sexta-feira, 17 de abril de 2009

Encontrando Fórmulas Similares de Adubos

Temos a recomendação de nutrientes NPK, conforme a análise do solo, e no mercado existe uma enorme quantidade de fórmulas. Como escolhermos as que se adaptam à recomendação? Outras vezes nos é recomendada uma fórmula de fertilizante e não a encontramos no mercado. Como escolher outras que nos dêem a mesma quantidade de nutrientes variando apenas na quantidade a ser aplicada ao solo? Vamos tentar explicar como diversas fórmulas que estão na mesma relação de nutrientes podem ser usadas sem prejuízo na dose NPK.

Seja uma mistura de grânulos com fórmula comercialmente vendida como 05-30-15.
Isto quer dizer que esta mistura contém: 5% de Nitrogênio;30% de Fósforo (P2O5); 15% de Potássio (K2O) .
Isto quer dizer que em cada 100 kg deste adubo (2 sacos) teremos: 5 kg de N; 30 kg de P2O5 e 15 kg de K2O. Em 1.000 kg ou 1 tonelada teremos: 50 kg de N ; 300 kg de P2O5 e 150 kg de K2O .
Se somarmos os nutrientes da fórmula acima veremos que existe 50% de nutrientes ou seja 50 kg de NPK em 100 kg de adubo ou 500 kg de NPK numa tonelada.
Então vem a pergunta: Eu compro 100 kg de adubo e têm somente 50 kg de NPK. E os restantes 50 kg ?
Como não existem matérias primas que possuem 100% de N, 100% de P2O5 e 100% de K20, os restantes 50% são outros nutrientes que fazem parte da composição das mesmas. Por exemplo: o sulfato de amônio não contém somente nitrogênio (N) mas contém, também, na sua composição carbono (C.) e oxigênio (O).
O superfosfato simples além do fósforo (P) contém cálcio (Ca), hidrogênio (H) e oxigênio (O). O cloreto de potássio contém também, além do potássio, o cloro (Cl).

ESCOLHA DAS FÓRMULAS DE ADUBO BASEADO NA RELAÇÃO DE NUTRIENTES:
1. Vamos escolher uma cultura de milho e dentro das recomendações para o RS+SC, as referentes a um solo, com 2% de matéria orgânica, baixo teor de fósforo e muito baixo teor de potássio, correção gradual (1° cultivo).
Os valores encontrados foram:
Nitrogênio: 80 kg/ha ou seja 20 kg no plantio e 60 kg em cobertura;
Fósforo (P2O5): 85 kg/ha
Potássio (K2O): 110 kg/ha
Teremos então no plantio, na seqüência NPK :
20 (N) – 85 (P2O5) – 110 (K2O)
Dividindo estes números pelo menor (20), teremos uma relação: 1 – 4,25 – 5,5

Multiplicando-se estes índices por coeficientes, teremos diversa fórmulas NPK compatíveis que poderão ser usadas mas, é claro, em quantidades diferentes.
X 4 = 4 – 17 – 22
X 5 = 5 – 22 – 28
X 6 = 6 – 26 – 33
Todas são formulações compatíveis que podem ser usadas pois estão numa relação perfeita com as necessidades de nutrientes.
Se permite uma variação de ± 10% nas quantidades recomendadas para se adequarem às formulações de adubos existentes no mercado.
Para saber a quantidade de cada uma destas formulações para ser aplicada por hectare a operação é a seguinte: como os números das fórmulas estão numa relação perfeita entre eles, podemos usar qualquer um deles para calcular a quantidade.
Relembramos, como já vimos anteriormente, uma fórmula 5-30-15 quer dizer que em cada 100 kg teremos 5 kg de N, 30 kg de P2O5 e 15 kg de K2O .
Por exemplo a fórmula 04 – 17 – 22 encontrada acima: tem 4 kg de N, 17 kg de P2O5 e 22 kg de K2O em cada 100 quilos.
A fórmula matemática a ser empregada é:
N.A (kg/ha) = (Dose de nutriente recomendada x 100) / Teor do nutriente na fórmula (%)



N.A. (kg/ha) = (20 x 100) / 4 = 500kg/ha
N.A (kg/ha = necessidade de adubo em kg/ha.
Portanto teríamos que usar 500 kg/ha desta formulação.
Se utilizarmos o teor de fósforo na formulação chegaríamos ao mesmo resultado.
N.A. (kg/ha) = (85 x 100) / 17 = 500 kg/ha

