segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Resposta à Adubação Potássica em Função do Ca e Mg no solo

A cultura da soja é muito exigente em potássio, pois para a produção de uma tonelada de grãos ela consome 20 kg de K2O. Se o produtor não repõe esta quantidade o solo vai se esgotando em potássio prejudicando as safras seguintes. Os sintomas de deficiência de potássio aparecem na época da floração, pois as necessidades deste nutriente são maiores. O terço superior é o que vai acusar esta deficiência que está associada aos teores de potássio menores que 12,5 g/kg, na época da floração. Para uma maior produção de grãos, o teor de

potássio na folha deve ser maior que 17 g/kg. 

Segundo Borkert et al. no trabalho de pesquisa sobre resposta da soja à adubação e disponibilidade de potássio em solo Latossolo Roxo distrófico, conclui que a limitação da produção de grãos da soja se verifica quando existe seca por mais de 15 dias antes da floração e os teores de potássio nas folhas estão entre 12,5 e 17 g/kg. 

Outros autores dizem que quando o teor de K é menor que 0,10 cmolc/dm³, a soja necessita de uma adubação corretiva e de manutenção de K. Que abaixo de 0,10 cmolc/dm³ o produtor não deve cultivar soja. Ou, quando o teor de argila é maior que 400 g/kg (40%) e a recomendação de potássio for de 50 kg/ka, deve-se aplicar 1/3 na semeadura e após 30-40 dias aplicar o restante. Os solos arenosos devem receber as doses de K em duas a três aplicações parceladas devido às perdas por lixiviação, e não aplicar mais de 100 kg/ha de K2O. Nos solos com CTC muito baixa ocorre perdas de K por lixiviação. A utilização do cloreto de potássio deve ser feita com cuidado, pois como é um adubo de alto índice de salinidade causa a queima das sementes e raízes, prejudicando o desenvolvimento das plantas. Com a calagem, Ca e Mg são adicionados ao solo aumentando suas concentrações em relação ao K, o que pode reduzir a absorção de K e causar deficiência nas plantas. A aplicação de fertilizantes que contenham potássio terá alta resposta pelas plantas. 

Castro e Meneghelli apresentam uma fórmula para calcular a resposta de K. A absorção de potássio depende do grau de disponibilidade no solo dos nutrientes Ca e Mg. Somente a avaliação do K não é um parâmetro confiável para assegurar a necessidade de uma adubação potássica. É preciso considerar a relação entre estes os três nutrientes (K, Ca, e Mg) para que se possa decidir a adubação e resposta da planta à aplicação do potássio (K). A resposta é calculada da seguinte maneira:

Os nutrientes devem estar expressos em cmolc/dm³. Caso sejam usadas outras unidades expressas, deve-se fazer a conversão. No K é comum, em algumas análises, a unidade ser expressa em  mg/dm³. A conversão é mg/dm³ x 0,002526 = cmolc/dm³. Exemplo: 25 mg/dm³ K x 0,002526 = 0,06 cmolc/dm³ K. No Ca e Mg a unidade expressa sendo em mmolc/dm³ é necessário fazer a conversão. mmolc/dm³/10 = cmolc/dm³. Por exemplo, 6 mmolc/dm³ de K/10 = 0,6 cmolc/dm³ K.

Para melhor compreensão, vamos realizar dois exercícios. 

Exercício 1: Seja um solo que apresente na análise química os seguintes resultados:

K = 48 mg/dm³   Ca = 9 mmolc/dm³   Mg = 1,6 mmolc/dm³

Conversão para cmolc/dm³:

K = 48 mg/dm³ x 0,002526 = 0,12 cmolc/dm³

Ca = 9 mmoc/dm³ /10 = 0,9 cmolc/dm³

Mg = 1,6 mmolc/dm³ /10 = 0,16 cmolc/dm³ 

À princípio, neste solo, não seria recomendável o plantio de soja por apresentar menos de 0,10 cmolc/dm³ de K. Torna-se imperativo uma adubação corretiva e uma adubação de manutenção com potássio, além da correção da acidez se for necessária.  RK = resposta à adubação potássica.

RK = 0,12 /Raiz quadrada de 0,9 + 0,16

RK = 0,12 / 1,03

RK = 0,12 (alta resposta)*

(*) Castro e Meneguelli estabeleceram os seguintes índices referentes à resposta de K encontrada no cálculo:

até 0,13 - alta resposta;

0,13 a 0,20 - média resposta;

mais de 20 - baixa resposta.

Exercício 2: 

K  = 0,21 cmolc K/dm³    Ca = 0,15 cmolc Ca/dm³  Mg = 0,10 cmolc Mg/dm³.

RK = 0,21 / raiz quadrada de 0,15 + 0,10

RK = 0,21/ 0,5 = 0,42 (baixa resposta)**

** O valor 0,42 se enquadra como baixa resposta à aplicação de K.

REFERÊNCIAS

BORKERT, C.M.; FARIAS, J.R.B.; SFREDO, G.J. ;TUTIDA, F.; SPOLADORI, C.L. Resposta da Soja à adubação e disponiblidade de potássio em Latossolo Roxo distrófico.   Disponível em:  https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/45130/1/RESPOSTA-DA-SOJA-A-ADUBACAO-E-DISPONIBILIDADE.pdf   Acesso em 4 de julho de 2021.

CASTRO, A.F de.; MENEGHELLI, N. doA. As Relações K+/(Ca++ + Mg) 1/2 E K​+/(Ca++ + Mg++) no Solo e as Respostas à Adubação Potássica. Disponível em:  https://seer.sct.embrapa.br < download > 10013 pdf   Acesso em 2 de julho de 2021.

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