quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Adubos Fosfatados de Liberação Controlada


A acidez dos solos brasileiros, em geral, promove uma má disponibilidade do fósforo aplicado através dos fertilizantes. Diz-se que do total do fósforo aplicado no solo, a planta aproveita de 15 a 25%. Surge a necessidade de aumentar a eficiência da fertilização fosfatada. Várias técnicas estão sendo pesquisadas, algumas já empregadas, e a aplicação de fertilizantes fosfatados de liberação controlada é uma delas, melhorando o manejo para aumento da eficiência. Embora seja o nutriente necessário em menor quantidade, em relação ao nitrogênio (N) e ao potássio (K), o fósforo é essencial ao crescimento dos vegetais e à produção de grãos e frutos. Entretanto, pelos problemas que ocorre no solo - fixação, imobilização, retrogradação -
o fósforo é o nutriente mais aplicado em quantidade. Daí, a necessidade de estudos para reduzir o emprego dos fertilizantes fosfatados, como os nitrogenados e potássicos, viabilizando uma maior eficiência com menor quantidade e custo, e uma melhor proteção do meio ambiente. Uma agricultura sustentável.
LEIA:   O fósforo no solo e a solubilidade dos fosfatos
            As funções do fósforo para as plantas


Baixa disponibilidade do fósforo


A baixa disponibilidade de fósforo pode ocorrer tanto em solos ácidos como em solos alcalinos. Nos solos ácidos temos a chamada "fixação do fósforo" que acontece pela ligação com a argila ou reações com o ferro e alumínio. A liberação gradual pelos fosfatados de liberação controlada faz com que o contato do nutriente com a argila, ferro e alumínio seja menor.
Nos solos alcalinos, a presença de altos teores de cálcio (do calcário) provoca a indisponibilidade do fósforo pela "retrogradação".
LEIA:  O fósforo do solo e a eficiência agronômica
           Os nutrientes da planta - O Fósforo (P)


O que são fertilizantes de liberação controlada?


São aqueles que disponibilizam o nutriente por um período maior de tempo, melhorando a eficiência de absorção pelas plantas e reduzindo as perdas. São fertilizantes mais caros, mas devem proporcionar uma melhor eficiência no solo com reflexos no aumento de produção das lavouras.
O MAP não revestido (convencional) em contato com a água do solo libera, na reação, NH4 e H2PO4. Esse último é prontamente disponibilizado: uma parte é absorvida pela planta, outra parte é adsorvida aos coloides e outra parte é fixada pelo ferro e pelo alumínio do solo. Portanto, pequena parte de fósforo poderá ser absorvida pela planta durante o sei ciclo produtivo.
O MAP revestido libera prontamente o NH4 e o H2PO4 é disponibilizado progressivamente. Menos fósforo fica à disposição para fixação pelo ferro e alumínio do solo.
Existem fertilizantes que possuem os nutrientes cobertos por três camadas de cera, de maneira que em contato com a água do solo essa penetra no grânulo através dos poros, reage com os nutrientes formando uma solução nutritiva e depois essa solução, por difusão, sai pelos poros e é absorvida pelas raízes das plantas.
Tecnicamente os fosfatos revestidos devem proporcionar uma absorção paulatina de fósforo durante o ciclo da planta, evitar as perdas por fixação, retrogradação e permitir que a produtividade seja melhores do que aquela obtida com os fosfatados convencionais, ou seja, sem revestimento. 

Figueiredo et Al. (?) estudaram a aplicação de fosfatado revestido com polímero em solo calcareado, na produção de milho. O experimento foi conduzido a campo, num LVA, comparando o fosfato MAP convencional com MAP revestido com polímero. Foram utilizados quatro níveis de saturação de bases, ou seja, 27, 40, 50 e 60%. Os pesquisadores chegaram às seguintes conclusões: o MAP revestido com polímero promoveu um melhor desempenho do milho em produção de massa da MS total, altura da planta e produtividade do que o MAP convencional. Esses efeitos positivos do MAP revestido em relação ao MAP convencional depende dos níveis de saturação de bases, que nesse caso foram 40 e 50%.

