terça-feira, 11 de março de 2014

Capacidade de Troca de Cátions: efetiva e a pH 7.0

O que é CTC do solo?

No solo os cátions são formadores de cargas positivas, adsorvidos aos coloides e podem ser substituídos por outros cátions. Daí o nome de "Cátions Trocáveis": o cátions Ca²+ pode ser trocado pelo cátion K+ e pelo H+ e vice versa.  Capacidade de Troca de Cátions (CTC) vem a ser o número total de cátions que o solo pode reter e que vai depender da quantidade de cargas negativas presentes. Quanto maior o número de cargas negativas num solo maior será a sua capacidade de troca de cátions ou de reter cátions.
Nos solos há uma predominância das cargas negativas, embora apresentem, também, cargas
positivas. A matéria orgânica do solo é formada de cargas negativas e dependentes de pH. Os solos argilosos teriam uma maior CTC e maior capacidade de reter cátions. Os solos arenosos teriam poucas cargas negativas, reteriam menos cátions e, portanto, sujeitos à alta lixiviação de K. Entretanto, podemos encontrar solos argilosos que se comportam como arenosos, pela baixa atividade de suas argilas e presença de óxidos de ferro e alumínio.

Cálculo das CTC's do solo?

Existem dois tipos de CTC:


1. CTC efetiva (t)


A CTC efetiva vem a ser a capacidade do solo de reter cátions ao pH natural. Se o resultado da análise de uma amostra de solo informar um pH em água de 4,8. este seria o pH natural do solo. Então, os cátions Ca²+, Mg²+, K+ e Na+ mais o cátion ácido Al³+ comporiam a CTC efetiva (t) do solo. Para o cálculo, se usaria os valores destes cátions expressos numa unidade cmolc/dm³ ou mmolc/dm³, de acordo com o resultado da análise.
IMPORTANTE! para o cálculo, todos os valores devem estar expressos na mesma unidade: ou cmolc ou mmolc. Não se pode misturar unidades expressas em mg/dm³ ou outra, com unidades expressas em cmolc ou mmolc. Quando o K e o Na estiverem expressos em mg/dm³ e o Ca, Mg e Al em cmolc/dm³ e mmolc/dm³ deve-se fazer a conversão. para entender como fazer, leia o artigo no link a seguir.
conversão cmolc em mg/dm³ e vice versa

Cálculo da CTC efetiva
Utilizando os dados do Quadro 1, verificamos que todos os cátions básicos estão expressos na unidade cmolc/dm³. Então, a CTC efetiva vai ser expressa em cmolc/dm³.
CTC efetiva (t) da amostra 1 = K + Ca + Mg + Al
CTC efetiva (t) da amostra 1 = 0,08 + 6,0 + 2,29 + 0,0
CTC efetiva (t) da amostra 1 = 8,37 cmolc/dm³
A análise da amostra 3 que é originária de um solo arenoso, a CTC efetiva será:
CTC efetiva (t) da amostra 3 = 0,12 + 0,65 + 0,12 + 2,0
CTC efetiva (t) da amostra 3 = 2,89 cmolc/dm³
O que podemos analisar, comparando as amostras 1 (solo argiloso) e a amostra 3 (solo arenoso)?
A amostra 3 tem a CTC efetiva mais baixa por causa de sua textura arenosa o que não permite reter cátions.  Daí os preoblemas de perdas de cáions por lixiviação e um manejo criterioso da adubação deve ser feito, procurando parcelar as aplicações de adubos nitrogenados e potássicos em várias vezes.
Na amostra 3 quase 70% dos pontos de troca estão ocupados pelo Al³ (2,0 cmolc/dm³) o qual acarretará sérios prejuízos para o desenvolvimento da cultura. Na amostra 1 não há presença de Al³.


2) CTC a pH 7,0 (T)


A CTC a pH 7.0 reflete a quantidade de cátions adsorvida a pH 7.0. O máximo de cargas negativas liberadas a pH 7,0 e ocupadas por cátions.

Cálculo da CTC a pH 7,0
CTC a pH 7.0 (T) =  K + Ca + Mg + (H + Al)
CTC a pH 7,0 (T) da amostra 1 = 0,08 + 6,0 + 2,29 + 5,0
CTC a pH 7,0 (T) da amostra 1 = 13,37 cmolc/dm³
CTC a pH 7,0 (T) da amostra 3 = 0,12 + 0,65 + 0,12 + 7,7
CTC a pH 7,0 (T) da amostra 3 = 8,59 cmolc/dm³
A amostra 1 tem a maior quantidade de cátions adsorvidos (retidos) a pH 7.0 que a amostra 3.
As amostras 1 e 3 apresentam CTCs a pH 7.0 com grande quantidade de H+. Este H precisa ser neutralizado pela calagem, para liberar cargas negativas.

Os Estados brasileiros, através de seus órgãos de pesquisa e as recomendações de calagem e adubação, apresentam tabelas onde classificam os níveis de CTC's, V%, conforme os dados obtidos nos trabalhos experimentais a campo. O produtor de cada região deve consultar as assistências técnicas locais para a interpretação das análises de solos. É importante o conhecimento destas tabelas regionais para uma correta recomendação de adubação.




9 comentários:

  1. Parabéns professor pela sua iniciativa em criar este blog. Tomara que outros mestres sigam seu caminho. Felicidades.

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  2. Professor, parabéns! Gostaria de saber se existe algum blog de algum colega seu da área de irrigação...

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  3. Adorei esse blog... poderei rever muitas coisas.

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  4. Professor, boa tarde.
    Muito show!!! Estou aprendendo muito com suas materias, são praticas e faceis de entender! Bem explicadas. Parabens.

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    1. Obrigado Gustavo. Isto nos motiva a prosseguir. Gostaríamos de ter mais tempo para nos dedicarmos melhor.
      Um abraço. Sucesso no seu trabalho.

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    2. Olá professor, tbm gostei das informações, teria como explicar as características da CTC,? Não acho algo muito bem definido, só sei que começa com atividades de superfície :/

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    3. CTC a pH 7 é a soma dos cátions básicos Ca, Mg, K, Na mais (H+Al.
      Leia:
      http://agronomiacomgismonti.blogspot.com/2009/08/analise-de-solos-os-conceitos-de-s-ctcs.html

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