Muito se tem comentado sobre a interpretação de uma análise do solo. Os dados, no resultado da análise de solo, o índice de pH (em água ou CaCl2), os teores de argila, de matéria orgânica, de fósforo, de potássio, de cálcio e magnésio, de enxofre e micronutrientes. Sempre chamamos a atenção que, para recomendação de calagem e adubação, há necessidade de ter em mãos o manual de recomendação elaborado para cada Estado ou região brasileira. Este manual consta de recomendações preconizadas e de acordo com os resultados alcançados a campo pela pesquisa oficial, a partir de sistemas de calibração, visando o maior retorno financeiro para o
produtor rural. Portanto, cada Estado têm diferentes tipos de solos, de clima, etc, e não se pode usar uma tabela de uma região para outra região. No manual, cada cultura tem as suas necessidades de nutrientes. Enquadrando os resultados obtidos nas análises nas faixas de interpretação dos teores de cada elemento, obtém-se as recomendações de N, P2O5 e K2O em kg/ha, para cada cultura. A calagem é única para o solo e para as culturas, a não ser algumas que necessitam menos calagem, pois são tolerantes a um grau maior de acidez; outras, como a batatinha que necessita a aplicação da metade da dose, devido ao problema da doença murchadeira que aparece em solos com pH acima de 6,0 e a alfafa que necessita uma quantidade em dobro. Mas, o objetivo desse artigo é comentar um resultado de análise de solo que me chegou às mãos recentemente. O resultado da análise é do laboratório da COPERCANA - Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, Sertãozinho.
Um resultado de análise que já vem os elementos com a interpretação de seus teores, em função das tabelas de recomendação. É possível, à primeira vista, observar se os níveis de P, K e outros nutrientes estão muito baixo, baixo médio, alto ou muito alto.
Pelo Quadro 1, temos a interpretação de que a acidez do solo, conforme a amostra, varia de baixa (B), alta (A) e muito alta. A matéria orgânica em duas amostras é média e em outra é baixa. A matéria orgânica está expressa em g/dm³, Para converter em percentagem basta dividir os teores de g/dm³ por 10. Assim, teremos 1,4 1,2 e 0,9 %. O fósforo (P) está expresso em mg/dm³ e seus teores no solo variam de baixo a muito baixo.
No Quadro 2, temos a interpretação dos teores de cátions básicos e disponibilizada a faixa de interpretação.
O potássio (K+) está com teores muito baixos nas três amostras, o alumínio (Al³+) é zero a baixo , o cálcio (Ca²+) é baixo em todas as amostras e o magnésio (Mg²+) é alto e médio.
Visualizando esses dois quadros (1 e 2) podemos tirar um conclusão de que os solos dessas amostras apresentam uma pobreza de fósforo, potássio e cálcio. O magnésio está em situação melhor. A relação Ca/Mg é inferior a 2,3 chegando a 1,8. Há necessidade de elevar a relação para patamares de 3 a 5:1. Os solos contém pouco alumínio, a calagem deverá ser em quantidades pequenas apenas para adicionar Ca e Mg pela elevação da saturação de bases (V%). Um cuidado deve ser tomado na escolha do tipo de calcário. Na primeira amostra, em que a relação Ca/Mg é 2,3, a preferência deverá recair para um calcário calcítico. Nas duas amostras seguintes, onde o magnésio é baixo, a escolha deve ser um calcário com menos de 10% de MgO. A aplicação de um calcário dolomítico com alto teor de MgO poderá provocar um desequilíbrio na relação Ca/Mg. Cálcio demais inibe a absorção de magnésio e vice-versa.