E se a escolha for a fórmula 5 – 22 – 28 ?
N.A (kg/ha) = = 400 kg/ha (baseado no teor de N) 5
N.A (kg/ha) = (20 x 100) / 5 = 400 kg/ha

E se a escolha for a fórmula 6 – 26 – 33 ?
N.A (kg/ha) = (20 x 100) / 6 = 335 kg/ha
Quanto mais concentrada a fórmula menor a quantidade de adubo por hectare.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

LODO DE ESGOTO - ASSUNTO DE WORKSHOP

Um workshop sobre o " Uso agrícola de lodo de esgoto ", será realizado de 19 a 20 de maio em Campinas - SP, patrocinado pelo IAC e pela EMBRAPA Meio Ambiente.O lodo de esgoto tem apresentado bons resultados como fonte de nutrientes NPK, Cálcio, Magnésio e Zinco para as plantas. As quantidades usadas devem estar de acordo com às necessidades das plantas. Além disto, o lodo de esgoto deve apresentar teores baixos de patógenos e metais pesados. O tratamento com cal hidratada diluida à concentração de 40% eleva o pH a 12 e serve no controle dos patógenos.

Na fazenda Motorola, situada em Jaguariúna - SP, o lodo é aplicado na forma líquida. O IAC recomenda que a quantidade não deve ultrapassar 40 kg/ha de nitrogênio (N) disponível por ano. Após 5 anos de aplicação do lodo a fertilidade do solo melhorou.

Entretanto há uma preocupação na aplicação do lodo em relação à saúde pública embora reconhecido os benefícios que acarreta para a agricultura. Por isto a resolução 375 do CONAMA estabelece critérios e procedimentos para o uso, em áreas agrícolas, de lodo de esgoto gerado em estação de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, visando benefícios à agricultura e evitando riscos à saúde pública e ao ambiente. E neste workshop, a resolução do CONAMA vai ser apreciada para uma melhor adequação ao que ela dispõe.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Importância da Análise do Solo

Os treze nutrientes que a planta retira do solo são classificados em Macronutrientes e Micronutrientes.
Os macronutrientes são assim chamados porque a planta precisa em grandes quantidades. Dividem-se em macronutrientes primários (N, P, K) e macronutrientes secundários (Ca, Mg, S).
Os micronutrientes são assim chamados porque a planta precisa em pequenas quantidades mas, são importantes e necessários ao crescimento dos vegetais e não podem faltar no solo. São eles: B, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn e Cl.
Como os solos do Brasil são, em geral, deficientes em nutrientes é preciso repô-los através de aplicações de fertilizantes.
Mas o primeiro passo para aplicar os nutrientes nas dosagens corretas é fazer a análise do solo.

ANÁLISE DO SOLO:
A falta de um nutriente no solo se manifesta pelo aparecimento de sintomas nas plantas que podem ser vistos a um simples exame “a olho”. A falta de nitrogênio, por exemplo, produz o amarelecimento da planta. A falta de fósforo provoca uma cor arroxeada nas folhas e a falta de potássio provoca um amarelecimento e morte das folhas a partir das bordas. Entretanto, este método de perceber deficiência apresenta uma série de dificuldades. Ou são confundidos com danos causados pelos insetos ou doenças, por produtos químicos e, muitas vezes, quando aparecem os sintomas a deficiência já é crítica e muito tarde para corrigí-la.
Entre os métodos usados para avaliar a fertilidade do solo o mais usado é a “Análise da Terra”.
Para um correto resultado da análise do solo, é preciso que as amostras de solo sejam representativas da área que vai ser analisada. Uma amostragem mal feita conduz a erros de 50% ou mais na avaliação da fertilidade do solo.
Se o produtor rural coleta uma amostra de solo para ser analisada isto significa que ele tem a intenção de colocar na terra os nutrientes que ela precisa. Este é o verdadeiro sentido da análise do solo: repor os nutrientes que estão limitando o desenvolvimento e produção das plantas.
Uma amostra de solo representativa de uma área deve levar em conta os seguintes fatores:

1. Quando retirar a amostra de solo?
A amostra de solo deve ser retirada com antecedência possibilitando que o calcário seja incorporado 90 dias antes da semeadura.
Nas áreas já calcariadas a amostragem, com finalidade de indicar os fertilizantes, poderá ser feita logo após a colheita anterior ao plantio da nova cultura;

