quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Calagem e Micronutrientes na Cafeicultura

Em Rondônia, a Embrapa aponta diversas causas que influem na baixa produtividade das lavouras de café, como: lavouras antigas ou decadentes; podas e adubações inadequadas ou insuficientes; aplicação insuficiente ou incorreta de calcário e de micronutrientes. Para a produção de uma saca de café beneficiado são exportados 3 kg de N, 3 kg de K, 936 g de Ca, 258 g de Mg, 168 g de S, 156 g de P, 9 g de Fe, 6,1 g de Mn, 4 g de B, 2 g de Cu e 1,2 g de Zn. O produtor deve utilizar em maiores quantidades os nutrientes N e K.
A calagem do solo deve se basear no resultado da análise do solo para permitir ótimos resultados em produtividade. A calagem empírica, sem análise do solo, pode ocasionar vários problemas, além de não apresentar resultados significativos. a análise foliar é importante para ajudar na observação de uma deficiência nutricional. Quando as deficiências aparecem nas folhas, os estragos já devem ser severos e o produtor corre riscos de não conseguir altas produtividades. Portanto, vale a prevenção antes da planta mostrar "a olho nu" as deficiências nutricionais. Como as plantas de café concentram as raízes na profundidade maior que 20 cm, é recomendado a coleta das amostras de terra nas camadas 0-20 cm e 20-40 cm. Nas lavouras em instalação ou lavouras onde nunca foi feita a análise do solo, deve-se coletar amostras de terra nas duas camadas citadas. A época ideal para coleta das amostras de solo é 6 meses antes do preparo do solo. Após a colheita, esperar 2 a 3 meses para a coleta de terra.
Na análise foliar, escolhe-se 25 plantas por talhão, e coleta-se de cada uma, o terceiro e quarto par de folhas a partir do ápice do ramo em fase de produção. A coleta deve ser feita nas horas mais frescas do dia. O cálculo da necessidade de calagem é feito através do método de saturação por bases (V%). A necessidade de calagem não deve ser maior que 5 t/ha/ano. Caso seja maior, dividir em dois anos: no primeiro ano aplicar a dosagem maior. Nos solos arenosos, a necessidade de calagem não deve ultrapassar 3 t/ha/ano.
O calcário deve ser aplicado em toda a área: metade antes da aração e a outra metade após a aração e gradear. Quando não for possível aplicar em toda a área deve-se fazê-lo no sulco ou na cova. Nos cafeeiros, em produção, é aconselhado a aplicação de gesso agrícola. O cálculo da necessidade de gesso é a seguinte, segundo Souza et al. (1997):
NG (kg/ha) = 75 x teor de argila (%).
Em Minas Gerais, os cafeeiros encontram-se situados em solos ácidos e com baixos teores de Ca e Mg. A calagem, em área total, tende apresentar maiores benefícios do que a calagem em faixas: houve aumento nos teores de pH do solo, no Ca, Mg, K e na saturação por bases (V%). Por outro lado, os teores de Al, (H+Al) e saturação por alumínio (m%) foram menores. A necessidade de calagem é calculada buscando elevar o V para 60%. Alguns preconizam 70%. Cafés novos ou com espaçamento largos, aplicar o calcário na projeção da copa, pois aí se concentra a acidez do solo e o sistema radicular da planta. Neste local, a acidez é maior devido a contínua aplicação de fertilizantes químicos. A aplicação de calcário nas ruas do cafeeiro parece não trazer bons resultados. Nas lavouras já implantadas, ocorrendo dificuldades na aplicação de calcário, pode-se utilizar o gesso agrícola. Esta prática deve ser feita quando a camada de 20-40 cm apresentar teores de Ca menores que 0,4 cmolc/dm³ e/ou teores maiores que 0,5 comolc/dm³ de Al ou saturação por alumínio (m%) maior que 30%. Para calcular a necessidade de calagem pelo método baseado no Al e teores de Ca e Mg tocáveis, a fórmula é a seguinte:
NC (t/ha) = Y[Al³ - (25 x t)/100] + [3,5 - (Ca² + Mg²)]
Onde:
Y = poder tampão do solo:
0-1 solos com menos 15% de argila;
1-2 solos com 16 a 35% de argila;
2-3 solos com 36 a 60% de argila;
3-4 solos com mais de 60% de argila.
25 = m% tolerado pela cultura do café.
3,5 = requerimento de Ca e Mg pelo café.
Quando a necessidade de calagem for recomendada para 20 cm, multiplica-se a dose por 1,5 para a camada de 20-30 cm e por 2 para a camada 20-40.
Quanto aos micronutrientes, aplicar 30 g/planta de FTE. Nos solos deficientes de B e Zn, aplicar 3 a 5 kg/ha/ano de B, e 10 kg/ha/ano de Zn. Quando a deficiência é severa, além da aplicação no solo, aplicar via foliar uma mistura preparada em 20 litros de água:
ácido bórico 0,3% - 60 g
sulfato de zinco 0,3% - 60 g
cloreto de potássio 0,3% - 60 g
oxicloreto de cobre 1,0% - 200 g
espalhante adesivo 0,05% - 10 mg.
Teores foliares considerados adequados para o café:
Macronutrientes (dag/kg): N 2,90 a 3,20; P 0,16 a 0,20; K 2,20 a 2,50; Ca 1 a 1,5; Mg 0,40 a 0,45; S 0,15 a 0,20.
Micronutrientes (mg/kg): B 50-80; Cu 8-16; Fe 90-180; Mn 50-100; Zn 15-20; Mo 0,1-0,2.

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