segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Cultivos Orgânicos - Cálculo da Adubação

Os cultivos orgânicos não podem receber fertilizantes minerais. O adubo orgânico é a principal fonte para suprir as necessidades destes cultivos. A adubação orgânica pode ser vegetal ou mineral, e ela contribui para aumentar a atividade dos micro-organismos do solo, repor os nutrientes retirados pelas plantações e melhorar a estrutura do solo. Os tipos de adubos orgânicos mais usados são o composto, o húmus, o esterco de animais e a adubação verde pelo uso das leguminosas. Estas leguminosas cobrem e

protegem o solo fornecendo nutrientes essenciais às plantas. É o que chamamos "adubação verde". Como vimos, os fertilizantes minerais e os organominerais não podem ser utilizados na exploração de cultivos orgânicos. Entretanto, é permitido o uso de fosfatos naturais sem tratamento químico (fosfatos parcialmente acidulados) nem térmico (termofosfatos). Os fertilizantes permitidos, além do fosfato natural, são o pó de rocha (ex. pó de basalto), e o calcário. Alguns fertilizantes químicos podem ser utilizados com restrição, desde que tenham autorização da certificadora, como o sulfato de potássio, o sulfato de magnésio, micronutrientes e outros. A análise do solo deve ser feita e a calagem, se necessária, a quantidade de calcário fica limitada a 2 t/ha/ano. Na adubação, conforme a recomendação, as  quantidades de NPK são aquelas previstas para uma adubação convencional da cultura, mas evitando o uso de fertilizantes químicos.

Cálculo de uma adubação para um cultivo orgânico.

Por exemplo, seja um cultivo de hortaliças de folhas cuja recomendação de adubação é de 150 kg/ha de N, 250 kg/ha de P2O5 e 200 kg/ha de K2O. As matérias-primas disponíveis na propriedade são: cama de frango, cinzas e fosfato natural reativo. As quantidades de nutrientes contidos em cada uma destas matérias-primas são: a cama de frango (3,5% N, 3,8% P2O5 e 3% K2O), as cinzas (2,5% P2O5 e 10% K2O) e o fosfato natural reativo (27% P2O5 total). Vamos fazer os cálculos em relação a kg/ha e no final converteremos para g/m². 

1. Fornecimento de 150 kg/ha de N

Em 100 kg de cama de frango temos.......................... 3,5 kg N

Quanto (X) de cama de frango precisamos para ter... 150 kg/ha N

X =150 x 100 / 3,5 = 4.285 kg/ha de cama de frango

2. Fornecimento de P2O5 pela cama de frango.

em 100 kg de cama de frango temos.................... 3,8 kg de P2O5

em 4.285 kg/ha de cama de frango teremos ........ (Y) kg/ha de P2O5

Y = 4.285 x 3,8 / 100 = 162,83 kg/ha de P2O5

3. Fornecimento de K2O pela cama de frango.

em 100 kg de cama de frango temos ................... 3 kg de K2O

em 4.285 kg/ha de cama de frango teremos ........ (Z) kg/ha de K2O

Z = 4.285 x 3 / 100 = 128,55 kg/ha de K2O

Agora devemos calcular a deficiência que temos em nutrientes, ou seja o que a cama de frango forneceu e o que requer a recomendação baseada na análise do solo. O N está satisfeito, pois a cama de frango forneceu os 150 kg/ha necessários. O P2O5 (250 - 162,83 = 87,17 kg/ha) terá que ser reposto pelo fosfato natural reativo e pelo uso das cinzas. O K2O (200 - 128,55 = 71,45 kg/ha) deverá ser acrescentado pelo uso das cinzas.

4. Fornecimento de K2O pelas cinzas.

em 100 kg de cinzas temos ................................................ 10 kg de K2O

quanto kg/ha (M) de cinzas precisamos para ter................. 71,45 kg/ha de K2O

M = 71,47 x 100 / 10 = 714,5 kg/ha de cinzas.

5. Fornecimento de P2O5 pelas cinzas.

em 100 kg de cinzas temos .......................  2,5 kg de P2O5

em 714,7 kg/ha de cinzas teremos ............ (P) kg/ha de P2O5

P = 714,7 x 2,5 / 100 = 17,86 kg/ha de P2O5

Então, N e K2O estão satisfeitos nas suas respectivas quantidades, ou seja N = 150 kg/ha (cama de frango), K2O = 128,55 (cama de frango) + 71,47 (cinzas) = 200 kg/ha. Quanto ao P2O5 temos 162,83 kg/ha (cama de frango) + 17,86 kg/ha (cinzas) = 180,69 kg/ha de P2O5. Neste caso há uma deficiência de 250 - 180,69 = 69,31 kg/ha de P2O5 que deverão ser repostos pelo uso do fosfato natural reativo.

6. Fornecimento de P2O5  pelo fosfato natural reativo.

em 100 kg de fosfato natural reativo temos ............................................ 27 kg de P2O5

quantos kg/ha (R) de fosfato natural reativo precisamos para ter............. 69,31 kg/ha de P2O5

R = 69,31 x 100 / 27 = 256,71 kg/ha de fosfato natural reativo

No quadro abaixo, o leitor poderá visualizar o resultado dos cálculos executados para atingir o objetivo da adubação de uma hortaliças de folhas conforme recomendação NPK.

Qual a quantidade em g/m² de cada produto?  Para transformar kg/ha em g/m² basta dividir kg/ha por 10. Então, a quantidade em g/m² de cada produto será a seguinte: cama de frango 4.285/10 = 428,5 g/m², cinzas 714,5/10 = 71,45 g/m² e fosfato natural reativo (FNR) 256,71/10 = 25,671 g/m².

2 comentários:

  1. Melhor explicado, impossível!
    Muito bom.

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    1. Obrigado Heloisa. Ficamos satisfeitos que conseguimos atingir o objetivo pelo qual nos propomos.

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