terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Manejo dos Fertilizantes Nitrogenados Aumenta Eficiência no Solo


Uma das fontes de nitrogênio para o solo são as leguminosas. Estas espécies têm a propriedade de fixar o N do ar, através das bactérias do gênero Rhysobium que vivem em simbiose com as raízes das plantas. Na época de florescimento das leguminosas, elas devem ser cortadas e incorporadas ao solo. Existem bactérias fixadoras específicas para o feijão, soja, trevos, etc. Hoje já existem bactérias fixadoras para gramíneas como o milho, trigo. É a fonte mais barata de incorporar nitrogênio no solo, pois o
custo é somente com o inoculante e com a mão-de-obra para fazer a inoculação. Isto contribui muito para diminuir a quantidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados.
Na soja pode-se dispensar a adubação nitrogenada nas áreas já exploradas com esta leguminosa. Numa área nova, a implantação da soja deve ser com pequena quantidade de N para dar o arranque para as plantas. Portanto, numa lavoura de milho, em sequência a uma lavoura de soja, pode-se diminuir a quantidade de nitrogênio. É bom consultar um agrônomo para avaliar a quantidade ideal. Existe, também, a fixação livre, diferente da fixação simbiótica, mas as quantidades de N fixadas são pequenas. É o caso dos microorganismos Azotobacter e Clostridium que retiram energia da matéria orgânica para fixar o nitrogênio do ar. Eles armazenam o N e só o liberam para o solo após a sua morte e humificação.
As chuvas, acompanhadas de descargas elétricas, contribuem para aumentar a quantidade de N e de S no solo. Os resíduos orgânicos, transformados em húmus, contribuem para o fornecimento de N, S e B. Os fertilizantes nitrogenados, que exigem maiores gastos e onerando os custos de produção, são fontes de nitrogênio para as culturas.
No solo, as plantas absorvem o nitrogênio nas formas de nitrato (NO3) ou amoniacal (NH4). Há formação de NO2 ou nitrito, mas não chega a ser muito absorvido, pois é rapidamente transformado em nitrato pela ação de bactérias e fungos existentes no solo. Se assim não fosse, como é tóxico, seria prejudicial para as plantas.
Os adubos nitrogenados são muito salinos. Em contato direto com sementes, folhas, provocam danos à planta. Comparada ao salitre do Chile, que tem o índice salino (IS) igual a 100, a uréia possui um IS = 70 e o sulfato de amônio 69%. Para conhecimento do leitor, o cloreto de potássio é o mais salino, com um IS = 115. Por outro lado, os fertilizantes nitrogenados, pelo uso contínuo, acidificam o solo. O índice de acidez é medido pela quantidade de carbonato de cálcio que será necessária para neutralizar a acidez provocada pelo emprego do fertilizante nitrogenado. A uréia, o sulfato de amônio, no processo de nitrificação, liberam o íon H+ que colabora para acidificar o solo. Os produtos orgânicos não transformados em húmus acidificam o solo pela formação de ácidos orgânicos. Quanto ao Índice de Acidez (IA), o sulfato de amônio apresenta o maior índice (110), seguido da uréia (75).
A uréia é o fertilizante nitrogenado mais empregado pelos produtores nas adubações de cobertura. Por ser muita concentrada em N (45%), apresenta as desvantagens de índice salino de 70% e índice de acidez de 75%. Portanto, deve ser aplicada em cobertura em dias nublados, ou nas horas mais frescas do dia, ou incorporada no solo superficialmente ou submetida à irrigação. Em temperaturas altas, as perdas do N da uréia são por volatilização. Sua unidade de N (R$/kg) é a mais barata, em comparação ao sulfato de amônio, afora os menores gastos com frete, gastos com combustíveis e mão-de-obra para aplicação do produto. No solo, a uréia deve sofrer a ação da enzima "urease", que pela carbonatação ou pela amonização, libera o N para as plantas.
O sulfato de amônio apresenta a menor concentração de N (20%), mas um elevado índice de acidez (110). Entretanto, na sua concentração, apresenta 24% de S. Quando se emprega formulações de adubos sem enxofre por muito tempo, começa a aparecer deficiências deste nutriente. Neste caso, a aplicação de sulfato de amônio vem a ser interessante.
O nitrato de cálcio é o adubo nitrogenado cujo N (14%) está na forma de nitrato (NO3) muito solúvel e facilmente lixiviada no solo. Apresenta, também, 28% de CaO que corresponde a 18% de cálcio.
Existe uma forma líquida, o nitrocálcio, muito utilizada na fertirrigação, que possui 27% de N, sendo 50% na forma nítrica e 50% na forma amoniacal e baixo índice de acidez (26).
Cabe ao agricultor, junto com o agrônomo, eleger a melhor fonte considerando diversos aspectos. A uréia é mais concentrada. O sulfato de amônio é menos concentrado, mas possui enxofre (S) na sua composição, pois em solos deficientes e pobres de matéria orgânica é necessário aplicá-lo.
A utilização de formulações prontas, geralmente, na sua totalidade, são deficientes de enxofre. O uso contínuo destas formulações vai acarretando uma deficiência de S no solo.
Para comparar o custo do kg de N de cada fonte é preciso saber o preço da tonelada do produto posto na propriedade (incluir o custo do frete ou CIF) e dividir pelo teor de N x 10. Por quê? A uréia tem 45% de N, isto é, em 100 kg temos 45 kg de N. Logo, em 1.000 kg (1 t) teremos 450 kg N. Por isto se divide o custo da tonelada do produto + frete por 450, no caso da uréia, e por 200 no caso do sulfato de amônio. Você vai encontrar que o kg de N da uréia deverá ser mais econômico.
Na recomendação de N, devemos levar em consideração o tipo de solo, a textura do solo, o regime pluviométrico, o teor de matéria orgânica, etc. Solos com adequados teores de matéria orgânica proporcionam maiores quantidades de N para as plantas e a quantidade de nitrogênio aplicada deve ser menor. Solos arenosos, com baixa capacidade de troca de cátions, estão sujeitos à perdas de N por lixiviação. Nestes casos, as quantidades de N devem ser maiores e aplicadas em maior número de parcelamentos. O mesmo para áreas sujeitas a excesso de chuvas. O sulfato de amônio, embora seu N esteja na forma amoniacal, após alguns dias pode sofrer o processo de nitrificação que o transforma em NO3 que pode ser lixiviado, mas em menores quantidades. A uréia, por seu N amídico, sofreria menos lixiviação, mas mal manejada a sua aplicação no solo (cobertura submetida à ação do calor do sol) favorece as perdas por volatilização.


