O calcário agrícola é pouco solúvel em água e por isto tem baixa mobilidade no solo. Aplicado ao solo, o calcário proporciona uma elevação do pH, aumenta a disponibilidade de Ca e Mg e provoca uma redução nas quantidades de Al e (H + Al). Com isto, ganha-se um aumento na CTC e do V% na profundidade de 0-10cm, num período de 2 anos. Estes efeitos são observados em maior proporção na camada de solo 0-10 cm e menores nas camadas mais profundas podendo não ter nenhuma
influência nessas camadas.Com a calagem superficial, usando o calcário "filler", foi constatado um aumento do pH em CaCl2 após 15 dias e restringiu-se à camada de 20 cm. Com o calcário dolomítico isto aconteceu somente à partir dos 45 dias após a aplicação. Houve uma redução dos teores de Al³ trocável, que no caso do do filler se notou nas camadas superficiais, enquanto no calcário esta redução foi verificada em profundidade. Na camada de 20-40 cm esta elevação do pH em CaCl2 foi maior com o filler. O maior valor foi atingido aos 90 dias.
O PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) indica quanto do calcário reagirá com o solo em 90 dias. A diferença entre o PRNT e o PN (Poder de Neutralização) expressa quanto do calcário ficará sem reagir nestes 90 dias, o que chamamos de "poder residual". Por exemplo, um calcário que apresenta um PN de 90% e um PRNT de 75% nos indica que 75% do calcário reagirá em 90 dias e os restantes 15% (90-75) ao longo do tempo. Estes 15% representa o seu poder residual. Por outro lado o calcário filler apresenta um PN e PRNT igual a 100%. Sua reatividade é 100%, pois é um calcário finamente moído. Portanto, ele reagirá totalmente nos 90 dias. Por isto a recomendação de "usar calcário com maior PRNT". A recomendação de calagem é baseada na utilização de um calcário com PRNT de 100%. Se o PRNT for inferior a 100%, deve-se proceder a correção da quantidade (f). Por exemplo, um calcário com PRNT de 80%, o fator de correção (f) será 100/PRNT que neste caso é 100/80 = 1,25. Então, uma dose calculada de 4,0 t/ha será corrigida para 4,0 x 1,25 = 5,0 t/ha.
A preferência por um calcário com PRNT baixo pode ser recomendada no caso de culturas permanentes, pois o ciclo das culturas sendo mais longo haverá um melhor aproveitamento do efeito residual. Com as culturas anuais, precisamos que o calcário reaja mais rápido, pois sendo o ciclo delas mais curto, poderão aproveitar melhor a eficiência da calagem na neutralização da acidez do solo e fornecimento de cálcio. Aqueles produtores que fazem a calagem tarde quase próxima ao plantio são prejudicados, pois as plantas, no momento que estão formando o sistema radicular e se desenvolvendo, encontrarão ainda no solo a presença do Al³ tóxico que é prejudicial para elas, além do não completo fornecimento de Ca e Mg.
O aumento de pH geralmente se verifica aos 45 dias após a aplicação do calcário convencional no solo. Com a utilização do filler este aumento de pH já acontece aos 15 dias após a sua aplicação. O filler é mais caro que o calcário convencional o que limita a sua aplicação em grandes quantidades. Sua utilização deveria ser feita pelos produtores que não tiveram tempo de fazer a calagem antes de 90 dias do plantio. O filler deve ser distribuído nas linhas de plantio. Por isto a recomendação de "aplicar o calcário convencional 90 dias antes do plantio".
Em relação ao Ca houve um efeito maior na camada 0-5 cm em 45 dias após a aplicação do calcário e em 90 dias na camada 5-20. Isto é importante porque neste período a planta está desenvolvendo o seu sistema radicular em área e profundidade e promovendo o crescimento dela. Um sistema radicular bem desenvolvido com raízes profundas tem a chance de absorver maior quantidade de água e nutrientes necessários ao crescimento e produção das plantas. O calcário aplicado a lanço e sem incorporação apresenta pouco eficiência nos teores de cálcio para o solo nas camadas mais profundas, seu efeito é mais visível nas camadas superficiais de 0-10 cm. Por isto a recomendação de "incorporar calcário na camada arável (0-20 cm)".
Os nutrientes não têm o mesmo aproveitamento no solo. Uns estão mais disponíveis para as plantas numa faixa de pH 6 - 6,5. Outros preferem faixa mais baixas de pH. Mas as faixas mais baixas de pH trazem problemas, pois favorecem a presença do Al³ trocável que é tóxico para as plantas.
Disponibilidade dos nutrientes em função do pH do solo |
Devido a sua baixa mobilidade no solo e por ser pouco solúvel em água, a reação do calcário fica limitada ao local de aplicação ou de incorporação. Alguns recomendam a aplicação do calcário junto com o gesso agrícola na região dos Cerrados. Seria uma alternativa para melhorar as condições químicas do solo. O gesso agrícola sendo mais solúvel em água do que o calcário, carregaria o Ca para as camadas mais profundas e o ânion sulfato reagiria com o Al³ formando sulfato de alumínio que é insolúvel. O Al³ tóxico seria neutralizado nas camadas mais profundas. A utilização do calcário junto com o gesso agrícola deve ser feita com doses equilibradas, pois o excesso ou a falta de um dos dois poderá provocar sérios prejuízos à produção. O produtor deve contatar um assistente técnico que fará a recomendação da quantidade baseada na análise do solo.
O calcário necessita de água para reagir no solo. O solo deve estar úmido e, portanto, evitar os períodos de seca para fazer a calagem. Na solubilização do calcário, as hidroxilas OH reagem com o Al³ e o H livre formando o hidróxido de alumínio que é insolúvel. Desta maneira, cargas negativas são liberadas e ocupadas por cátions básicos que serão absorvidos pelas raízes das plantas quando presentes na solução do solo. Quanto à quantidade de água necessária para a solubilização do calcário no solo é recomendada uma precipitação que eleve a capacidade de retenção de água do solo ao máximo num intervalo de 45 dias.
Obrigado professor, saúde!!!
ResponderExcluirum abraço, Marcos Paulo.bSucesso nas suas atividades!
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