quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Plantio de Adubos Verdes na Citricultura

Com a adubação verde é possível recuperar a fertilidade do solo devido os aumentos nos teores de matéria orgânica do solo, na CTC, na disponibilidade de nutrientes para as plantas, na retenção de água e na aeração do solo, e no controle de nematóides. Os adubos verdes, leguminosas, possuem baixa relação C/N devido à presença de grande quantidade de nitrogênio. Mas elas, sozinhas, não suprem as necessidades totais das plantas em nutrientes, com excessão do N, embora tenham quantidades apreciáveis de NPK+Ca+Mg. As leguminosas têm a capacidade de formar relações com fungos, originando as micorrizas, tão fundamentais na agricultura ecológica pelo aumento da área de exploração das raízes.
Tudo isto é conseguido pelo plantio de espécies vegetais que serão deixadas na superfície do solo. Entre as espécies mais utilizadas, as leguminosas levam uma grande vantagem, pois incorporam nitrogênio (N) ao solo pelo processo de fixação biológica do N do ar. Algumas leguminosas apresentam raízes profundas que permitem a reciclagem dos nutrientes para as camadas superficiais. As leguminosas mais usadas são: o amendoinzinho, a mucuna-preta, as crotalárias, o lab-lab, o guandu e a soja perene. Entretanto, para uma maior produção de massa verde, é necessário que as espécies cultivadas sejam bem adubadas, boa disponibilidade de água, e controle de pragas e doenças. Num pomar, as leguminosas são plantadas entre as linhas das árvores frutíferas cobrindo toda a superfície, e na época do florescimento, sem chuva, são cortadas e deixadas na superfície ou incorporadas ao solo. Isto faz com que os nutrientes sejam disponibilizados para as plantas ocorrendo aumento de produtividade das mesmas. As leguminosas, em termos de g/kg, apresentam valores de 20-28 de N, 0,8-6,0 de P, 5-25 de K, 4-25 de Ca e 0,6-4,0 de Mg. Existem produtores que fazem uma mistura de leguminosas para utilização durante o plantio. Isto proporciona maior produção de massa verde e influi na produtividade das frutíferas. Nas áreas onde não chove deve-se manter um mínimo de vegetação entrelinhas para evitar a competição com as fruteiras.
O aumento nos teores de nutrientes no solo provocado pelo plantio de leguminosas, como adubação verde, traz, como benefício, uma economia no uso de fertilizantes. Com a adubação verde, a vida biológica do solo é estimulada originando aumento na atividade dos microorganismos. Por outro lado, as condições físicas do solo são melhoradas, favorecendo o crescimento das raízes, o que permite uma maior retenção de água e uma melhor absorção dos nutrientes ao longo do perfil do solo. É possível um melhor controle da erosão, com a utilização de leguminosas como adubo verde, evitando perda da camada superficial do solo e dos nutrientes que serão carregados pelas águas das chuvas. Com a adubação verde há redução da incidência de ervas daninhas ocasionando uma economia na utilização de herbicidas e capinas.
Nos citros, há produtores que usam o plantio de feijão-de-porco ou de crotalária nas entrelinhas. O plantio é feito no início do período chuvoso, e, no final das chuvas, procedem a prática da ceifa, deixando a massa verde obtida como cobertura morta no solo. Os resultados obtidos são maiores que àqueles onde foram feitas a capina manual ou gradagem. Em geral, as leguminosas, para adubação verde, devem ser plantadas no início do período chuvoso, e a colheita quando começar a se formar as primeiras vagens.
Os adubos verdes, usando leguminosas, apresentam, na matéria seca (MS), 1-3% de N, 0,17-6,0% de P, 1-2,5% de K, 0,5-2,5% de Ca e 0,3-0,5% de Mg.
A Crotalária juncea pode chegar a uma produção de 30-35 t/ha de massa verde e incorpora, no solo, 120-200 kg de N. Indicada para solos de textura arenosa, de baixa fertilidade, degradados e com declividade. Na Crotalária juncea, o inconveniente é que ela não permite sulcamento direto, pois tem um porte alto e caule quebradiço. Exige gradagem para incorporá-la.
A Crotalária spectabilis produz de 25-35 t/ha de massa verde. É uma planta de porte médio, excelente no controle da erosão, e suporta o sulcamento direto. É uma descompactadora da camada adensada do horizonte B. A leguminosa controla nematóides, mas sofre com o ataque de fungos.
O guandu é uma leguminosa dotada de um sistema radicular vigoroso e muito desenvolvido, o que lhe permite resistir melhor os períodos de estiagem. Adapta-se a todos os tipos de solo, com exceção daqueles
que apresentam excesso de umidade. É uma planta com alto grau de fixação do N do ar. Pode ser misturada com outras leguminosas, no plantio, mas não tolera o fechamento. O guandu é grande produtora de proteína bruta, mais do que 20%. Produz, em média, 15 t/ano de massa verde, em 3 a 4 cortes.
Nos citros, a Crotalária juncea é a mais indicada para pomares em formação. A utilização contínua, como adubação verde e depois como cobertura morta, provoca aumentos significativos na produção de frutos,
quando comparada com capinas, gradagem e uso de herbicidas. Nos pomares novos, o plantio de adubos verdes é feito com uma grade leve. Nos pomares velhos (plantas adultas), a utilização de grades é prejudicial. Os adubos verdes, quando for o caso, somente devem ser adubados com fertilizantes químicos com a finalidade de corrigir alguma deficiência nutricional. A semeadura deve ser feita na área total, obtendo-se maior proteção do solo e maior produção de massa verde.
Nos pomares de citros já instalados, durante a formação, pode-se usar o plantio de adubos verdes no sistema rua sim, rua não, até o quarto ano. Se for utilizada uma planta de porte menor, o plantio pode ser feito em todas as ruas.
Nos pomares de citros em produção, a preferência deve ser por leguminosas de baixo porte, e adotar práticas mínimas, como o plantio direto na palha, para não provocar danos às raízes das frutíferas, pois o sistema radicular, neste estágio, já avançou nas ruas. Nos pomares mais velhos e fechados, a preferência
deve ser pela utilização do feijão-de-porco que tem apresentado bons resultados. Segundo resultados de pesquisa, o feijão-de-porco adiciona 27% mais de N do que a crotalária. Em pesquisa feita pela EMBRAPA, com citros, em Sergipe (2006), o uso de 50% de N (uréia) na linha dos citros e mais o plantio de feijão-de-porco ou de Crotalária juncea, apresentou alto teor foliar de N e produtividade mais alta do que quando foi usado o convencional, ou seja, Mato+100% de N (uréia).
Pode ser usado, também, o nabo forrageiro pantado de março a maio, como manejo de inverno. O nabo forrageiro caracteriza-se por se um grande descompactador do solo, e com uma produção intensa de flores que favorece o equilíbrio biológico de pragas e doenças pelo abrigo de inimigos naturais. Nos pomares de citros é comum a compactação do solo devido ao tráfego de máquinas agrícolas nas entrelinhas. Isto compromete a produtividade das árvores pela dificuldade das raízes devido à resistência oferecida pelo solo. As raízes não conseguem se aprofundar no solo, limitando a absorção de água e de nutrientes.