6 comentários:

  1. Ola ,queria saber qual produto tem maior lixiviaçao;ureia ou sulfato de amonio aplicados a lanço em um solo de textura media 15-30% de argila com precipitaçao pluviometrica igual.Qual seria mais recomendado?

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  2. Praticamente, as perdas de N por lixiviação, tanto na uréia como no sulfato de amônio são pequenas. Como possuem o íon NH3 eles precisam passar a nitrato (NO3). Em solos arenosos, recomenda-se o parcelamento da adubação em cobertura em mais vezes. O maior problema com a uréia é as perdas por volatilização quando aplicada em épocas de estiagem ou em dias muito quentes. Deve-se dar preferência a aplicação em dias chuvosos ou submeter à irrigação.

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    1. Muito obrigado pela resposta,gostaria de saber tanbem qual recomendaçao seria mais correta para aplicaçao de 600kg de sulfato na cultura do milho.Alguns tecnicos me suporam jogar todo o sulfato a lanço antes do plantio da cultura e me diseram que nao averia problema,mas eu acho que vai aver grande perda de nitrogenio por lixiviaçao no solo ate que a planta consiga adquirir este nitogenio,lembrando que meu solo possui de 20-30% de argila gostaria de saber se posso aplicar esse nitrogenio dessa maneira.

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    2. Rcomendo parcelar esta aplicação de N. ou seja, 1/3 na base, 1/3 quando o milho tiver 40 cm de altura e 1/3 na época do penduamento.

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  3. Muito obrigado pela resposta,gostaria de parabenizalo pelo blog,e pelos artigos postados que estao me ajudando a trazer imformaçoes importantes para a tomada de decisoes no campo. Fernando tec. agricola.

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  4. Parabéns à quem teve a inicativa de criar esse blog, abordando importantíssimas questões como essas, sobre os adubos nitrogenados.

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