2. Amostragem e número de amostras:
O número de amostras depende dos tipos de solos que constituem a área a ser cultivada.
Numa mesma região pode ocorrer solos de fertilidade e composição variáveis, o que se pode evidenciar pelo desenvolvimento desigual da cultura.
Quando a área a ser cultivada for constituída por um mesmo tipo de solo e não apresentar diferenças marcantes na produção das culturas, deverá ser enviada uma amostra média. Se houver diferentes tipos de solos (coloração diferente), deve ser enviada uma amostra média de cada tipo de solo.
Uma amostra média é aquela que é retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo de solo.
Por exemplo, se o produtor vai plantar uma área de trigo e esta área só tem um tipo de solo ele procederá da seguinte forma. Ele vai coletar 20 ou mais amostras desta área, misturá-las bem e tirar uma única amostra (amostra média) e enviá-la ao laboratório de análise de solos.
Se o terreno é ondulado, ele deverá coletar uma amostra média da baixada e uma amostra média da encosta.

3. Como retirar a amostra de solo:

Percorrer a lavoura em ziguezague, coletando as amostras.
· o produtor deve abrir um buraco em forma de cunha, até 20 cm de profundidade. Para culturas anuais, utilizar a profundidade de 20 cm e para as culturas perenes (como frutíferas) usar de 0-20 e de 20-40 cm. Adubação superficial em culturas já estabelecidas usar a profundidade de 20 cm;
· retirar uma fatia de terra;
· dividir a fatia em três partes;
· aproveitar a parte do meio e colocá-la dentro de um balde. Em cada local proceder desta forma e você vai colocando no balde a fatia;
· após percorrer toda a área, misturar bem a terra do balde e tirar uma amostra que será a chamada amostra média. Portanto você terá uma quantidade grande de terra colhida mas enviará apenas uma pequena quantidade, 300 a 500 g para o laboratório de solos. Esta amostra representa uma média da fertilidade do solo.

Em áreas que você nota uma diferença no desenvolvimento da planta, você deve enviar mais de uma amostra média representativa das áreas. Cuide para identificar bem para não perder os dados quando receber o resultado da análise.
Nunca usar sacos vazios de cimento ou de adubo para enviar as amostras pois contaminará a amostra e influindo no resultado dos teores de nutrientes. Outro ponto importante é o preenchimento do questionário. Este deve ser bem preenchido para dar todas as informações sobre o que já foi feito em termos de adubação no solo que será cultivado.
A cultura que vai ser plantada deve ser indicada pelo produtor. No caso de pastagens informar que tipo de pastagem (inverno ou verão), se é gramínea ou leguminosa ou consorciação das duas.
De posse dos resultados da análise do solo coletado, o produtor deve consultar um técnico que vai estabelecer um plano de recomendação para o solo ou diferentes solos buscando, através da calagem e adubação, elevar a produtividade da cultura.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Fatores de Conversão entre os Nutrientes

Parece ser difícil de entender mas é muito importante para as postagens posteriores quando faremos cálculos de interpretação de análise de solos e outros exercícios. Estes índices auxiliam bastante na simplificação de cálculos e muitas vezes precisamos deles nas nossas atividades e não estão a nossa mão.

NITROGÊNIO (N):
cmolc . equivale 1cmolc ; 0,1401g N; 0,6201g NO3‾; 0,1804g NO4+
g N equivale 7,1377cmolc; 1gN; 4,42680g NO3‾; 1,28783g NO3‾
g NO3‾ equivale 1,6126 cmolc; 0,25589g N ; 1 g NO3‾; 0,29092 g NO4+
g NO4+ equivale 5,5432cmolc ; 0,77650 g N ; 3,43740 g NO3‾; 1 g NO4+

FÓSFORO (P):
cmolc equivale 1 cmolc ; 0,1032 g P; 0,2367 g P2O5; 0,3166 g PO4---;
g P equivale 9,6899 cmolc ; 1 g P ; 2,29136 g P2O5 ; 3,06618 g PO4---;
g P2O5 equivale 4,2265 cmolc ; 0,43642 g P ; 1 g P2O5 ; 1,33812 g PO4---;
g PO4--- equivale 3,1589 cmolc ; 0,32614 g P ; 0,74732 g P2O5 ; 1 g PO4---;

POTÁSSIO (K):
cmolc equivale 1 cmolc ; 0,3909 g K ; 0,4709 g K2O ;
g K equivale 2,5582 cmolc ; 1 g K ; 1,20458 g K2O ;
g K2O equivale 2,1236 cmolc ; 0,83016 1 g K ; 1 g K2O ;