Carvalho, Ferreira & Borin (2008/2009), pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão, compararam a resposta do algodoeiro à adubação fosfatada com aplicação de fertilizante de liberação lenta e fertilizante convencional. Num Latossolo Vermelho argiloso, com teor médio de fósforo (P), em Goiás, compararam o MAP revestido com polímero e o MAP convencional, nas dosagens de 40, 80, 120, 160 kg/ha de P2O5, usando, também, uma testemunha sem fósforo. As conclusões obtidas foram: no primeiro ano, o MAP revestido com polímero apresentou eficiência semelhante ao MAP convencional. O teor de fósforo do solo era 5 mg/dm³ P. O algodão, em produtividade de caroço,  respondeu até a dose de 115 kg/ha de P2O5.

Gazola et al. conduziram um experimento na Fazenda de Ensino, pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira para avaliar doses de MAP convencional e MAP revestido com diferentes polímeros na cultura do milho. Os tratamentos constaram de 4 doses de P2O5:  0, 50, 100 e 150 kg/ha aplicadas na semeadura.
Quanto ao N e K, a adubação foi baseada na análise do solo e as doses aplicadas segundo a tabela de recomendação para milho irrigado do Estado de São Paulo: 30 kg/ha N (ureia) e 80 kg/ha K2O (cloreto de potássio). Na cobertura nitrogenada foi utilizada a ureia quando as plantas tinham 6 folhas, à base de 80 kg/ha N.
Chegaram à conclusão que não houve efeito da polimerização do MAP na liberação gradual de P sobre a produtividade do milho. As doses crescentes de P2O5 proporcionaram um aumento linear do teor de P na parte aérea até a dosagem de 150 kg/ha de P2O5,  independente da fonte de MAP utilizada. A aplicação de 111 kg/ha de P2O5 foi responsável pela maior produtividade do milho.

Podemos encontrar na literatura resultados excelentes conseguidos com os fosfatos revestidos e outros resultados ruins, em que esses fosfatos se comportam iguais aos não revestidos. Muitos fatores podem colaborar para um resultado desfavorável como o solo, clima, material não bem revestido ou liberação do nutriente antes ou depois da época ideal para absorção pela planta. Dessa maneira, sou da opinião que o produtor acompanhado da assistência técnica devem testar os produtos na lavoura, em pequenas áreas, tomando nota da época de semeadura, condições do clima durante toda a fase da cultura, o solo e os teores da análise, produtividade e outros tantos de interesse. Assim os dois terão uma ideia do comportamento do produto e sua função no aumento de produtividade. Os dados servirão como parâmetros de avaliação para toda a área. Esse monitoramento poderá servir para respostas aos mais diferentes questionamentos. "A produção obtida com o fosfatado revestido foi maior?"  "Esse aumento de produção, em relação ao fosfatado convencional, é o suficiente para pagar o custo do produto revestido?" 

REFERÊNCIAS

CARVALHO, M. C. S.; FERREIRA, A. C. B; BORIN, A. L. Resposta do algodoeiro à adubação fosfatada comparando fertilizante de liberação lenta com fertilizante convencional. Embrapa Arroz e feijão.

FIGUEIREDO, C. C. DE; BARBOSA, D. V.; OLIVEIRA, S. A. DE; FAGIOLI, M.; SATO, J. H. Adubo fosfatado revestido com polímero e calagem na produção e parâmetros morfológicos de milho. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Brasília. Brasília, DF. Rev. Ciênc. Agron. vol. 43. nº 3. Julho/Setembro. 2012.

GAZOLA, R. de. N.; BUZETTI, S.; DINALLI, R. P.; CELESTRINO, T. de. S.; TEIXEIRA FILHO, M. C. M. Doses e fontes de fósforo usando o monoamônio fosfato tradicional e o revestido por diferentes polímeros na cultura do milho. Campus de Ilha Solteira.

3 comentários:

  1. Muito boa essa matéria. Estou realizando testes com MAP Polimerizado e MAP Convencional em cana de açúcar na Universidade Estadual de Cassilândia - MS. A expectativa é a redução de 40% da dose recomendada para o Cerrado.

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  2. Bom dia Prof. quanto a aplicação de MAP, DAP, SFS, e SFT, na condição de inverno-Rs, trigo, aveia, azevém etc...em solos Argilosos classe "Santo Angelo", já preparando para o plantio da safra de verão no caso a cultura da Soja, qual destes produtos seria sua indicação na disponibilização do P, certo de sua atenção,
    abraço

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    1. Todos estes fosfatos têm fósforo solúvel em água. São fosfatados solúveis em água. A diferença é que o MAP e DAP, além do P, contém N. Se o solo é deficiente em S, a indicação seria usar o SFS.

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