2 comentários:

  1. Caro Colega

    O seu novo texto dá azo para mostrar mais um aspecto dos ensaios com luzerna,já rederidos,agora,as alterações de pH(em água)do solo,depois dos quatro anos de cultura. Os valores apresentados são médias de oito amostras.

    Ensaio 1
    Camada 0-20cm
    Início-7,1 Fim-6,8
    Camada 20-40cm
    Início-7,25 Fim-6,85

    Ensaio 2
    Camada 0-20cm
    Início-7,15 Fim-6,9
    Camada 20-40cm
    Início-7,3 Fim-7,15

    Como se vê,ocorreu acidificação em todos os casos. Não era coisa inesperada,como se sabe,pois não são raros os casos em que tal tem sucedido. Para isto,contribui,como é sabido,por um lado,a acidificação resultante da mineralização de resíduos portadores de azoto orgânico,em que a cultura de luzerna é rica,e,por outro lado,a acidificação ligada
    à absorção particular das leguminosas,em que se dá uma maior absorção de catiões do que aniões,que implica mais alcalinidade. De resto,neste caso, a maior parte da biomassa foi removida,para utilização imediata e para silagem.

    Muito boa saúde,Caro Colega.

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  2. Caro Colega

    Apresso-me a desfazer um erro de palmatória. É menos alcalinidade,e não mais,como,erradamente,se escreveu,como era evidente. Coisas que sucedem,ainda que se não queira.

    Com as minhas muitas desculpas,e os meus agradecimentos,e os desejos de bos saúde,Caro Colega.

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