CÁLCIO (Ca):
cmolc equivale 1 cmolc ; 0,2004g Ca ; 0,2804 g CaO ; 0,5004 g CaCO3 ;
g Ca equivale 4,9900 cmolc ; 1 g Ca ; 1,39920 g CaO ; 2,49726 g CaCO3 ;
g CaO equivale 3,5663 cmolc ; 0,71470 g Ca ; 1 g CaO ; 1,78477 g CaCO3 ;
g CaCO3 equivale 1,9984 cmolc ; 0,40044 g Ca ; 0,56023 g CaO ; 1 g CaCO3 ;

MAGNÉSIO (Mg):
cmolc equivale 1 cmolc ; 0,1215 g Mg ; 0,2015g Mg O ; 0,4216 g MgCO3 ;
g Mg equivale 8,2304 cmolc; 1 g Mg ; 1,65807 g Mg O ; 3,46829 g MgCO3 ;
g Mg O equivale 4,9628 cmolc ; 0,60311 g Mg ; 1 g Mg O ; 2,09100 g MgCO3 ;
g MgCO3 equivale 2,3719 cmolc ; 0,28833 g Mg ; 0,47807 g Mg O; 1 g MgCO3 ;

ENXOFRE (S):
cmolc equivale 1 cmolc; 0,1603 g S; 0,4803 g SO42-; 0,6807 g CaSO4 ;
g S equivale 6,2375 cmolc; 1 g S ; 2,99588 g SO42- ; 4,24588 g CaSO4 ;
SO42- equivale 2,0820 cmolc; 0,33379 g S; 1 g SO42- ; 1 ,41724 g CaSO4 ;
g CaSO4 equivale 1,4691cmolc; 0,23552 g S; 0,70560 g SO42 1 g CaSO4 ;

domingo, 12 de abril de 2009

Acidez do Solo

O grau de acidez de um solo é expresso em termos de pH, que é a concentração do íon H+ na solução do solo. Os valores do pH aumentam a medida que decresce a concentração de H+.
O calcário reduz a acidez do solo porque diminui a concentração de íons H+, aumentando o pH e convertendo uma parte dos íons H+ em água.

TIPOS DE ACIDEZ:

1. Acidez ativa:
É a concentração do de H+ na solução do solo e é expressa em pH numa escala que varia de 4,0 a 7,5. A correção deste tipo de acidez é feita pela adição de calcário. Entretanto, outros tipos de acidez se formam como a acidez trocável que tende a manter altos índices de acidez ativa.

2. Acidez trocável:
Também chamada “acidez nociva” é a concentração de Al³+ e H+ trocáveis e adsorvidos nos coloides. É expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. Pode ser expressa, também, “Al trocável” visto que os solos minerais apresentam pouco H+ trocável enquanto os orgânicos apresentam altos níveis de H+ trocável.
Portanto, “acidez trocável” e “Al trocável” são equivalentes.
Solos com toxidez de alumínio significa que apresentam altos índices de acidez trocável ou acidez nociva. A calagem tem por objetivo eliminar esta acidez.

3. Acidez não trocável:

É expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. É a quantidade de acidez que ainda permanece no solo com a eliminação da acidez trocável.
Na acidez não trocável, o H+ está em ligação covalente com as frações minerais e orgânicas do solo, difícil de ser rompida. É prejudicial ao desenvolvimento das plantas e as necessidades de calagem são maiores ocorrendo uma neutralização total ou parcial.
A acidez não trocável nos dá uma estimativa das cargas negativas que podem ser liberadas quando o pH do solo for 7,0.

Acidez não trocável = Acidez potencial ou total - Acidez trocável.4. Acidez potencial ou acidez total:
É expressa, também cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. É o total de H+ em ligação covalente mais H+ e Al³+ trocáveis.
Acidez Trocável + Acidez Não Trocável = Acidez Potencial

SOMA DE BASES TROCÁVEIS:

É expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. É a soma (S) cálcio, magnésio, potássio, algumas vezes o sódio (Na), na forma trocável. A soma de bases trocáveis (S) dá uma indicação do número de cargas negativas do coloide que está coberta por cátions.
É importante pois junto com os valores de Capacidade de Troca de Cátions (CTC) efetiva e Al trocável permite calcular a percentagem de saturação de Al e percentagem de saturação de bases desta CTC. Em comparação com a Capacidade de Troca de Cátions (CTC) a pH 7,0, permite avaliar a Percentagem de Saturação de Bases (V%) desta CTC, importante para o cálculo da calagem.

