tricálcicas, para sua comercialização devem apresentar teor mínimo de fósforo solúvel em água e teor mínimo de fósforo solúvel em Citrato Neutro de Amônio (CNA) + água. Portanto, a solubilidade do P em água é levada em consideração para determinar a qualidade do fosfatado. Já as rochas fosfatadas que não sofrem tratamentos químico ou térmico, apenas uma micropulverização, a solubilidade do fósforo é determinada em ácido cítrico 2%, relação 1:100, ou seja 1 grama de fosfato solubilizado em 100 ml do ácido.
As rochas fosfatadas, de acordo com sua origem, possuem impurezas como Fe e Al. Durante a produção de fosfatos solúveis em água, nos processos que vão do beneficiamento até à acidulação, há uma preocupação de descartar compostos que contenham fosfatos de ferro ou de alumínio, ou P-Fe e P-Al, com a finalidade que as garantias, dispostas na legislação, sejam atendidas, ou seja, o teor mínimo de fósforo solúvel em água e CNA+água. No caso do supersimples, mínimo de 16% P2O5 solúvel em água e 18% em CNA+água. As impurezas Fe e Al são insolúveis em água. Quanto à solubilidade em CNA+água, elas podem ser solúveis ou não. Isto afetaria a qualidade do produto, pois não atingiria os mínimos preconizados pela legislação, tornando impossível o registro e a comercialização do produto. Sem registro não há comercialização.
As rochas fosfatadas são fontes não renováveis e, portanto, podem surgir fontes com maior teor de impurezas. O superfosfato simples é obtido pela reação da rocha fosfatada tricálcica com ácido sulfúrico. A preferência é por rocha que possua mais de 50% de fosfato tricálcico e menos de 2% de óxidos de ferro e de alumínio. Teores de Fe e Al, maiores que 4%, obrigam a utilização de maior quantidade de ácido sulfúrico. Além do Fe e Al, outras impurezas podem existir como o fluoreto de cálcio (CaF2) e o carbonato de cálcio (CaCO3).
O processo de produção do supersimples obedece às seguintes etapas:
1. Moagem - transformar a rocha num pó muito fino (finamente moído);
2. Reação - num reator, mistura-se rocha fosfatada com ácido sulfúrico a 70%. Em geral, uma mistura de 40 litros de água, 360 litros de ácido sulfúrico e 600 kg de fosfato natural finamente moído;
3. Cura - é nesta fase que a reação entre rocha e ácido é completada, com a obtenção do produto final - o fosfato monocálcico. Isto leva de 20 a 40 dias;
4. Trituração - após a cura, a massa obtida passa por uma nova moagem;
5. Peneiração - o produto moído é peneirado e pronto para ser utilizado como superfosfato simples em pó, ou submetido à granulação, para mistura com outros fertilizantes simples granulados.
Apesar destas impurezas, a pesquisa tem mostrado (Ranno, 2004) que o P-Fe contribui para tornar o fósforo disponível para as plantas em solos alagados de arroz, pois os óxidos de ferro provocam a solubilização do fósforo adsorvido. Assim, pelo processo de redução, provocado pelo alagamento, haverá uma solubilização do P-Fe contido no fertilizante. O processo de oxiredução, que acontece nos solos alagados, provoca alterações químicas que incidem na atividade e disponibilidade de nutrientes. O fósforo, neste solo, é um dos nutrientes que tem aumentada a sua concentração.
Prochnow (2001) mostrou que os fertilizantes fosfatados com alto teor de impurezas tiveram eficiência em solos alagados cultivados com arroz irrigado. Foi testada a eficiência agronômica de três fertilizantes supersimples com diferentes concentrações de impurezas do tipo P-Fe. A produção de matéria seca do supersimples que apresentava maior teor de P-Fe foi semelhante às demais fontes testadas, inclusive em relação à testemunha contendo todo P solúvel em água.
Braga (2006) demonstrou que fosfatos com menor teor de P solúvel em água podem ter eficiência agronômica relativa em solos com alta fixação de fósforo (P).
Prado, G.R.; Silva, L.S.; Prochnow, L.I.; Griebeler, G.; Pocojeski, E.; Moro,V.J. estudaram o comportamento do superfosfato simples contendo fosfato de ferro de baixa solubilidade em água, em solos de várzea do RS, em comparação com superfosfato simples sem resíduos de fosfato de ferro. Levaram em consideração que algumas rochas fosfatadas, utilizadas na produção de fertilizantes, contém impurezas de baixa solubilidade em água, como fosfatos de ferro e de alumínio, mas sendo aplicadas em solos alagados teriam sua solubilidade aumentada pelas reações de redução que ocorrem nestes solos. A conclusão da pesquisa foi de que o superfosfato simples contendo impurezas de Fe insolúveis em água, apresentou comportamento na solução do solo semelhante ao superfosfato simples sem impurezas, quando aplicado em solos inundados.

2 comentários:

  1. Mas neste caso será se somente o supersimples poderá ser beneficiado em solos alagados? FNR como Gafsa, Arad, etc., não poderão ser mais solubilizados também, pelo menos a médio prazo...?

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    1. Ricardo, os fosfatos naturais reativos como Gafsa, Arad têm comportamento significativo na solubilização de fósforo em solos alagados. A preferência deve ser para os fosfatos reativos que apresentam eficiência agronômica, no decorrer do tempo, semelhante aos solúveis em água.

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