Repondo os Nutrientes pela Adubação Orgânica

O produtor rural, antes de utilizar os resíduos, deve fazer uma análise dos mesmos para ter uma ideia da concentração de macro e micronutrientes, bem como o teor de água. A concentração de nutrientes é expressa em matéria seca (MS). O material é seco em estufa a 65 ºC.

Os estercos sólidos e os resíduos orgânicos com muita fibra apresentam altos teores na relação C/N e menor quantidade de nutrientes minerais. Por isto, decompõem mais lentamente no solo e liberam menor quantidade de nutrientes para as plantas. Entretanto, são ótimos para o acúmulo de
matéria orgânica no solo.

Os estercos líquidos apresentam maiores quantidades de nutrientes disponíveis para as culturas.
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Os diferentes estercos de animais e resíduos orgânicos apresentam índices de eficiência  dos nutrientes no solo, em cultivos sucessivos. O nitrogênio (N), mineral e orgânico, apresenta índices de eficiência que variam de 0,3 a 0,5 com exceção do esterco de suíno, na forma líquida, que apresenta um índice do N de 0,8 (80%) no primeiro cultivo e 0,2 no segundo. O fósforo, nos diferentes estercos e resíduos orgânicos, apresenta um índice de 0,8 no primeiro cultivo e 0,1 a 0,2 no segundo cultivo. O único que apresenta um índice de 1,0 é o potássio, pois torna-se totalmente disponível no primeiro cultivo. Os nutrientes contidos nos produtos orgânicos têm o mesmo efeito que os nutrientes que fazem parte de um fertilizante mineral. Deste modo, os nutrientes estão sujeitos à perdas e lixiviação de nitrogênio e potássio, à volatilização da amônia, aos processos de nitrificação, imobilização pelos micro-organismos do solo, à fixação do P pelos compostos de ferro e alumínio, etc.
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Por exemplo: um produtor quer aplicar cama de frango de 3-4 lotes, para atender uma recomendação de 40 kg/ha N, 70 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de K2O. Qual a quantidade de cama de frango (3-4 lotes) que será necessária.

A fórmula a ser utilizada é a seguinte:

Q = A x B/100 x C/100 x D

Q = quantidade de nutriente a aplicar em kg/ha;

A = quantidade de material a aplicar em kg/ha;

B = porcentagem de MS do material;

C = porcentagem do nutriente na MS;

D = índice de eficiência de cada nutriente.

Então, aplicando a fórmula teremos:

40 kg/ha N = A x 75/100 x 3,2/100 x 0,5

A = 40 / (75/100 x 3,2/100 x 0,5)

A = 40 / (0,75 x 0,032 x 0,5)

A =  3.334 kg/ha de cama de frango (3-4 lotes) para suprir 40 kg/ha de N.

Estes 3.334 kg/ha fornecem:

Quanto ao P2O5: a cama de frango (3-4 lotes) possue 3,5% de P2O5

Quanto ao K2O: possui 2,5% de K2O

Logo:

Q (P2O5 kg/ha) = 3.3334 x 75/100 x 3,5/100 x 0,8

Q (P2O5 kg/ha) = 3.3334 x 0,75 x 0,035 x 0,8

Q (P2O5) = 70 kg/ha

Q (K2O kg/ha) = 3.3334 x 75/100 x 2,5/100 x 1,0

Q (K2O kg/ha) = 3.3334 x 0,75 x 0,25 x 1,0

Q (K2O)= 62 kg/ha

No caso dos estercos líquidos, a fórmula para calcular as quantidades disponíveis de NPK é a seguinte:

Q = A x B x D

Q = quantidade de nutriente a aplicar em kg/ha;

A = quantidade de material aplicado em m³/ha;

B = concentração do nutriente no produto em kg/m³;

D = índice de eficiência de cada nutriente.

Por exemplo: utilização de esterco líquido de bovinos:

40 kg/ha N = A x 1,4 x 0,3

A = 40 / 1,4 x 0,3

A = 40/0,42

A = 95 m³/ha

Q (P2O5 kg/ha) = 95 x 0,8 x 0,8

Q = 60 kg/ha P2O5

Q (K2O kg/ha) = 95 x 1,4 x 1,0

Q = 133 kg/ha K2O

Temos um déficit de P2O5 (70-60) e um excesso significativo de K2O (133-60), além de uma quantidade exagerada de esterco do bovino/ha.

A alternativa é partir para esterco líquido de suínos: 

40 kg/ha N = A x 2,8 x 0,8

A = 40 / 2,8 x 0,8

A = 40/2,24

A = 17,860 m³/ha

Q (P2O5 kg/ha) = 17,860 x 2,4 x 0,9

Q = 38,5 kg/ha P2O5

Q (K2O kg/ha) = 17,860 x 1,5 x 1,0

Q = 26,8 kg/ha K2O

A quantidade de N é suprida, mas as quantidades de P2O5 e K2O estão deficientes em 31,5 kg/ha e 33,2 kg/ha, respectivamente. Estas deficiências deverão ser supridas pelos fertilizantes minerais, ou seja:

Em 100 kg de supertriplo (ST) temos .....42 kg P2O5

Quanto ST (X) ..................................... 31,5 kg/ha P2O5

X = (31,5 x 100) / 42

X = 75 kg/ha de Superfosfato triplo

Em 100 kg de cloreto de potássio temos ..... 60 kg K2O

Quanto cloreto de potássio (X) .................. 33,2 kg/ha K2O

X = (33,2 x 100) / 60

X = 55 kg/ha de cloreto de potássio.

Cabe ao produtor e técnico analisarem o custo total do emprego da adubação orgânica + mineral.

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