LEIA: Necessidade de calagem pela análise do solo
Quanto se adiciona de Ca e Mg pela calagem
Interpretação das relações entre Ca, Mg e K na análise do solo
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Quanto se adiciona de Ca e Mg pela calagem
Interpretação das relações entre Ca, Mg e K na análise do solo
No Quadro 3, já são disponibilizados os valores encontrados nos cálculos da CTC a pH 7, da soma de bases da percentagem de saturação por bases (V%) e a recomendação de calcário com PRNT 100% e distribuído na camada 0-20 cm do solo. Os dados estão em mmolc/dm³. A CTC e a soma de bases (SB) são baixa a média, e o V% abaixo de 50% dá a indicação de um solo não fértil. Como os dados estão em mmolc/dm³ é preciso cuidar no uso da fórmula para o cálculo da calagem.
NC (t/ha) = (V2 - V1) x T / 10 x 100
Pelos dados dos Quadros 1, 2 e 3 apresentados, podemos concluir que é um solo arenoso, devido aos teores baixos de matéria orgânica, CTC a pH 7 baixa e ausência de alumínio.
LEIA: Calagem pelo método saturação por bases (V%)
Valor da CTC (T) mal aplicado superestima necessidade de calagem
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Valor da CTC (T) mal aplicado superestima necessidade de calagem
O Quadro 4 fornece os teores de enxofre (S) e micronutrientes no solo. O enxofre apresenta diferenças de teores nas amostras, ou seja, baixo, médio e alto. Nos micronutrientes, seus teores estão interpretados assim: o boro (B) é baixo, o cobre (Cu) e o ferro (Fe) são médios, enquanto o manganês e o zinco (Zn) são baixos e médios.
As informações da análise são muito válidas e oportuniza ao "consultor da propriedade" a não necessidade de recorrer a cálculos, e a possibilidade de enquadrar melhor os elementos nas faixas de interpretação. É possível visualizar imediatamente o nível de fertilidade do solo. A forma de lançar os resultados com a interpretação das faixas é ótima.
O Quadro 5 dá uma visualização do enquadramento dos teores de P e K nas faixas de tabelas de recomendação dos Estados e a necessidade de adubação em kg/ha.
Para a cultura da soja, em Minas Gerais, as recomendações seriam de 120 kg/ha de P2O5 e 120 kg/ha de K2O. No Paraná, para culturas de interesse econômico com menos de 360 g/kg de argila, a recomendação é de 70 a 90 kg/ha de P2O5 e 60 a 70 kg/ha de K2O. Veja que as duas tabelas não têm a faixa muito baixo (MB). Então, nesse caso, se considera como faixa baixo.
LEIA: Encontrando fórmulas similares de fertilizantes
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Boa tarde Gastão! Tudo bem?
ResponderExcluirUma dúvida sobre a análise de solo: Aquela parte do balanço nutricional que fica abaixo dos RESULTADOS ANALÍTICOS DE SOLO servem para que? Podem ser usados na Interpretação da Análise de Solo? Que fala da
N (kg/ha)
Adubação|Exportação|Balanço
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O que significa isso? Refere-se à adubação anterior ou à que vou colocar no plantio? Obrigado!
´Favor informar qual cultura, se é plantio em solo coberto com os resíduos de outra cultura precedente, etc
ExcluirBoa tarde. A cultura é o quiabo e foi plantada sobre resíduos de adubos verdes: crotalaria, feijao caupi, mucuna cinza, mucuna preta e calopogonio.
ResponderExcluirOlá professor estou com resultado de uma analise de solo e a quantidade de Fósforo esta (Mehlich) 17,50 mg dm-3.
ResponderExcluirGostaria de saber como faço para saber quanto tem de Fosforo em kg/hectare nesse solo?
Leia
Excluirhttp://agronomiacomgismonti.blogspot.com.br/2014/05/por-que-mgdm-x-2-kgha.html
Bom dia.
ResponderExcluirPreciso do resultado de uma amostra de solo, trabalho de colégio. Por favor.
Veja no link abaixo
Excluirhttps://www.google.com.br/search?q=exemplo+laudo+de+analise+de+solo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwit957P9f7dAhXBl5AKHWbHDWcQ_AUIDigB&biw=1366&bih=651