segunda-feira, 5 de julho de 2021

Cálculo de uma Formulação de Fertilizante com Duas Formas de Nitrogênio (N)

Cálculo da composição de uma formulação de fertilizante
usando duas formas de nitrogênio (N)

Muitas vezes recomendações de nitrogênio exigem duas formas destes nutriente na composição de uma formulação de adubo: a forma nítrica (N-NO3) e a forma amoniacal (N-NH3). Então, deveremos utilizar matérias-primas nitrogenadas que possuem estas duas formas de nitrogênio. Cada uma delas têm as suas vantagens.

Por exemplo: queremos preparar uma formulação 6-30-12 que contenha 1/4 do nitrogênio na forma nítrica e os restantes 3/4 na forma amoniacal. O primeiro passo é escolher o adubo nitrogenado que as contenha. Na forma nítrica temos o nitrato duplo de sódio e potássio (14% N, 8% K2O), nitrato de cálcio (14% N), nitrato de potássio (13% N, 44% K2O), nitrato de sódio (16% N), nitrofosfato (14% N, 18% P2O5, 6% Ca). 

Na forma amoniacal temos a amônia anidra (82% N), o sulfato de amônio (20% N), o cloreto de amônio (25% N), o polifosfato de amônio (10% N, 34% P2O5), o MAP (9% N, 48% P2O5), o MAP cristal* (11% N, 60% P2O5), o DAP (17% N, 45% P2O5) e DAP cristal* (19% N, 50% P2O5). 

(*) O DAP e MAP cristal são obtidos pelas respectivas reações do ácido fosfórico de alta pureza com a amônia, e a purificação de ambos produtos. 

Existem outras que têm as duas formas na sua composição, como o nitrato de amônio (32% N), o nitrato de amônio e cálcio (20% N) e o nitrossulfocálcio (4% N, 3% S, 3% Ca), que possuem 50% na forma nítrica e 50% amoniacal. Já o sulfonitrato de amônio (25% N, 12% S) possui 75% do N na forma amoniacal e 25% na forma nítrica. As garantias dos produtos, aqui citados, estão de acordo com a "Instrução Normativa nº 39 de 8 de agosto de 2018"

Após este parêntese, vamos iniciar o cálculo da fórmula 6-30-12, cujo N (6) deverá ser 1/4 na forma nítrica e 3/4 na forma amoniacal. Ora 1/4 de 6 é igual a 6% x 1/4 = 1,5% e, consequentemente, a forma amoniacal deverá ser 4,5% (6-1,5). Então a formulação 6-30-12 deverá ter 1,5% do N na forma nítrica e 4,5% na forma amoniacal. Na escolha das matérias-primas nitrogenadas devemos levar em consideração a compatibilidade entre elas bem como em relação aos adubos fosfatados e potássicos.  Acesse aqui para ver a "Compatibilidade entre os fertilizantes". 

Então, usaremos as seguintes matérias-primas: 

Como fonte de N: nitrato de cálcio que possui 14% de N na forma nítrica e o MAP que tem 9% de N na forma amoniacal, além do P2O5.

Como fonte de P2O5: MAP que possui 48% de P2O5 e superfosfato triplo (ST) com 41% de P2O5. 

Como fonte de K2O: cloreto de potássio com 50% de K2

Para calcular a composição de uma formulação devemos iniciar sempre pelo potássio, pois o fertilizante mais utilizado é o cloreto de potássio:

  1. Calcular os 12% de K2O

12% de K2O quer dizer que em cada 100 kg teremos 12 kg e numa tonelada (10 vezes mais) precisaremos 120 kg, pois as fórmulas de fertilizantes são calculadas em 1.000 kg.

100 kg de cloreto de potássio tem.................................................  50 kg K2O

quanto cloreto de potássio (X) em kg/t precisamos para ter.......... 120 kg K2O

X = 120 x 100 / 50 = 240 kg/t Cloreto de potássio

        2. a) Calcular os 1,5% do N na forma nítrica  que corresponderá a 15 kg de N na tonelada da mistura.

100 kg de nitrato de cálcio tem................................................... 14 kg de N

Quanto nitrato de cálcio (Y) em kg/t precisamos para ter........... 15 kg de N

Y = 15 x 100 / 14 = 107 kg/t de nitrato de cálcio

            b) Calcular os 4,5% do N na forma amoniacal ou 45 kg de N por tonelada de mistura.

100 kg de MAP tem .................................................   9 kg N

quanto (Z) MAP em kg/t precisamos para ter............. 45 kg N

Z = 45 x 100 / 9 = 500 kg/t de MAP

        3. Calcular o teor de P2O5 (30%). Lembre-se que o MAP fornece, além do N, também o fósforo. E já calculamos que são necessários 500 kg de MAP para fornecer o nitrogênio. Então,

100 kg de MAP fornecem ..........................   48 kg P2O5

500 kg de MAP fornecerão .......................    (B) kg/t P2O5

B = 500 x 48 / 100 = 240 kg/t P2O5 ou seja, 24% de P2O5

Temos três situações: os teores de N e K2O estão satisfeitos. Em relação ao P2O5 temos uma deficiência de 6% (30-24) que precisaremos completar adicionando um superfosfato . Por outro lado, a soma das matérias-primas utilizadas dão um total de 847 kg (240+107+500). Faltam 153 kg (1.000-847) para fechar a formulação. 

Para isso, vamos utilizar o superfosfato triplo (ST) que contém 41% de P2O5.

100 kg supertriplo (ST) fornecem .................................. 41 kg P2O5

quanto (M) de ST em kg/t precisaremos para ter ......... 60 kg P2O5 (referente aos 6% para completar a garantia expressa na fórmula, ou seja 30% de P2O5 .

M = 60 x 100 / 41 = 147 kg/t de ST (arredondamos).

Somando todas as quantidades de matérias-primas chegaremos a um total de 994 kg, faltando 6 kg para completar os 1.000 kg de produto final. Estes 6 kg poderão ser adicionados através de uma "carga". A legislação de fertilizantes admite uma carga de até 10% do produto final e esta pode ser granilha, saibro, caulim, turfa, farelo e tortas de origem vegetal. No link acima sobre a Instrução Normativa nº 39 poderá ser visualizada estas cargas.

Conclusão: No quadro apresentado no início desta publicação, o leitor poderá acompanhar os cálculos realizados para obter o produto final 6-30-12, cujo N se apresenta 1/4 na forma nítrica e 3/4 na forma amoniacal.

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