Cálculo da Soma de Bases Trocáveis (S):

S= Ca²+ + Mg²+ + K+ + (Na+)

CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS EFETIVA (t):


É expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. Indica a capacidade efetiva de troca de cátions do solo. É a capacidade do solo em reter cátions em pH próximo de 7,0.

CTC efetiva (t) = S + Al³+

PERCENTAGEM DE SATURAÇÃO POR ALUMÍNIO (m%):

Indica quanto por cento da CTC efetiva estão ocupados por Al trocável ou acidez trocável. Expressa a toxidez do alumínio (Al). Quanto mais ácido é um solo maior é o teor de alumínio trocável e menor os teores de bases, menor a soma de bases e maior a percentagem de saturação de alumínio. Os prejuízos para as plantas, neste caso, são significativos.


m% = (100 x Al³+) /(t)

O valor m% é classificado assim:
muito baixo – “m” menor que 1%;
baixo – “m” entre 1 a 10%;
médio – “m” entre 10,1 a 20%;
alto – “m” maior que 20%


PERCENTAGEM DE SATURAÇÃO DE ÁCIDOS DA CTC EFETIVA:
% saturação de bases da CTC efetiva = 100 - m%

onde m% é o valor da percentagem de saturação por alumínio.

CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS A pH 7,0 (T):

É expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. Também chamada Capacidade de Troca Potencial do solo, significa a quantidade de cátions adsorvidos a pH 7,0.
É o nível da CTC de um solo que seria atingida quando a calagem for usada para elevar o pH a 7,0. Em outras palavras, o máximo de cargas negativas que seriam liberadas a pH 7,0 e que seriam ocupadas por cátions.
A CTC a pH 7,0 diferencia-se da CTC efetiva porque ela inclui o H+ em ligação covalente com o oxigênio nos colóides do solo.

T = S + (H+ + Al³+)

A CTC a pH 7,0 se divide em :
baixa – valor T igual ou menor que 5,0 cmolc/dm3;
média - quando o valor “T” está entre 5,1 a 15 cmolc/dm3 ;
alta – quando o “T” é maior que 15 cmolc/dm3.
A CTC também é usada para interpretar os valores de K no solo.

PERCENTAGEM DE SATURAÇÃO POR BASES DA CTC A pH 7,0 (V%):


Indica quanto por cento dos pontos de troca de cátions estão ocupados por bases, ou seja, quanto por cento de cargas negativas a pH 7,0 estão ocupadas por Ca²+, Mg²+, K+, (Na+), em comparação com os pontos ocupados por H+ e Al³+.
Solos com V% maior que 50 são considerados solos férteis. Os solos com V% menor que 50 são solos de baixa fertilidade.
Este índice (V%) serve para o cálculo da calagem para elevar a saturação de bases.

V% = (100 x S) /(T) = 100 x (Ca+Mg+K+(Na)) / {Ca+Mg+K+Na+(H+Al)}

No Rio Grande do Sul, o V% é classificado em quatro níveis:
muito baixo – V menor que 45%;
baixo – V entre 45 a 64%;
médio – V entre 65 a 80%;
alto – valor de V maior que 80%.

No RS, 15% dos solos apresentam pH menor que 5,5 e valor V% maior que 65%. A recomendação de calagem pelo método SMP e pelo V% podem ser diferentes. Quando as diferenças forem grandes pode-se usar a média das quantidades.

PERCENTAGEM DE SATURAÇÃO DE ÁCIDOS DA CTC A pH 7,0 (M%):

M (%) = 100 - S

A elevação da saturação de bases da CTC a pH 7,0 significa:

• Elevar o pH;

• Diminuir a saturação de Al;

• Gerar mais pontos de troca de cátions dependentes de pH.

Fontes: ANDA - BT N° 2: Manual de adubação e calagem para o RS e SC - 2004

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A PRODUÇÃO DE SOJA DEVERÁ RECUAR NO BRASIL

Os agricultores na safra 2008/2009 contemplarão uma queda na produção de soja no Brasil. A produção deve alcançar quase 58 milhões de toneladas ou seja 4% a menos que a safra anterior. O rendimento médio esperado é de 2.700 kg/ha ou quase 5% menos que a anterior.

