terça-feira, 26 de outubro de 2010

A Importância e o Manejo da Adubação Orgânica

O produtor, para elevar os níveis de fertilidade do solo, tem lançado mão da aplicação de fertilizantes minerais. Estes, entretanto, representam uma parcela grande nos custos de produção. Até o mês de agosto de 2010, a indústria de fertilizantes entregou 2,7 milhões de toneladas de fertilizantes, segundo a ANDA - Associação Nacional Difusão do Adubo. Considerado o melhor agosto de 2007, as entregas totalizam, no período de janeiro a agosto, 13,6 milhões de toneladas, ou seja, 2,4% a mais que igual período em 2009.
Mas, não somente de fertilizantes minerais vivem as plantas. O produtor tem a sua disposição vários materiais orgânicos, disponíveis na propriedade, que podem ser utilizados como adubação para as plantas. São os estercos curtidos de animais, resíduos de culturas, composto, adubação verde, e outros, como o lodo de esgoto, composto de lixo e resíduos de indústrias agropecuárias. Todos são, sem exceção, fornecedores de nutrientes para as plantas, embora a concentração, nos adubos orgânicos, seja baixa. Aqui, os nutrientes estão na forma orgânica devendo ser mineralizados para aproveitamento pela planta. Além de fornecerem nutrientes, os adubos orgânicos melhoram a estrutura física, química e biológica, aumentam da CTC e a matéria orgânica do solo.
Antes da sua utilização, é recomendável que o produtor mande analisar os diferentes materiais orgâncos disponíveis na propriedade, para conhecer os teores de nutrientes existentes em cada um, já que a composição e concentração varia de uma fonte para outra.
Os adubos orgânicos, sejam na forma sólida ou líquida, apresentam quantidades de nutrientes, e teores de liberação diferentes de um material para outro. Os estercos sólidos e os resíduos orgânicos apresentam maior relação C/N e menor quantidade de nutrientes. Sua decomposição é lenta no solo e os nutrientes são liberados em menor quantidade para as plantas. Por outro lado, contribuem para o acúmulo de matéria orgânica no solo. Já os estercos líquidos liberam maior quantidade de nutrientes para as plantas. 
Os resíduos orgânicos estão sujeitos aos mesmos problemas encontrados com os fertilizantes minerais: fixação do P, perdas de N no solo, por volatilização de amônia ou lixiviação, imobilização pelos microorganismos, etc. O potássio (K), por não haver necessidade de ser mineralizado, é 100% disponível no primeiro cultivo.
Disto se conclui, que o uso de adubos orgânicos e fertilizantes minerais permite aumentar a produtividade das culturas. Como os resíduos orgânicos possuem baixo teor de nutrientes, é preciso complementar as necessidades das plantas, ou seja, a recomendação de adubação utilizando, também, fertilizantes minerais. Existem, no mercado, produtos fabricados pela mistura de orgânicos com minerais. São os chamados fertilizantes organo-minerais, que deverão obedecer as normas da legislação, garantindo uma soma NPK, no mínimo, de 12% e um teor de matéria orgânica de 25%. A dose aplicada deve ser baseada em termos de teores recomendados pela pesquisa oficial, para cada região. É claro, que Técnico e produtor, devem analisar os custos para uma tomada de decisão.
Os adubos orgânicos devem ser aplicados no solo antes da semeadura ou plantio visando proporcionarem melhor aproveitamento dos nutrientes. Como existem perdas de N, pela volatilização de amônia, a aplicação deve ser feita em dias nublados, temperatura amena, ou antes de uma chuva ou irrigação.
A maioria dos adubos orgânicos possue uma relação C/N alta e não supre as quantidades de N necessárias para o crescimento das plantas. É preciso, então, complementar com um fertilizante mineral nitrogenado. Nas leguminosas, não se recomenda o uso de resíduos orgânicos, pois elas têm a capacidade de fixar o N do ar. Numa rotação de culturas, gramíneas e leguminosas, é recomendada a aplicação de adubos orgânicos no cultivo da gramínea e, após a colheita, plantar leguminosa para aproveitamento do efeito residual. Os resíduos orgânicos sólidos devem ser armazenados em locais cobertos.
O uso contínuo de adubos orgânicos melhora as propriedades físicas do solo, mas evitar o uso excessivo deles, porque os problemas serão idênticos àqueles que ocorrem com os fertilizantes minerais. E lembre-se de não usar, no caso de produção de alimentos consumidos pela população, in natura, estercos não curtidos, porque são fontes de patógenos causadores de graves doenças.
No cálculo das quantidades de nutrientes NPK a serem aplicadas, através da adubação orgânica com sólidos, a fórmula empregada é esta:
X = A x B/100 x C/100 x D
onde, X = quantidades disponíveis de nutrientes em kg/ha;
A = quantidade de material orgânico aplicado em kg/ha;
B = percentagem de materia seca (MS) no material;
C = percentagem de nutriente na MS;
D - índice de eficiência agronômica de cada nutriente.
Vamos estabelecer um exemplo para melhor compreensão: Um produtor recebeu uma recomendação de adubação, em kg/ha, de N=50; P2O5=70; K2O=50. O material a ser usado é a cama de frango que possui MS=75%; N=3,5%; P2O5=3,8% e K2O=3,0% Os índices de eficiência dos nutrientes N/P/K, é, respectivamente, 0,5/0,8/1,0. Aplicando a fórmula, teremos:
50 kg/ha K2O = A x 75/100 x 3,0/100 x 1,0
A = 2.222 kg/ha ou 2,2 t/ha de cama de frango.
N kg/ha = 2.222 x 75/100 x 3,5/100 x 0,5
N = 29 kg/ha
P2O5 kg/ha = 2.222 x 75/100 x 3,8/100 x 0,8
P2O5 = 50 kg/ha
As 2.222 kg ou 2,2 t/ha de cama de frango fornecem: 29 kg N/ha; 50 kg P2O5/ha e 50 kg K2O/ha.
Faltam: N=50-29=21kg/ha e P2O5=70-50=20 kg/ha. que deverão ser complementados com fertilizantes nitrogenados e fosfatados.
No caso de adubos orgânicos líquidos, o cálculo das quantidades disponíveis de nutrientes NPK é a seguinte:
Y = A x B x D
onde, Y = quantidade disponível em kg/ha;
A = quantidade de material aplicado em m³;
B = concentração do nutriente no produto em kg/m³;
C = índice de eficiência do nutriente.

OUTROS ASSUNTOS PARA LER
A relação C/N
A matéria orgânica do solo
Os tipos de adubos orgânicos
Os microorganismos do solo

3 comentários:

  1. Boa tarde,

    Obrigada pelas explicações Sr. Gismonti.
    Gostaria de saber de onde vem ou como são calculados os índices de eficiência agronômica dos nutrientes?

    Grata,
    Flavia

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    Respostas
    1. Estes dados são fornecidos pelos órgãos de pesquisa através dos trabalhos realizados a campo.

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