Parâmetros para Interpretar Análise do Solo na Soja do MS

Há leitores que nos pedem, seguidamente, parâmetros para interpretar uma análise do solo. Então recomendo que procurem os órgãos oficiais de seu Estado ou sua região para conseguir a tabela de recomendação de calagem e adubação para as culturas exploradas. Encontrei alguns parâmetros para a cultura da soja, recomendados pela FundaçãoMS (Mato Grosso do Sul) que oportunizo nesse artigo. Entretanto, quero relembrar o que temos
escrito há longo tempo. Um resultado de análise de solo deve apresentar dados corretos, que realmente mostrem a realidade da fertilidade do solo a ser utilizado para o plantio. Para isso, a coleta da amostra de terra deve representar muito bem as condições do solo, em relação aos teores de nutrientes. Uma coleta de solo não é de qualquer local da lavoura. Ela deve representar uma média e, para isso, coleta-se amostras de diversos locais: onde o solo apresenta manchas que não cresce nada, solos de coloração diferente, topografia, etc. Há casos que são necessárias mais de uma amostra média. Para ler sobre o assunto acesse  Correta amostragem de solo é fundamental para recomendação de calagem e adubação

Ainda existem agricultores que coletam amostra de solo sem nenhuma técnica, às vezes fazendo amostragem de um só local da lavoura. Isso é errado e o resultado será também. O que acontece são recomendações de calagem e adubação que poderão prejudicar o desenvolvimento da planta, queda de produtividade, aumento dos custos de produção e perda de dinheiro.

No Quadro 1. encontramos os níveis de nutrientes e matéria orgânica propostos pela FundaçãoMS (2011) para a cultura da soja. Observe que os parâmetros foram divididos, conforme o teor da CTC do solo, em duas faixas: solos com CTC menor que 8 cmolc/dm³ e solos com CTC maior que 8 cmolc/dm³. A CTC a pH 7.0 (valor T) é a soma dos cátions básicos (K, Ca, Mg, Na) e H+Al.  Se no resultado da análise, o valor "T" e dos outros nutrientes é expresso em mmolc/dm³, basta dividir o valor por 10, e teremos o resultado em cmolc/dm³, depois enquadrá-los no Quadro 1. A expressão g/kg dividida por 10 dá o valor em percentagem (%).

mmolc/dm³ / 10 = cmolc/dm³

g/kg / 10 = % ou dag/kg.

dag/kg ou  %  x 10 = g/kg

LEIA:   Como converter dag/kg em g/kg e vice-versa

Saturação dos Cátions Básicos

Lopes & Guidolin consideram que a percentagem ideal de saturação de cátions da CTC a pH 7.0 (T) deveria ser:

Cálcio (Ca) - 60 - 70%

Magnésio (Mg) - 10 a 20%

Potássio (K) - 2 a 5%.

Para calcular a percentagem de saturação de um cátion, procede-se da seguinte maneira:

% Saturação do Nutriente = 100 x teor do nutriente no solo  / valor da CTC ou T
Um solo que possui 2 cmolc/dm³ de Ca e uma CTC a pH 7.0 de 10,04, a saturação de Ca será:

% Saturação  Ca = (100 x 2)  / 10,04
% Saturação Ca = 20%

No Quadro 2. encontramos os parâmetros para a soja em relação à saturação da CTC.

LEIA:   Percentagem de saturação de cátions na fertilidade do solo
             Quanto adicionar de K para saturar a CTC do solo

Relação entre Ca, Mg e K

No Quadro 3. encontramos as relações estabelecidas entre os cátions básicos, ou seja, Ca/Mg, Ca/K e Mg/K. Existem muitas controvérsias sobre essas relações, se elas são importantes na interpretação de uma análise do solo. Broch & Ranno (2011) dizem que não devemos nos preocupar muito com essas relações entre os nutrientes, que elas sejam olhadas apenas como variáveis auxiliares na interpretação da análise do solo

LEIA:  Interpretação das relações entre Ca, Mg e K no solo

Atenção: esses parâmetros deverão ser diferentes em outros Estados. Por isso é que recomendamos interpretar uma análise do solo de uma região com os parâmetros estabelecidos pelos órgãos de pesquisa da respectiva região.

REFERÊNCIAS

BROCH, D. L.; RANNO, S. K.  Fertilidade do Solo, Adubação e Nutrição da Cultura da Soja. Tecnologia de Produção: Soja e Milho 2011/2012. 39 p. FubdaçãoMS. Mato Grosso do Sul.

LOPES, A.S.; GUILHERME, L.R.G. Interpretação da Análise do Solo - Conceitos e aplicações. ANDA, São Paulo. Ed. atual. 2004. 51p. Boletim Técnico No 2.