O Paraná apresentará queda de 3% colhendo na atual safra 9,9 milhões de toneladas ou seja 18% a menos que a safra passada.
O Mato Grosso deverá colher 17,4 milhões de toneladas e uma queda de 3%. O Mato Grosso é o Estado brasileiro maior produtor de soja.
No Rio Grande do Sul, a falta de chuvas em algumas regiões está comprometendo a produção. Há agricultores que estão colhendo 600 kg/ha nas áreas atingidas pela seca. A safra prevista é de 8,6 milhões de toneladas. É uma previsão otimista pois representa um acréscimo de 9% em relação ao ano passado. Vamos esperar que as chuvas voltem e amenizem os efeitos adversos na lavoura.
Fonte: Safras&Mercados

quinta-feira, 9 de abril de 2009

NOVO FUNGO SE ALASTRA NO TRIGO

O agricultor no dia-a-dia luta contra uma série de fatores na sua plantação de trigo. Excesso de umidade que favorece o ataque de fungos, excesso ou falta de chuvas, granizo, ventos fortes, ataque de pragas e doenças, falta de crédito, ataque de pragas aos grãos armazenados, perdas na colheita, e tantos outros fatores que causam uma diminuição na produtividade. Através dos seus derivados o trigo é uma dos principais grãos na mesa dos brasileiros.
Agora, um fungo "laranja mortal" vem aparecendo em lavouras ocasionando ataques em plantações ao redor do mundo deixando os produtores de prontidão no controle da evolução da marcha deste fungo em direção a outras lavouras.
A pesquisa, por sua vez, comenta progresso no combate a este fungo, ou seja, a clonagem de dois genes que combateriam o mesmo. Estes genes são encontrados em uma variedade de trigo silvestre e apresentam defesas contra fungos ocasionadores da "ferrugem" .
Esta operação de obter variedades resistentes a este fungo poderá levar anos. O importante é descobrir quem são estes genes e onde eles se localizam no genoma.
O fungo, chamado Ug 99, apareceu na Uganda e se espalhou em direção ao Irã e China.. O veículo principal de disseminação é o vento que carrega os "esporos" para outras regiões contaminando as lavouras.
Portanto, mais uma luta dos pesquisadores em obter variedades de trigo resistentes à doença.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Agrotóxicos - Um pouco de História

A mais antiga referência do uso de produtos químicos vem do antigo Egito com o uso de fumigação para reduzir as manifestações em grãos armazenados.

1000 AC - Homero, na Odisséia, recomenda o uso de enxofre na forma de fumigação. Isto é usado até hoje. Na China, era usado o arsênico em tratamento de sementes.

200 AC - Cato, em Roma, descreve o uso de betume (asfalto) para produzir inseticida para controlar pestes em videiras. Também, em Roma, o extrato de várias ervas era utilizado no combate às pulgas.

400 – 500 DC até a Renascença - Continua a ser usado o enxofre e o arsênico. Não há referências a outro produto químico.

1755 - Os alemães passaram a usar o arsênico e o cloreto de mercúrio no tratamento das sementes de trigo contra às doenças “cárie” e “carvão”.

1798 - Malthus descreve o “ Princípio da População “: os alimentos crescem em progressão aritmética enquanto a população cresce em progressão geométrica “. Resultado – FOME INEVITÁVEL.

1845 - A alimentação básica na Irlanda era a batata. Fazia-se de tudo com a batata. Para aumentar a produtividade, importaram batatas do Peru que vieram infestadas com um fungo (Phythophthora infestans). Nos anos chuvosos de 1845 a 1847, o fungo destruiu os batatais irlandeses e impossibilitou novos plantios devido à infestação nos solos. Por causa disto, um milhão de pessoas morreram e outras tantas migraram para os Estados Unidos. Esta crise irlandesa despertou na comunidade européia a pesquisa e o uso de agrotóxicos.

1883 - O médico Pierre Alexis Millardet descobre a calda bordaleza, um fungicida a base de cobre.

1915 - Surge o primeiro produto produzido pela Bayer com o nome comercial de Uspulum.

1930 – 1940 - Desenvolvimento de uma série de fungicidas do grupo ditiocarbamato. Se verifica o primeiro controle parcial da doença que devastara os batatais da Irlanda.

1942 - Descoberta do DDT. Foi a mais espetacular descoberta por eliminar todos os insetos conhecidos na época, embora 28 anos mais tarde (1970) já tinha sido detectado 450 espécies de insetos resistentes ao DDT.
Neste mesmo ano, na Índia, uma doença causada por fungo (Helminthosporium orysae) no arroz, destrói todas as plantações levando 2 milhões de pessoas à morte por fome.

