A acidez dos solos brasileiros, em geral, promove uma má disponibilidade do fósforo aplicado através dos fertilizantes. Diz-se que do total do fósforo aplicado no solo, a planta aproveita de 15 a 25%. Surge a necessidade de aumentar a eficiência da fertilização fosfatada. Várias técnicas estão sendo pesquisadas, algumas já empregadas, e a aplicação de fertilizantes fosfatados de liberação controlada é uma delas, melhorando o manejo para aumento da eficiência. Embora seja o nutriente necessário em menor quantidade, em relação ao nitrogênio (N) e ao potássio (K), o fósforo é essencial ao crescimento dos vegetais e à produção de grãos e frutos. Entretanto, pelos problemas que ocorre no solo - fixação, imobilização, retrogradação -
o fósforo é o nutriente mais aplicado em quantidade. Daí, a necessidade de estudos para reduzir o emprego dos fertilizantes fosfatados, como os nitrogenados e potássicos, viabilizando uma maior eficiência com menor quantidade e custo, e uma melhor proteção do meio ambiente. Uma agricultura sustentável.
LEIA: O fósforo no solo e a solubilidade dos fosfatoso fósforo é o nutriente mais aplicado em quantidade. Daí, a necessidade de estudos para reduzir o emprego dos fertilizantes fosfatados, como os nitrogenados e potássicos, viabilizando uma maior eficiência com menor quantidade e custo, e uma melhor proteção do meio ambiente. Uma agricultura sustentável.
As funções do fósforo para as plantas
Baixa disponibilidade do fósforo
A baixa disponibilidade de fósforo pode ocorrer tanto em solos ácidos como em solos alcalinos. Nos solos ácidos temos a chamada "fixação do fósforo" que acontece pela ligação com a argila ou reações com o ferro e alumínio. A liberação gradual pelos fosfatados de liberação controlada faz com que o contato do nutriente com a argila, ferro e alumínio seja menor.
Nos solos alcalinos, a presença de altos teores de cálcio (do calcário) provoca a indisponibilidade do fósforo pela "retrogradação".
LEIA: O fósforo do solo e a eficiência agronômica
Os nutrientes da planta - O Fósforo (P)
O que são fertilizantes de liberação controlada?
São aqueles que disponibilizam o nutriente por um período maior de tempo, melhorando a eficiência de absorção pelas plantas e reduzindo as perdas. São fertilizantes mais caros, mas devem proporcionar uma melhor eficiência no solo com reflexos no aumento de produção das lavouras.
O MAP não revestido (convencional) em contato com a água do solo libera, na reação, NH4 e H2PO4. Esse último é prontamente disponibilizado: uma parte é absorvida pela planta, outra parte é adsorvida aos coloides e outra parte é fixada pelo ferro e pelo alumínio do solo. Portanto, pequena parte de fósforo poderá ser absorvida pela planta durante o sei ciclo produtivo.
O MAP revestido libera prontamente o NH4 e o H2PO4 é disponibilizado progressivamente. Menos fósforo fica à disposição para fixação pelo ferro e alumínio do solo.
Existem fertilizantes que possuem os nutrientes cobertos por três camadas de cera, de maneira que em contato com a água do solo essa penetra no grânulo através dos poros, reage com os nutrientes formando uma solução nutritiva e depois essa solução, por difusão, sai pelos poros e é absorvida pelas raízes das plantas.
Tecnicamente os fosfatos revestidos devem proporcionar uma absorção paulatina de fósforo durante o ciclo da planta, evitar as perdas por fixação, retrogradação e permitir que a produtividade seja melhores do que aquela obtida com os fosfatados convencionais, ou seja, sem revestimento.
Figueiredo et Al. (?) estudaram a aplicação de fosfatado revestido com polímero em solo calcareado, na produção de milho. O experimento foi conduzido a campo, num LVA, comparando o fosfato MAP convencional com MAP revestido com polímero. Foram utilizados quatro níveis de saturação de bases, ou seja, 27, 40, 50 e 60%. Os pesquisadores chegaram às seguintes conclusões: o MAP revestido com polímero promoveu um melhor desempenho do milho em produção de massa da MS total, altura da planta e produtividade do que o MAP convencional. Esses efeitos positivos do MAP revestido em relação ao MAP convencional depende dos níveis de saturação de bases, que nesse caso foram 40 e 50%.
