Cálculo da composição de uma formulação de fertilizante usando duas formas de nitrogênio (N) |
Muitas vezes recomendações de nitrogênio exigem duas formas destes nutriente na composição de uma formulação de adubo: a forma nítrica (N-NO3) e a forma amoniacal (N-NH3). Então, deveremos utilizar matérias-primas nitrogenadas que possuem estas duas formas de nitrogênio. Cada uma delas têm as suas vantagens.
Por exemplo: queremos preparar uma formulação 6-30-12 que contenha 1/4 do nitrogênio na forma nítrica e os restantes 3/4 na forma amoniacal. O primeiro passo é escolher o adubo nitrogenado que as contenha. Na forma nítrica temos o nitrato duplo de sódio e potássio (14% N, 8% K2O), nitrato de cálcio (14% N), nitrato de potássio (13% N, 44% K2O), nitrato de sódio (16% N), nitrofosfato (14% N, 18% P2O5, 6% Ca).
Na forma amoniacal temos a amônia anidra (82% N), o sulfato de amônio (20% N), o cloreto de amônio (25% N), o polifosfato de amônio (10% N, 34% P2O5), o MAP (9% N, 48% P2O5), o MAP cristal* (11% N, 60% P2O5), o DAP (17% N, 45% P2O5) e DAP cristal* (19% N, 50% P2O5).
(*) O DAP e MAP cristal são obtidos pelas respectivas reações do ácido fosfórico de alta pureza com a amônia, e a purificação de ambos produtos.
Existem outras que têm as duas formas na sua composição, como o nitrato de amônio (32% N), o nitrato de amônio e cálcio (20% N) e o nitrossulfocálcio (4% N, 3% S, 3% Ca), que possuem 50% na forma nítrica e 50% amoniacal. Já o sulfonitrato de amônio (25% N, 12% S) possui 75% do N na forma amoniacal e 25% na forma nítrica. As garantias dos produtos, aqui citados, estão de acordo com a "Instrução Normativa nº 39 de 8 de agosto de 2018".
Após este parêntese, vamos iniciar o cálculo da fórmula 6-30-12, cujo N (6) deverá ser 1/4 na forma nítrica e 3/4 na forma amoniacal. Ora 1/4 de 6 é igual a 6% x 1/4 = 1,5% e, consequentemente, a forma amoniacal deverá ser 4,5% (6-1,5). Então a formulação 6-30-12 deverá ter 1,5% do N na forma nítrica e 4,5% na forma amoniacal. Na escolha das matérias-primas nitrogenadas devemos levar em consideração a compatibilidade entre elas bem como em relação aos adubos fosfatados e potássicos. Acesse aqui para ver a "Compatibilidade entre os fertilizantes".
Então, usaremos as seguintes matérias-primas:
Como fonte de N: nitrato de cálcio que possui 14% de N na forma nítrica e o MAP que tem 9% de N na forma amoniacal, além do P2O5.
Como fonte de P2O5: MAP que possui 48% de P2O5 e superfosfato triplo (ST) com 41% de P2O5.
Como fonte de K2O: cloreto de potássio com 50% de K2O
Para calcular a composição de uma formulação devemos iniciar sempre pelo potássio, pois o fertilizante mais utilizado é o cloreto de potássio:
- Calcular os 12% de K2O
12% de K2O quer dizer que em cada 100 kg teremos 12 kg e numa tonelada (10 vezes mais) precisaremos 120 kg, pois as fórmulas de fertilizantes são calculadas em 1.000 kg.
100 kg de cloreto de potássio tem................................................. 50 kg K2O
quanto cloreto de potássio (X) em kg/t precisamos para ter.......... 120 kg K2O
X = 120 x 100 / 50 = 240 kg/t Cloreto de potássio
2. a) Calcular os 1,5% do N na forma nítrica que corresponderá a 15 kg de N na tonelada da mistura.
100 kg de nitrato de cálcio tem................................................... 14 kg de N
Quanto nitrato de cálcio (Y) em kg/t precisamos para ter........... 15 kg de N
Y = 15 x 100 / 14 = 107 kg/t de nitrato de cálcio
b) Calcular os 4,5% do N na forma amoniacal ou 45 kg de N por tonelada de mistura.
100 kg de MAP tem ................................................. 9 kg N
quanto (Z) MAP em kg/t precisamos para ter............. 45 kg N
Z = 45 x 100 / 9 = 500 kg/t de MAP
3. Calcular o teor de P2O5 (30%). Lembre-se que o MAP fornece, além do N, também o fósforo. E já calculamos que são necessários 500 kg de MAP para fornecer o nitrogênio. Então,
100 kg de MAP fornecem .......................... 48 kg P2O5
500 kg de MAP fornecerão ....................... (B) kg/t P2O5
B = 500 x 48 / 100 = 240 kg/t P2O5 ou seja, 24% de P2O5
Temos três situações: os teores de N e K2O estão satisfeitos. Em relação ao P2O5 temos uma deficiência de 6% (30-24) que precisaremos completar adicionando um superfosfato . Por outro lado, a soma das matérias-primas utilizadas dão um total de 847 kg (240+107+500). Faltam 153 kg (1.000-847) para fechar a formulação.
Para isso, vamos utilizar o superfosfato triplo (ST) que contém 41% de P2O5.
100 kg supertriplo (ST) fornecem .................................. 41 kg P2O5
quanto (M) de ST em kg/t precisaremos para ter ......... 60 kg P2O5 (referente aos 6% para completar a garantia expressa na fórmula, ou seja 30% de P2O5 .
M = 60 x 100 / 41 = 147 kg/t de ST (arredondamos).
Somando todas as quantidades de matérias-primas chegaremos a um total de 994 kg, faltando 6 kg para completar os 1.000 kg de produto final. Estes 6 kg poderão ser adicionados através de uma "carga". A legislação de fertilizantes admite uma carga de até 10% do produto final e esta pode ser granilha, saibro, caulim, turfa, farelo e tortas de origem vegetal. No link acima sobre a Instrução Normativa nº 39 poderá ser visualizada estas cargas.
Conclusão: No quadro apresentado no início desta publicação, o leitor poderá acompanhar os cálculos realizados para obter o produto final 6-30-12, cujo N se apresenta 1/4 na forma nítrica e 3/4 na forma amoniacal.
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