1943 - Começa a Revolução Verde. A Fundação Rockfeller envia uma equipe de fitopatologistas e geneticistas para o México. Dentre eles, estava Norman Borlang que receberia em 1966 o prêmio Nobel da Paz. Esta equipe conseguiu variedades de alta produtividade. Como conseqüência, o México que era antes importador de cereais passou a ser grande exportador de seus excedentes de milho e trigo.

1962 - A Fundação Rockfeller se associa a Ford e repete a mesma atuação na Ásia com a cultura do arroz, fundando nas Filipinas um Instituto de Pesquisa do Arroz. Chegara o período da prosperidade.
A Revolução Verde incrementou o uso de fertilizantes, irrigação e o uso de agrotóxicos. A produtividade das culturas aumentou. As lavouras que continuavam no sistema tradicional apresentavam produções insignificantes se comparadas àquelas da Revolução Verde.

1988 - A Índia produziu mais arroz por habitante do que em 1966 a despeito da população, neste período, ter crescido 100 milhões.

Mas a partir da Revolução Verde começaram os impactos ambientais e
a natureza passou a mostrar-se “frágil”.
Segundo o Ministério da Saúde, a venda de agrotóxicos cresceu 250% no período de 1966 a 1981.
Mas como acontece com tudo, há necessidade de serem tomadas medidas de proteção. E os agrotóxicos usados com as precauções necessárias não oferecem perigo.
Até a 2ª Guerra Mundial, as quantidades de agrotóxicos usadas eram muito pequenas e os equipamentos de aplicação muito rústicos.








Após o final da 2ª Guerra, as lavouras dos Estados Unidos apresentaram um grande desenvolvimento. Isto favoreceu para que os pilotos de aviões-caça que estavam desempregados tornarem-se pilotos agrícolas. Os aviões de treinamento e combate foram transformados em aviões pulverizadores. As adaptações de tambores e mangueiras foram as mais rústicas bem como os equipamentos que utilizavam na época. Tecnologia de aplicação não existia e os agrotóxicos eram usados indiscriminadamente.
A falta de informação sobre o perigo dos produtos era grande. No preparo da calda do DDT, recomendava-se que fosse misturado com água em um recipiente e a calda era agitada com o braço e com a mão aberta para facilitar a mistura. Os problemas oriundos desta prática só iriam aparecer 20 a 30 anos após o contato com a pele pois o DDT precisa ser bastante absorvido pelo organismo para fazer mal à saúde.
Quando o trabalhador fazia o preparo da calda com um organofosforado, como fazia com o DDT, caía morto na hora sem tempo para receber atendimento médico. O organofosforado para fazer mal à saúde precisa pouco produto.
Nos anos 70, a aviação agrícola explodiu no Brasil e os agrotóxicos passaram a ser usados mais tecnicamente.


Nos anos 80 e 90 os produtos químicos evoluíram rapidamente. Apareceram os carbamatos, os piretróides, etc. As doses recomendadas foram reduzidas em 80% se comparadas aos anos 60 e 70.

Trabalho no Campo - NR 31

A NR – 31, “Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura” foi aprovada pela Portaria No. 86 de 03.03.2005, publicada no Diário Oficial da União em 04.03.2005.

Esta NR-31 obriga os empregadores rurais e equiparados, inclusive os constituídos sob a forma de microempresa ou empresa de pequeno porte.

A NR-31 tem como objetivo estabelecer normas a serem observadas na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho. Se aplica a quaisquer atividades no campo relacionadas acima, verificadas as formas de relação de trabalho e emprego e o local de atividades.

A NR-31 também se aplica às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários.

Compete à Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT, através do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho – DSST, definir, coordenar, orientar e implementar a política nacional em segurança e saúde no trabalho rural.

