terça-feira, 22 de março de 2011

Os Sistemas Agroflorestais de Integração

Os Sistemas Agroflorestais, áreas de lavouras com áreas de árvores frutíferas ou florestas, e/ou animais, aplicando-se técnicas de manejo, podem ser uma solução para o uso sustentável do solo, envolvendo os aspectos ecológicos, econômicos e sociais. O Brasil possui 110 milhões de hectares de pastagens cultivadas, sendo que 77 milhões apresentam degradação e baixa produção de forragens. Isto se traduz em baixa produção de leite e carne (principalmente nos períodos de seca), consideráveis perdas de solo e água. Na produção de grãos, temos a monocultura, solos pobres em nutrientes e de elevada acidez, e, consequentemente, baixa produtividade das lavouras.
Com a integração lavoura-pecuária-silvicultura (ILPF) ocorrerão benefícios como: proteção contra à erosão; proteção contra à degradação do solo; conservação das florestas e de espécies de maior valor econômico, proteção da fauna, das nascentes de água, substituição das matas ciliares, etc. A fertilidade do solo é mantida e há um aumento da produtividade. As espécies arbóreas, por suas raízes profundas, exploram maiores profundidades e volume de solo, absorvendo os nutrientes das camadas mais profundas, realizando a reciclagem, e água. As lavouras, propriamente dito, pelo desenvolvimento das raízes na camada de 20 cm, não conseguem fazê-lo. OLLAGNIER et al. (1978) demonstraram que num solo descoberto, sem vegetação, a erosão provoca perdas de terra de 125 t/ha/ano; no cultivo do milho, as perdas atingem 92 t/ha/ano; nos cultivos integrados (lavoura-pecuária-florestas), 0,3 t/ha/ano; e na floresta nativa, 0,1 t/ha/ano.
Os Sistemas Agroflorestais promovem a reciclagem dos nutrientes: absorção e recuperação. Nutrientes como o cálcio (Ca), potássio (K) e enxofre (S) sofrem muito com a lixiviação. O cultivo consorciado tem a propriedade de retirar estes nutrientes das camadas mais profundas e devolvê-los à superfície do solo, pela decomposição e mineralização da matéria orgânica.
O Estado de Minas Gerais conta com mais de quarenta Unidades Demonstrativas de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, implantadas entre 2008 e 2010. Nestas unidades demonstrativa há uma consorciação de diferentes sistemas produtivos de grãos, na mesma área em que é explorada a pecuária e o cultivo de arbóreos (eucalipto). O sistema é indicado para a recuperação de pastagens degradadas. A pastagem consorciada com eucalipto vem demonstrando bons resultados; os animais aproveitam a melhor qualidade do pasto, e aos poucos vai se formando sombra. Em seis anos, o eucalipto começará a produzir renda. O teor de umidade no solo é maior, o que beneficia a pastagem.
Sustentabilidade e renda extra para o produtor.
A floresta contribui para o sequestro de carbono e madeira. Aliando o sistema de plantio direto (SPD), a ILPF tem-se uma alternativa econômica e sustentável para a recuperação de áreas de pastagens degradadas. A espécie florestal é cultivada ampliando-se a distância das entrelinhas, o que torna possível a implantação, nestas entrelinhas, de culturas de caráter econômico como a soja, milho, feijão, etc, por até três anos. No Sistema Santa Fé, desenvolvido pela EMBRAPA, a forrageira é implantada em consorciação com as culturas econômicas. Após a colheita da lavoura de grãos, o pasto está formado nas entrelinhas da floresta. No Sistema Barreirão, a implantação deve ser feita em pastagens degradadas e onde é necessário corrigir o solo. Na implantação do Eucalipto, usa-se espaçamentos maiores (10x4) e, nas entrelinhas, é implantada as lavouras de grãos. No terceiro ano é implantada a forrageira. As áreas devem ser corrigidas tanto do ponto de vista da acidez do solo quanto da fosfatagem. As lavouras de grãos e a pecuária pagam os recursos despendidos na implantação do eucalipto. Existem programas governamentais que oferecem recursos, através do crédito rural, para proprietários rurais que queiram implantar o sistema ILPF.
A ILPF busca aumentar a produtividade agropecuária e florestal, a maior eficiência no uso de insumos agrícolas, diversificação de produtos e mais renda para o produtor do campo. Do ponto de vista da sustentabilidade, há uma melhor conservação do solo e água; não deixa de ser um serviço prestado ao meio ambiente; melhor preservação ambiental; melhor qualidade de vida. Além destas vantagens, o sistema ILPF proporciona, também, redução dos custos de produção, aumento da renda familiar, maior produtividade de grãos, carne, leite e madeira; reciclagem dos nutrientes; valorização da propriedade rural; redução do desmatamento, pois não há necessidade de abertura de novas áreas, em virtude do aumento da produtividade na mesma área explorada. A escolha das espécies arbóreas deve ser criteriosa e acompanhada pelo Agrônomo, evitando-se a utilização de espécies tóxicas para os animais ou alelopáticas para as outras plantas cultivadas. Na alelopatia, as plantas produzem produtos que são liberados no meio ambiente e podem prejudicar o desenvolvimento e inibir a germinação de outras espécies.

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