Carvalho, Ferreira & Borin (2008/2009), pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão, compararam a resposta do algodoeiro à adubação fosfatada com aplicação de fertilizante de liberação lenta e fertilizante convencional. Num Latossolo Vermelho argiloso, com teor médio de fósforo (P), em Goiás, compararam o MAP revestido com polímero e o MAP convencional, nas dosagens de 40, 80, 120, 160 kg/ha de P2O5, usando, também, uma testemunha sem fósforo. As conclusões obtidas foram: no primeiro ano, o MAP revestido com polímero apresentou eficiência semelhante ao MAP convencional. O teor de fósforo do solo era 5 mg/dm³ P. O algodão, em produtividade de caroço, respondeu até a dose de 115 kg/ha de P2O5.
Gazola et al. conduziram um experimento na Fazenda de Ensino, pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira para avaliar doses de MAP convencional e MAP revestido com diferentes polímeros na cultura do milho. Os tratamentos constaram de 4 doses de P2O5: 0, 50, 100 e 150 kg/ha aplicadas na semeadura.
Quanto ao N e K, a adubação foi baseada na análise do solo e as doses aplicadas segundo a tabela de recomendação para milho irrigado do Estado de São Paulo: 30 kg/ha N (ureia) e 80 kg/ha K2O (cloreto de potássio). Na cobertura nitrogenada foi utilizada a ureia quando as plantas tinham 6 folhas, à base de 80 kg/ha N.
Chegaram à conclusão que não houve efeito da polimerização do MAP na liberação gradual de P sobre a produtividade do milho. As doses crescentes de P2O5 proporcionaram um aumento linear do teor de P na parte aérea até a dosagem de 150 kg/ha de P2O5, independente da fonte de MAP utilizada. A aplicação de 111 kg/ha de P2O5 foi responsável pela maior produtividade do milho.
Chegaram à conclusão que não houve efeito da polimerização do MAP na liberação gradual de P sobre a produtividade do milho. As doses crescentes de P2O5 proporcionaram um aumento linear do teor de P na parte aérea até a dosagem de 150 kg/ha de P2O5, independente da fonte de MAP utilizada. A aplicação de 111 kg/ha de P2O5 foi responsável pela maior produtividade do milho.
Podemos encontrar na literatura resultados excelentes conseguidos com os fosfatos revestidos e outros resultados ruins, em que esses fosfatos se comportam iguais aos não revestidos. Muitos fatores podem colaborar para um resultado desfavorável como o solo, clima, material não bem revestido ou liberação do nutriente antes ou depois da época ideal para absorção pela planta. Dessa maneira, sou da opinião que o produtor acompanhado da assistência técnica devem testar os produtos na lavoura, em pequenas áreas, tomando nota da época de semeadura, condições do clima durante toda a fase da cultura, o solo e os teores da análise, produtividade e outros tantos de interesse. Assim os dois terão uma ideia do comportamento do produto e sua função no aumento de produtividade. Os dados servirão como parâmetros de avaliação para toda a área. Esse monitoramento poderá servir para respostas aos mais diferentes questionamentos. "A produção obtida com o fosfatado revestido foi maior?" "Esse aumento de produção, em relação ao fosfatado convencional, é o suficiente para pagar o custo do produto revestido?"
CARVALHO, M. C. S.; FERREIRA, A. C. B; BORIN, A. L. Resposta do algodoeiro à adubação fosfatada comparando fertilizante de liberação lenta com fertilizante convencional. Embrapa Arroz e feijão.
FIGUEIREDO, C. C. DE; BARBOSA, D. V.; OLIVEIRA, S. A. DE; FAGIOLI, M.; SATO, J. H. Adubo fosfatado revestido com polímero e calagem na produção e parâmetros morfológicos de milho. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Brasília. Brasília, DF. Rev. Ciênc. Agron. vol. 43. nº 3. Julho/Setembro. 2012.
GAZOLA, R. de. N.; BUZETTI, S.; DINALLI, R. P.; CELESTRINO, T. de. S.; TEIXEIRA FILHO, M. C. M. Doses e fontes de fósforo usando o monoamônio fosfato tradicional e o revestido por diferentes polímeros na cultura do milho. Campus de Ilha Solteira.
Muito boa essa matéria. Estou realizando testes com MAP Polimerizado e MAP Convencional em cana de açúcar na Universidade Estadual de Cassilândia - MS. A expectativa é a redução de 40% da dose recomendada para o Cerrado.
ResponderExcluirBom dia Prof. quanto a aplicação de MAP, DAP, SFS, e SFT, na condição de inverno-Rs, trigo, aveia, azevém etc...em solos Argilosos classe "Santo Angelo", já preparando para o plantio da safra de verão no caso a cultura da Soja, qual destes produtos seria sua indicação na disponibilização do P, certo de sua atenção,
ResponderExcluirabraço
Todos estes fosfatos têm fósforo solúvel em água. São fosfatados solúveis em água. A diferença é que o MAP e DAP, além do P, contém N. Se o solo é deficiente em S, a indicação seria usar o SFS.
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