A NR-31, em relação aos agrotóxicos, estabelece uma série de normas, providências, proibições, responsabilidades tanto para o empregador como para os empregados no que tange aos meios de utilização para proteção não só do trabalhador como outras pessoas, animais , fontes de água e o meio ambiente. Como transportar, armazenar as embalagens, o destino destas embalagens quando vazias e a descontaminação, as medidas a serem adotadas no caso de intoxicações pelos produtos, o uso obrigatório dos equipamentos de proteção individual, os cuidados no preparo da calda e nas aplicações do produto nas lavouras, os primeiros socorros às vítimas de contaminação são enfoques da NR-31. O treinamento do pessoal que trabalha com agrotóxicos é uma obrigação do empregador ou do equiparado. Isto vem de encontro daqueles que anseia uma atividade rural mais segura e uma melhor saúde daqueles que trabalham no campo com reflexos no meio ambiente.
A NR - 31 tinha prazo de até 90 dias e dois anos, conforme a atividade, para entrar em funcionamento. Em 08/03/2007 pela Portaria N° 29 do Ministro do Trabalho e Emprego os dois anos foram alterados para dois anos e nove meses.
É importante que os empregadores no campo se mantenham atentos ao que pede a NR - 31 pois a fiscalização está agindo nos Estados.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

PRODUÇÃO E CONSUMO DE FERTILIZANTES


A ANDA estima que em 2025 a população mundial será de 8,3 milhões; a demanda de alimentos na ordem de 3,97 bilhões e a produtividade 4,5 t/ha. Entretanto, a população mundial irá aumentar ano a ano e a área agricultável vem caindo. A relação projetada para a população mundial é de 61% na área urbana e 39% na área rural. Se confrontarmos há 30 anos, a relação era de 53% na rural e 47% na urbana. A população do campo está vindo para a cidade.
A área agricultável do Brasil é de 550 milhões de hectares que corresponde a área total de 32 países da Europa.
O Brasil é um dos grandes importadores de fertilizantes mas o 4° maior consumidor que representa 2% da produção mundial. Em 2007, as importações representavam 74% do segmento de fertilizantes. Quanto ao nitrogênio (N), a produção é 25% para uma importação de 75%;o fósforo de 51% para 49%; o potássio de 91% para 9%.
No mundo, houve um aumento na demanda em relação a oferta. Alguns países reduziram a oferta enquanto outros como os EUA, China, Rússia, Ucrânia, aumentaram a demanda. A India e a China aumentaram os subsídios para a compra de fertilizantes. Impostos elevados para exportação, como o caso da China, que nos nitrogenados é de 130 a 135% e nos fosfatados de 130-135%. Na Rússia, ele fica em 8,5%.
O aumento nos custos de produção dos fertilizantes ocasionados pelo petróleo, enxofre, amônia, rocha fosfática e mais os fretes contribuíram também para este quadro.
A entrega de fertilizantes, no Brasil, atingiram em 2007 a 24,6 milhões de toneladas sendo que os Estados - por ordem de maior entrega - MT, SP, PR, MG e RS atingiu a 69,5% ou 17 milhões de toneladas. O maior pico de entrega foi em 2003 e 2004, para cair em 2005 e 2006 e voltar a subir em 2007 (superior a 2003 e 2004). Para 2008, esperavam atingir um acréscimo de 6,5%.
Quanto á produção de fertilizantes, o Brasil registrou queda em relação a Uréia (15,8%), DAP (-60%) e KCl (-8,2%), e nos fertilizantes complexos (-1,4%).
O aumento de produção de fertilizantes verificou-se no sulfato de amônio (10,9), e nos fosfatados: supersimples (27%), supertriplo (22%) e os termofosfatos (52,5%). No geral, o aumento em 2007 na produção nacional de fertilizantes foi de 11,9%.
Segundo o Diretor - Executivo da ANDA, Sr. Eduardo Daher,em entrevista para o INRE, a crise internacional de crédito, o aumento da taxa de câmbio, no auge da safra, pegaram as empresas de surpresa. Segundo Daher, a produção de fertilizantes agravada por pesadas taxas de ICMS (8,4%), os juros altos, a alíquota de importação igual a ZERO, não induz a altos investimentos em nova fábricas. Além disto as empresas deveriam virar o ano com estoques elevados, o dobro do que era esperado.
Por outro lado, as empresas de fertilizantes encontram problemas na distribuição do adubo no momento do pico da entrega dos pedidos. O sistema portuário é péssimo, a malha ferroviária é insuficiente e de má qualidade, enquanto o rodoviário é caro e encontra estradas mal conservadas
Nos últimos anos 10 anos a produção de grãos aumentou 50% enquanto a capacidade de estocagem cresceu 18%.
Segundo Daher, a nova safra agrícola poderá ser prejudicada pela falta de crédito. Poucos agricultores e pecuaristas vão se beneficiar dele
FONTES: ANDA relatório, e INRE - 03/12/2008